M-4 Sherman Composite Hull

História e Desenvolvimento.
Na Europa, na segunda metade da década de 1930, o plano de rearmamento implementado pelo governo nacional-socialista Alemão adotava uma nova abordagem ao concentrar-se no desenvolvimento de conceitos e doutrinas militares. Esses conceitos seriam posteriormente integrados no campo de batalha, combinando novas tecnologias em equipamentos e armamentos destinados ao combate terrestre com o devido apoio aéreo. Tal iniciativa culminou na elaboração do conceito de "Guerra Relâmpago" ou Blitzkrieg. Essa tática tinha como um de seus principais pilares o desenvolvimento de carros de combate blindados, os quais se destacavam pela combinação de velocidade, mobilidade, blindagem, controle de tiro e poder de fogo. Nesse contexto, os novos carros de combate alemães eram projetados para serem superiores em todos os aspectos em relação a seus concorrentes disponíveis na época. Embora o Tratado de Versalhes, firmado após o término da Primeira Guerra Mundial, impusesse limitações significativas à Alemanha, os programas de reaparelhamento das forças armadas nazistas avançavam rapidamente. Do outro lado do Oceano Atlântico, o serviço de inteligência dos Estados Unidos informava continuamente o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) sobre esses avanços e as iminentes ameaças que poderiam surgir. As análises preliminares desses relatórios indicavam que os novos carros blindados alemães superariam facilmente os modelos utilizados até então. Para enfrentar essa situação desafiadora, em abril de 1939, foi iniciado um abrangente programa de estudos com o objetivo de desenvolver novos carros de combate, cujo propósito principal era substituir os obsoletos modelos M-1 e M-2, que constituíam a espinha dorsal das forças blindadas da nação. O objetivo primordial deste plano era conceber veículos de combate capazes de rivalizar, em potenciais cenários de conflito, com os novos carros de combate alemães e japoneses que estavam em fase inicial de operação. Em julho de 1939, foi deflagrado um programa de desenvolvimento que ficaria sob a responsabilidade das equipes de projeto de veículos blindados do Departamento de Artilharia do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army Ordnance Department), sediado em Fort Lee, Virgínia. Imediatamente, os trabalhos conceituais foram iniciados, estabelecendo diversos parâmetros de projeto com base no carro de combate M-2. Dentre os principais aspectos destacava-se a adoção do novo canhão M-22 de calibre 37 mm e um sistema de blindagem dimensionado para resistir a impactos de munições antitanque do mesmo calibre que a arma principal. Apesar dessa iniciativa, persistia a dúvida sobre a real capacidade de proteção que o nível de blindagem proporcionaria ao "M-3 Light Tank", assim como a efetividade de seu poder de fogo frente aos novos carros de combate alemães e japoneses que estavam em desenvolvimento naquele momento.

