S-70A Black Hawk HM-2

História e Desenvolvimento
Fundada em 23 de maio 1923 a Sikorsky Aero Engineering Corporation, se tornaria a empresa pioneira no desenvolvimento e produção de aeronaves de asas rotativas, com o gênio Igor Sikorsky sendo responsável pelo primeiro modelo operacional o Sikorsky R-4, que realizaria suas primeiras missões ainda durante as fases finais da Segunda Guerra Mundial, sendo empregado com sucesso nos teatros de operações da China-Birmânia-Índia e Pacífico Sul. O projeto conceitual do Sikorsky R-4, passaria a nortear o desenvolvimento da maioria dos novos modelos de aeronaves de asas rotativas desenvolvidas a seguir. A partir da década de 1950 a empresa voltaria a figurar como um dos principais fornecedores de aeronaves de asas rotativas para as forças armadas norte-americanas com seus modelos Sikorsky S-55 e S-58, empregados em uma série de tarefas operando desde o transporte até guerra antissubmarino (ASW). No entanto seu grande trunfo comercial fututo começaria a tomar forma durante o início da década de 1960, quando os helicópteros da família Bell UH-1 começaram a ser empregados maciçamente no conflito do Vietnã, chegando a envolver mais 3.000 células do modelo em todo o conflito, equipando todas as forças armadas norte-americanas. Esta operação em larga escala iria gerar uma nova doutrina de operação de aeronaves de asas rotativas que foram empregues em missões de evacuação aero médica, busca e salvamento, assalto aéreo, transporte de tropas, apoio aéreo aproximado, comando e controle e transporte de cargas. Apesar do excelente desempenho da família Bell UH-1 Iroquis, o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) identificaria a necessidade de uma nova, aeronave desta categoria deveria ser implementada, sendo mais apta a sobreviver em operação nos campos de batalha. Assim no final da mesma década seriam criados estudos que envolveriam as características e especificações técnicas e de desempenho para o desenvolvimento de uma nova aeronave de asas rotativas de porte médio, destinada a tarefas de transporte de tropas, Combat SAR (busca e salvamento), assalto aéreo e ligação. Este programa recebeu o codinome de “UTTAS” (Utility Tatical Transport Aircraft System – Sistema de Aeronave de Tático Utilitário e Transporte), seu ambicioso objetivo era o de desenvolver uma aeronave superior, que substituísse a médio e longo prazo os helicópteros da família Bell UH-1, que até então representavam o esteio da frota da força de aeronaves de asas rotativas das forças armadas norte-americanas.  

Entre os principais requisitos exigidos pelo programa UTTAS (Utility Tatical Transport Aircraft System) estava aquele que apregoava uma aeronave com dois motores turbo eixo, permitindo assim uma maior capacidade de sobrevivência da célula e do grupo motriz em cenários de conflagração, podendo suportar danos em combate, levando assim a necessidade de criação de um novo motor turbo eixo para atender a estas demandas, processo este  que culminaria no exitoso projeto do conjunto General Electric T700.  Os demais parâmetros deste programa como confiabilidade operacional, sobrevivência em ambientes de combate e custos de ciclo de vida reduzidos, iriam resultar em recursos inovadores para aeronaves de asas rotativas até então. Entre estes os motores com desempenho otimizado para operação e altas temperaturas ou altas altitudes, design modular de conjuntos de componentes críticos, caixas de transmissão secas; subsistemas redundantes (hidráulicos, elétricos e de vôo) com alta tolerância a impactos de balística; blindagem para tripulantes e tropas, entre outros melhoramentos incorporados no programa da futura aeronave. Ainda que este helicóptero apresentasse dimensões superiores aos Bell UH-1D/H, deveria ainda possibilitar ser transportado a bordo de um Lockheed C-130 Hércules. Este processo capitaneado então pelo comando do Exército Americano (US Army), teve o início oficial em janeiro de 1972 com o lançamento do RFP (Request for Proposal – Pedido de Proposta). Diversas empresas nacionais manifestariam interesse no programa, que previa a aquisição de um suntuoso lote de células a curto e médio prazo. Análises detalhadas destas propostas levariam a definição de dois candidatos finalistas, sendo estes representados pelo Sikorsky YUH-60A e Boeing-Vertol YUH-61A. Estas duas empresas receberiam um contrato de financiamento para a construção de protótipos de avaliação, com primeiro voo do modelo Sikorsky Aircraft ocorrendo em 17 de outubro de 1974, sendo seguido um mês depois pelo seu concorrente. Logo na sequência mais dois protótipos de cada modelo seriam produzidos a fim de serem submetidos a um extenso programa de avaliação e testes em voo. Este programa seria dividido em um estágio preliminar com início previsto em novembro de 1975, e uma fase final programada para o mês de março do ano seguinte. Em uma detalhada análise comparativa a aeronave da Sikorsky Aircraft venceu seu concorrente o Boeing-Vertol YUH-61A, em quase todos os parâmetros exigidos.
Desta maneira o Sikorsky YUH-60A seria declarado como vencedor do programa UTTAS (Utility Tatical Transport Aircraft System), recebendo assim em dezembro de 1976 um primeiro contrato de produção de sessenta aeronaves para o Exército Americano (US Army). As primeiras entregas as unidades de treinamento e conversão do agora designado Sikorsky UH-60A Black Hawk (nomeado em homenagem ao líder de guerra nativo-americano), ocorreram a partir de outubro de 1978, com o modelo sendo classificado como operacional a partir de junho do ano seguinte. Sua missão operacional era o de substituir o Bell UH-1H como aeronave de transporte tático de tropas, podendo nesta configuração transportar até onze soldados totalmente equipados. O bom desempenho operacional levaria ao desenvolvimento do UH-60C destinada a atuar como aeronave especializada em missões de comando e controle. Em 1980, trinta células seriam convertidas para o emprego em “Operações Especiais”, sendo equipados aviônicos adicionais, sistemas de visão e navegação noturna, sistema de visão infravermelha (FLIR), tanques de combustível suplementares e armamento defensivos e ofensivo na forma de duas metralhadoras rotativas do tipo Minugun M-134 de 7,62 mm, com estas aeronaves sendo exclusivamente direcionadas ao 160º Regimento de Aviação de Operações Especiais (160TH SOAR). Em 1988 seria a vez do desenvolvimento do MH-60K Black Hawk, primeira versão equipada com sonda para reabastecimento em voo, radar de terreno AN/APQ-174B, passando a ser equipado com os motores T700-GE-701C. O aumento no peso bruto da aeronave nestas versões especializadas levaria o comando do Exército Americano (US Army) a solicitar melhorias no projeto para a manutenção dos parâmetros de desempenho original. Esta demanda levaria a atualização dos motores T700-GE-701C, adoção de uma caixa de câmbio mais robusta (ambos desenvolvidos para o SH-60B Seahawk). Esta alteração no grupo motopropulsor permitiu aumentar sua capacidade de elevação externa passando para 450 kg e 4.100 kg, um fator importante foi a incorporação de um novo sistema de controle de vôo automático (AFCS) que facilitava o controle de voo devido aos motores mais potentes que passavam a exigir mais atenção na condução da aeronave.

Esta nova versão receberia a designação militar de UH-60L Black Hawk, com sua produção em série sendo iniciada em 1989, com as primeiras aeronaves entrando em serviço ativo em meados do ano seguinte. Paralelamente a Sikorsky Aircraft Co. seria contratada para promover a atualização da frota remanescente de helicópteros UH-60A Black Hawk para este novo padrão. Durante os anos seguintes esta família de aeronaves foi se tornando o esteio da força de helicópteros das forças armadas norte-americanas, sendo desenvolvidas novas versões especializadas como o EH-60L (sistemas de missão), UH-60Q - HH-60L (evacuação aero médica), MH-60L (operações especiais), MH-60L DAP (armado com misseis Hellfire e Stinger) e UH-60A RASCAL (versão laboratório para a NASA). No entanto no em fins da década de 1990 vislumbrou-se a necessidade de promover a renovação da frota a médio prazo, principalmente focando na substituição das primeiras células a entrar em serviço, cujo ciclo de vida já completava quase vinte anos, desta maneira definiu pelo desenvolvimento de uma nova versão atualizada da aeronave. Esta demanda seria atendida no ano de 2001 com a aprovação do programa UH-60M, esta nova aeronave estaria equipada como novos motores General Eletric T700-GE-701D, aviônica e sistemas de controle de voo, comunicação e navegação de última geração. Em fevereiro de 2005 o Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América, aprovou a produção de um pequeno lote da nova variante para fins de ensaios e avaliação, com as primeiras 22 células sendo entregues a partir de julho do mesmo ano. Este programa de testes culminaria na assinatura de um contrato para a aquisição de 1.227 células, que pelo cronograma deveriam ser entregues até o final do ano de 2007. Em março de 2009, um novo contrato no valor de US$ 1,3 bilhão, seria assinado para produção de mais 102 aeronaves configuradas para missões especializadas, com este recebendo um aditivo em 2014 para mais 100 aeronaves customizadas.
O Sikorsky UH-60 Black Hawk, teria seu batismo de fogo, durante a invasão de Granada no Caribe em 1983, sendo novamente empregados no continente na invasão do Panamá em 1989. Durante a primeira Guerra do Golfo em 1991, o UH-60 Black Hawk participaria da maior missão de assalto aéreo com helicópteros realizada pela aviação do Exército dos Estados Unidos (US Army), envolvendo mais de trezentas aeronaves de asas rotativas. O modelo teria destacada atuação na crise de Mogadíscio, na Somália em 1993, onde duas aeronaves foram abatidas por açao de lança foguetes – RPGs das forças somalis. Atualmente as linhas de produção Sikorsky Aircraft Corporation, continuam em plena atividade, acumulando mais de quatro mil e novecentas células entregues até fins do ano de 2022, dispostas em mais de trinta versoes (muitas destas especializadas).  Grande parte destas aeronaves se mantem em serviço militar nos Estados Unidos, República do Afeganistão, Áustria, Austrália, Bahrain, Brasil, Brunei, Chile, China, Colômbia, Egito, Albânia, Eslováquia, Israel, Japão, Jordânia, Malásia, México, Marrocos, Lituânia, Coreia do Sul, Filipinas, Polônia, Portugal, Arábia Saudita, Suécia, Taiwan, Tailândia, Tunísia, Turquia, Ucrania e Emirados Árabes. 

