P-15E Neptunes P2V-5

História e Desenvolvimento. 
A Lockheed Aircraft Manufacturing Company, uma empresa norte-americana do setor aeronáutico, foi estabelecida em 1912 pelos irmãos Allan e Malcolm Lockheed, na cidade de San Diego, estado da Califórnia. Inicialmente, a companhia concentrou suas atividades no desenvolvimento e na fabricação de aeronaves de pequeno porte, voltadas para o turismo e o treinamento civil. Nas décadas seguintes, a empresa experimentou um notável crescimento em suas vendas. Contudo, o término da Primeira Guerra Mundial, em novembro de 1918, gerou desafios significativos para o mercado aeronáutico, devido à desmobilização de milhares de aeronaves militares subutilizadas, que passaram a inundar o mercado global de aviação civil. Esse contexto provocou uma crise sem precedentes na comercialização de novas aeronaves, culminando no encerramento de diversas fabricantes, entre elas a Lockheed Aircraft Manufacturing Company. Após a suspensão de suas operações, os irmãos Allan e Malcolm Lockheed redirecionaram seus esforços empreendedores para outros setores do mercado, visando assegurar sua sustentabilidade empresarial. Em 1926, Allan Lockheed associou-se aos engenheiros John Northrop, Kenneth Kay e Fred Keeler para fundar um novo empreendimento. Com o respaldo de investidores, conseguiram angariar os recursos financeiros necessários para criar a Lockheed Aircraft Company, sediada em Hollywood, Califórnia. A nova empresa utilizou a tecnologia desenvolvida anteriormente para o Modelo S-1 como fundamento para o projeto do Lockheed Vega, seu primeiro modelo de destaque. O êxito comercial foi alcançado rapidamente: em 1928, a companhia transferiu sua sede para Burbank e, ao final daquele ano, registrou vendas superiores a um milhão de dólares. Nesse período, a produção atingiu centenas de aeronaves, empregando mais de trezentos colaboradores em uma linha de montagem com capacidade para finalizar até cinco unidades por semana. Em julho de 1929, Fred Keeler, então acionista majoritário, negociou 87% das ações da empresa com a Detroit Aircraft Corporation, possibilitando a implementação de um ambicioso plano de expansão. Todavia, a crise econômica conhecida como Grande Depressão, deflagrada no mesmo ano, impactou gravemente o setor aeronáutico, conduzindo a Lockheed a uma situação de insolvência. Em 1932, durante o processo de liquidação judicial, a companhia foi adquirida por um grupo de investidores liderado pelos irmãos Robert e Courtland Gross, em conjunto com Walter Varney. Essa transação marcou o início de uma nova etapa para a empresa, que logrou sua recuperação ao longo daquela década, especialmente com o desenvolvimento de novas aeronaves. Apesar das adversidades, a Lockheed conseguiu consolidar rapidamente a confiança do mercado civil e comercial dos Estados Unidos, impulsionada pelo sucesso do Lockheed Modelo 10 Electra, uma aeronave totalmente metálica com capacidade para transportar até dez passageiros.

A partir de meados de 1934, uma significativa oportunidade comercial se apresentaria à Lockheed Aircraft Corporation, pois surgia a percepção crescente entre diversos governos europeus, de que a deflagração de um novo conflito com a Alemanha no continente seria apenas uma questão de tempo. Em resposta aos extensos programas de rearmamento iniciados pela Alemanha (apesar das restrições impostas pelo Tratado de Versalhes) e pela Itália fascista, nações como França, Reino Unido e, de maneira mais limitada, Bélgica e Países Baixos começaram, ainda que tardiamente, a modernizar e expandir suas forças armadas. Contudo, as indústrias de defesa desses países não estavam preparadas para atender a estas urgentes demandas militares, especialmente no que tange ao poder aéreo, ainda mais em um curto período. Diante desse cenário, os governos desses países europeus passaram a buscar equipamentos de defesa produzidos predominantemente nos Estados Unidos. Nesse contexto, o governo britânico destacou-se como o mais empenhado nesse esforço, buscando emergencialmente renovar sua frota de aeronaves principalmente as dedicadas as tarefas de bombardeio, transporte, guerra antissubmarino e patrulha marítima. Entre os modelos a serem substituídos na Força Aérea Real (RAF) estavam os já obsoletos bimotores leves Avro Anson Model 18, utilizados em missões de patrulhamento marítimo e reconhecimento. Essa demanda  foi rapidamente identificada pelos diretores da Lockheed Aircraft Corporation que vislumbraram um gigantesco mercado potencial neste segmento, e assim em fevereiro de 1938, autorizaram, com recursos próprios, o início do desenvolvimento de uma aeronave militar destinada a missões de reconhecimento, patrulha e bombardeio. Para acelerar o projeto e otimizar os investimentos, a nova aeronave foi concebida com base na plataforma do bimotor civil Lockheed Model 14 Super Electra. O programa recebeu a designação Lockheed Model B-14, e os trabalhos de desenvolvimento foram prontamente iniciados, culminando na construção de um modelo em madeira (mock-up). Esses esforços coincidiram com a visita de uma comissão britânica de compras aos Estados Unidos, que prontamente foi convidada para uma reunião nas instalações da Lockheed Aircraft Corporation. Durante o encontro, uma apresentação detalhada foi conduzida, destacando as características da aeronave proposta para missões de patrulha e guerra antissubmarino. A exposição impressionou positivamente os oficiais britânicos, resultando em um convite formal à diretoria da empresa para uma visita à Inglaterra, onde o projeto poderia ser discutido de maneira mais aprofundada. Durante as fases iniciais do conflito, mais de oitocentas aeronaves seriam adquiridas pela Força Aérea Real (Royal Air Force), com outras centenas de aeronaves sendo operadas pelo Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) e  a Aviação Naval da Marinha Americana (US Navy).  
Pouco antes do envolvimento dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) transferiu à Aviação Naval da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) a responsabilidade pela execução das missões de guerra antissubmarino ao longo do litoral norte-americano. Em decorrência dessa decisão, a Marinha buscou aprimorar seus recursos aéreos de patrulha, o que resultou na transferência de todos os contratos de produção existentes. Para atender de forma mais eficaz aos requisitos técnicos das missões de patrulha, as aeronaves a serem fabricadas passaram por uma série de modificações estruturais e funcionais. A partir do final de 1942, entraram em serviço os novos Lockheed-Vega PV-1 Ventura B-34, seguidos, em 1943, pelos Lockheed-Vega PV-2 Harpoon B-34A. Esses modelos apresentavam desempenho superior e maior capacidade para missões especializadas, substituindo gradualmente os Lockheed A-28 Hudson na linha de frente. No entanto estas aeronaves ainda eram oriundas de projetos de aeronaves civis ou bombardeiros estratégicos, que poderiam assim trazer limitações operacionais em termos de patrulha marítima e combate antissubmarino, pois o calcanhar de Aquiles ainda era representado pela autonomia de combates destes aviões. Buscando solucionar esta problemática, a equipe de projetos da Lockheed Aircraft Corporation liderada pelo engenheiro John B. Wassal, iniciaria em 1942 o desenvolvimento de uma nova aeronave que pudesse suplantar estas deficiências, porém este projeto seria postergado devido ao grande nível de envolvimento da empresa no esforço de guerra. Somente em 1944 este programa seria retomado, pois em maio deste ano o Comando da Aviação Naval da Marinha Americana (Us Navy) emitiu requisitos para o desenvolvimento de uma nova aeronave de patrulha e guerra antissubmarino, se materializando em uma concorrência governamental. Já dispondo dos estudos iniciados anteriormente a empresa sairia em vantagem sobre os demais concorrentes, podendo apresentar assim sua proposta em um tempo recorde, isto levaria a formalização de uma carta de intenção em 4 de abril de 1944, para a produção de dois protótipos para fins de avaliação no programa de testes. As duas aeronaves agora designadas como XP2V-1 foram completadas em março de 1945, com o primeiro voo ocorrendo em 17 de maio de 1945. Os resultados do programa de avaliação e ensaios em voo foram extremamente promissores, levando a formalização de um contrato de pré-produção envolvendo quinze aeronaves. Após aceite por parte do Comando da Aviação Naval, seria celebrado em fins do mesmo ano, o primeiro contrato de aquisição, com a produção sendo iniciada em abril de 1946. A nova aeronave apresentava concepção bimotora, com trem de pouso triciclo, dispondo de grande raio de ação, com capacidade e operação em qualquer tempo. Como diferencial a aeronave fora totalmente concebida com o objetivo de apresentar baixo custo de operação, incorporando inovações técnicas que reduziam o tempo de manutenção em terra, aumentando a disponibilidade das células.