Os temores expressos por uma significativa parcela dos oficiais de comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) foram confirmados em junho de 1940, com o início da campanha na França. Durante este conflito, os novos carros blindados alemães Panzer III e Panzer IV, operando segundo os princípios da guerra relâmpago (Blitzkrieg), obtiveram vitórias esmagadoras contra os melhores carros de combate franceses e britânicos disponíveis na época. Tornou-se evidente que o canhão M-22 de 37 mm se mostrava completamente ineficaz, tornando necessário equipar os novos carros de combate norte-americanos com um canhão de calibre 75 mm. Entretanto, nem os antigos M-2, nem os novos M-3 poderiam ser adaptados para acomodar essa arma, uma vez que seu peso maior exigiria o desenvolvimento de uma nova torre giratória. Embora essa abordagem estivesse sendo considerada, buscou-se simultaneamente uma solução provisória, que envolveu uma modificação experimental de um M-2, resultando na criação de um obuseiro autopropulsado de 75 mm, com o canhão sendo projetado pelo Watervliet Arsenal. Os testes de campo desse protótipo levaram à conclusão de que o chassi do M-2 existente poderia ser utilizado em combinação com uma superestrutura redesenhada, mantendo ainda a arma de 37 mm instalada em uma torre giratória. O novo carro de combate M-3 apresentava, assim, um design incomum, já que a arma principal, o canhão M-2 de 75 mm, não estava instalado em uma torre giratória, mas sim fixada ao chassi. Essa configuração resultou da falta de experiência da indústria norte-americana na concepção de uma torre que pudesse abrigar uma arma desse calibre. Ressalta-se que a solução de empregar dois canhões foi inspirada em modelos europeus, como o Char B1 francês e o Churchill Mark I britânico. No caso do Char B1, o veículo foi projetado como um canhão autopropulsado, destinado a atacar fortificações, com uma capacidade antitanque adicional proporcionada por um segundo canhão em uma pequena torre. Já o modelo inglês incorporava uma arma montada no casco dianteiro, utilizada principalmente para disparar projéteis de fumaça. O novo M-3 diferia ligeiramente dos padrões europeus, apresentando um canhão principal de dupla finalidade, capaz de disparar um projétil perfurante a uma velocidade suficiente para penetrar efetivamente a armadura, além de lançar um projétil altamente explosivo que era considerável o suficiente para ser eficaz em combate. Contudo, a disposição do canhão de M-3 75 mm comprometeu significativamente o deslocamento lateral da peça, obrigando o veículo a manobrar para otimizar o ângulo de tiro. Por sua vez, o canhão de 37 mm, montado na torre principal, revelou-se de pouca utilidade diante das blindagens mais sofisticadas. Apesar dessas preocupações, o M-3 poderia ser produzido em larga escala e com maior rapidez em comparação aos carros de combate convencionais, atendendo, assim, às demandas emergenciais não apenas dos Estados Unidos, mas também da Grã-Bretanha.
No final de janeiro de 1942, os primeiros tanques M-3 Grant, fornecidos pelos Estados Unidos, chegaram ao Norte da África para reforçar as forças britânicas. As tripulações foram submetidas a um rigoroso programa de treinamento, com o objetivo de prepará-las para confrontos contra as forças do Eixo. O canhão principal M-2 de 75 mm, baseado em um modelo de artilharia de campanha francês, permitiu ao Exército Real Britânico utilizar amplos estoques de munição remanescentes da Primeira Guerra Mundial. Dentre os projéteis disponíveis, destacava-se o perfurante de tiro sólido, capaz de penetrar aproximadamente 50 mm de blindagem a uma distância de 1.000 metros. Embora superior aos canhões de 2 libras equipados nos tanques britânicos da época, o desempenho do M-3 ainda não atendia plenamente aos padrões exigidos para operações de combate. O batismo de fogo do M-3 Grant ocorreu em 27 de maio de 1942, durante a Batalha de Gazala, no Norte da África. Sua introdução representou uma surpresa tática para as forças alemãs, que não estavam preparadas para enfrentar o canhão de 75 mm. O M-3 demonstrou superioridade em relação ao canhão antitanque Pak 38 de 50 mm e ao KwK 39 de 50 mm montado no Panzer III, principal tanque médio alemão. Adicionalmente, o M-3 superou os tanques leves italianos Fiat M13/40 e M14/41, cujo canhão de 47 mm apresentava eficácia limitada a curtas distâncias. Apenas os canhões autopropulsados italianos Semoventi 75/18, utilizando projéteis HEAT, eram capazes de neutralizar o M-3 de forma eficaz. Apesar dessas vantagens iniciais, os M-3 Grant não conseguiram assegurar a vitória na Batalha de Gazala. Foram severamente impactados pelos canhões antiaéreos alemães Flak 18/36/37/41 de 88 mm, que exploraram vulnerabilidades críticas do tanque, incluindo seu perfil elevado, baixa relação peso-potência e armadura rebitada. Esta última apresentava a desvantagem de gerar ricochetes internos dos rebites sob impacto, causando ferimentos às tripulações. Embora concebidos como uma solução temporária para o Exército Real Britânico, enquanto aguardava a entrega dos tanques Crusader Mark III, atrasos na produção deste último tornaram o M-3 Grant o principal veículo blindado das forças aliadas no Oriente Médio. Contudo, suas limitações táticas e técnicas evidenciaram a necessidade urgente de substituição. Para otimizar os recursos industriais disponíveis, decidiu-se desenvolver um novo modelo que preservasse elementos do design do M-3, mas incorporasse melhorias significativas, como uma torre giratória de 360 graus para o canhão de 75 mm. Em outubro de 1941, o protótipo do Medium Tank M-4, posteriormente conhecido como Sherman, foi concluído na fábrica da Baldwin Locomotive Co., na Filadélfia.  Com um peso bruto de 30 toneladas, o M-4 utilizava o eficiente sistema de Suspensão Vertical por Mola Voluta (VVSS) e era equipado com o motor aeronáutico a gasolina Curtiss-Wright Continental R-975E, que entregava 330 hp de potência. 