Emprego no Exército Brasileiro.
A origem da Aviação Militar do Exército Brasileiro tem como cenário, os campos de batalha de Humaitá e Curupaiti, na Guerra da Tríplice Aliança em 1867, onde balões foram empregados na observação das linhas inimigas. Após a guerra, foi criado o Serviço de Aerostação Militar, cujas atividades balonísticas se desenvolveram por mais quarenta e sete anos. Em 1913, foi criada a Escola Brasileira de Aviação (EsBAv) no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro (RJ), em 1931 marcaria o inicio das atividades do Correio Aéreo Militar, organização esta que em conjunto com Correio Aéreo Naval, trariam não só repercussões profundas na evolução da aviação militar, mas também na integração do país. Em 20 de janeiro de 1941 seria criado o Ministério da Aeronáutica (MAer), atribuindo-se à Força Aérea Brasileira a exclusividade da realização de estudos, serviços ou trabalhos relativos à atividade aérea nacional, marcando assim o encerramento da chamada “Primeira Fase da Aviação do Exército Brasileiro”. Os conflitos ocorridos após o encerramento da Segunda Guerra Mundial, denotariam a importância das forças terrestres em contar com o fundamental apoio de aeronaves de asas rotativas, seja para missões de transportes, assalto aéreo ou apoio aproximado. Esta realidade seria percebida também pelo comando do Exército Brasileiro, que em seu audacioso plano de modernização da força nacional denominado FT-90 (Força Terrestre 90), enfatizaria a necessidade de se implantar uma aviação própria de asas rotativas, com isso, propiciar um maior poder, mobilidade e flexibilidade à Força Terrestre. Este programa culminaria em 1986, na criação da Diretoria de Material de Aviação do Exército (DMAvEx) e do 1º Batalhão de Aviação do Exército (1º BAvEx). Fisicamente, a Aviação Militar do Exército passaria a tomar forma, com a instalação desta nova unidade na cidade de Taubaté no interior do estado de São Paulo, em janeiro de 1988. Inicialmente a Aviação do Exército passaria a ser equipada com aeronaves HB 350 L1,  AS 550 A2 Fennec e SA-65 K Pantera fornecidas pelo consórcio franco-brasileiro Aeroespatiale – Helibras.

Durante os anos seguintes o Exército Brasileiro viria a consolidar sua doutrina operacional no emprego de aeronaves de asas rotativas, logrando êxito em suas atividades, preparando assim sua força para saltos mais ousados. Em 10 de março de 1995 o Brasil passaria a participar da Missão de Observadores Militares Peru Equador (MOMEP), iniciativa de paz multinacional criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), que tinha por objetivo solucionar o conflito fronteiriço entre o Equador e Peru, que ocorria no vale do Cenepa e na Cordilheira do Condor. Esta iniciativa seria capitaneada pela Organização das Nações Unidas (ONU), e visava ampliar a capacidade regional de resolução de conflitos com autonomia, rompendo com a tradição da região em resolver os rotineiros conflitos através de arbitragem externa (como a Corte Internacional de Justiça, Organização das Nações Unidas - ONU, Vaticano ou outros países extracontinentais). Seria determinado o deslocamento de um destacamento de quase duas centenas de militares brasileiros que em conjunto com oficiais das forças armadas argentinas, chilenas e norte-americanas, atuariam como observadores, oficiais e equipe de apoio. Esta demanda deveria ainda incluir um grupo aéreo multinacional formado por aeronaves de asa fixa e asas rotativas para poder suportar as atividades deste grupo de observadores. Nesta época, a Aviação do Exército Brasileiro era composta por helicópteros Helibras - Aeropastiale HB 350 L1 (HA-1) Esquilo, AS 550 A2 Fennec (HA-1) e SA-65 K Pantera (HM-1), aeronaves de pequeno e médio porte que não era indicados necessariamente para o cumprimento das missões que deveriam ser executadas por este grupo aéreo multinacional, que contaria ainda com uma aeronave de transporte Cessna C-98 Caravan da Força Aérea Brasileira.
Por atuar na coordenação geral desta missão, criar-se-ia a possibilidade inédita de incorporação  de quatro aeronaves Sikorsky S-70A-36 Black Hawk, fazendo uso dos termos do programa FMS Vendas Militares (Foreign Military Sales), com esta demanda sendo autorizada pelo Congresso Americano e Departamento de Defesa em julho de 1997. Após a formalização da venda, uma comitiva de oficiais do Exército Brasileiro seria enviada a cidade de Stratford, Connecticut, sede da Sikorsky Aircraft Corporation, para realização  do curso de pilotagem e manutenção básicas das aeronaves S-70A Black Hawk. Após a finalização deste programa, em novembro de 1997, os militares brasileiros, entre eles dez pilotos, transladariam os quatro Sikorsky S-70A Black Hawk, agora designados pela Aviação do Exército Brasileiro como HM-2 (Helicóptero de Manobra 2), para a sede do Missão de Observadores Militares Peru Equador (MOMEP), na região de Patuca no Equador. Os Sikorsky S-70A Black Hawk vieram com o padrão de pintura tático do Exercito dos Estados Unidos (US Army), verde oliva escuro, e receberam faixas brancas, aplicadas em três pontos na fuselagem, e a inscrição MOMEP nas portas principais, para identificar mais visivelmente a aeronave como a serviço da ONU (Organização das Nações Unidas). Estas aeronaves matriculadas como HM-2 “EB 3001 a 3004” passariam a apoiar diretamente as ações da Coordenação Geral, bem como todas as atividades daquela força tarefa na região, incluindo fiscalização de dos pontos de fronteiras e da zona desmilitarizada, patrulha de fronteira, apoio logístico a pelotões e pontos de observadores. Além das missões em proveito da missão os HM-2 realizariam diversas surtidas humanitárias, transportando civis a hospitais, resgatando feridos e prestando importando apoio médico em áreas de risco.

Talvez a missão que mais sintetize a participação no Missão de Observadores Militares Peru Equador (MOMEP) tenha ocorrido no dia 9 de agosto de 1998 no vale do Cenipa, quando o HM-2 Black Hawk “EB 3004” realizou uma evacuação aeromédica noturna de um soldado equatoriano que havia pisado em uma mina terrestre. Esta missão que poderia ser considerada como difícil e perigosa, seria realizada em um terreno acidentado, a uma altitude de 7 mil pés (2.133 metros), e só pode ser efetivada como pleno êxito,  graças as qualidades da aeronave. Neste momento o grande diferencial seria proporcionado pela excelente capacidade operacional da tripulação, aliada ao  emprego do sistema de óculos de visão noturna (NVG) modelo Litton ANVIS-6. No entanto esta mesma célula, sofreria um acidente em 13 de setembro de 1988, quando a aeronave ficou parcialmente destruída, deixando uma vítima fatal e cinco feridos. Após ser resgatada do local do acidente, este HM-2 Black Hawk seria enviada aos Estados Unidos,  para procedimento de recuperação nas instalações de Sikorsky Aircraft Corporation na cidade  Stratford, no estado de  Connecticut, em novembro do mesmo ano. Rapidamente a mesma aeronave seria  recolocada em plenas condições de voo, voltando posteriormente a operar normalmente. Com o fim da Missão de Observadores Militares Peru Equador (MOMEP) em 30 de junho de 1999, os quatro Sikorsky HM-2 Black Hawk seriam transladados para o Brasil em agosto do mesmo ano. Passariam assim a  integrar o 4º Esquadrão de Aviação do Exército (4º Esquad AvEx) baseado no Aeroporto de Ponta Pelada em Manaus no estado do Amazonas. Neste novo cenário seriam encarregados de realizar  as missões de emprego geral, transporte de tropas, busca e salvamento (SAR), evacuação aero médica (EVAM) e apoio às operações especiais e às forças terrestres.
Coube ainda ao Sikorsky S-70A Black Hawk, ser o primeiro vetor da aviação do Exército Brasileiro a dispor de capacidade de operação noturna, através do emprego de óculos de visão noturna (NVG) do modelo Litton Anvis-6, permitindo assim a operação diuturnamente, concedendo uma nova dimensão a Aviação do Exército em termos de disponibilidade operacional. Posteriormente este sistema seria atualizado com a adoção dos novos óculos Litton  Anvis-9, neste mesmo processo também seria instalado um sistema de radar meteorológico melhorando assim suas condições de navegação no ambiente amazônico. Visando ampliar também seu raio operacional em missões mais longas o modelo passaria a ser equipado com até quatro tanques suplementares externos de combustível.  Os HM-2 Blackhawk seguem operando intensamente se adaptando perfeitamente ao ambiente da floresta amazônica, tendo destaca participação durante a operação Yanomani em 2023 quando suas aeronaves foram empregadas em tarefas de transporte logístico entre as diversas comunidades indígenas no estado de Roraima.  Apesar da extensa folha de serviços estas aeronaves já se encontram em operação há quase trinta anos, recaindo sobre as células o degaste operacional e consequente obsolescência, devido principalmente ao seu cockpit analógico, estando cada vez mais caros de serem operados devido à escassez de peças de reposição.  Neste intuito foram iniciadas negociações envolvendo a aquisição de até doze células, que devem começar a ser entregues a partir de 2025. Também está sendo discutida a possibilidade de a frota ter a provisão para receber armamentos e cumprir missões de ataque, tendo assim um uso dual. Os exemplares desativados serão desmontados e as peças em condições de uso serão usadas para manter o restante da frota em serviço.

Em Escala: 
Para representarmos o Sikorsky S-70 HM-2 Black Hawk  "EB 2004", empregamos um antigo kit da Minicraft  na escala 1/48, que apresenta um versão semelhante a empregada no Exército Brasileiro, não necessitando assim de nenhuma modificação. Apenas para melhor detalharmos o modelo, incluímos as duas metralhadoras laterais FN MAG 58M calibre 7.62 mm oriundas de outro modelo. Fizemos uso de decais produzidos pela FCM  Decais  que estão presentes no Set 48/13.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático das aeronaves de asas rotativas dos Exército dos Estados Unidos (US Army) , inicialmente as mesmas receberam faixas brancas, aplicadas em três pontos da fuselagem e a inscrição MOMEP (Missão de Observadores Militares Peru Equador). Posteriormente após o regresso ao Brasil estas marcações foram suprimidas, mantendo até os dias atuais o primeiro esquema de pintura.