A primeira versão operacional o P2V-1 Neptune, entrou em operação na Marinha dos Estados Unidos (US Navy), e estava equipada dois motores radiais Wright R-3350-8 com 1.700 hp de potência cada, seu armamento defensivo era composto por três torretas de metralhadoras calibre .50, sendo uma dorsal, uma traseira e uma frontal. A aeronave impressionaria os meios aeronáuticos no dia 1º de outubro de 1946, quando o terceiro P2V-1 produzido completou um voo sem escalas de três dias de duração, entre Perth (Austrália) e Columbus (Estados Unidos), num trajeto de 11.235 milhas, quebrando o recorde de voo em distância. Em termos de carga ofensiva o Neptune podia transportar até 3.630 kg de bombas e foguetes, dispostos em cabides subalares ou no bomb bay. Um total de quatorze células seriam entregues, sendo esta versão substituída a partir de 1949 pelo P2V-2, que passava a contar com motores mais potentes Wright R-3350-24W com 2.800 hp de potência cada, sendo entregues oitenta células. Os modelos P2V-3 e P2V-3B passaram a ser produzidos em seguida, incorporando motores Wright R-3350-26W com 3.600 hp de potência cada, representando cinquenta e três aeronaves produzidas. Uma versão de bombardeio nuclear de queda livre designada P2V-3C para operação em porta aviões resultaria na produção de onze células para avaliação, a este se seguiria o modelo P2V-3W de alerta aéreo antecipado, portando um radar de busca AN/APS-20, recebendo contratos para a entrega de trinta células. O novo P2V-4 passou a dispor do novo radar ASW AN/APS-20 alojado sob a fuselagem, receberia um sistema de sonoboias e também um holofote na ponta de um dos tanques suplementares das asas. Em 1951 surgia a variante P2V-5 que seria a versão mais produzida do Neptune,  trazia um novo nariz envidraçado para o observador com a remoção do armamento frontal, a torreta da cauda também foi removida visando a instalação do equipamento de Detecção de Anomalias Magnéticas (MAD), também houve significativo aumento na capacidade de transporte de combustível dos tanques das pontas das asas, além da instalação de radar NA/APS-8 na ponta de um destes tanques. A última variante de patrulha a ser produzida foi P2V-7 equipado com motores R-3350-32W com 3.500 hp de potência cada, sendo contratada a produção de 287 células com quarenta e oito montadas pela Kawasaki no Japão
Seu emprego real registra participações nas guerras da Coreia e Vietnã, sendo também considerados como ferramenta fundamental no monitoramento de submarinos soviéticos, na ativação de missões ELINT, durante o longo período da Guerra Fria, sofrendo inclusive perdas em encontros contra aeronaves de caças chinesas e soviéticas. A entrada em operação dos novos Lockheed P-3 Orion a partir de 1962, determinou a retirada dos Neptune das missões navais na Marinha Americana (US Navy), com as melhores células sendo transferidas a CIA (Central de Inteligência Americana), onde foram convertidas para atender a missões de guerra eletrônica (ECM), controle e lançamentos de drones, telemetria e ataque terrestre para qualquer tempo. Esta variante receberia a designação de APH-2 e era equipada com sensores de FLIR e TV e armada com lançadores de granadas, bombas de napalm e metralhadoras miniguns. Fora de seu país de origem os Neptune foram empregados pela Argentina, Holanda, Austrália, Portugal, Canadá, Japão, Reino Unido, França, Brasil e Taiwan. Durante o conflito das Falklands/Malvinas os Neptunes foram usados para identificar e acompanhar os movimentos da Força Tarefa Britânica, sendo ainda empregados para missões de vetorização de alvos para os ataques realizados pelos Dassault Super Étendard com misseis ar mar Exocet. Sua produção se manteve até 1957 sendo produzidas 1.177 aeronaves, atualmente algumas células são mantidas em operação até os dias atuais por empresa civis especializadas em combate a incêndios nos Estados Unidos e Europa.

Emprego nas Força Aérea Brasileira.
A aviação de patrulha e guerra antissubmarino no nosso país, nasceriam durante a Segunda Guerra Mundial, pois o Brasil ao assumir um papel de fornecedor estratégico de materiais primas para os aliados, passou a sofrer com a ameaça dos submersíveis do Eixo, levando ao afundamento de inúmeros navios mercantes. Neste contexto as forças armadas norte-americanas passaram a estruturar uma complexa infraestrutura de guerra antissubmarino, assumindo as operações inicialmente, passando gradualmente a transferir esta responsabilidade para a recém-criada Força Aérea Brasileira. Ao longo dos anos que seguiram Força Aérea Brasileira conquistou grande experiencia e habilidade na arte da guerra antissubmarino, operando com aeronaves e equipamentos no estado da arte para aquele período que foram cedidos a partir de 1943 nos termos do Leand & Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), obtendo excelente resultados operacionais. Logo após o término conflito a Força Aérea Brasileira dispunha de muitas aeronaves de patrulha e guerra antissubmarino produzidas pela Lockheed Aircraft Corporation, distribuídas entre os modelos A-28 Hudson, PV-1 Ventura e PV-2 Harpoon, que gozavam ainda de uma moderna suíte eletrônica para a época. Ocorre, porém, que nos anos seguintes, inovações tecnológicas introduzidas nos cenários de patrulha marítima e guerra antissubmarino, iriam relegar rapidamente a obsolescência todas estas aeronaves da geração anterior. No início da década de 1950, apenas os Lockheed PV-2 Harpoon em serviço junto ao 1º/7º Grupo de Aviação (1º/7º GAv) Esquadrão Orugan., ainda dispunham de alguma capacidade combativa neste novo cenário, porém logo no ano de 1956 estas células seriam desativadas em virtude de graves problemas de disponibilidade para voo, com este cenário no complicado processo de aquisição de peças de reposição, tendo em vista que sua produção havia sido descontinuada em seu pais de origem no ano de 1945.

Este cenário crítico, levaria o Ministério da Aeronáutica (MAer) a buscar soluções para o reequipamento de sua estrutura de patrulha marítima e guerra antissubmarino, visando assim em curto espaço de tempo recompor sua capacidade operacional neste segmento de missão. Assim no início do ano de 1957 fazendo uso dos termos do programa MAP- Military Assistence Program (Programa de Assistência Militar), o governo brasileiro negociou aquisição de novas aeronaves de patrulha com a escolha recaindo sobre o modelo Lockheed P2V Neptune. Objetivava-se adquirir de dez a quinze aeronaves, estas conversações se materializariam em uma oferta para aquisição de aeronaves da versão Neptune MR.1 (Lockheed P2V-5), pertencentes a um lote de cinquenta e duas aeronaves que foram cedidas em 1951 a Força Aérea Real (RAF - Royal Air Force) para uso junto ao Comando Costeiro. Em 1957 as células remanescentes seriam desativadas após serem substituídos pelos novos Avro Shackleton MR.1, posteriormente então seriam devolvidas aos Estados Unidos e armazenadas na Base Aérea de Davis Montain no estado do Texas. Neste mesmo ano uma comitiva de oficiais da Força Aérea Brasileira seria enviada a esta localidade para proceder a escolha de células em melhores condições de conservação. Assim seriam escolhidas quatorze aeronaves que seriam transladadas para a cidade de Fresno na Califórnia, onde seriam recondicionadas e revisadas pela empresa Grand Central Aircraft Corporation. Este acordo de aquisição previa um pacote de instrução prevendo a participação de 27 oficiais e 56 graduados, com este programa de se iniciando a partir de julho de 1958, se desdobrando entre a base aeronaval de Jacksonville no estado da Florida, onde seriam concentradas os processos operacionais e estágio de adaptação e solo, fazendo uso de células dos modelos P2V-2, P2V-3 e P2V-4  e base naval de Norfolk no estado da  Virginia onde seriam ministradas as técnicas de guerra antissubmarino e patrulha marítima, com este estágio sendo realizado em aeronaves do modelo P2V-5.
Já ostentando as marcações nacionais os cinco primeiros Lockheed P2V-5 agora designados P-15, iniciaram em 15 de dezembro de 1958 o primeiro translado para o Brasil, chegando ao seu destino – a Base Aérea de Salvador (BASV) – no dia 30 do mesmo mês. O traslado não foi sem incidentes, no entanto, pois o FAB 7009 foi interceptado por dois caças N.A. F-51 Mustang e um de Havilland Vampire da Força Aérea Dominicana, os quais forçaram a sua aterrissagem a tiros de metralhadora na Base Aérea de Santo Isidoro. Após as explicações dadas pelo comandante da aeronave, Cap.-Av. Santiago, foi o mesmo autorizado a levantar voo. O incidente levou a uma troca de agudas mensagens diplomáticas entre o Brasil e a República Dominicana. Para receber a nova aeronave a Base Aérea de Salvador teve de ser submetida a alterações em sua infraestrutura para a operação (incluindo pistas de pouso adequadas) e manutenção básica da grande aeronave, principalmente no que tange a laboratórios para testes e calibração dos sistemas eletrônicos. Posteriormente as manutenções em âmbito IRAN (Inspection And Repair as Necessary) seriam realizadas pelo Parque de Aeronáutica de São Paulo (PASP), contando ainda com o apoio do Centro de Manutenção da Varig que detinha vasta experiência na manutenção dos motores que eram os mesmos empregados em sua frota de aeronaves de transporte de passageiros Lockheed Constelation. As aeronaves adquiridas eram do modelo P2V-5 Neptune , estando equipadas com sofisticados sistemas eletrônicos dedicados a guerra antissubmarino (ASW) e patrulha marítima, entre estes o radar de longo alcance General Electric APS-20, sistemas de contramedidas eletrônicas CME, radar de precisão APS-8, detector de anomalias magnéticas (MAD) ASQ-8 e sistemas de sonoboias acústicas passivas e ativas Julie & Jezebel. Para busca visual dispunha ainda de poderoso farol de busca noturna de 80 milhões de lumiens instalado no tanque da asa esquerda. Tal suíte eletrônica elevaria em muito a capacidade de patrulha e combate antissubmarino da Força Aérea Brasileira, demandando, no entanto, a necessidade de um abrangente treinamento por parte das equipagens brasileiras.