Este novo tanque representou um avanço significativo em relação ao M-3, oferecendo maior flexibilidade tática e capacidade de adaptação às demandas do campo de batalha. O projeto do tanque M-4 Sherman foi orientado pela simplicidade estrutural, com o objetivo de facilitar a produção em larga escala para atender à crescente demanda das forças aliadas. A meta inicial previa a entrega de aproximadamente 2.000 veículos por mês. Após extensos testes de campo, foram implementadas correções e melhorias no projeto original, culminando na primeira versão de produção, o M-4A1, cuja fabricação foi iniciada em fevereiro de 1942. Para atender às especificações do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC), foi desenvolvido o modelo M-4A2, que substituiu o motor original a gasolina pelo motor diesel General Motors Twin 6-71. Essa alteração visava unificar o tipo de combustível utilizado pelas forças blindadas com o empregado pela frota naval, otimizando a logística. Posteriormente, a pedido do Exército dos Estados Unidos (US Army), foi criada a variante M-4A3, equipada com o motor a gasolina Ford GAA V-8 de 500 hp, proporcionando maior potência. A versão final de produção, o M-4A4, tornou-se disponível em julho de 1942. Embora visualmente semelhante ao M-4A1, o M-4A4 distinguia-se por seu chassi construído com chapas retas soldadas, em vez de uma peça única fundida. As primeiras unidades apresentavam uma blindagem frontal tripartida, unida por parafusos, característica herdada diretamente do tanque M-3 Lee. O M-4 Sherman teve seu batismo de fogo em 23 de outubro de 1942, durante a Segunda Batalha de El Alamein, no Norte da África, conduzida pelo 8º Exército Britânico. Operado por tripulações britânicas experientes, o M-4 demonstrou superioridade significativa em relação ao M-3 Lee/Grant, enfrentando com êxito os tanques alemães Panzer. Contudo, quando empregado pelo Exército dos Estados Unidos na Batalha de Kasserine, em fevereiro de 1943, o desempenho foi comprometido pela inexperiência das tripulações da 1ª Divisão Blindada, resultando em pesadas perdas. No teatro de operações europeu, o M-4 Sherman foi introduzido durante a Operação Husky, a invasão da Sicília, em julho de 1943. Operando ao lado dos tanques leves M-3 Stuart, os M-4A1 enfrentaram forte resistência dos canhões antitanque alemães e italianos. Em 11 de julho de 1943, os M-4 prestaram apoio crucial à infantaria aliada em Piano Luco. Durante os combates na Itália, as forças aliadas sofreram a perda de centenas de veículos, mas a 3ª Brigada da 1ª Divisão Blindada alcançou êxito ao entrar em Roma. Durante a Operação Overlord, o desembarque aliado na Normandia em junho de 1944, o M-4 Sherman desempenhou um papel crucial. Apesar de enfrentar desafios significativos contra os tanques alemães Tiger e Panther, que possuíam armamento e blindagem superiores, a quantidade e a confiabilidade dos Shermans permitiram que as forças aliadas mantivessem a superioridade numérica e logística. Ao longo da campanha europeia, os M-4 foram essenciais no confronto com os tanques Panzer, contribuindo para a progressão aliada até a derrota da Alemanha em 1945.
No teatro de operações do Pacífico, o M-4 Sherman foi a principal arma blindada do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC). Centenas de unidades foram empregadas, incluindo variantes especializadas equipadas com lança-chamas, que representaram a primeira adaptação em larga escala da plataforma para funções específicas. Essas versões foram particularmente eficazes em operações contra fortificações japonesas. O M-4 Sherman destacou-se pela simplicidade de seu projeto e robustez mecânica, características que facilitaram sua produção em massa e manutenção em campo. Substituindo os modelos M-3 Stuart e M-3 Lee, o Sherman tornou-se o carro de combate padrão das forças aliadas. Para otimizar a logística, foi desenvolvida uma família de veículos especializados baseados na plataforma do M-4, incluindo modelos utilitários e de suporte, que padronizaram peças de reposição e processos de manutenção. A produção do M-4 Sherman foi realizada em diversas fábricas nos Estados Unidos, incluindo Baldwin Locomotive Works, Pressed Steel Car Company, American Locomotive Co., Pullman-Standard Car Company e Detroit Tank Arsenal. Entre 1942 e julho de 1945, foram fabricadas 49.234 unidades, excluindo protótipos. A grande maioria foi destinada às forças armadas norte-americanas, com uma parcela significativa fornecida a aliados por meio do programa Lend-Lease. Ao final da Segunda Guerra Mundial, milhares de M-4 Shermans foram abandonados na Europa pois seu processo de retorno aos Estados Unidos se mostraria economicamente inviável. Muitos foram aproveitados por governos locais ou vendidos como sucata. O Exército dos Estados Unidos (US Army) manteve uma quantidade considerável em reserva estratégica, enquanto outros foram estocados para uso futuro. Durante a Guerra da Coreia (1950–1953), os M-4 Shermans baseados no Japão foram rapidamente mobilizados. Atuando ao lado de tanques mais modernos, como o M-26 Pershing e o M-46 Patton, os Shermans continuaram a desempenhar um papel relevante, especialmente em operações iniciais. A partir de 1957, os M-4 Shermans começaram a ser desativados pelo Exército dos Estados Unidos. Por meio do Programa de Assistência Militar (MAP), grande parte da frota foi transferida para nações alinhadas aos interesses geopolíticos dos EUA. Países como Argentina e Israel adquiriram centenas de unidades, muitas vezes a preços de sucata. Ao todo, 47 países operaram diferentes versões do M-4 Sherman, incluindo modelos modernizados. Os M-4 Shermans foram utilizados em diversos conflitos ao redor do mundo, com destaque para: Guerras Árabe-Israelenses: Israel empregou Shermans modernizados em combates contra forças árabes. Guerra do Vietnã: O Vietnã do Sul utilizou brevemente os Shermans em operações militares e Guerra Indo-Paquistanesa de 1965: Ambos os lados do conflito operaram versões do M-4 Sherman. O M-4 Sherman consolidou-se como um dos tanques mais emblemáticos da Segunda Guerra Mundial, graças à sua versatilidade, confiabilidade e capacidade de adaptação. Sua produção em larga escala e a padronização logística fortaleceram as operações aliadas, enquanto sua longevidade no pós-guerra, com uso em diversos conflitos, demonstra a robustez de seu projeto. Apesar de suas limitações contra tanques alemães mais avançados, o M-4 Sherman permanece como um símbolo da capacidade industrial e militar dos Estados Unidos no século XX.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
No início da Segunda Guerra Mundial (1939–1945), o governo dos Estados Unidos passou a considerar com crescente preocupação a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas potências do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). A capitulação da França em junho de 1940 intensificou temores de que bases operacionais nazistas fossem estabelecidas em territórios coloniais franceses, como as Ilhas Canárias e Dacar. Nesse contexto, o Brasil emergiu como um ponto estratégico crucial, tanto pela sua proximidade geográfica com o continente africano quanto por seu papel como fornecedor de matérias-primas essenciais para os Aliados. Este relatório analisa a relevância estratégica do Brasil durante o conflito, destacando sua posição geográfica, contribuições econômicas e os acordos de cooperação com os Estados Unidos. A possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo foi uma preocupação central para os Estados Unidos. O Brasil, devido à sua localização geográfica no Atlântico Sul, era considerado o ponto mais vulnerável para um eventual desembarque de tropas inimigas, especialmente pela proximidade com o continente africano, que figurava nos planos expansionistas alemães. Além disso, as conquistas japonesas no Sudeste Asiático e no Pacífico Sul reforçavam a importância do Brasil como alvo estratégico. Após a conquista da Malasia, pelos japoneses, o Brasil consolidou-se como o principal fornecedor de látex para os Aliados, uma matéria-prima essencial para a produção de borracha, item crítico para a indústria bélica. O comércio exterior brasileiro, especialmente com os Estados Unidos, tornou-se vital para o fornecimento de recursos que sustentavam o esforço de guerra aliado. Ainda a costa nordeste do Brasil, por sua proximidade com o continente africano, representava o ponto mais estratégico para o translado aéreo e marítimo entre os continentes americano e africano. Essa região era ideal para o estabelecimento de bases aéreas e portos, que facilitavam o envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para os teatros de operações na Europa e no Norte da África. Assim, o litoral brasileiro tornou-se um componente fundamental da logística aliada. O cenário de ameaças globais levou a uma maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos. Essa colaboração resultou em uma série de acordos e investimentos voltados para o fortalecimento das capacidades defensivas brasileiras e o apoio logístico aos Aliados. Um dos pilares dessa cooperação foi a adesão do Brasil ao Lend &Lease Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), um programa de assistência militar que visava modernizar as Forças Armadas Brasileiras. Na época, o Exército Brasileiro enfrentava desafios significativos, com equipamentos, armamentos e doutrinas operacionais obsoletos. O acordo proporcionou ao Brasil uma linha de crédito inicial de US$ 100 milhões, destinada à aquisição de armamentos modernos, incluindo aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Os recursos obtidos por meio do Lend-Lease foram cruciais para capacitar o Brasil a enfrentar ameaças externas, particularmente as ações de submarinos alemães que atacavam a navegação civil no Atlântico Sul. Esses ataques visavam interromper o transporte de matérias-primas brasileiras para os Estados Unidos, essencial para a indústria de guerra norte-americana.