Bibliografia : 

 

- Sikorsky UH-60 Blackhawk, Wikipedia -http://en.wikipedia.org/wiki/Sikorsky_UH-60_Black_Hawk  

- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores 

- História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html 

- Nas Asas da Aviação do Exército, Claudio Lucchesi e Roger Pascoal - Revista Asas  nº 15  

- Novos Black Hawk para o Exército Brasileiro - https://www.infodefensa.com 

KDF Type 166 Schwimmwagen

História e Desenvolvimento.
No início da década de 1930, a indústria automotiva alemã depois de longa recuperação após termino da Primeira Guerra Mundial, estava plenamente reestabelecida, ocorre, porém, que equivocadamente as montadoras tinham seu portfólio voltado exclusivamente para o mercado de carros de luxo. Neste período o país atravessa uma grande crise econômica e grande parte da população ainda buscava meios de subsistência, e com raríssimas exceções o alemão comum raramente podia comprar algo além de uma motocicleta básica, e neste contexto a proporção é que havia apenas um carro para cerca de cinquenta habitantes no país. A ascensão ao poder do chanceler Adolf Hitler do partido nazista alemão, iria mudar este cenário completamente, pois seu plano governamental estava focado na recuperação econômica da Alemanha, através de programa de fomento da indústria metal mecânica nacional, e mais importante do que desenvolver o parque industrial era o fortalecimento da economia, levando assim a necessidade de produtos acessíveis ao povo alemão, criando assim um círculo virtuoso na saúde financeira do país. Ciente da grande importância da indústria automotiva em sua política econômica, o chanceler alemão propôs a sua equipe de governo, o desenvolvimento de um carro popular de baixo custo que fosse acessível a maioria da população. Este projeto receberia a denominação oficial de “Volkswagen” (carro do povo), e seu desenvolvimento seria capitaneado pelo renomado engenheiro Ferdinand Porsche. Segundo os parâmetros governamentais exigidos, o novo veículo deveria poder transportar dois adultos e três crianças a 100 km / h, com um consumo médio de apenas 7 litros a cada 100 km rodados, seu motor deveria ser refrigerado a ar para assim operar normalmente no rigoroso inferno alemão. Seu projeto conceitual e de ferramental deveria ser o mais simples possível, possibilitando um baixo preço de aquisição, não devendo superar os $990 Reichsmark (marcos alemães). Como nesta época o salário médio de um operário alemão não superava os $130 Reichsmark, a aquisição do “Volkswagen” (carro do povo), seria facilitada ao consumidor através de um programa de poupança do governo, que recebeu o nome de “Sparkarte” (caderneta de descontos), no qual o carro seria financiado a módicas prestações. O projeto inicial foi apresentado ao chanceler alemão em 17 de janeiro de 1937, porém necessidades de melhoria no projeto estenderiam seu desenvolvimento até o início do ano seguinte, com os primeiros carros de pré produção sendo concluídos apenas no início do ano de 1939, com previsão de que as linhas de produção da Deutsche Arbeitsfront (Frente Trabalhista Alemã) pudessem funcionar a plena capacidade no segundo semestre do ano de 1940.

No entanto, neste mesmo ano os planos de expansão territorial do chanceler alemão, levariam a uma eminente eclosão de uma guerra na Europa, e este planejamento determinaria que todos os recursos industriais até então disponíveis fossem destinados ao esforço de guerra alemão. Assim as linhas de produção da Deutsche Arbeitsfront, ou popularmente agora conhecidas como Volkswagen que até então eram grande instrumento de propaganda da capacidade tecnológica alemã, foram rapidamente integradas a máquina de guerra alemã. A produção em série do carro popular foi interrompida após fabricação de poucas unidades, com as linhas de produção sendo destinadas agora a fabricação e de motores e componentes para veículos militares. Embora Adolf Hitler tenha discutido com Ferdinand Porsche a possibilidade de aplicação militar do Volkswagen em abril de 1937, só em janeiro de 1938 oficiais do alto escalão do Terceiro Reich se aproximaram formalmente do engenheiro, para solicitar o desenvolvimento de um veiculo de transporte militar leve e de baixo custo, que poderia ser operado de forma confiável tanto na estrada quanto fora dela, mesmo nas condições mais extremas de clima, devendo transportar até quatro soldados equipados. O novo veículo deveria ser de fácil construção para pode ser produzido e larga escala, e fonte não oficiais citavam, que o carro fora projetado com uma baixa expectativa de vida útil, sendo mais assim viável proceder a troca por outro novo do que proceder grandes reparos ou manutenções preventivas. Estas exigências resultariam em um veículo extremamente leve, possibilitando assim que leve que dois ou três soldados podiam levanta-lo para trocar um pneu, sem ajuda do macaco. Sua carroceria era composta com chapas fina de aço apresentando relevos estampados para manter a estrutura com carro com suficiente integridade visando suportar os movimentos de torção dos chassis em operações em um ambiente fora de estrada, tipo de terreno este que seria fartamente enfrentado no futuro teatro de operações do Leste Europeu que era desprovido de uma estrutura rodoviária satisfatória.
A equipe do engenheiro Ferdinand Porsche começou a trabalhar no projeto imediatamente, partindo do projeto original do “Volkswagen” (carro do povo) com a aplicação de ligeiras mudanças visando sua militarização, o primeiro protótipo seria apresentado ao comando do Exército Alemão (Wermatch) apenas um mês após a solicitação do pedido de desenvolvimento. Este carro seria submetido a um detalhando programa de testes de campos, que evidenciaram que os reforços estruturais aplicados no chassis original não eram suficientes para suportar as tensões recebidas durante o emprego em terrenos adversos, inviabilizando assim sua utilização militar. A fim de garantir a integridade estrutural e desempenho mínimo aceitável em ambientes fora de estrada (Off Road), do pequeno veículo com tração 4X2, a Porsche envolveria a empresa Trutz, uma experiente construtora de carrocerias militares, com o objetivo de atender a especificação original que previa para o carro um peso máximo de 550 kg vazio e 950 kg quando carregado. Destas alterações emergiria a versão de avaliação final, designada como Type 62, que passaria a ser submetida aos primeiros testes de campo pelo Exército Alemão (Wehrmacht), a partir de novembro de 1938. Apesar de não dispor de um sistema de tração nas quatro rodas, o veículo mostrou-se muito competente em manobrar seu caminho sobre terrenos acidentados, mesmo em uma comparação direta com versões semelhantes com este tipo de tração já em uso nas forças armadas daquele país, a presença um sistema de diferencial autoblocante produzido pela ZF aliada ao baixo peso do carro compensavam a falta da tração 4X4. Assim aprovado nos testes, um lote de pré-produção com  novas melhorias implementadas foi contratado, com um grande número de veículos sendo entregues a tempo de participarem dos combates ocorridos quando da invasão da Polônia a partir de setembro de 1939. A experiência em um cenario real de combate levaria a modificações e melhorias no projeto, incluindo entre estas a redução da velocidade mínima de 8km/h para 4km/h, permitindo assim o acompanhamento de soldados em marcha a pé. Modificações seriam aplicadas visando a melhoria na capacidade de atuação em ambiente fora de estrada (off road), incluindo a montagem de novos eixos com cubos de redução de engrenagem, que resultaria em um melhor torque, adoção de novos amortecedores reforçados, rodas de 16 polegadas e por fim um e um diferencial de deslizamento limitado, bem como inúmeras pequenas modificações, completaram a especificação. Para refletir as mudanças, o veículo foi rebatizado de Type 82.

A produção em grande escala do Type 82, agora batizado como Kubelwagen (uma abreviação de  Kübelsitzwagen - "carro de balde") teve início na planta da Volkswagen em fevereiro de 1940, com sua produção sendo gradativamente estendida a outras linhas de montagem espalhadas pelo pais durante o conflito, pertencentes a Tatra, Mercedes Benz e Opel. Basicamente o chassis, motor, transmissão e suspensão eram fabricados pela unidade industrial da  Stadt des KdF-Wagens (Volkswagen), na cidade Wolfsburg, com a carroceria em aço estampado sendo produzida pela Ambi Budd Presswerke (ABP) em Berlin. Durante todo seu período de produção continua, os Type 82 Kubelwagen foram produzidos sem nenhuma alteração drástica no projeto, sofrendo apenas pequenas modificações, a maioria eliminando partes desnecessárias e reforçando algumas, que se mostraram desiguais para a tarefa. Vislumbrando novos potenciais para a plataforma original e baseado em relatos colhidos em campo na invasão da Polônia, o brilhante designer Erwin Komenda, membro da equipe de Ferdinand Porsche, iniciou a pedido da Wehrmacht (Exército Alemao) desenvolvimento de uma versão anfíbia de fácil operação, onde, para se  fazer a transição do meio terrestre para o aquático bastava apenas o motorista manualmente abaixar o conjunto da hélice que ficava sobre o capo do motor traseiro quando nesta posição através de um sistema de acoplamento simples o eixo do virabrequim transferia a este conjunto todo o esforço motriz. A navegação era proporcionada pela operação do próprio volante, empregando as rodas dianteiras como leme. O primeiro protótipo designado como Type 128 Schwimmwagen (carro nadador) ficou pronto em 21 de setembro de 1940, foi baseado na versão original do Kubelwagen , recebendo um chassi alongado através de processo de soldagem e amortecedores reforçados, testes operacionais, no entanto apresentaram inúmeras deficiências graves. Entre estas baixo nível de rigidez e torção que ocasionavam quebras constantes na suspensão dianteira, como este nível de falha na podia ser aceito em um veículo anfíbio todo o projeto teve de ser revisto gerando assim uma nova versão a KDF Type 166 Schwimmwagen que passaria a ser equipado também com um novo motor mais potente (VW 1.13) que logo seria também padronizado para os demais modelo da família Kubelwagen , que após exaustivos testes  foi aceita pelo alto comando alemão , autorizando assim sua construção em série.
A produção desde novo modelo utilitário anfíbio foi destinada à fábrica da Volkswagen em Fallersleben / Stadt des KdF-Wagens e as linhas de montagem da Porsche na cidade de Stuttgart, com a estrutura monobloco (ou melhor cascos) produzidos pela companhia Ambi Budd em Berlim, que despacha os kits para as duas instalações fabris. Um total de 15.584 unidades do KDF Schwimmwagen de várias versões seriam produzidos entre os anos de 1941 e 1944, sendo 14.276 em Fallersleben e 1.308 carros na fábrica da Porsche em Stuttgart. Estas cifras tornariam o KDF Schwimmwagen carro anfíbio mais produzido em massa na história. Foram empregados pelo Exército Alemão (Wehrmacht) e pela Força Aérea Alemã (Luftwaffe) em todos os fronts de batalha da Segunda Guerra Mundial, obtendo excelente desempenho operacional nas condições mais adversas de campo. Estima se que atualmente existem apenas 163 veículos conservados, sendo que somente 13 em condições operacionais, sendo um deles mantido por um entusiasta e colecionador brasileiro.