Já plenamente operacionais os Lockheed P-15 matriculados FAB 7000  á  7013, pertencentes ao 1º/7º Grupo de Aviação - Esquadrão Orugan, foram encarregados do patrulhamento da faixa de 200 milhas do mar territorial, a fim de identificar e verificar todas as embarcações nessa aérea. Estas missões eram divididas em duas operações, denominadas Norte e Sul abrangendo uma aérea de 2.780.000 km quadrados, e seu procedimento compreendia em despachar as aeronaves mar adentro, realizando o esclarecimento e o acompanhamento de possíveis embarcações irregulares, desde a costa baiana, margeando a região litorânea brasileira, com escalas técnicas nas bases aéreas de Santa Cruz ou Canoas ao sul e Belém ou Natal ao norte. Estas missões de longa duração proporcionaram o estabelecimento de recordes de permanência em voo de uma aeronave militar brasileira, englobando em 1961 e 1967 missões com 24 horas e 35 minutos e 25 horas 15 minutos respectivamente. Em uma destas missões, ocorrida em março de 1972, foi interceptado o navio soviético de espionagem “Yuri Gagarin”, o qual estava fundeado em águas territoriais brasileiras, no Atol das Rocas, a fim de monitorar o lançamento de foguetes do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno. Após algumas passagens baixas sobre a embarcação, os soviéticos decidiram abortar sua missão e abandonar a área. Algumas das aeronaves eram batizadas com o nomes de aves marítima ou peixes – como “Martin”, “Giant Petrel”, “Tubarão” – o qual era pintado na porção inferior da fuselagem, à frente do símbolo do 1º/7º GAV. O FAB 7010 apresentava ainda a bandeira do Brasil pintada à frente na fuselagem, e o tanque na ponta da asa esquerda tinha a sua ponta pintada em azul, com o Cruzeiro do Sul sobreposto, seguido de duas faixas em verde e amarelo; uma representação estilizada do escudo da Base Aérea de Salvador - BASV era pintado no corpo do tanque.
Ao longo de sua carreira na Força Aérea Brasileira, inúmeras foram as operações aeronavais nas quais esteve engajado, dentre as quais as UNITAS, realizadas em conjunto com Argentina, Uruguai e Estados Unidos. No início da década de 1970 restavam apenas dez células operacionais (três foram perdidos em acidentes -  FAB 7001, 7007 e 7008), e nesta época os índices de disponibilidade passaram a ser afetados por graves problemas no fluxo de peças de reposição, levando assim a canibalização de mais aeronaves. Este cenário levaria a decisão de iniciar um gradual processo de desativação do modelo. A última missão de um Lockheed P-15 Neptune na Força Aérea Brasileira seria realizada no dia 3 de setembro de 1976, pela tripulação dos Ten.-Cel.-Av. Lott, Maj.-Av. Beuthner e Cap.-Av. Nilson, a bordo do FAB 7009. Das aeronaves restantes, oito foram vendidos como sucata (FAB 7000, 7002, 7003, 7004, 7005, 7011, 7012 e 7013), e dois foram preservados: o FAB 7009 foi colocado em exposição na Base Aérea de Salvador (BASV) após o seu último voo, e o FAB 7010 encontra-se em exposição no Museu Aeroespacial (Musal). Seu sucessor a aeronave de produção nacional o Embraer EMB-111 P-95 Bandeirulha seria incorporado somente em 1978, e apesar de sistemas eletrônicos atualizados como o avançado radar de busca marítima compacto AN/APS-128 Super Searcher, o novo vetor não dispunha da mesma autonomia ou capacidade de transporte e operação de armamentos dedicados a guerra antissubmarino (ASW), lacuna esta que só seria preenchida a partir de 2011, com a incorporação dos Lockheed P-3AM Orion, modernizados na EADS na Espanha.

Em Escala.
Para representarmos O P-15 Neptune  “FAB "7011“, empregamos o  antigo kit da Hasegawa, na escala 1/72, vale lembrar que este modelo originalmente este modelo apresenta a versão P2V-7. Para adequarmos a versão P2V-5 operado pela Força Aérea Brasileira, devemos proceder a alteração dos tanques suplementares instalados nas pontas das asas, realizando esta conversão em scratch, empregando como base tanques de napalm, presentes no kit do P-47 Thunderbolt da Academy - HTC na escala 1/48. Fizemos uso de decais impressos pela FCM Decais, presentes no Set 72/09.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura da Marinha Americana (US Navy) Midnight Blue, com qual as aeronaves brasileiras foram recebidas. A partir de 1968 um segundo esquema foi adotado, na qual as superfícies dorsais da fuselagem receberam a aplicação de tinta branca no intuito de atenuar os efeitos do calor intenso do litoral nordestino. Em 1971 um terceiro e último padrão foi implementado perdurando até sua desativação em 1976.



Bibliografia :

- A Saga do Netuno P-15 Aparecido Camazano Alamino  - Revista Força Aérea Nº 9

- Lockheed P2V Neptune-  Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/Lockheed_P-2_Neptune

- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores

M-4 Sherman Composite Hull

História e Desenvolvimento.
Na Europa, na segunda metade da década de 1930, o plano de rearmamento implementado pelo governo nacional-socialista Alemão adotava uma nova abordagem ao concentrar-se no desenvolvimento de conceitos e doutrinas militares. Esses conceitos seriam posteriormente integrados no campo de batalha, combinando novas tecnologias em equipamentos e armamentos destinados ao combate terrestre com o devido apoio aéreo. Tal iniciativa culminou na elaboração do conceito de "Guerra Relâmpago" ou Blitzkrieg. Essa tática tinha como um de seus principais pilares o desenvolvimento de carros de combate blindados, os quais se destacavam pela combinação de velocidade, mobilidade, blindagem, controle de tiro e poder de fogo. Nesse contexto, os novos carros de combate alemães eram projetados para serem superiores em todos os aspectos em relação a seus concorrentes disponíveis na época. Embora o Tratado de Versalhes, firmado após o término da Primeira Guerra Mundial, impusesse limitações significativas à Alemanha, os programas de reaparelhamento das forças armadas nazistas avançavam rapidamente. Do outro lado do Oceano Atlântico, o serviço de inteligência dos Estados Unidos informava continuamente o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) sobre esses avanços e as iminentes ameaças que poderiam surgir. As análises preliminares desses relatórios indicavam que os novos carros blindados alemães superariam facilmente os modelos utilizados até então. Para enfrentar essa situação desafiadora, em abril de 1939, foi iniciado um abrangente programa de estudos com o objetivo de desenvolver novos carros de combate, cujo propósito principal era substituir os obsoletos modelos M-1 e M-2, que constituíam a espinha dorsal das forças blindadas da nação. O objetivo primordial deste plano era conceber veículos de combate capazes de rivalizar, em potenciais cenários de conflito, com os novos carros de combate alemães e japoneses que estavam em fase inicial de operação. Em julho de 1939, foi deflagrado um programa de desenvolvimento que ficaria sob a responsabilidade das equipes de projeto de veículos blindados do Departamento de Artilharia do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army Ordnance Department), sediado em Fort Lee, Virgínia. Imediatamente, os trabalhos conceituais foram iniciados, estabelecendo diversos parâmetros de projeto com base no carro de combate M-2. Dentre os principais aspectos destacava-se a adoção do novo canhão M-22 de calibre 37 mm e um sistema de blindagem dimensionado para resistir a impactos de munições antitanque do mesmo calibre que a arma principal. Apesar dessa iniciativa, persistia a dúvida sobre a real capacidade de proteção que o nível de blindagem proporcionaria ao "M-3 Light Tank", assim como a efetividade de seu poder de fogo frente aos novos carros de combate alemães e japoneses que estavam em desenvolvimento naquele momento.