A modernização das Forças Armadas Brasileiras desempenhou um papel crucial no fortalecimento da defesa costeira e na proteção do comércio marítimo. Nesse contexto, o Exército Brasileiro passou a receber um número significativo de veículos militares, incluindo carros de combate, os quais eram necessários para atualizar a força terrestre, que até então dispunha apenas dos antigos veículos leves  italianos Fiat Ansaldo CV3-35 Modelo II. No âmbito do programa de ajuda militar, e em virtude das demandas emergentes para o abastecimento das forças aliadas nos teatros de operações da Europa e do Pacífico, o Exército Brasileiro não teria acesso imediato aos modernos carros de combate M-4 Sherman. Em lugar disso, inicialmente seriam fornecidos apenas modelos mais antigos, como o M-3 Stuart, classificado como leve, e o M-3 Lee, classificado como médio. Esses veículos, apesar de usados, estavam em excelente estado de conservação, dado seu baixo uso operacional nas unidades de cavalaria blindada dentro de sua área continental. Nesse ínterim, foram criadas as primeiras unidades motomecanizadas, equipadas com blindados de combate e veículos rápidos para reconhecimento, em consonância com a doutrina utilizada pelo Exército dos Estados Unidos. Esses grupamentos contariam com quase 300 carros de combate leves e médios, consolidando o Exército Brasileiro como a maior potência militar da América Latina. Após a rendição alemã em maio de 1945, o governo norte-americano passaria a atender as demandas atrasadas de seus aliados, e assim em 27 de julho do mesmo ano seriam recebidos no porto do Rio de Janeiro - RL um primeiro lote de carros de combate M-4 Sherman, sendo composto por 16 veiculos dispostos nas versões   M-4 NDV Mid Production e M-4 Composite Hull. Essas unidades receberiam as matrículas EB-11-347, 348, 350, 351, 352, 353, 393, 394, 396, 400, 403, 404, 405, 408, 409 e 412, sendo logo destinadas ao 1º Batalhão de Carros de Combate (1º BCC), baseado no antigo Derby Club, na cidade do Rio de Janeiro – RJ. Um segundo lote, com mais  17 carros de diversas outras versões, seria recebido em 10 de agosto de 1945, portando as matrículas EB-11-360, 414, 415, 416, 417, 418, 419, 420, 421, 422, 423, 424, 425, 426, 427, 428 e 429. Por fim, um último lote de 20 chegaria no Brasil no dia 23 do mesmo mês e ano, recebendo as matrículas EB-11-341, 342, 344, 345, 346, 349, 354, 355, 356, 395, 397, 398, 399, 401, 402, 406, 407, 411 e 413, totalizando cinquenta e três carros de combate médios M-4 Sherman, distribuídos em diversas versões. Em termos organizacionais, o 1º Batalhão de Carros de Combate (1º BCC) concentraria todos os carros de combate M-4 Sherman recebidos, com este sendo composto por uma Companhia de Comando, equipada com 02 CCM M-4 Sherman; três Companhias de Carros de Combate Médio, cada uma equipada com 17  CCM M-4 Sherman; uma Companhia de Carros de Combate Leve, equipada com 17 CCL M-3A1 Stuart; e uma Companhia de Serviços, equipada com 47 utilitários, dos quais 03 eram de transporte M-3 meia lagarta.
A introdução dos carros de combate M-4 Sherman no Exército Brasileiro representou um avanço significativo no patamar tático da força mecanizada blindada. Esses veículos destacavam-se em relação aos modelos leves M-3A1 Stuart e médios M-3 Lee em uso naquela época, evidenciando sua superioridade. Embora ambos os modelos utilizassem o canhão M-3 de 75 mm presente no M-3 Lee, os M-4 Sherman estavam equipados com um inovador sistema de giro-estabilizador (de operação vertical), tornando-se um dos primeiros modelos de carros de combate a incorporar tal dispositivo. Essa inovação técnica foi considerada um marco no Brasil, pois melhorou substancialmente a precisão dos disparos. Além do armamento, o arsenal brasileiro foi enriquecido com novas munições, como os projéteis M-61 Armour Piercing Capped (APC), M-72 Armour Piercing (AP) e M-84 High Explosive (HE), que possibilitavam uma cadência de disparo de vinte tiros por minuto. Em termos de mobilização para o combate, os CCM M-4 Sherman apresentavam um sistema de partida elétrica inovador, que otimiza o tempo de ativação do veículo em comparação a seus antecessores. Os carros de combate estavam equipados com um armamento principal de 75 mm e contavam com duas metralhadoras Browning M-1919 de calibre .30 e uma metralhadora M-2 de calibre .50. É importante destacar que alguns veículos dos primeiros lotes foram equipados com um morteiro de duas polegadas acoplado à torre, destinado ao disparo de projéteis fumígenos, além de uma submetralhadora Thompson M-1928A1 de calibre .45, destinada ao uso do comandante. A torre fundida dos M-4 Sherman apresentava controle elétrico ou hidráulico, dependendo da versão, e o design de perfil alto proporcionava um relativo conforto aos tripulantes, que contavam com quatro assentos: dois para o comandante (um em posição elevada e outro em combate), um para o artilheiro e um para o municiador. Todos os CCM M-4 Sherman recebidos no período eram novos de fábrica e não tinham sido utilizados anteriormente, com todos os acessórios acompanhando as viaturas, devidamente embrulhados em papel encerado. Embora os veículos tivessem sido fornecidos com manuais de operação completos e detalhados, a barreira da língua, devido à sua disponibilização exclusivamente em inglês, dificultou a correta implementação do modelo no país, considerando a falta de proficiência dos oficiais brasileiros nesse idioma.