Emprego no Exército Brasileiro.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil passou a ter uma posição estratégica tanto no fornecimento de matérias primas de primeira importância para o esforço de guerra aliado, quanto no estabelecimento de pontos estratégicos para montagem bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava pois esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre o continente americano e africano, assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego no teatro europeu. Esta somatória de fatores exporia o país aos ataques do Eixo, através de campanha de torpedeamento de navios da marinha mercante brasileiras por submarinos alemães e italianos, levando a declaração formal de guerra aos países agressores em 22 de agosto de 1942. Isto culminaria da adesão do país ao programa de Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), ss termos garantidos por este acordo viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de cem milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes materiais e equipamento seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças do Eixo que se apresentavam no Atlântico Sul e em um possível futuro front de batalha no teatro de operações Europeu que poderia envolver o envio de tropas brasileiras. Conforme o país se preparava para esta contenta através do recebimento de equipamentos e treinamento doutrinário moderno militar, em todo o mundo o conflito avançava rapidamente, ambos os lados estudavam detalhadamente as características de armas e equipamentos capturados ou abandonados em combate. A ideia básica por traz destes programas, era o não só identificar pontos fracos ou fortes destes equipamentos, mas também analisar possíveis avanços tecnológicos que poderiam ser incorporados em regime de engelharia reversa a seus próprios meios bélicos. E neste contexto o Exército Brasileiro também receberia grande parte dos relatórios de inteligência aliados referentes ao material bélico inimigo.

Junto as forças americanas mais notadamente junto ao corpo de paraquedistas do Exército Americano (US Army), centenas veículos do modelo Type 82 Kübelwagen, capturados em combate ou simplesmente encontrados após terem sido abandonados pelas tropas alemães em retirada, foram postos em condições plenas de serviço operacional por equipes de manutenção daquele exército, fazendo uso das informações contidas no manual técnico TM E9-803.  Devido a seu design único, estes carros recuperados foram totalmente repintados no padrão tático do Exército Americano (US Army) visando assim evitar serem confundidos com veículos inimigos pelas tropas aliadas. Aos veículos encontrados ou capturados na Europa se somaram muitos outros trazidos do norte da África que foram capturados após a derrota da divisão África Korps, do Exército Alemão (Wehrmacht), assim aos poucos os Type 82 Kübelwagen passaram a fazer parte do dia a dia das tropas aliadas. Com a invasão maciça da Europa pelas forças aliadas, e a pressão soviética no front leste levaram ao exército alemão a iniciar um processo e retirada, muitas vezes abandonando muitos equipamentos em campo. Nesta fase final do conflito a Força Expedicionária Brasileira se fazia presente no teatro italiano de operações desde meados de setembro de 1944 e iniciava sua campanha contra o exército alemão. Dispondo de treinamento ministrado exército americano e um vasto parque de material bélico fornecido nos termos do Leand & Lease Act Bill, as forças militares brasileiras logo entram em combate, tendo seu batismo de fogo ocorrido no dia 16 de setembro de 1944, quando o 6º Regimento de Infantaria efetuou o primeiro disparo de canhão e iniciou a campanha brasileira na Itália.
Em fins de 1944 a Itália já enfrentava mais de um ano da invasão das forças aliadas, que se iniciaram pelos desembarques na costa da Sicília e Salerno incialmente. Os grandes embates em terra contra os exércitos alemães e italianos, e as campanhas de bombardeio aéreo afetaram drasticamente infraestrutura de estradas e pontes do país, sendo fundamental o emprego de veículos anfíbios na transposição de rios e curso d’água. Quando do início da campanha da Força Expedicionária Brasileira na Itália, uma das constatações observadas era a dificuldade de mobilidade principalmente nas missões de reconhecimento avançado terrestre e transporte leve, tudo isto devido a infraestrutura de ponte e viadutos completamente destruída pelos combates que antecederam a chegada de nossos efetivos. Apesar de ter sido bem equipada em termos de veículos leves, médios e pesados, a Força Expedicionária Brasileira (FEB) recebeu apenas 5 unidades do anfíbio Ford Jeep GPA (tendo em vista a alta demanda deste tipo de veículo no tetro de operações da França, Holanda, Belgica e Alemanha), uma quantidade completamente desproporcional quando comparado ao total de 985 jeeps convencionais fornecidos. A carência de mais veículos anfíbios, dificultava as missões de reconhecimento avançado e apesar de serem solicitados mais unidade do Ford Jeep Gpa, os mesmos nunca foram entregues. Em meados de setembro de 1944 as tropas brasileiras já se encontravam em plena atividade participando de vários combates exaustivos, desde Diecimo, passando por Piano della Rocca; Borgo a Mozzano, Ghivizzano, Coreglia, Galliciano, Barga até Fornace di Baga. Neste contexto as forças alemãs da 148ª Divisão alemã, e parte de uma Divisão Panzer, 90º D.B estavam em retirada em alta velocidade para a linha Gótica, descartando neste processo todo qualquer material e equipamento que não fosse essencial.

Assim entre os dias 25 e 27 de setembro os efetivos de infantaria da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e encontraram abandonado ao longo de uma estrada secundaria nas proximidades da cidade de Fornace di Baga, um exemplar de um Type 166 Schwimmwagen. Aparentemente o mesmo fora ali deixado por pane seca, tendo em vista que a escassez de combustível havia se tornado crônica junto as unidades do Exército Alemão (Wehrmacht). Após ser abastecido verificou-se que não havia problemas mecânicos ou estruturais aparentes, pois seu motor estava girando normalmente com demais funções normais, assim foi decidido encaminhar o veículo para o corpo de mecânicos de manutenção. Desta maneira uma pequena revisão em âmbito de campo foi feita, verificando principalmente os sistemas elétricos e de freios, com o veículo sendo liberado para ajunto a força mecanizada do contingente brasileiro, visando assim tentar amenizar levemente a falta de veículos leves anfíbios.  A necessidade de ter o mesmo em operação rapidamente o impediu de receber uma nova pintura no padrão tático norte americano, com Type 166 Schwimmwagen "brasileiro", recebendo apenas marcações de identificação de serial e unidade  em branco (relatos extra oficiais informam que o veículo deveria ter anteriormente pertencido a unidade do Afrika Korps, tendo em vista que a base original de sua camuflagem era do tipo emprego no deserto pelo Exército Alemão). Não existem muitos registros ou muitas fotografias de época sobre a operação deste modelo pelo Exército Brasileiro no front Italiano, mas acredita-se que devido sua robustez natural e facilidade de manutenção, o valente anfíbio alemão se manteve em operação continua durante o restante da campanha da Itália. A 2 de maio, ao cessarem as hostilidades na Itália com a capitulação do último corpo de Exército germânico, a divisão brasileira ocupava a cidade de Alessandria desde 30 de abril, e estabelecia ligação com o Exército francês em Susa, próximo à fronteira franco-italiana. Após este dia ficou determinado o retorno das tropas da Força Expedicionária Brasileira ao Brasil, e juntamente com o corpo de pessoal todo o equipamento militar em bom estado empregado seria despachado em navios de carga de volta ao Brasil. Quanto ao destino final do Type 166 Schwimmwagen, acredita-se que o mesmo foi descartado juntamente com outros veículos e materiais considerados sem valor militar.
No início da década de 1960, talvez pudesse ser mais fácil lançar um foguete para a Lua do que obter um VW Schwimmwagen da II Guerra Mundial em boas condições de uso. Apenas cerca de 15.000 exemplares deste anfíbio foram fabricados entre 1943 e 1944. A estimativa era que havia quase 60 deles na Europa naqueles tempos, 30 deles na República Federal da Alemanha, como era chamada a Alemanha Ocidental. Porém curiosamente dois destes raros carros anfíbios acabariam por chegar ao Brasil pelas mãos de um imigrante alemão chamado Dieter Schnur, com esta pitoresca história  publicada no caderno de Bremen (cidade portuária no norte da Alemanha) do jornal Weser-Kurier de 20 de fevereiro de 1961, sobre a viagem do Dieter Schnur com sua noiva e seu VW Schwimmwagen para o Brasil. No dia 17 de fevereiro de 1961, os estivadores do galpão 1 do Europahafen (Porto Europa — uma das docas do porto de Bremen), não acreditaram em seus olhos quando um Schwimmwagen da antiga Wehrmacht (Exército do III Reich), com equipamento e insígnias de guerra, novinho em folha, suspenso por uma travessa, flutuou no ar e desapareceu por um alçapão do convés na popa do navio cargueiro “Santa Isabel”. Um segundo exemplar montado com peças coletadas em toda a Europa seria ainda enviado também por Dieter Schnur anos mais tarde. Um destes ainda existe e plenamente operacional e restaurado no padrão de cores originais do Africa Korps, que  participa ativamente  de diversos eventos automotivos no país.

Em Escala.
Para representarmos o Type 166 Schwimmwagen "Brasileiro" empregamos o kit da Tamiya na escala 1/35, modelo de fácil montagem, porém com carência de detalhamentos. Não há necessidade de se proceder nenhuma alteração para compormos o veículo empregado pelas tropas brasileiras. Fizemos uso de decais produzidos pela Decals e Books, presentes como   complemento do livro " FEB na Segunda Guerra Mundial" de Luciano Barbosa Monteiro.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura empregado pelo Exército Alemão (Wehrmacht) na Europa naquele período, com a alusão ao possível emprego anterior durante a campanha no norte da África, com este esquema sendo informado no manual de pintura do kit do fabricante.