Os temores expressos por uma significativa parcela dos oficiais de comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) foram confirmados em junho de 1940, com o início da campanha na França. Durante este conflito, os novos carros blindados alemães Panzer III e Panzer IV, operando segundo os princípios da guerra relâmpago (Blitzkrieg), obtiveram vitórias esmagadoras contra os melhores carros de combate franceses e britânicos disponíveis na época. Tornou-se evidente que o canhão M-22 de 37 mm se mostrava completamente ineficaz, tornando necessário equipar os novos carros de combate norte-americanos com um canhão de calibre 75 mm. Entretanto, nem os antigos M-2, nem os novos M-3 poderiam ser adaptados para acomodar essa arma, uma vez que seu peso maior exigiria o desenvolvimento de uma nova torre giratória. Embora essa abordagem estivesse sendo considerada, buscou-se simultaneamente uma solução provisória, que envolveu uma modificação experimental de um M-2, resultando na criação de um obuseiro autopropulsado de 75 mm, com o canhão sendo projetado pelo Watervliet Arsenal. Os testes de campo desse protótipo levaram à conclusão de que o chassi do M-2 existente poderia ser utilizado em combinação com uma superestrutura redesenhada, mantendo ainda a arma de 37 mm instalada em uma torre giratória. O novo carro de combate M-3 apresentava, assim, um design incomum, já que a arma principal, o canhão M-2 de 75 mm, não estava instalado em uma torre giratória, mas sim fixada ao chassi. Essa configuração resultou da falta de experiência da indústria norte-americana na concepção de uma torre que pudesse abrigar uma arma desse calibre. Ressalta-se que a solução de empregar dois canhões foi inspirada em modelos europeus, como o Char B1 francês e o Churchill Mark I britânico. No caso do Char B1, o veículo foi projetado como um canhão autopropulsado, destinado a atacar fortificações, com uma capacidade antitanque adicional proporcionada por um segundo canhão em uma pequena torre. Já o modelo inglês incorporava uma arma montada no casco dianteiro, utilizada principalmente para disparar projéteis de fumaça. O novo M-3 diferia ligeiramente dos padrões europeus, apresentando um canhão principal de dupla finalidade, capaz de disparar um projétil perfurante a uma velocidade suficiente para penetrar efetivamente a armadura, além de lançar um projétil altamente explosivo que era considerável o suficiente para ser eficaz em combate. Contudo, a disposição do canhão de M-3 75 mm comprometeu significativamente o deslocamento lateral da peça, obrigando o veículo a manobrar para otimizar o ângulo de tiro. Por sua vez, o canhão de 37 mm, montado na torre principal, revelou-se de pouca utilidade diante das blindagens mais sofisticadas. Apesar dessas preocupações, o M-3 poderia ser produzido em larga escala e com maior rapidez em comparação aos carros de combate convencionais, atendendo, assim, às demandas emergenciais não apenas dos Estados Unidos, mas também da Grã-Bretanha.
No final de janeiro de 1942, os primeiros tanques M-3 Grant, fornecidos pelos Estados Unidos, chegaram ao Norte da África para reforçar as forças britânicas. As tripulações foram submetidas a um rigoroso programa de treinamento, com o objetivo de prepará-las para confrontos contra as forças do Eixo. O canhão principal M-2 de 75 mm, baseado em um modelo de artilharia de campanha francês, permitiu ao Exército Real Britânico utilizar amplos estoques de munição remanescentes da Primeira Guerra Mundial. Dentre os projéteis disponíveis, destacava-se o perfurante de tiro sólido, capaz de penetrar aproximadamente 50 mm de blindagem a uma distância de 1.000 metros. Embora superior aos canhões de 2 libras equipados nos tanques britânicos da época, o desempenho do M-3 ainda não atendia plenamente aos padrões exigidos para operações de combate. O batismo de fogo do M-3 Grant ocorreu em 27 de maio de 1942, durante a Batalha de Gazala, no Norte da África. Sua introdução representou uma surpresa tática para as forças alemãs, que não estavam preparadas para enfrentar o canhão de 75 mm. O M-3 demonstrou superioridade em relação ao canhão antitanque Pak 38 de 50 mm e ao KwK 39 de 50 mm montado no Panzer III, principal tanque médio alemão. Adicionalmente, o M-3 superou os tanques leves italianos Fiat M13/40 e M14/41, cujo canhão de 47 mm apresentava eficácia limitada a curtas distâncias. Apenas os canhões autopropulsados italianos Semoventi 75/18, utilizando projéteis HEAT, eram capazes de neutralizar o M-3 de forma eficaz. Apesar dessas vantagens iniciais, os M-3 Grant não conseguiram assegurar a vitória na Batalha de Gazala. Foram severamente impactados pelos canhões antiaéreos alemães Flak 18/36/37/41 de 88 mm, que exploraram vulnerabilidades críticas do tanque, incluindo seu perfil elevado, baixa relação peso-potência e armadura rebitada. Esta última apresentava a desvantagem de gerar ricochetes internos dos rebites sob impacto, causando ferimentos às tripulações. Embora concebidos como uma solução temporária para o Exército Real Britânico, enquanto aguardava a entrega dos tanques Crusader Mark III, atrasos na produção deste último tornaram o M-3 Grant o principal veículo blindado das forças aliadas no Oriente Médio. Contudo, suas limitações táticas e técnicas evidenciaram a necessidade urgente de substituição. Para otimizar os recursos industriais disponíveis, decidiu-se desenvolver um novo modelo que preservasse elementos do design do M-3, mas incorporasse melhorias significativas, como uma torre giratória de 360 graus para o canhão de 75 mm. Em outubro de 1941, o protótipo do Medium Tank M-4, posteriormente conhecido como Sherman, foi concluído na fábrica da Baldwin Locomotive Co., na Filadélfia.  Com um peso bruto de 30 toneladas, o M-4 utilizava o eficiente sistema de Suspensão Vertical por Mola Voluta (VVSS) e era equipado com o motor aeronáutico a gasolina Curtiss-Wright Continental R-975E, que entregava 330 hp de potência. 

Este novo tanque representou um avanço significativo em relação ao M-3, oferecendo maior flexibilidade tática e capacidade de adaptação às demandas do campo de batalha. O projeto do tanque M-4 Sherman foi orientado pela simplicidade estrutural, com o objetivo de facilitar a produção em larga escala para atender à crescente demanda das forças aliadas. A meta inicial previa a entrega de aproximadamente 2.000 veículos por mês. Após extensos testes de campo, foram implementadas correções e melhorias no projeto original, culminando na primeira versão de produção, o M-4A1, cuja fabricação foi iniciada em fevereiro de 1942. Para atender às especificações do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC), foi desenvolvido o modelo M-4A2, que substituiu o motor original a gasolina pelo motor diesel General Motors Twin 6-71. Essa alteração visava unificar o tipo de combustível utilizado pelas forças blindadas com o empregado pela frota naval, otimizando a logística. Posteriormente, a pedido do Exército dos Estados Unidos (US Army), foi criada a variante M-4A3, equipada com o motor a gasolina Ford GAA V-8 de 500 hp, proporcionando maior potência. A versão final de produção, o M-4A4, tornou-se disponível em julho de 1942. Embora visualmente semelhante ao M-4A1, o M-4A4 distinguia-se por seu chassi construído com chapas retas soldadas, em vez de uma peça única fundida. As primeiras unidades apresentavam uma blindagem frontal tripartida, unida por parafusos, característica herdada diretamente do tanque M-3 Lee. O M-4 Sherman teve seu batismo de fogo em 23 de outubro de 1942, durante a Segunda Batalha de El Alamein, no Norte da África, conduzida pelo 8º Exército Britânico. Operado por tripulações britânicas experientes, o M-4 demonstrou superioridade significativa em relação ao M-3 Lee/Grant, enfrentando com êxito os tanques alemães Panzer. Contudo, quando empregado pelo Exército dos Estados Unidos na Batalha de Kasserine, em fevereiro de 1943, o desempenho foi comprometido pela inexperiência das tripulações da 1ª Divisão Blindada, resultando em pesadas perdas. No teatro de operações europeu, o M-4 Sherman foi introduzido durante a Operação Husky, a invasão da Sicília, em julho de 1943. Operando ao lado dos tanques leves M-3 Stuart, os M-4A1 enfrentaram forte resistência dos canhões antitanque alemães e italianos. Em 11 de julho de 1943, os M-4 prestaram apoio crucial à infantaria aliada em Piano Luco. Durante os combates na Itália, as forças aliadas sofreram a perda de centenas de veículos, mas a 3ª Brigada da 1ª Divisão Blindada alcançou êxito ao entrar em Roma. Durante a Operação Overlord, o desembarque aliado na Normandia em junho de 1944, o M-4 Sherman desempenhou um papel crucial. Apesar de enfrentar desafios significativos contra os tanques alemães Tiger e Panther, que possuíam armamento e blindagem superiores, a quantidade e a confiabilidade dos Shermans permitiram que as forças aliadas mantivessem a superioridade numérica e logística. Ao longo da campanha europeia, os M-4 foram essenciais no confronto com os tanques Panzer, contribuindo para a progressão aliada até a derrota da Alemanha em 1945.
No teatro de operações do Pacífico, o M-4 Sherman foi a principal arma blindada do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC). Centenas de unidades foram empregadas, incluindo variantes especializadas equipadas com lança-chamas, que representaram a primeira adaptação em larga escala da plataforma para funções específicas. Essas versões foram particularmente eficazes em operações contra fortificações japonesas. O M-4 Sherman destacou-se pela simplicidade de seu projeto e robustez mecânica, características que facilitaram sua produção em massa e manutenção em campo. Substituindo os modelos M-3 Stuart e M-3 Lee, o Sherman tornou-se o carro de combate padrão das forças aliadas. Para otimizar a logística, foi desenvolvida uma família de veículos especializados baseados na plataforma do M-4, incluindo modelos utilitários e de suporte, que padronizaram peças de reposição e processos de manutenção. A produção do M-4 Sherman foi realizada em diversas fábricas nos Estados Unidos, incluindo Baldwin Locomotive Works, Pressed Steel Car Company, American Locomotive Co., Pullman-Standard Car Company e Detroit Tank Arsenal. Entre 1942 e julho de 1945, foram fabricadas 49.234 unidades, excluindo protótipos. A grande maioria foi destinada às forças armadas norte-americanas, com uma parcela significativa fornecida a aliados por meio do programa Lend-Lease. Ao final da Segunda Guerra Mundial, milhares de M-4 Shermans foram abandonados na Europa pois seu processo de retorno aos Estados Unidos se mostraria economicamente inviável. Muitos foram aproveitados por governos locais ou vendidos como sucata. O Exército dos Estados Unidos (US Army) manteve uma quantidade considerável em reserva estratégica, enquanto outros foram estocados para uso futuro. Durante a Guerra da Coreia (1950–1953), os M-4 Shermans baseados no Japão foram rapidamente mobilizados. Atuando ao lado de tanques mais modernos, como o M-26 Pershing e o M-46 Patton, os Shermans continuaram a desempenhar um papel relevante, especialmente em operações iniciais. A partir de 1957, os M-4 Shermans começaram a ser desativados pelo Exército dos Estados Unidos. Por meio do Programa de Assistência Militar (MAP), grande parte da frota foi transferida para nações alinhadas aos interesses geopolíticos dos EUA. Países como Argentina e Israel adquiriram centenas de unidades, muitas vezes a preços de sucata. Ao todo, 47 países operaram diferentes versões do M-4 Sherman, incluindo modelos modernizados. Os M-4 Shermans foram utilizados em diversos conflitos ao redor do mundo, com destaque para: Guerras Árabe-Israelenses: Israel empregou Shermans modernizados em combates contra forças árabes. Guerra do Vietnã: O Vietnã do Sul utilizou brevemente os Shermans em operações militares e Guerra Indo-Paquistanesa de 1965: Ambos os lados do conflito operaram versões do M-4 Sherman. O M-4 Sherman consolidou-se como um dos tanques mais emblemáticos da Segunda Guerra Mundial, graças à sua versatilidade, confiabilidade e capacidade de adaptação. Sua produção em larga escala e a padronização logística fortaleceram as operações aliadas, enquanto sua longevidade no pós-guerra, com uso em diversos conflitos, demonstra a robustez de seu projeto. Apesar de suas limitações contra tanques alemães mais avançados, o M-4 Sherman permanece como um símbolo da capacidade industrial e militar dos Estados Unidos no século XX.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
No início da Segunda Guerra Mundial (1939–1945), o governo dos Estados Unidos passou a considerar com crescente preocupação a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas potências do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). A capitulação da França em junho de 1940 intensificou temores de que bases operacionais nazistas fossem estabelecidas em territórios coloniais franceses, como as Ilhas Canárias e Dacar. Nesse contexto, o Brasil emergiu como um ponto estratégico crucial, tanto pela sua proximidade geográfica com o continente africano quanto por seu papel como fornecedor de matérias-primas essenciais para os Aliados. Este relatório analisa a relevância estratégica do Brasil durante o conflito, destacando sua posição geográfica, contribuições econômicas e os acordos de cooperação com os Estados Unidos. A possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo foi uma preocupação central para os Estados Unidos. O Brasil, devido à sua localização geográfica no Atlântico Sul, era considerado o ponto mais vulnerável para um eventual desembarque de tropas inimigas, especialmente pela proximidade com o continente africano, que figurava nos planos expansionistas alemães. Além disso, as conquistas japonesas no Sudeste Asiático e no Pacífico Sul reforçavam a importância do Brasil como alvo estratégico. Após a conquista da Malasia, pelos japoneses, o Brasil consolidou-se como o principal fornecedor de látex para os Aliados, uma matéria-prima essencial para a produção de borracha, item crítico para a indústria bélica. O comércio exterior brasileiro, especialmente com os Estados Unidos, tornou-se vital para o fornecimento de recursos que sustentavam o esforço de guerra aliado. Ainda a costa nordeste do Brasil, por sua proximidade com o continente africano, representava o ponto mais estratégico para o translado aéreo e marítimo entre os continentes americano e africano. Essa região era ideal para o estabelecimento de bases aéreas e portos, que facilitavam o envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para os teatros de operações na Europa e no Norte da África. Assim, o litoral brasileiro tornou-se um componente fundamental da logística aliada. O cenário de ameaças globais levou a uma maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos. Essa colaboração resultou em uma série de acordos e investimentos voltados para o fortalecimento das capacidades defensivas brasileiras e o apoio logístico aos Aliados. Um dos pilares dessa cooperação foi a adesão do Brasil ao Lend &Lease Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), um programa de assistência militar que visava modernizar as Forças Armadas Brasileiras. Na época, o Exército Brasileiro enfrentava desafios significativos, com equipamentos, armamentos e doutrinas operacionais obsoletos. O acordo proporcionou ao Brasil uma linha de crédito inicial de US$ 100 milhões, destinada à aquisição de armamentos modernos, incluindo aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Os recursos obtidos por meio do Lend-Lease foram cruciais para capacitar o Brasil a enfrentar ameaças externas, particularmente as ações de submarinos alemães que atacavam a navegação civil no Atlântico Sul. Esses ataques visavam interromper o transporte de matérias-primas brasileiras para os Estados Unidos, essencial para a indústria de guerra norte-americana.