No início da década de 1950 seriam recebidos mais seis veículos, agora usados, seguidos por mais vinte e quatro unidades excedentes do Exército Americano (US Army), logo após o término da guerra da Coréia, vinte e dois dos quais dentro dos termos do programa MAP (Militay Assistence Program – Programa de Assistência Militar), juntamente com cinquenta motores de reposição, totalizando assim em 83 veículos recebidos. Curiosamente estes veículos vieram portando uma letra “A” estilizada pintada na parte superior do escudo do canhão. Este emblema significava que o equipamento em questão havia sido fornecido nos termos do Programa de Assistência Militar - MAP, e não poderia ser reexportado sem a anuência do governo norte-americano. A maioria dos veículos recebidos no Brasil nestas condições, tiveram estas inscrições retiradas após sua incorporação. Entretanto curiosamente este emblema foi mantido nos carros em uso tanto na EsMM como na REsI. Durante sua carreira os M-4 Sherman foram operados também pela Escola de Motomecanização (EsMM), 2º Batalhão de Carros de Combate (2º BCC) baseado em Valença -RJ, 6º Regimento de Cavalaria Blindada (6º RCB) na cidade de Alegrete - RS, 9º Regimento de Cavalaria Blindado (9º RCB) na cidade de São Gabriel – RS, Regimento Escola de Infantaria (REsI) na cidade do Rio de Janeiro – RJ e na Academia Militar das Agulhas Negras, na cidade de Rezende – RJ. Dentre os diversos modelos recebidos podemos citar o M4A-1 EB11-722 que estava equipado com extensores de lagarta “duckbill” em ambos os lados de cada lagarta, e por possuir este acessório, era chamado equivocadamente, de Super Sherman. Também foi recebido um M-4 Composite Hull equipado com sistema de pá niveladora, com este veículo recebendo a matrícula de EB11-720 estando em serviço junto ao 6º RCB. 
O avançar dos anos cobrou seu preço em termos de problemas no fluxo de peças de reposição, como geradores auxiliares e caixas reguladoras e mais notadamente dos motores radiais Wright Continental R-975 Whirlwind a gasolina. Estes problemas sempre foram enfrentados com maestria, sendo solucionados com soluções caseiras, que envolviam uso de componentes dos motores das aeronaves Stearman A-76 desativados da Força Aérea Brasileira, até a canibalização de carros de combate do modelo M-3 Lee. Com o advento do recebimento dos carros de combate médios M-41 Walker Buldog a partir de meados da década de 1960, o Exército Brasileiro iniciou o processo de desativação dos M4 Sherman ainda operacionais, sendo os últimos retirados do serviço ativo somente em 1978. Alguns estudos elaborados pelo Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) em conjunto com Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Blindados (CPDB), buscavam modernizar e assim estender a vida útil destes carros de combate, seja em processo de remotorização ou transformação em veículo de serviço, porém tais iniciativas não chegaram a avançar além das fases de protótipo. 