Bibliografia: 

- "FEB na Segunda Guerra Mundial" de Luciano Barbosa Monteiro
- Volkswagen Schwimmwagen - Wikipédia - http://en.wikipedia.org/wiki/Volkswagen_Schwimmwagen
Dois “Schwimmwagen” para o Brasil - https://autoentusiastas.com.br/
- VW Type 166 - http://www.gieldaklasykow.pl/volkswagen-typ-166-schwimmwagen-1944-niemcy/

Westland WS-55 Whirlwind Series 3

 História e Desenvolvimento.
A gênese desta importante fabricante de aeronaves do Reino Unido, teve origem em 1915, com a fundação da Westland Aircraft Works, uma divisão das empresas Petters Limited que atuava no segmento de produção de motores pesados. Este movimento ocorreria para o atendimento de uma demanda governamental relacionada ao vencimento de uma concorrência para a produção de doze hidroaviões Short Type 184, seguido por mais vinte aeronaves de reconhecimento naval e bombardeiro designados como Short Admiralty Type 166. Em atendimento as crescentes demandas por aeronaves militares em face do intensificar das operações da Primeira Guerra Mundial, novos contratos seriam celebrados entre o governo britânico e esta empresa, resultando assim na produção em suas linhas de montagem de grandes lotes de aeronaves desenvolvidas por outro fabricantes como os Sopwith 11/2 Strutter,  Havilland Airco DH.4, Havilland Airco DH.9, Havilland Airco DH.9A e o Vickers Vimy. O nome fantasia “Westland” seria escolhido pela esposa do fundador o senhor William (Teddy) Petter no momento de aquisição de um terreno para a expansão da planta industrial na região de West Hendford. Como resultado da experiência adquirida na fabricação de aeronaves sob licença durante o conflito, a Westland Aircraft Works, começaria a projetar e construir sua própria linha de aeronaves, tendo como pioneiro o Westland N.1B em 1917, que seria seguido em 1918 pelos modelos Westland Wagtail e Westland Weasel. Logo após o término do conflito, a empresa passaria a desenvolver uma linha de aeronaves de transporte de pequeno porte destinados ao mercado civil, com destaque para  os modelos WS Limousine e WS Woodpigeon. Neste mesmo momento a Força Aérea Real (RAF) lançava o programa de concorrência “M 26/27”, destinado a substituir os antigos treinadores Airco DH.9A, com esta companhia vencendo este processo em 1927 com seu modelo Westland Wapiti. No ano de 1935 William (Teddy) Petter, Limited segmentaria seus negócios separando a produção de motores e aeronaver, nascia assim a Westland Aircraft Ltd. com sede na cidade de Yeovil, Somerset. Durante a Segunda Guerra Mundial a companhia passaria a desenvolver e produzir uma variada gama de aeronaves, que apresentariam grande importância ao esforço de guerra aliado, dentre estes podemos destacar o Westland Whirlwind, que além de apresentar uma velocidade final superior aos demais modelos em uso naquele pais, sendo o primeiro caça armado com um canhão de 30 mm a entrar em serviço na Força Aérea Real (Royal Army) e também o Westland Lysander, uma aeronave dedicada a tarefas de transporte leve e ligação, que seria notabilizada por seu emprego em missões de infiltração de agentes especiais em território inimigo. 

Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, a Westland Aircraft Ltd., vislumbraria o potencial mercadológico a ser proporcionado pelas novas aeronaves de asas rotativas, e neste contexto buscaria uma parceria estratégica para produção e transferência de know how. Seu primeiro acordo neste sentindo seria celebrado com a empresa norte-americana Sikorsky Aircraft Division para a produção sob licença do helicóptero Sikorsky S-51 Dragonfly, que receberia a designação local de Westland WS-51 Dragonfly. Seu primeiro protótipo alçaria voo em maio de 1948, e logo a partir de meados do ano de 1950, passaria a ser o principal modelo de helicóptero a estar em serviço na Marinha Real (Royal Navy) e na Força Aérea Real (Royal Air Force). Apesar do sucesso comercial do WS-51 Dragonfly a diretoria a empresa se ressentia da necessidade de se produzir uma aeronave de asas rotativas de maior porte, visando a atender um novo nicho de mercado militar e civil. Estudos econômicos para a produção desta nova aeronave novamente derivaram para a produção sob licença, evitando assim altos investimentos dedicados a projetos e teste. Assim desta maneira foram iniciadas conversações junto a empresa americana Sikorsky Aircraft Division para produção sob licença em território britânico de seu modelo de helicóptero de médio porte o Sikorsky S-55 (H-19 Chickasaw). O contrato de licenciamento de fabricação e comercialização exclusiva na Europa do modelo seria celebrado no início do ano seguinte, cabendo ao corpo de engenheiros da empresa britânica customizar os projetos técnicos e conceituais norte-americanos, as especificações de ferramental e confecção de gabaritos. Uma célula original do Sikorsky S-55 seria fornecida para base de fabricação em série, sendo montada nas linhas de produção da Westland Aircraft e alçando voo em novembro de 1951, no entanto o processo de customização para produção real seria mais demorado do que o previsto em projeto, com o primeiro protótipo matriculado como G-AMJT alçando voo somente em agosto de 1953. Após ser submetido a um complexo programa de ensaios em voo, seria firmado um contrato para a produção de dez células do agora denominado Westland WS-55 Whirlwind, que receberia a designação militar de HAR.1 para uso em missões de busca e salvamento junto a ao 848 Esquadrão Aéreo Naval da Real Marinha Britânica (Royal Navy). 
O desempenho das primeiras versões da aeronaves foi consideravelmente limitado, pelo potência dos motores a pistão norte-americanos, levando a Westland Aircraft a buscar uma nova solução que seria atendida através de um projeto da empresa Alvis Car and Engineering Company Ltd, que se materializaria no motor a pistão radial de 14 cilindros Alvis Leonides Major 755/1. A nova versão equipada com este grupo motopropulsor receberia a designação militar de  Whirlwind HAR.5, em seguida seria desenvolvida nesta mesma plataforma e motorização a versão Whirlwind HAS, que se tornaria o  primeiro helicóptero britânico projetado para a guerra antissubmarino na linha de frente quando entrou em serviço em 1957. Apresentava uma autonomia em patrulha de 334 milhas a 86 mph, estava equipado com sonar de mergulho para detecção de submarinos ou armado com torpedos, não podendo ser configurado simultaneamente para esta duas tarefas, operando então em pares de aeronaves.  Apesar ter obtido relativo sucesso comercial com as aeronaves de asas rotativas desta família, a Westland Aircraft Ltd, vislumbrou que nesta época a tecnologia destinada aos motores a reação de turboeixo já permitia o desenvolvimento de grupos motopropulsores de reduzidas dimensões, mas capazes de gerar considerável potência. Apesar de bem recebidos por fabricantes de aeronaves de asas fixas, esses avanços deram alento a indústria de helicópteros, que até então estavam limitados aos pesados motores radiais a explosão existente no início da década de 1950, e neste contexto a adoção de motores a reação se tornava uma opção muito interessante podendo melhorar em muito o desempenho operacional das aeronaves de asas rotativas. 

Esta possibilidade levaria a  Westland Aircraft Ltd. a estudar a implementação deste modelo de motor em sua família de helicópteros WS-55 Whirlwind, superando assim seu grande calcanhar de Aquiles que era baseado na pouca potência produzida pelos motores convencionais radiais a pistão Pratt & Whitney e Alvis Leonidas. Esta iniciativa de desenvolvimento de uma versão atualizada equipada com motor turbo eixo foi amplamente apoiada pelo comando da Força Aérea Real (Royal Air Force), que nesta época buscava um helicóptero de médio porte capaz de executar com eficiência missões de transporte tático e busca e salvamento. Parâmetros estes de missão e desempenho também almejados pela Real Marinha Britânica (Royal Navy). Após a validação de estudos de viabilidade a empresa procedeu a conversão de uma aeronave convencional, com este primeiro protótipo equipado com um motor  turbo eixo General Eletric T-58 alçando voo em 15 de fevereiro de 1959. Como esperado os resultados foram positivos, validando um contrato inicial para a remotorizaçao de uma grande parte das aeronaves desta família em serviço junto as forças armadas britânicas, curiosamente não só as células convertidas seriam equipadas com grupo propulsores turbo eixo britânicos Bristol Siddeley Gnome de 1.000 cv de potência, este conjunto apresentava um sistema de combustível controlado por computador que removeu variações na potência do motor e tornou o manuseio muito mais fácil pelo piloto. As aeronaves que emergiram desta modernização receberam a designação de Whirlwind HAR.9, já as células novas receberam a denominação de Westland Whirlwind Série 3, gerando novas versões para emprego militar e civil.
Os helicópteros da família de Westland Whirlwind seriam produzidos entre os anos de 1953 á 1966, totalizando aproximadamente quatrocentas células entregues, tendo como principal operadores a Real Força Aérea Britânica (Royal Air Force) equipando treze esquadrões e a Real Marinha Britânica (Royal Navy) com vinte e dois esquadrões equipados com esta família de aeronaves de asas rotativas. Além das versões civis, seriam construídas quinze variantes militares, entre estas o Whirlwind HAS.7 e Whirlwind HAS.22 destinadas a missões de guerra antissubmarino (ASW) equipados com torpedos MK-44 ou MK-40 além de cargas de profundidade. No entanto esta aeronave seria notabilizada na realização de missões de busca e salvamento -SAR (Searching and Rescue), onde seriam empregadas oitenta e nove aeronaves da versão Whirlwind HAR.10 junto a quatro esquadrões especializados da Real Força Aérea Britânica (Royal Air Force). As últimas três células só retiradas do serviço ativo em meados do ano de 1982. Além da Grã-Bretanha o modelo também seria operado pelas forças militares do Brasil, Áustria, Brunei, França, Gana, Irã, Itália, Kuwait, Nigéria, Catar e Iugoslávia.