A modernização das Forças Armadas Brasileiras desempenhou um papel crucial no fortalecimento da defesa costeira e na proteção do comércio marítimo. Nesse contexto, o Exército Brasileiro passou a receber um número significativo de veículos militares, incluindo carros de combate, os quais eram necessários para atualizar a força terrestre, que até então dispunha apenas dos antigos veículos leves  italianos Fiat Ansaldo CV3-35 Modelo II. No âmbito do programa de ajuda militar, e em virtude das demandas emergentes para o abastecimento das forças aliadas nos teatros de operações da Europa e do Pacífico, o Exército Brasileiro não teria acesso imediato aos modernos carros de combate M-4 Sherman. Em lugar disso, inicialmente seriam fornecidos apenas modelos mais antigos, como o M-3 Stuart, classificado como leve, e o M-3 Lee, classificado como médio. Esses veículos, apesar de usados, estavam em excelente estado de conservação, dado seu baixo uso operacional nas unidades de cavalaria blindada dentro de sua área continental. Nesse ínterim, foram criadas as primeiras unidades motomecanizadas, equipadas com blindados de combate e veículos rápidos para reconhecimento, em consonância com a doutrina utilizada pelo Exército dos Estados Unidos. Esses grupamentos contariam com quase 300 carros de combate leves e médios, consolidando o Exército Brasileiro como a maior potência militar da América Latina. Após a rendição alemã em maio de 1945, o governo norte-americano passaria a atender as demandas atrasadas de seus aliados, e assim em 27 de julho do mesmo ano seriam recebidos no porto do Rio de Janeiro - RL um primeiro lote de carros de combate M-4 Sherman, sendo composto por 16 veiculos dispostos nas versões   M-4 NDV Mid Production e M-4 Composite Hull. Essas unidades receberiam as matrículas EB-11-347, 348, 350, 351, 352, 353, 393, 394, 396, 400, 403, 404, 405, 408, 409 e 412, sendo logo destinadas ao 1º Batalhão de Carros de Combate (1º BCC), baseado no antigo Derby Club, na cidade do Rio de Janeiro – RJ. Um segundo lote, com mais  17 carros de diversas outras versões, seria recebido em 10 de agosto de 1945, portando as matrículas EB-11-360, 414, 415, 416, 417, 418, 419, 420, 421, 422, 423, 424, 425, 426, 427, 428 e 429. Por fim, um último lote de 20 chegaria no Brasil no dia 23 do mesmo mês e ano, recebendo as matrículas EB-11-341, 342, 344, 345, 346, 349, 354, 355, 356, 395, 397, 398, 399, 401, 402, 406, 407, 411 e 413, totalizando cinquenta e três carros de combate médios M-4 Sherman, distribuídos em diversas versões. Em termos organizacionais, o 1º Batalhão de Carros de Combate (1º BCC) concentraria todos os carros de combate M-4 Sherman recebidos, com este sendo composto por uma Companhia de Comando, equipada com 02 CCM M-4 Sherman; três Companhias de Carros de Combate Médio, cada uma equipada com 17  CCM M-4 Sherman; uma Companhia de Carros de Combate Leve, equipada com 17 CCL M-3A1 Stuart; e uma Companhia de Serviços, equipada com 47 utilitários, dos quais 03 eram de transporte M-3 meia lagarta.
A introdução dos carros de combate M-4 Sherman no Exército Brasileiro representou um avanço significativo no patamar tático da força mecanizada blindada. Esses veículos destacavam-se em relação aos modelos leves M-3A1 Stuart e médios M-3 Lee em uso naquela época, evidenciando sua superioridade. Embora ambos os modelos utilizassem o canhão M-3 de 75 mm presente no M-3 Lee, os M-4 Sherman estavam equipados com um inovador sistema de giro-estabilizador (de operação vertical), tornando-se um dos primeiros modelos de carros de combate a incorporar tal dispositivo. Essa inovação técnica foi considerada um marco no Brasil, pois melhorou substancialmente a precisão dos disparos. Além do armamento, o arsenal brasileiro foi enriquecido com novas munições, como os projéteis M-61 Armour Piercing Capped (APC), M-72 Armour Piercing (AP) e M-84 High Explosive (HE), que possibilitavam uma cadência de disparo de vinte tiros por minuto. Em termos de mobilização para o combate, os CCM M-4 Sherman apresentavam um sistema de partida elétrica inovador, que otimiza o tempo de ativação do veículo em comparação a seus antecessores. Os carros de combate estavam equipados com um armamento principal de 75 mm e contavam com duas metralhadoras Browning M-1919 de calibre .30 e uma metralhadora M-2 de calibre .50. É importante destacar que alguns veículos dos primeiros lotes foram equipados com um morteiro de duas polegadas acoplado à torre, destinado ao disparo de projéteis fumígenos, além de uma submetralhadora Thompson M-1928A1 de calibre .45, destinada ao uso do comandante. A torre fundida dos M-4 Sherman apresentava controle elétrico ou hidráulico, dependendo da versão, e o design de perfil alto proporcionava um relativo conforto aos tripulantes, que contavam com quatro assentos: dois para o comandante (um em posição elevada e outro em combate), um para o artilheiro e um para o municiador. Todos os CCM M-4 Sherman recebidos no período eram novos de fábrica e não tinham sido utilizados anteriormente, com todos os acessórios acompanhando as viaturas, devidamente embrulhados em papel encerado. Embora os veículos tivessem sido fornecidos com manuais de operação completos e detalhados, a barreira da língua, devido à sua disponibilização exclusivamente em inglês, dificultou a correta implementação do modelo no país, considerando a falta de proficiência dos oficiais brasileiros nesse idioma.