Em Escala.
Para representarmos o M-4  ShermanComposite Hull  "EB-11 720" empregamos o excelente kit da Dragon na escala 1/35, em conjunto com as peças do sistema de pá niveladora do modelo M4A3 Sherman da Academy. Empregamos decais Eletric Products pertencentes ao set  "Exército Brasileiro 1942 - 1982".

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército Americano (US Army) quando do recebimento dos carros de combate no Brasil nas décadas de 1940 e 1950, tendo como alteração somente as marcações nacionais, com este esquema sendo empregado até desativação da frota de carros de combate M-4 Sherman em fins do ano de 1978.



Bibliografia :

- M-4 Sherman - Wikipédia  http://pt.wikipedia.org/wiki/M4_Sherman
- M-4 Sherman no Brasil , por Helio Higuchi e Paulo Roberto Bastos Junior 
- Blindados no Brasil Volume I – Expedito Carlos Stephani Bastos

REO M-35A2 e REO M-813

História e Desenvolvimento. 
A notória Olds Motor Vehicle Company seria fundada em agosto de 1987, pelo engenheiro e designer de automóveis Ransom Eli Olds, tendo com sede inicial a cidade de Lansing no estado do Michigan. Ao longo dos anos a empresa se consolidaria no mercado nos Estados Unidos e no mundo com a marca Oldsmobile, que seria imortalizada no imaginário mundial pelos seus famosos modelos de carros de passeio. Em 1904 Ransom Eli Olds decidiu empreender novamente criando em parceria com outros empreendedores a REO Motor Car Company, onde deteria 52% do capital acionário, assumindo as posições de presidente e gerente geral. A fim de concentrar esforços nesta nova empresa, Ranson decidiu deixar a Olds Motor Vehicle Company no ano seguinte. A fim de garantir uma eficiente e confiável cadeia de componentes para sua montadora ele organizaria a abertura de empresas subsidiárias como a National Coil Company, a Michigan Screw Company e a Atlas Drop Forge Company. Curiosamente esta nova companhia seria nomeada como "R.E. Olds Motor Car Company", porém ao dar entrada no registro de marcas, este processo seria vetado por demanda legais movidas pela nova direção da Olds Motor Vehicle Company. Em suas petições era alegando que este nome poderia induzir ao erro parte de seus habituais clientes, muito em função de sua semelhança fonética. Ao ser vencido juridicamente, Ransom Eli Olds resolveria trocar o nome da sua empresa para as iniciais de seu nome, com todos seus veículos e materiais de divulgação passando a ostentar em letras capitais a marca "REO", havendo, no entanto, ao longo dos anos variações com apenas uma letra capital "Reo". Seu primeiro modelo o Reo Speed-Wagon (um antepassado das picapes modernas) seria lançado em meados de 1905, conquistando os primeiros resultados animadores para a montadora, que seguiria aumentando seu portfólio ao longo dos anos seguintes. Em 1907 o faturamento bruto da companhia superaria os US$ 4,5 milhões de dólares, se tornando uma das quatro principais montadoras norte-americanas. Após 1908, no entanto, apesar da introdução de carros mais modernos e mais luxuosos, sua participação de mercado seria reduzida, devido em parte à concorrência de empresas emergentes como Ford Motors e General Motors. Sua divisão dedicada a fabricação de caminhões seria estabelecida em 1910, com sua planta industrial sendo baseada na cidade de  St Catharines, Ontário, no Canadá. Talvez seu episódio mais famoso tenha sido a viagem Trans-Canadá de 1912. Viajando 4.176 milhas (6.720 km) de Halifax, Nova Escócia, para Vancouver, Colúmbia Britânica, em um carro de turismo especial REO de 1912. Em 1915, Olds cedeu o título de gerente geral para seu protegido Richard H. Scott, e oito anos depois ele terminaria seu mandato como presidente da empresa também, mantendo o cargo de presidente do conselho. Seu primeiro veículo recreativo ou popularmente conhecido como "Motor Home" seria lançado em 1923, recebendo o nome comercial de "Motor Pullman Car", conquistando uma significativa fatia de mercado.   