Emprego na Marinha do Brasil.
A operação de aeronaves de asas rotativas na Marinha do Brasil, teve início no ano de 1952 com a criação da Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), órgão que teria por missão criar a doutrina de emprego deste novo braço militar aeronaval. Como segundo estágio deste processo, em 1955 seria formado o Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN) na cidade do Rio de Janeiro – RJ. Seriam inicialmente recebidos por intermédio da Missão Naval Americana, três células do modelo Bell 47J, a estes se juntariam logo em seguida em 1956, dois helicópteros Westland WS-51/2 Widgeon, que passariam a ser empregados em tarefas de transporte e ligação. No final desta mesma década, as altas autoridades militares da Aviação Naval da Marinha do Brasil, prontamente identificaram a necessidade de se dispor de uma aeronave de asas rotativas de maior porte do que até as em uso naquele período. Neste contexto no inicio do ano de 1960,  uma parceria entre o Ministério da Marinha a empresa Westland Aircraft Ltd e o Almirantado Britânico, possibilitaria a aquisição de três helicópteros de médio porte do modelo Westland WS-55 Whirlwind Série I, que seriam transportados ao Brasil e embarcados no recém adquirido porta aviões ligeiro Nael A-11 Minas Gerais. A incorporação deste modelo ampliaria consideravelmente o leque de missões que podiam ser cumpridas pela Aviação Naval, muito em função de sua capacidade de transporte e autonomia de voo superior as demais aeronaves de asas rotativas em carga até então. Posteriormente em 1963, mais duas aeronaves da mesma versão seriam incorporadas visando repor perdas operacionais. Porém na segunda metade desta mesma década o comando da Aviação Naval da Marinha Brasileira ressentia-se da dificuldade de operar seus helicópteros mais antigos, entres estes os Westland Whirlwind Série 1 ou HU2W como foram localmente designados. Desde a entrada em operação destas aeronaves, seria notado que seu desempenho em voo não refletia a performance observada na Europa. Isso se devia exclusivamente ao motor Pratt & Whitney Wasp R-1340-40, que sofria com as elevadas temperaturas existentes no clima tropical brasileiro. Após consulta, a Westland Aircraft Ltd propôs reequipar todas as células remanescentes da aviação Naval com seu novo motor radial Alvis Leonidas Major, que gerava 750 sph, exatos 150 shp superior ao motor atual (atendendo ao mesmo processo efetivado junto as aeronaves militares britânicas), porém restrições orçamentárias e outros detalhes de ordem técnica fariam  com que esta proposta fosse arquivada.

Esta temática viria a tona novamente em fins do ano de 1965, quando estudos do Estado Maior da Armada em cooperação da Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), apontavam a importância de transformar a Aviação Naval em uma força equipada apenas com modernas aeronaves de asas rotativas equipadas com motores turbo eixo. Porém como sempre, este ambicioso processo esbarraria também nas análises destinadas a viabilização orçamentária, trazendo a realidade, que este seria uma tarefa a ser concluída a longo prazo, devido às constantes restrições de verbas apresentadas naquele período. Este processo começaria a se tornar realidade em 1966, com a apresentação de uma proposta da Westland Aircraft Ltd para a aquisição de helicópteros do modelo Whirlwind Série 3, ao valor unitário de US$ 253.100,00. Negociações seriam conduzidas entre as partes, resultando em um contrato para o fornecimento de três células nova de fábrica. Este mesmo pacote incluía ainda a modernização e a modificação dos dois últimos Westland Whirlwind Série 1 HU2W que ainda se encontravam em operação na Aviação Naval, com este programa de modernização sendo na de ordem de US$ 156.800 por aeronave. Transladados em navios da Marinha do Brasil, os três primeiros Westland Whirlwind Série 3, seriam recebidos no final do ano de 1966. Estas aeronaves seriam inicialmente designadas como SH-3, mas logo posteriormente redesignados como UH-5, sendo alocadas junto ao 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1), que mantinha sua sede junto a Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia no Rio de Janeiro. Tal como planejado estas aeronaves passariam a exercer as missões de transporte de carga e pessoal e guarda aeronaves, sendo embarcados a bordo do navio aeródromo leve A-11 Minas Gerais. Com a primeira missão desta natureza sendo ativada no final de fevereiro de 1967, quando um Whirlwind UH-5 seria alocado no navio aeródromo, permanecendo embarcado durante dezoito dias seguidos, sendo neste período considerado como parte do “Destacamento Aéreo Embarcado”.
Neste mesmo período as duas outras células passariam a ser intensamente engajadas em missões de misericórdia no antigo estado da Guanabara, sendo empregadas em tarefas de auxílio as vítimas das fortes enchentes acometidas naquela região e adjacências. Em pouco tempo os pilotos do 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1) constatariam que os Westland Whirlwind  UH-5 “Vaca” (como eram carinhosamente chamadas estas aeronaves) eram muito superiores em termos de desempenho a versão Whirlwind Série 1 HU2W, possibilitando assim o esquadrão a ampliar seu leque de missões de transporte de tropa, materiais e missões de busca e salvamento. Estas aeronaves passariam a participar também de missões de treinamento de grande porte junto ao Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), realizando atividades de desembarque de tropas podendo acomodar até dez soldados completamente equipados. Operações de grande envergadura como a “Dragão”, que visava adestrar o Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) e contava com os mais variados meios materiais e de pessoal da Marinha e do CFN, passariam também a contar com a regular participação dos  Whirlwind  UH-5  do “Esquadrão Águia”, como é conhecido o 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1). Nessas e outras operações estas aeronaves realizavam trabalhos de desembarque ante a capacidade de transportar até dez soldados equipados sem dificuldade. Mas essa expressiva capacidade de transporte dos Whirlwind  UH-5  faria com que, com frequência, fossem deslocados para fora da base aeronaval de São Pedro de Aldeia a fim de a prestar apoio as atividades da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN). Apesar destas aeronaves não operarem a partir dos minúsculos conveses de voo das embarcações desta diretoria, era valiosíssima sua considerável capacidade para içar e transportar cargas externas até os locais desejados.

Mas seria na execução de missões de busca e salvamento – SAR (Searching and Rescue), que os Whirlwind UH-5 Vaca, ganharam notoriedade perante os olhos do público, já que, quase sempre, eram essas aeronaves seriam acionadas pela Marinha do Brasil para prestar toda sorte de apoio humanitário, quer em simples missões de misericórdia ou complexas e exigentes surtidas de resgate em áreas atingidas por catástrofes naturais. Com estes trabalhos sendo realizados com grande frequência, não só no estado do Rio de Janeiro, mas em pontos bem distantes do território nacional. De fato, dos poucos acidentes registrados com estas aeronaves, dois ocorreriam justamente durante estas surtidas humanitárias, um em Santa Catarina e outro no Espírito Santo, com a primeira ocorrência resultando na perda total da célula. Pouco após a chegada do primeiro trio de helicópteros Whirlwind UH-5, uma dessas aeronaves seria perdida, em julho de 1967, quando executava a tarefa de guarda aeronave a bordo do porta aviões Nael A-11 Minas Gerais. Mas no ano seguinte, a dotação desses helicópteros no 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1), cresceria para quatro aeronaves, mediante a incorporação de mais dois novos Westland Whirlwind Série 3. Enfim, em 1969, os últimos dois UH-5 Vaca seriam recebidos na Aviação Naval, sendo fruto do processo de modernização das duas células remanescentes dos Westland Whirlwind Série 1 HU2W, que haviam sido enviados ao fabricante dois anos antes. Assim, entre os anos de 1969 e 1971, o 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1) podia contar com seis destes helicópteros. Durante a década de 1970 o intenso uso dos HU-5 Whirlwind, resultariam infelizmente em mais perdas ocasionadas em virtudes de acidentes operacionais, com uma célula se acidentando  em 1971 durante um processo de amerissagem forçada afundando sem seguida no Rio de Janeiro e outra em 1974 no estado de Santa Catarina e por fim a última durante um repentino apagamento de motor próximo a Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia. 
No início de 1975 só restavam três aeronaves em condições operacionais de porém em abril do mesmo ano mais um Whirlwind UH-5 sofreria um acidente de média monta próximo a cidade de Vitoria no estado do Espirito Santo, apesar de ser possível sua recuperação, optaria-se pela alienação da célula para venda como matéria prima. Neste momento a operacionalidade do 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1) passaria a ficar bastante prejudicada, com estas duas aeronaves remanescentes passando a operar com menor intensidade até o início do ano de 1982, quando seriam enfim retiradas do serviço ativo. No ano seguinte os dois Westland Whirlwind Série 3 seriam revisados colocados em condições de voo e alienados, sendo então vendidos para a empresa de Taxi Aéreo Curitiba, onde receberiam os prefixos civis PT-HQK e PT-HQL. No entanto a má sorte se faria presente na carreira do modelo no Brasil com um destes helicópteros vindo a sofrer um acidente com perda total em 1984, já a aeronave restante se manteria em operação até o ano de 1986, quando seria desativada e armazenada ao ar livre. Felizmente esta célula seria readquirida pelo Ministério da Marinha com o objetivo de compor o acervo do Museu da Aviação Naval, sendo posteriormente restaurado e colocado em exposição permanente na Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia no interior do estado do Rio de Janeiro.

Em Escala.
Infelizmente não existe no mercado um kit injetado para o helicóptero Westland Whirlwind Série 3, nos obrigando a fazer uso como base de partida de um modelo em Die Cast na escala 1/72 pertencente a  versão HAR.10 de busca e salvamento da Força Aérea Real (Royal Air Force), produzido pela AmerCom Hobby. Para representarmos o Westland Whirlwind UH-5 “N-7026”, procedemos pequenas alterações e inclusão de detalhamentos em scratch build. Fizemos uso de decais avulsos retirados de diversos sets confeccionados pela FCM Decais.

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o ultimo padrão de pintura empregado pelos Westland Whirlwind UH-5 Vaca nos anos finais de sua carreira, deferindo do esquema original em que foram recebidos em 1966 pela aplicação de marcações de alta visibilidade em vermelho que após intenso uso foram desbotando até aparentar uma coloração alaranjada. 

Bibliografia :

Westland Whirlwind – Wikipedia  https://en.wikipedia.org/wiki/Westland_Whirlwind_(helicopter)
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 –  2015  por  Jackson Flores
 100 anos da Aviação Naval – Marinha do Brasil
 Asas sob os Mares Aviação Naval , Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br

Chevrolet - Engesa C-60 e D-60

História e Desenvolvimento
A origem da empresa viria a se tornar uma das maiores produtoras de veículos utilitários e de transporte militares, começou como um empreendimento tímido, exatamente no dia 16 de setembro de 1908 quando William C. Durant, um próspero produtor de carruagens, fundou a General Motors Corporation , na cidade de Flint, estado americano do Michigan. Após a incorporação da montadora Buick Co., fundada pelo escocês David Dunhar Buick da qual havia sido presidente, que viria a produzir seu primeiro carro de passeio no ano de 1903. Pouco depois, no dia 12 de novembro do mesmo ano, a empresa Oldsmobile Company, outra tradicional montadora americana fundada em 1897, se tornaria a segunda marca a integrar a nova empresa. Em seus primeiros anos de atividades, a General Motors Corporation viria a incorporar ainda as marcas Oakland (que mais tarde se tornaria Pontiac) e Cadillac, fundada em 1902, que seria comprada pela soma de US$ 5.5 milhões em 1909.  No dia 3 de novembro de 1911, William Durant, que havia deixado a General Motors Corporation, devido a divergências com os outros sócios, criou a Chevrolet Motor Company of Michigan, em parceria com o mecânico e piloto suíço Louis Chevrolet, que futuramente viria a ser comprada pela própria General Motors Corp. em 1918. Ainda em 1911, a empresa criaria a marca GMC (derivada da Rapid Motor Vehicle Company, que a General Motors Corp. havia comprado anos antes), responsável pela produção e venda de caminhonetes e caminhões leve, com este novo segmento que logo nortearia grandes investimentos futuros. Nos anos seguintes, paralelamente aos inúmeros processos de fusões e aquisições, a empresa ainda estudaria oportunidades de expansão em outros mercados, mas somente em 1918 estes planos se tornariam reais com o estabelecimento de uma operação comercial no país vizinho, o Canadá. Esse seria o ponto de partida para que a empresa conquistasse diversos territórios em todos os continentes. Pouco depois, em 1919, a General Motor Corporation incorporaria a companhia Frigidaire Co., tradicional fabricante de refrigeradores, sendo a primeira empresa não ligada ao ramo automobilístico a fazer parte da empresa, com este processo ligado ao interesse e expansão internacional da marca. Seguindo um posicionamento visionário determinante, sua diretoria comercial logo perceberia que a empresa possui uma vocação global, muito maior do que a atual, esta visão levaria a inauguração no ano de 1923 de sua primeira fábrica no continente europeu, na cidade de Copenhagen na Dinamarca. 