No início da década de 1950 seriam recebidos mais seis veículos, agora usados, seguidos por mais vinte e quatro unidades excedentes do Exército Americano (US Army), logo após o término da guerra da Coréia, vinte e dois dos quais dentro dos termos do programa MAP (Militay Assistence Program – Programa de Assistência Militar), juntamente com cinquenta motores de reposição, totalizando assim em 83 veículos recebidos. Curiosamente estes veículos vieram portando uma letra “A” estilizada pintada na parte superior do escudo do canhão. Este emblema significava que o equipamento em questão havia sido fornecido nos termos do Programa de Assistência Militar - MAP, e não poderia ser reexportado sem a anuência do governo norte-americano. A maioria dos veículos recebidos no Brasil nestas condições, tiveram estas inscrições retiradas após sua incorporação. Entretanto curiosamente este emblema foi mantido nos carros em uso tanto na EsMM como na REsI. Durante sua carreira os M-4 Sherman foram operados também pela Escola de Motomecanização (EsMM), 2º Batalhão de Carros de Combate (2º BCC) baseado em Valença -RJ, 6º Regimento de Cavalaria Blindada (6º RCB) na cidade de Alegrete - RS, 9º Regimento de Cavalaria Blindado (9º RCB) na cidade de São Gabriel – RS, Regimento Escola de Infantaria (REsI) na cidade do Rio de Janeiro – RJ e na Academia Militar das Agulhas Negras, na cidade de Rezende – RJ. Dentre os diversos modelos recebidos podemos citar o M4A-1 EB11-722 que estava equipado com extensores de lagarta “duckbill” em ambos os lados de cada lagarta, e por possuir este acessório, era chamado equivocadamente, de Super Sherman. Também foi recebido um M-4 Composite Hull equipado com sistema de pá niveladora, com este veículo recebendo a matrícula de EB11-720 estando em serviço junto ao 6º RCB. 
O avançar dos anos cobrou seu preço em termos de problemas no fluxo de peças de reposição, como geradores auxiliares e caixas reguladoras e mais notadamente dos motores radiais Wright Continental R-975 Whirlwind a gasolina. Estes problemas sempre foram enfrentados com maestria, sendo solucionados com soluções caseiras, que envolviam uso de componentes dos motores das aeronaves Stearman A-76 desativados da Força Aérea Brasileira, até a canibalização de carros de combate do modelo M-3 Lee. Com o advento do recebimento dos carros de combate médios M-41 Walker Buldog a partir de meados da década de 1960, o Exército Brasileiro iniciou o processo de desativação dos M4 Sherman ainda operacionais, sendo os últimos retirados do serviço ativo somente em 1978. Alguns estudos elaborados pelo Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) em conjunto com Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Blindados (CPDB), buscavam modernizar e assim estender a vida útil destes carros de combate, seja em processo de remotorização ou transformação em veículo de serviço, porém tais iniciativas não chegaram a avançar além das fases de protótipo. 

Em Escala.
Para representarmos o M-4  ShermanComposite Hull  "EB-11 720" empregamos o excelente kit da Dragon na escala 1/35, em conjunto com as peças do sistema de pá niveladora do modelo M4A3 Sherman da Academy. Empregamos decais Eletric Products pertencentes ao set  "Exército Brasileiro 1942 - 1982".

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército Americano (US Army) quando do recebimento dos carros de combate no Brasil nas décadas de 1940 e 1950, tendo como alteração somente as marcações nacionais, com este esquema sendo empregado até desativação da frota de carros de combate M-4 Sherman em fins do ano de 1978.



Bibliografia :

- M-4 Sherman - Wikipédia  http://pt.wikipedia.org/wiki/M4_Sherman
- M-4 Sherman no Brasil , por Helio Higuchi e Paulo Roberto Bastos Junior 
- Blindados no Brasil Volume I – Expedito Carlos Stephani Bastos

REO M-35A2 e REO M-813

História e Desenvolvimento. 
A notória Olds Motor Vehicle Company seria fundada em agosto de 1987, pelo engenheiro e designer de automóveis Ransom Eli Olds, tendo com sede inicial a cidade de Lansing no estado do Michigan. Ao longo dos anos a empresa se consolidaria no mercado nos Estados Unidos e no mundo com a marca Oldsmobile, que seria imortalizada no imaginário mundial pelos seus famosos modelos de carros de passeio. Em 1904 Ransom Eli Olds decidiu empreender novamente criando em parceria com outros empreendedores a REO Motor Car Company, onde deteria 52% do capital acionário, assumindo as posições de presidente e gerente geral. A fim de concentrar esforços nesta nova empresa, Ranson decidiu deixar a Olds Motor Vehicle Company no ano seguinte. A fim de garantir uma eficiente e confiável cadeia de componentes para sua montadora ele organizaria a abertura de empresas subsidiárias como a National Coil Company, a Michigan Screw Company e a Atlas Drop Forge Company. Curiosamente esta nova companhia seria nomeada como "R.E. Olds Motor Car Company", porém ao dar entrada no registro de marcas, este processo seria vetado por demanda legais movidas pela nova direção da Olds Motor Vehicle Company. Em suas petições era alegando que este nome poderia induzir ao erro parte de seus habituais clientes, muito em função de sua semelhança fonética. Ao ser vencido juridicamente, Ransom Eli Olds resolveria trocar o nome da sua empresa para as iniciais de seu nome, com todos seus veículos e materiais de divulgação passando a ostentar em letras capitais a marca "REO", havendo, no entanto, ao longo dos anos variações com apenas uma letra capital "Reo". Seu primeiro modelo o Reo Speed-Wagon (um antepassado das picapes modernas) seria lançado em meados de 1905, conquistando os primeiros resultados animadores para a montadora, que seguiria aumentando seu portfólio ao longo dos anos seguintes. Em 1907 o faturamento bruto da companhia superaria os US$ 4,5 milhões de dólares, se tornando uma das quatro principais montadoras norte-americanas. Após 1908, no entanto, apesar da introdução de carros mais modernos e mais luxuosos, sua participação de mercado seria reduzida, devido em parte à concorrência de empresas emergentes como Ford Motors e General Motors. Sua divisão dedicada a fabricação de caminhões seria estabelecida em 1910, com sua planta industrial sendo baseada na cidade de  St Catharines, Ontário, no Canadá. Talvez seu episódio mais famoso tenha sido a viagem Trans-Canadá de 1912. Viajando 4.176 milhas (6.720 km) de Halifax, Nova Escócia, para Vancouver, Colúmbia Britânica, em um carro de turismo especial REO de 1912. Em 1915, Olds cedeu o título de gerente geral para seu protegido Richard H. Scott, e oito anos depois ele terminaria seu mandato como presidente da empresa também, mantendo o cargo de presidente do conselho. Seu primeiro veículo recreativo ou popularmente conhecido como "Motor Home" seria lançado em 1923, recebendo o nome comercial de "Motor Pullman Car", conquistando uma significativa fatia de mercado.   

De 1915 a 1925, sob a direção de Richard H. Scott, a REO Motor Car Company se manteria altamente lucrativa, o que motivaria a empresa a iniciar um ousado programa de expansão projetado para tornar a empresa mais competitiva no mercado, passando a oferecer carros de passeio em diferentes faixas de preço, para diferentes classes sociais. Apesar de realizar alguns sucessos comerciais como os modelos Reo Flying Cloud (1927) e Reo Royale 8 (1928), este programa se mostraria um retumbante fracasso, com seu cenário sendo bastante afetado pelos efeitos da Grande Depressão de 1929, que causariam perdas financeiras gravíssimas a toda cadeia produtiva norte-americana automotiva. Assim em 1933, Ransom Eli Olds, interromperia sua aposentadoria, passando a assumir novamente o controle da empresa, conseguindo reverter em um curto espaço de tempo os resultados negativos da companhia, o que levaria a se retirar novamente do comando da empresa em fins do ano de 1934. Neste período análises mercadológicas sobre o mercado de automóveis nos Estados Unidos seriam realizadas, levando a empresa a abandonar a produção destes em 1936, passando a se concentrar somente no mercado de caminhões. Neste nicho desde 1934 empresa já vinha obtendo bons resultados em termos de vendas, principalmente com os caminhões bombeiros REO Fire Truck  e posteriormente a partir de 1936 com o lançamento dos modelos REO Bus e o REO Speed Wagon Truck . Apesar destes êxitos momentâneos a empresa sofreria com problemas na gestão, o que criaria um grave cenário de instabilidade financeira e fiscal. No início do ano de 1939, a R. E. Olds Motor Car Company atingiria seu estágio de maior dificuldade financeira, chegando inclusive a interromper sua linha de produção em função da quebra no fluxo de componentes face a inadimplência junto a seus fornecedores. Este cenário só seria alterado a partir do ano seguinte, quando o intensificar das tensões geopolíticas na Europa e no Sudeste Asiático, que levariam o governo dos Estados Unidos a se anteceder a hipotéticos cenários de beligerância, passando então a apoiar uma série de indústrias automotivas nacionais. Este movimento tinha por objetivo preparar a cadeia produtiva necessária ao reequipamento e rearmamento de suas forças armadas, face a sua iminente participação na Segunda Guerra Mundial.  Neste contexto seus credores receberiam aportes governamentais, permitindo a R.E. Olds Motor Car Company, retomar sua capacidade produtiva, com a companhia se juntando ao esforço de guerra norte-americano, passando a fabricar uma grande gama de componentes militares, entre eles motores e caminhões de porte médio para diversas aplicações militares.     