De 1915 a 1925, sob a direção de Richard H. Scott, a REO Motor Car Company se manteria altamente lucrativa, o que motivaria a empresa a iniciar um ousado programa de expansão projetado para tornar a empresa mais competitiva no mercado, passando a oferecer carros de passeio em diferentes faixas de preço, para diferentes classes sociais. Apesar de realizar alguns sucessos comerciais como os modelos Reo Flying Cloud (1927) e Reo Royale 8 (1928), este programa se mostraria um retumbante fracasso, com seu cenário sendo bastante afetado pelos efeitos da Grande Depressão de 1929, que causariam perdas financeiras gravíssimas a toda cadeia produtiva norte-americana automotiva. Assim em 1933, Ransom Eli Olds, interromperia sua aposentadoria, passando a assumir novamente o controle da empresa, conseguindo reverter em um curto espaço de tempo os resultados negativos da companhia, o que levaria a se retirar novamente do comando da empresa em fins do ano de 1934. Neste período análises mercadológicas sobre o mercado de automóveis nos Estados Unidos seriam realizadas, levando a empresa a abandonar a produção destes em 1936, passando a se concentrar somente no mercado de caminhões. Neste nicho desde 1934 empresa já vinha obtendo bons resultados em termos de vendas, principalmente com os caminhões bombeiros REO Fire Truck  e posteriormente a partir de 1936 com o lançamento dos modelos REO Bus e o REO Speed Wagon Truck . Apesar destes êxitos momentâneos a empresa sofreria com problemas na gestão, o que criaria um grave cenário de instabilidade financeira e fiscal. No início do ano de 1939, a R. E. Olds Motor Car Company atingiria seu estágio de maior dificuldade financeira, chegando inclusive a interromper sua linha de produção em função da quebra no fluxo de componentes face a inadimplência junto a seus fornecedores. Este cenário só seria alterado a partir do ano seguinte, quando o intensificar das tensões geopolíticas na Europa e no Sudeste Asiático, que levariam o governo dos Estados Unidos a se anteceder a hipotéticos cenários de beligerância, passando então a apoiar uma série de indústrias automotivas nacionais. Este movimento tinha por objetivo preparar a cadeia produtiva necessária ao reequipamento e rearmamento de suas forças armadas, face a sua iminente participação na Segunda Guerra Mundial.  Neste contexto seus credores receberiam aportes governamentais, permitindo a R.E. Olds Motor Car Company, retomar sua capacidade produtiva, com a companhia se juntando ao esforço de guerra norte-americano, passando a fabricar uma grande gama de componentes militares, entre eles motores e caminhões de porte médio para diversas aplicações militares.     

Assim a partir de meados do ano de 1941, a R.E. Olds Motor Car Company, passaria a ocupar suas principais linha de produção com os caminhões Studebaker US6 2½-ton 6×6 truck, totalizando a entrega de mais de vinte e dois mil caminhões desta família, com muito destes sendo destinados a União Soviética para o atendimento dos termos do acordo Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Sua intensa participação no esforço de guerra, possibilitaria a empresa uma ingressar em uma fase de estabilidade financeira que não era percebida há anos, porém como era de se esperar, o término do conflito levaria uma desaceleração gradual na demanda de caminhões militares. O novo planejamento estratégico da companhia indicava a necessidade de diversificação de seus negócios, e assim em 1946, seria iniciada uma divisão industrial voltada a produção de cortadores de grama movida por motores a gasolina. Esta decisão se mostraria acertada pois garantiria lucros e um fluxo de caixa positivo, que ajudaria a empresa a transpor os próximo três anos, que seriam marcados por uma grande redução em suas vendas de caminhões. O importante aprendizado representado com a produção sob licença de caminhões militares, levaria a direção da montadora a apostar novamente neste segmento, investindo recursos próprios no desenvolvimento de uma nova família de veículos de transporte pesado com tração integral. Esta decisão seria tomada, se antevendo assim a uma possível necessidade a curto prazo para a renovação da frota de caminhões militares das foças armadas norte-americanas. Como previsto no final da década de 1940, o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) lançaria uma concorrência visando o desenvolvimento e um novo caminhão militar com tração integral 6X6. Este programa representaria um contrato de grande vulto, pois objetivava substituir a imensa frota de caminhões GMC CCKW 352 - 353  e Studebaker US-6G, que ja apresentava graves sinais de desgaste e obsolescência. Diversas propostas seriam apresentadas, com destaque para a da Reo Motor Company, que envolvia seu caminhão REO M-34, seu projeto conceitual despertaria o interesse dos miliares, e acabaria levando a formalização de uma parceria para seu aperfeiçoamento. Como destaque para seu sistema de trânsito sob a água, possibilitando o veículo a transpor rios e lagos, fazendo uso de conjunto de snorkel para o motor, escapamento estendido, podendo "navegar" em águas profundas por até 4 horas. Este caminhão com tração integral 6X6 estava equipado com um motor a gasolina OA-331 Continental I-6, que lhe permitia operar com cargas de até duas toneladas e meia, atuando principalmente em ambientes fora de estrada.   

Um primeiro lote de produção pré-série seria contratado, com estes caminhões sendo destinados a um extenso programa de testes de campo, com estes sendo iniciados no início do ano de 1950. O resultado final deste processo, levaria o comando do Corpo Técnico do Exército dos Estados Unidos (US Army) há homologar seus parâmetros operacionais.  Em seguinte seria firmado um primeiro contrato envolvendo a aquisição de cinco mil caminhões, que seriam produzidos nas linhas de montagem da montadora na cidade Lansing, no estado de Michigan. Os primeiros REO M-34 passariam a ser entregues as unidades operativas do exército já em maio do ano de 1950. Seu batismo de fogo ocorreria durante a Guerra da Coreia (1950-1953), quando centenas caminhões deste modelo foram enviados a linha de frente no teatro de operações daquele conflito. Durante seu emprego em missões reais, este novo caminhão passaria a ser popularmente chamado pelas tropas norte-americanas como "Eager Beaver", um simpático castor personagem de desenho animado. Esta associação lhe seria atribuída ao modelo devido à sua capacidade de atravessar rios e córregos em terrenos adversos. No entanto dificuldades e problemas de projeto também foram identificados após seu uso contínuo em campo, levando a necessidade de alterações no projeto original. Essas melhorias visavam potencializar o desempenho do veículo em terrenos adversos, com a mudança visual mais perceptiva representada pela inclusão de conjuntos duplos de pneus nos eixos traseiros. Esta modificação tinha por objetivo de aumentar a capacidade de transporte e facilitar o deslocamento em trechos fora de estrada. Outro ponto negativo na operação do REO M-34 era representado pela potência insuficiente do motor a gasolina OA-331 Continental I-6 de seis cilindros, sendo este conjunto substituído um novo motor multi combustível, muito mais eficiente que o original a gasolina. Estas alterações culminariam em uma nova versão denominada REO M-35, que passaria imediatamente a ser produzida como parte do contrato inicial. Após o término da Guerra da Coreia em 1953, a Reo Motors Motor Company, acabaria sendo vencida pela General Motors Corporation em uma concorrência para a obtenção de novos contratos de produção junto ao Exército dos Estados Unidos (US Army). Apesar deste duro golpe o envolvimento dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã, levaria a necessidade de aquisição de mais caminhões REO M-35, com um contrato sendo cedido a  REO Motor Car Company, que assim novamente passaria a produzir o modelo em larga escala. 