Em 1925 a montadora iniciaria suas operações orgânicas na Argentina, França e Alemanha. Mas este processo de expansão não pararia por aí, pois no anos seguinte viria a estabelecer operações na Austrália, Japão e África do Sul. Um novo e ousado passo seria dado em 1928, quando a General Motors Corporation iniciou suas operações no inexplorado mercado indiano, e logo no ano seguinte a empresa anunciaria a aquisição do controle da fabricante alemã Opel. Neste mesmo período a empresa voltaria seus olhos novamente para o promissor mercado latino-americano, levando a criação da General Motors do Brasil no 26 de janeiro de 1925. Inicialmente fazendo uso de instalações locadas na cidade São Paulo no bairro do Ipiranga a empresa apresentaria seu primeiro produto ao mercado nacional, um furgão utilitário leve.  Este seria produzido no sistema de CKD (Completely Knocked Down) sendo importados na forma de kits (chassis, componentes, motores e transmissões) e montados localmente em São Paulo. Neste cenário a empresa já passaria a fornecer caminhões leves para o Exército Brasileiro, empregando chassis e plataformas de veículos comerciais do seu portifólio. Estes modelos seriam configurados com carrocerias “militares”, que seriam padronizadas artesanalmente nas oficinas de carpintarias do próprio Exército.  O incremento das vendas no mercado brasileiro, motivaria a montadora norte-americana a investir na construção de uma moderna planta fabril na cidade de São Caetano do Sul (região metropolitana - SP). Dois anos depois, em outubro de 1929, a fábrica já estaria concluída e pronta a iniciar sua produção, no entanto aquele ano seria conhecido como o maior marco negro da economia norte-americana, decorrido do “Crash” (quebra) das bolsas de Nova York e de Chicago, o que impactaria em toda a estratégia de curto e médio prazo da montadora, levando ao redesenho e planos de contingência. Com base neste cenário de incertezas, a diretoria brasileira com o aval da matriz, decidiu pelo encerramento temporário das atividades na fábrica. Porém a produção não seria totalmente interrompida pois em virtude do eclodir da Revolução Constitucionalista, o  governo paulista iria adquirir todo o estoque de veículos semi acabados e prontos da montadora. Apôs o término da revolução a empresa entraria em um novo ciclo de crescimento de produção e de vendas não só no Brasil, mas também no mercado sul-americano. Em 1940, cerca de 75% dos furgões e caminhões aqui vendidos pela General Motors do Brasil, já apresentavam carrocerias fabricadas localmente com quase 90% de nacionalização de componentes básicos. No inicio da década de 1950 novos modelos de caminhões leves como o Opel Blitz II Comercial passariam a ser oferecidos ao mercado nacional. Este cenário sofreria alteração quando em 1953, por decisão do governo federal institui-se uma limitação percentual de importação de componentes para a indústria automobilística, autorizando ainda somente a aquisição de peças que não tivessem similares produzidos localmente, este mesmo processo vetaria por completo a importação de veículos a motor já montados. 
No ano de 1956 seria estabelecido o Grupo Executivo da Indústria Automobilística – GEIA, programa federal que visava conceder um generoso pacote de apoio para o estabelecimento de uma indústria automotiva nacional. Neste mesmo ano a General Motors do Brasil teria seu plano de fabricação nacional de caminhões aprovado por este programa. Em junho de 1957 os caminhões Chevrolet já contavam com cerca de 40% (em peso) de componentes nacionais; naquele ano foram fabricadas 5.370 unidades do modelo 6503, para seis toneladas. O próximo passo seria o desenvolvimento de uma linha de veículos de transporte e utilitários com o maior índice de nacionalização já visto no mercado automotivo, este projeto abrangeria três veículos distintos, um caminhão médio, um furgão comercial e uma picape. Atendendo ao cronograma chegaria ao mercado i em março do ano de 1958 o caminhão médio denominado comercialmente como Chevrolet 6500 Brasil. Em termos de nacionalização, 22% era manufaturado pela própria General Motors do Brasil, incluindo neste pacote, cabine, painel dianteiro, grade do radiador, capo, para-lamas, molas, vidros e banco. O restante dos componentes eram produzidos por um grupo de fornecedores terceirizados com peças feita a partir de matéria prima nacional.O sucesso foi enorme, e o caminhão Chevrolet 6500 Brasil foi muito utilizado para o transporte de diversos produtos, sendo empregado desde as versões até carga seca até basculantes. O ano de 1958 seria marcado ainda pelo lançamento da picape Chevrolet Brasil 3100 e pela introdução do motor nacional Chevrolet Brasil 261 (4278cc), 6 cilindros em linha, virabrequim apoiado em quatro mancais, com potência de 142 cv, fabricado em São José dos Campos, São Paulo. Ano após ano os volumes de venda aumentavam e a montadora aplicava sensíveis melhorias em todos os modelos, aumentando ainda mais o nível de nacionalização.  Já entre os anos de 1962 a 1964 o modelo ganharia o carburador nacional DFV 226, adição de chassis reforçado, nova frente de 4 faróis; teto redesenhado avançando sobre o para-brisas, vigia duplo na traseira da cabine, tanque de gasolina externo, fechaduras, limpadores descansando a direita e quebra sol novos, além de passar a oferecer como opcional câmbio Fuller 5 marchas . Apesar destas melhorias ficava claro a necessidade de lançamento de uma nova família de caminhões que pudesse rivalizar com os novos modelos lançados pela concorrência, pois a outrora divisão de caminhões da General Motors do Brasil, passaria a se tornar uma preocupação para a empresa. Ainda que a marca Chevrolet fosse líder inconteste no segmento de caminhões médios a gasolina (71,7% do mercado, em 1963, contra 24,4% da Ford) e ocupasse o segundo posto no mercado total (respondendo por 25,6%, depois da líder Mercedes-Benz), sua presença na frota diesel era inexpressiva, em especial nas unidades de maior porte, cuja demanda vinha crescendo ininterruptamente. 

A resposta ao mercado viria em 1964 com o lançamento de uma nova família de caminhões médios Chevrolet C-60 sendo comercializados nas versões de tração 4X2 e 6X6, apesar de contar com o mesmo chassi e conjunto mecânico do seu antecessor o veterano Chevrolet 6500 Brasil, este seria o primeiro caminhão médio, projetado, desenvolvido e totalmente ferramentado no Brasil. Ora, o perfil de motorização no mercado comercial de caminhões no país vinha se transformando rapidamente nos últimos anos, pois nesta época mais de ¾ da frota nacional já era movida a diesel, e a General Motors do Brasil apesar de lançar alguns poucos modelos nesta configuração ainda era ofuscada perante o mercado por não dispor de uma tecnologia mais moderna neste tipo de motor, empregando somente motores Perkins, que eram baseados em conjuntos desenvolvidos em fins da década de 1940. Entre as alternativas para a correção deste processo, a direção da empresa decidiu pela construção de uma fábrica de motores Detroit Diesel. No início da década de 1970, o intensificar da crise internacional do petróleo, e a criação de subsídios governamentais ao diesel, levaria a um novo impulsionamento deste segmento. Seguindo esta tendência a General Motors do Brasil decidiu descontinuar a produção de motores a gasolina para veículos de carga (com uma grande parte da frota nacional sendo modificada para a versão a diesel). Esta decisão levaria ao lançamento dos novos caminhões a diesel Chevrolet D-60 e D-70 (denominados assim em função da capacidade de carga), que passaram a ser oferecidos com novos motores Detroit e também com os Perkins que continuaram em linha. Esta nova linha receberia a primeira reestilização, quando foram modificados o capô, o painel de instrumentos, a grade com os modelos recebendo dois novos faróis do tipo “sealed-beans”.Com o lançamento do diesel Detroit, as vendas dos caminhões Chevrolet momentaneamente se recuperaram, atingindo a marca histórica de quase 23.700 unidades. Os problemas técnicos apresentados pelo novo motor, entretanto, apesar do esforço da empresa em corrigi-los, trouxeram danos irreparáveis à credibilidade da marca, que já no ano seguinte produziria pouco mais de 11.300 caminhões (média que cairia para cerca de 4.300 unidades anuais na década de 1980 e, nos anos de 1990, para pouco mais de 2.000). 
Em 1985, pela primeira vez desde que a General Motors do Brasil, entrou no negócio de automóveis, as grandes novidades do ano aconteceriam principalmente linha comercial, com o lançamento de um caminhão leve e a total renovação, que havia muito tempo aguardada, da tradicionalíssima cabine projetada no longínquo 1964. Todas as versões seriam desenhadas no Brasil e ganhariam nova nomenclatura, indicativa do peso bruto total. Os caminhões leves A, C e D-40 (ou 6000, a partir de 1993) para quatro toneladas, os médios 11000 e 13000 (antigos C-60 e 70, para 7 e 9 t) e os médio pesados 19000 (C-80 – um 11000 com truque traseiro de fábrica, para 15 t), 21000 e 22000 (D-90 “normal” e o 6×4 canavieiro). Infelizmente as vendas não se recuperariam ao longo dos anos, e levariam a direção da empresa a divulgar ao mercado os planos estratégicos em relação ao segmento de caminhões. A solução seria abandonar o emprego da linha de produtos atual e a marca Chevrolet, sendo criada neste momento uma unidade independente de negócios; que seria focada importação de caminhões norte-americanos e japoneses sob a marca GMC, com este processo futuramente migrando para a nacionalização da produção. Nesta mesma década,  melancolicamente, em último lugar no segmento de caminhões, a ex-líder de vendas Chevrolet retirava-se definitivamente do mercado.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras
Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano ao considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo, atrairia o Brasil para compor o esforço de guerra aliado. Como contrapartida além de acordos bilaterais de comercio, o país teria acesso integral ao programa de ajuda militar Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que criaria uma linha de crédito na ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate, gerando um importante ciclo de modernização das Forças Armadas Brasileiras. Neste contexto entre os anos de 1942 e 1945, o Exército Brasileiro receberia mais de cinco mil caminhões militares das famílias GMC CCKW, Diamond T, US White Corbitt Cargo, Ward La France, Chevrolet Série G, Studebaker US6G e outros, proporcionando uma fantástica capacidade de mobilização de suas tropas e cargas. No entanto em fins da década seguinte esta operacionalidade estaria comprometida não só pelo desgaste natural da frota, mas principalmente na problemática encontrada no processo de importação e aquisição de peças de reposição fundamentais (muito em função destes modelos terem sua produção descontinuada em seu país de origem há mais de 10 anos). Este cenário causava extrema preocupação ao comando do Exército Brasileiro, pois afetava perigosamente sua capacidade operacional, gerando assim no curto prazo soluções que pudessem atender a esta necessidade emergencial. Em termos básicos a solução mais eficaz e logica passava pela aquisição de um número similar de novos caminhões militares de transporte com tração 4X4 e 6X6, sendo mais indicados os caminhões da família REO M-34 e M-35. Porém o investimento necessário para uma aquisição deste porte se pautava completamente fora da realidade orçamentária do Exército Brasileiro naquele período.  Estudos mais realistas apontavam para três soluções complementares, sendo a primeira pautada na aquisição de um pequeno número de caminhões militares modernos REO M-34, a segunda envolvia estudos referentes a possível repotencialização dos caminhões GMC Série CCKW e Studebaker US6G e a terceira focava a adoção de caminhões comerciais militarizados para o cumprimento de missões secundarias.   