Assim a partir de meados do ano de 1941, a R.E. Olds Motor Car Company, passaria a ocupar suas principais linha de produção com os caminhões Studebaker US6 2½-ton 6×6 truck, totalizando a entrega de mais de vinte e dois mil caminhões desta família, com muito destes sendo destinados a União Soviética para o atendimento dos termos do acordo Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Sua intensa participação no esforço de guerra, possibilitaria a empresa uma ingressar em uma fase de estabilidade financeira que não era percebida há anos, porém como era de se esperar, o término do conflito levaria uma desaceleração gradual na demanda de caminhões militares. O novo planejamento estratégico da companhia indicava a necessidade de diversificação de seus negócios, e assim em 1946, seria iniciada uma divisão industrial voltada a produção de cortadores de grama movida por motores a gasolina. Esta decisão se mostraria acertada pois garantiria lucros e um fluxo de caixa positivo, que ajudaria a empresa a transpor os próximo três anos, que seriam marcados por uma grande redução em suas vendas de caminhões. O importante aprendizado representado com a produção sob licença de caminhões militares, levaria a direção da montadora a apostar novamente neste segmento, investindo recursos próprios no desenvolvimento de uma nova família de veículos de transporte pesado com tração integral. Esta decisão seria tomada, se antevendo assim a uma possível necessidade a curto prazo para a renovação da frota de caminhões militares das foças armadas norte-americanas. Como previsto no final da década de 1940, o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) lançaria uma concorrência visando o desenvolvimento e um novo caminhão militar com tração integral 6X6. Este programa representaria um contrato de grande vulto, pois objetivava substituir a imensa frota de caminhões GMC CCKW 352 - 353  e Studebaker US-6G, que ja apresentava graves sinais de desgaste e obsolescência. Diversas propostas seriam apresentadas, com destaque para a da Reo Motor Company, que envolvia seu caminhão REO M-34, seu projeto conceitual despertaria o interesse dos miliares, e acabaria levando a formalização de uma parceria para seu aperfeiçoamento. Como destaque para seu sistema de trânsito sob a água, possibilitando o veículo a transpor rios e lagos, fazendo uso de conjunto de snorkel para o motor, escapamento estendido, podendo "navegar" em águas profundas por até 4 horas. Este caminhão com tração integral 6X6 estava equipado com um motor a gasolina OA-331 Continental I-6, que lhe permitia operar com cargas de até duas toneladas e meia, atuando principalmente em ambientes fora de estrada.   

Um primeiro lote de produção pré-série seria contratado, com estes caminhões sendo destinados a um extenso programa de testes de campo, com estes sendo iniciados no início do ano de 1950. O resultado final deste processo, levaria o comando do Corpo Técnico do Exército dos Estados Unidos (US Army) há homologar seus parâmetros operacionais.  Em seguinte seria firmado um primeiro contrato envolvendo a aquisição de cinco mil caminhões, que seriam produzidos nas linhas de montagem da montadora na cidade Lansing, no estado de Michigan. Os primeiros REO M-34 passariam a ser entregues as unidades operativas do exército já em maio do ano de 1950. Seu batismo de fogo ocorreria durante a Guerra da Coreia (1950-1953), quando centenas caminhões deste modelo foram enviados a linha de frente no teatro de operações daquele conflito. Durante seu emprego em missões reais, este novo caminhão passaria a ser popularmente chamado pelas tropas norte-americanas como "Eager Beaver", um simpático castor personagem de desenho animado. Esta associação lhe seria atribuída ao modelo devido à sua capacidade de atravessar rios e córregos em terrenos adversos. No entanto dificuldades e problemas de projeto também foram identificados após seu uso contínuo em campo, levando a necessidade de alterações no projeto original. Essas melhorias visavam potencializar o desempenho do veículo em terrenos adversos, com a mudança visual mais perceptiva representada pela inclusão de conjuntos duplos de pneus nos eixos traseiros. Esta modificação tinha por objetivo de aumentar a capacidade de transporte e facilitar o deslocamento em trechos fora de estrada. Outro ponto negativo na operação do REO M-34 era representado pela potência insuficiente do motor a gasolina OA-331 Continental I-6 de seis cilindros, sendo este conjunto substituído um novo motor multi combustível, muito mais eficiente que o original a gasolina. Estas alterações culminariam em uma nova versão denominada REO M-35, que passaria imediatamente a ser produzida como parte do contrato inicial. Após o término da Guerra da Coreia em 1953, a Reo Motors Motor Company, acabaria sendo vencida pela General Motors Corporation em uma concorrência para a obtenção de novos contratos de produção junto ao Exército dos Estados Unidos (US Army). Apesar deste duro golpe o envolvimento dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã, levaria a necessidade de aquisição de mais caminhões REO M-35, com um contrato sendo cedido a  REO Motor Car Company, que assim novamente passaria a produzir o modelo em larga escala. 

A nova versão de produção REO M-35A2,  passava a ser equipada com o motor multicombustível em linha LDT 465 Turbo de  de 478 polegadas cúbicas (7,8 L),  que desenvolvia 134 cv (100 kW) e 330 pés cúbicos (447 N⋅m) de torque, sendo produzido pela Continental Motors Company, Hercules ou pela White Motor Company. Operava acoplado a uma caixa de transmissão manual de cinco velocidades e uma caixa de transferência divorciada de duas velocidades (uma caixa de transferência operada por sprag Rockwell 136-21 ou uma caixa de transferência selecionável operada a ar Rockwell 136–27). Este tipo de motor fora projetado para operar de forma confiável com uma ampla variedade de combustíveis, incluindo óleo diesel, querosene, óleo de aquecimento ou gasolina. Embora a versão A2 representasse a mais comum, existiam quatro modelos diferentes: Standard, A1, A2 e A3, com o primeiro equipado com um motor a gasolina REO "Gold Comet" ou Continental OA331 inline-6. Os demais apresentavam transmissões de quatro velocidades, mas a maioria estavam equipados com caixas "diretas de cinco velocidades ". Uma variante extralonga de distância entre eixos, designada M-36, também seria desenvolvida (com uma cama de carga de 16 pés (4,9 metros). Sua adoção em larga escala a partir de 1965, o tornaria o principal caminhão de transporte em serviço nas forças armadas norte-americanas, sendo adotadas também versões com carrocerias especializadas, como tanque de combustível e cisterna de água (M-49), oficina e reparos gerais (M-109), basculante (M-47), guindaste (M-108, M-62 e M-543), bombeiro (530B), reparo de linha telefônica (M-763) entre outros. Milhares de modelos seriam exportados ou produzidos sob licença, sendo empregados pelas forças armadas dos Estados Unidos, Argentina, Áustria, Bolívia, Brasil, Canadá, Chade, Chile,  República Democrática do Congo, Colômbia, Canadá, Djibuti, Dinamarca, República Dominicana, Equador, Egito, El Salvador, Fiji, Georgia, Grécia, Guatemala, Honduras, Indonésia, Ira, Israel, Jordânia, Laos, Líbano, Libéria, México, Marrocos, Nicarágua, Noruega, Moldávia, Paquistão, Panamá, Filipinas, Portugal, Coréia do Sul, Arábia Saudita, Sudão, Suécia, Taiwan, Tailândia, Tunísia, Turquia, Venezuela e Vietnã.  Em seu país de origem, todos os caminhões desta família passariam a ser substituídos no ano de 1996,  pelos novos caminhões pesados desenvolvidos no programa  FMTV "Família de Veículos Táticos Médios" (Light Medium Tactical Vehicle) ou M-1078. 

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Durante a Segunda Guerra Mundial, as Forças Armadas Brasileiras seriam largamente beneficiadas pela adesão do país ao esforço de guerra aliado, e nos termos do programa de ajuda militar Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos) seriam fornecidos uma grande quantidade de aeronaves, navios, armamentos, veículos e equipamento militares entre os anos de 1942 e 1945. O Exército Brasileiro receberia uma grande parte deste pacote em termos de viaturas, com a Força Terrestre incorporando mais de cinco mil caminhões militares com tração integral destinadas as tarefas de transporte e aplicações especiais como socorro, cisterna, comando, basculante etc. Estes estariam dispostos entre as famílias GMC CCKW, Studebaker US6G, Ward La France, Corbitt e  Diamond, e trariam uma experiencia única ao Exército Brasileiro em termos de capacidade de mobilização de suas tropas e cargas. No entanto em fins da década seguinte esta importante frota começaria a apresentar preocupantes índices de indisponibilidade, com este cenário se dando não só pelo desgaste operacional, mas principalmente na problemática encontrada no processo de importação e aquisição de peças de reposição fundamentais (muito em função destes modelos terem sua produção descontinuada em seu país de origem há mais de dez anos).  Tal situação passaria a causar extrema preocupação por parte do comando do Exército Brasileiro, pois afetava perigosamente sua capacidade tática da Força Terrestre. Este momento demandaria o estudo de possíveis soluções a curto e médio prazo para a resolução desta problemática, e em termos básicos a opção mais eficaz passava pela aquisição de um número similar de veículos militares de transporte com tração 4X4 e 6X6, sendo mais indicados os caminhões da família REO M-34 e M-35. Porém o investimento necessário para uma aquisição de um significativo lote destes modelos de caminhões se apresentava naquele momento  se pautava completamente fora da realidade orçamentaria do Exército Brasileiro Estudos mais realistas apontavam, para três soluções complementares, sendo a primeira baseada na aquisição de um pequeno número de caminhões militares modernos como os REOs, a segunda envolvia estudos referentes a possível repotencialização dos caminhões GMC Série CCKW 352 - 353 e Studebaker US-6G e pôr fim a terceira a incorporação de de caminhões comerciais militarizados para o cumprimento de missões secundarias. A combinação destas três alternativas poderia devolver ao Exército Brasileiro um mínimo de capacidade operacional, infelizmente a segunda opção logo seria descartada, pois estudos mais aprofundados realizados pela equipe do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) não recomendaria sua implementação. Esta decisão estava baseada principalmente pela inexistência naquele momento de experiencia técnica para a implementação de um programa de tal magnitude em série. 

A inviabilidade de implantação do programa de remotorização dos genuínos caminhões militares norte-americanos logo intensificaria os problemas de capacidade operacional da Força Terrestre, principalmente no seu emprego em terrenos fora de estrada. Neste contexto o emprego de caminhões militarizados produzidos nacionalmente passaria a ganhar força, com esta solução sendo potencializada pelo governo brasileiro que intensificava seu apoio ao estabelecimento de uma indústria automotiva nacional, atraindo ao país diversas montadoras internacionais, inclusive de caminhões. A primeira iniciativa na utilização de uma solução doméstica, sendo firmado um acordo com a empresa estatal de capital misto FNM (Fábrica Nacional de Motores) baseada no Rio de Janeiro, que mantinha acordo comercial junto a montadora italiana Alfa Romeo na fabricação de caminhões médios e pesados.  Neste pacote seriam oferecidos ao Exército Brasileiros versões militarizadas dos modelos civis FNM D-9500 e FNM D-11000 que passariam a ser adotados a partir do início da década de 1960. Apesar de serem veículos baratos, robustos e de fácil e baixo custo de manutenção, estes caminhões não eram em sua essência veículos militares, e como previsto não apresentavam a capacidade de desempenho operacional em um ambiente fora de estrada, o que limitaria a substituição total dos antigos caminhões GMC CCKW 353 - 353, Corbitt G-506 e US6G Studebaker. Apesar destas inerentes limitações uma significativa quantidade destes caminhões militarizados seria adquirida entre os anos de 1957 e 1960, e ao serem incorporados receberiam a classificação de Viatura de Transporte não Especializado (VTNE). Desta maneira já em serviço operacional estes veículos militares seriam especificadamente em tarefas secundárias de transporte e logistica da força, recompondo grande parte de sua capacidade de mobilização.  Este alívio permitiria o comando do Exército Brasileiro a buscar no mercado internacional um modelo de caminhão militar com tração integral que pudesse preencher tanto em termos técnicos quanto econômicos esta lacuna operacional. Tendo em vista a grande quantidade de veículos (incluindo possivelmente versões especializadas) a serem adquiridos a curto e médio prazo, buscava se também preferencialmente um pacote amplo que abrangesse também a abertura de uma linha de crédito internacional para o pagamento. Esta linha de financiamento seria prioritária, tendo em vista a necessidade de se incorporar pelo menos 2.000 caminhões novos, o que em muito excederia o orçamento da Força Terrestre naquele momento.   

Entre os diversos modelos analisados durante o ano de 1957, o norte-americano REO M-35 era o que melhor atendia as especificações almejadas pela Força Terrestre, porém o custo unitário de cada caminhão deste se pautava extremamente alto, levando o comando do Exército Brasileiro a declinar da opção de comprar veiculos novos de fábrica. A opção restante baseava-se na aquisição de caminhões usados, com tratativas passando a ser feitas junto ao Departamento de Estado do Governo Norte Americano (DoD), buscando a compra de algo na ordem de 500 a 1.000 veículos, fazendo uso dos termos dispositivos previstos no Acordo Militar Brasil - Estados Unidos (que fora celebrado no ano de 1952), que fazendo uso do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program) garantiria  acesso facilitado a modernos equipamentos militares, para assim prover regionalmente uma linha de defesa contra a hipotética ameaça expansionista socialista. Estas negociações evoluíram para o fornecimento de um grande pacote de assistência militar, englobando carros de combate, blindados de transporte de tropas, veículos leves e caminhões militares, que atenderiam a tão necessária renovação dos meios não só do Exército Brasileiro, mas também dos demais ramos das Forças Armadas.  Em termos de caminhões militares com tração integral 6X6, este acordo contemplava o recebimento estimado de mais de dois mil veículos, que apesar de usados se encontravam em excelente estado de conservação, se encontravam armazenados como reserva estratégica do Exército dos Estados Unidos (US Army). Esta representativa frota estaria disposta principalmente com os modelos de transporte REO M-34 e M-35 e dezenas versões especializadas como os REOs M-34 Talha, M-109 Oficina, M-47 Transporte, M-611C Cisterna Combustível, M-41C Transporte, M-49C Cisterna Combustível, M-609 Oficina, M-613 Oficina, M-614 Basculante, M-108 Oficina, M-543 Socorro, M-602 Transporte, M-54 Transporte e M-62 Socorro. As primeiras unidades seriam recebidas a partir do início do ano de 1958, e pertenciam ao modelo M-34 REO G-742, com sua frota totalizando quase mil caminhões, o que permitiria assim ao Exército Brasileiro recuperar grande parte de sua mobilidade operacional. No entanto atrasos nos cronogramas de entrega levariam aos recebimentos dos primeiros REO M-35 A2C e suas subversões especializadas, somente a partir do início do ano de 1965. 

Paralelamente neste mesmo período a Marinha do Brasil, concentrava esforços na estruturação de uma infantaria eficiente de pronta resposta do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), e para isto necessitava oferecer as tropas os recursos e meios necessários para garantir mobilidade da força após os desembarques anfíbios. Tratativas seriam realizadas junto ao Departamento de Estado do Governo Norte Americano (DoD), que culminariam dentro dos termos do Programa de Assistência Militar – Brasil Estados Unidos (MAP), na aquisição de setenta caminhões dispostos nos modelos REO M-35A2 e REO M-49 (Cisterna). Estes veículos seriam recebidos a partir de maio do ano de 1966, sendo complementados três anos mais tarde por um novo dos modelos   REO M-813. Como diferencial este novo modelo passava a ser equipado com o  Motor Cummins 6CTAA8.3 com 250 hp de potência, que operava em conjunto com o câmbio  Spicer 6453 de cinco velocidades sincronizado que aliado a nova tração automática, com reversão pneumática e pneus especiais fora de estrada 14.00 x 20, proporcionava ao veículo um desempenho superior no ambiente fora de estrada. Após o recebimento estes caminhões foram distribuídos ao ao Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo (RJ), ao Grupamento de Fuzileiros Navais de Rio Grande (RS), Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves (RJ), Batalhão de Engenharia de Fuzileiros Navais (RJ) e pôr fim a Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (RJ). Um bom número destes caminhões permaneceu em serviço durante vários anos, sendo parcialmente substituídos (as primeiras versões) ou complementados por caminhões Engesa EE25 e UAI M1-50 Terex ou ainda Mercedes-Benz MB LA 1418 4x4. Com o recebimento de duzentas viaturas não especializadas de cinco toneladas com tração integral 4×4 MB 1725/42, seria iniciado um gradual processo de desativação das quarenta viaturas mais antigas do modelo REO M-34 G742, que se encontravam com grandes problemas de disponibilidade. Paralelamente no ano de 1994, uma parcela da frota dos caminhões REO M-813 e M-49 cisterna seria modernizada pela empresa norte-americana Cummins Military System, estendendo seu ciclo de vida operacional. 

Em serviço tanto Exército Brasileiro quanto no Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, os caminhões da família REO seriam empregados ao longo dos anos principalmente em missões de transporte de tropas, cargas, reboque de peças de artilharia, oficina, socorro e demais funções não especializadas de logística. A partir de meados da década de 1990, os caminhões dos modelos REO M-34, REO M-35, REO M-49, REO M-62 e REO M-543, já apresentavam os sinais de desgaste operacional e necessitavam ser substituídos gradativamente. A exceção dos M-813 e M-49 da Marinha do Brasil que seriam modernizados, decidiu-se no Exército Brasileiro proceder a desativação total da frota, passando a ser substituídos por caminhões militares com tração integral produzidos nacionalmente como os   Mercedes-Benz & Engesa Série  L - LG Mamute. Encerrava-se assim na Força Terrestre uma formidável carreira dos caminhões produzidos pela REO Motor Car Company, tendo como destaque serem o primeiro a operar com pais fazendo uso de motores multicombustível. No início do século XXI restavam em operação apenas poucos caminhões oficina do modelo REO M-109 e REO M-62 guindaste, com grande parte da frota remanescente sendo vendida em leiloes como sucata, porém alguns destes seriam salvos por restauradores entusiastas, sendo colocados novamente em condições operacionais se sendo vendidos para colecionadores particulares.  

Em Escala. 
Para representarmos o caminhão REO M-35A2 "EB21-41395", empregamos o excelente kit da AFV na escala 1/35, modelo este de fácil montagem e com bom nível de detalhamento.  Para compor a versão nacional fizemos uso de decais diversos presentes no set "Exército Brasileiro 1942 - 1982", fabricados pela Eletric Products.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático do Exército Brasileiro aplicado em todos seus veículos militares desde a Segunda Guerra Mundial até a o final do ano de 1982. A partir de 1983 este esquema foi alterado passando a adotar uma  camuflagem em dois tons, com os REO M-35  mantendo este padrão  sua gradativa desativação a até fins da década de 1990. Já as versões desta família empregadas pelo  Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, fizeram uso de seu padrão de pintura total em verde aplicado a todos os seus veículos de transporte.

Bibliografia :

- M-35 2½ ton cargo truck - http://en.wikipedia.org/wiki/M35_2%C2%BD_ton_cargo_truck
- Caminhão Candiru I 4X4 Uma Solução Nacional – Expedito Carlos S. Bastos
- M-34 e M-35 Serie, Olive Drab -  http://olive-drab.com/od_mvg_www_deuce_m35.php