A combinação destas três alternativas, poderia devolver ao Exército Brasileiro sua operacionalidade fundamental, infelizmente os estudos referentes a repontencialização dos caminhões GMC e Studebaker não seriam recomendados, devidos a aspectos de alto custo de implantação e inexistência de nível técnico adequado (muito em função de nunca ter de ser realizado no país um programa de modernização desta magnitude). Este cancelamento levaria a necessidade de ampliação das intenções na aquisição de caminhões comerciais militarizados, pois em teoria estes veículos poderiam complementar a maior parte da  frota de caminhões militares do Exército Brasileiro que era composta por veículos com tração 6X6 para uso em ambientes fora de estrada. Este processo se daria pela introdução em larga escala destes novos caminhões militarizados em missões secundárias, permitindo assim liberar uma parcela considerável da frota original para o emprego no ambiente fora de estrada. Este conceito já era empregado desde a década de 1930 quando caminhões de pequeno porte como os Chevrolet 112 Tigre e Chevrolet 137 Comercial e posteriormente o Chevrolet Gigante 937 e Opel Blitz II foram operados pelo Exército Brasileiro neste perfil de trabalho. Buscando fomentar a jovem indústria automotiva nacional o Ministério do Exército optou pela adoção inicial de veículos produzidos pela Fábrica Nacional de Motores - FNM , que mantinha em produção dois modelos de caminhões médios o FNM D-9500 e o FNM D-11000, com este último apresentando uma robustez estrutural que poderia atender  em teoria aos parâmetros exigidos para o processo de militarização. O caminhão comercial FNM D-11000 foi concebido para operar com pesadas cargas, principalmente em estradas com grande precariedade de pavimentação e terrenos irregulares, recebendo para isso um chassi reforçado com a aplicação de sete grandes travessas de reforço forjadas em aço de alta resistência, apresentando assim as condições propicias para o emprego militar. 
Ao longo dos anos seguintes estes caminhões prestariam excelentes serviços as Forças Armadas Brasileiras, o grande uso desta frota geraria desgastes operacionais de grande monta, levando principalmente o Exército Brasileiro adquirir anualmente uma grande quantidade deste tipo de veículo para reposição e de frota, contribuindo assim a partir do ano de 1964 na incorporação da nova linha de caminhões Chevrolet C-60 com tração 4X2 e 6X6, que viriam gradativamente a substituir os mais “cansados” Chevrolet Brasil 6500 em uso desde o final da década de 1950. A família dos Chevrolet C-60 adquiridos pelo Exército Brasileiro receberam a designação extra oficial de “Comercial” e foram entregues inicialmente com carrocerias na versão carga seca, cisterna de água, basculante, frigorifico, posto de comando, cisterna de combustível e oficina. Posteriormente seriam incorporadas versões de bombeiro. Posteriormente versões dos caminhões Chevrolet C-60 e D-60 (com motorização a diesel) equipados com carrocerias especificas passariam a ser encomendadas não só pelo Exército Brasileiro, mas também pela Marinha do Brasil e Força Aérea Brasileira. O excelente desempenho desta família de caminhões em seu emprego militar apresentaria um grande potencial de evolução técnico, levando o comando do Exército Brasileiro a solicitar a empresa paulista Engesa S/A estudos visando uma militarização mais complexa destes caminhões fazendo uso do patenteado sistema de “Tração Total” da empresa, que era composto com uma caixa de transferência com duas tomadas de força, eixo dianteiro direcional e guincho (opcional), podendo ser configurado com tração 4X4, 6X4 e 6X6, ambas aproveitando eixos e feixes de molas traseiros originais dos veículos. O sistema de “Tração Total Engesa” dotava-os caminhões comerciais modificados, com um comportamento fora-de-estrada proporcionando um desempenho inédito desconhecido no país em veículos da categoria, por exemplo uma Ford F-100 equipada com este sistema passava a apresentar capacidade de carga duplicada, podendo galgar rampas de até 85% de elevação.

Este programa levaria a abertura de uma concorrência para o fornecimento de uma grande quantidade de caminhões militares com tração total Engesa, sendo apresentados protótipos de veículos produzidos pela Ford Motors do Brasil, Chrysler do Brasil e General Motors do Brasil. Estes veículos com tração 6X6 foram extensivamente testados durante o ano de 1966, com a decisão de compra pendendo para os modelos produzidos pela General Motors e Ford. O novo Chevrolet C-60 com tração integral diferia dos modelos com tração 4X4 já em uso no Exército Brasileiro por contar uma carroceria em metal do tipo militar mais longa e reforçada e adoção de dois eixos traseiros equipados com patenteado sistema de boogies da Engesa, com o projeto de "Tração Total" sendo oficialmente classificado em 1967 como de “De Interesse para a Segurança Nacional “. Este caminhão estava ainda equipado com um motor nacional a gasolina que desenvolvia 151 hp a 3.800 rpm, gerando uma capacidade de operar em terrenos irregulares podendo transportar até 5.000 kg de carga em estrada ou ainda tracionar peça de artilharia do mesmo peso. Os primeiros caminhões Chevrolet Engesa C-60 6X6 começaram a ser entregues as unidades operacionais do Exército Brasileiro a partir de maio deste ano. Já as versões a diesel com motor Perkins 3567 de seis cilindros passaram a ser fornecidas ao Exército Brasileiro e demais forças armadas, a partir de 1970 recebendo a designação de Chevrolet D-60 6X6 (com veículos na versão de tração 4X4 sendo também encomendados). O excelente resultado em operação junto ao Exército Brasileiro, levaria no ano de 1969 a Marinha do Brasil a adotar o modelo para o emprego junto ao Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN) com um contrato de aquisição de 120 caminhões sendo formalizado. Estes novos caminhões trariam grande aumento na capacidade operacional da Força de Fuzileiros de Esquadra (FEE) se tornando o principal meio de transporte terrestre durante os inúmeros exercícios de desembarque anfíbio da Marinha do Brasil durante as décadas de 1970 e 1980, operando a partir dos Navios de Desembarque de Carros de Combate, Navios de Desembarque Doca e Embarcação Desembarque de Carga Geral.
Na sequência a partir de 1976, um pequeno lote de caminhões Chevrolet Engesa D-60 seriam adquiridos também pela Força Aérea Brasileira, para o emprego junto aos Batalhões de Infantaria da Aeronáutica (BIA). Durante a década de 1980, os excelentes resultados operacionais dos caminhões tração total Chevrolet Engesa C-60/D-60, renderiam novos contratos de aquisição por parte das três Forças Armadas Brasileiras, porém neste mesmo período as versões militarizadas dos novos caminhões Mercedes Benz MB-1111, MB-1113, MB-1114 e MB L-1200/L1300/L-1500, começaram a ganhar um significativo espaço principalmente junto as fileiras do Exército Brasileiro. O superior desempenho em campo desta nova família de veículos militares de transporte com tração normal e tração integral da Mercedes Benz equipados com sistema da Engesa, levaria principalmente o comando da Força Terrestre a decidir que a partir daquele momento que todos os novos processos de renovação ou ampliação de frota deveriam ser supridos com caminhões militares produzidos pela montadora alemã. Assim a partir de fins da década de 1980 um grande numero de caminhões Chevrolet Engesa C-60/D-60, passaram a ser desativados das unidades operacionais do Exército Brasileiro, já os veículos desta mesma família em uso pela Marinha do Brasil e Força Aérea Brasileira se mantiveram em operação pelo menos até o final da década de 1990.

Em Escala.
Para representarmos o Chevrolet Engesa D-60 6X6 pertencente ao Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN), fizemos uso do modelo artesanal em metal e madeira produzido sob encomenda pela Fusaro Trucks na escala 1/43. Empregamos decais confeccionados pela Decals e Books presentes no antigo set " Forças Armadas do Brasil".


O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura tático empregado nos veículos leves e médios de transporte do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN). Empregamos tintas e vernizes produzidos pela Tom Colors.

Bibliografia :

- Caminhões Brasileiros de Outros Tempos – Chevrolet C-60 , editora Altaya

- Veículos Militares Brasileiros – Roberto Pereira de Andrade e José S Fernandes

- Lexicar Brasil – Chevrolet www.lexicar.com.br

- Revista Carga Pesada – Edição 125