A nova versão de produção REO M-35A2,  passava a ser equipada com o motor multicombustível em linha LDT 465 Turbo de  de 478 polegadas cúbicas (7,8 L),  que desenvolvia 134 cv (100 kW) e 330 pés cúbicos (447 N⋅m) de torque, sendo produzido pela Continental Motors Company, Hercules ou pela White Motor Company. Operava acoplado a uma caixa de transmissão manual de cinco velocidades e uma caixa de transferência divorciada de duas velocidades (uma caixa de transferência operada por sprag Rockwell 136-21 ou uma caixa de transferência selecionável operada a ar Rockwell 136–27). Este tipo de motor fora projetado para operar de forma confiável com uma ampla variedade de combustíveis, incluindo óleo diesel, querosene, óleo de aquecimento ou gasolina. Embora a versão A2 representasse a mais comum, existiam quatro modelos diferentes: Standard, A1, A2 e A3, com o primeiro equipado com um motor a gasolina REO "Gold Comet" ou Continental OA331 inline-6. Os demais apresentavam transmissões de quatro velocidades, mas a maioria estavam equipados com caixas "diretas de cinco velocidades ". Uma variante extralonga de distância entre eixos, designada M-36, também seria desenvolvida (com uma cama de carga de 16 pés (4,9 metros). Sua adoção em larga escala a partir de 1965, o tornaria o principal caminhão de transporte em serviço nas forças armadas norte-americanas, sendo adotadas também versões com carrocerias especializadas, como tanque de combustível e cisterna de água (M-49), oficina e reparos gerais (M-109), basculante (M-47), guindaste (M-108, M-62 e M-543), bombeiro (530B), reparo de linha telefônica (M-763) entre outros. Milhares de modelos seriam exportados ou produzidos sob licença, sendo empregados pelas forças armadas dos Estados Unidos, Argentina, Áustria, Bolívia, Brasil, Canadá, Chade, Chile,  República Democrática do Congo, Colômbia, Canadá, Djibuti, Dinamarca, República Dominicana, Equador, Egito, El Salvador, Fiji, Georgia, Grécia, Guatemala, Honduras, Indonésia, Ira, Israel, Jordânia, Laos, Líbano, Libéria, México, Marrocos, Nicarágua, Noruega, Moldávia, Paquistão, Panamá, Filipinas, Portugal, Coréia do Sul, Arábia Saudita, Sudão, Suécia, Taiwan, Tailândia, Tunísia, Turquia, Venezuela e Vietnã.  Em seu país de origem, todos os caminhões desta família passariam a ser substituídos no ano de 1996,  pelos novos caminhões pesados desenvolvidos no programa  FMTV "Família de Veículos Táticos Médios" (Light Medium Tactical Vehicle) ou M-1078. 

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Durante a Segunda Guerra Mundial, as Forças Armadas Brasileiras seriam largamente beneficiadas pela adesão do país ao esforço de guerra aliado, e nos termos do programa de ajuda militar Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos) seriam fornecidos uma grande quantidade de aeronaves, navios, armamentos, veículos e equipamento militares entre os anos de 1942 e 1945. O Exército Brasileiro receberia uma grande parte deste pacote em termos de viaturas, com a Força Terrestre incorporando mais de cinco mil caminhões militares com tração integral destinadas as tarefas de transporte e aplicações especiais como socorro, cisterna, comando, basculante etc. Estes estariam dispostos entre as famílias GMC CCKW, Studebaker US6G, Ward La France, Corbitt e  Diamond, e trariam uma experiencia única ao Exército Brasileiro em termos de capacidade de mobilização de suas tropas e cargas. No entanto em fins da década seguinte esta importante frota começaria a apresentar preocupantes índices de indisponibilidade, com este cenário se dando não só pelo desgaste operacional, mas principalmente na problemática encontrada no processo de importação e aquisição de peças de reposição fundamentais (muito em função destes modelos terem sua produção descontinuada em seu país de origem há mais de dez anos).  Tal situação passaria a causar extrema preocupação por parte do comando do Exército Brasileiro, pois afetava perigosamente sua capacidade tática da Força Terrestre. Este momento demandaria o estudo de possíveis soluções a curto e médio prazo para a resolução desta problemática, e em termos básicos a opção mais eficaz passava pela aquisição de um número similar de veículos militares de transporte com tração 4X4 e 6X6, sendo mais indicados os caminhões da família REO M-34 e M-35. Porém o investimento necessário para uma aquisição de um significativo lote destes modelos de caminhões se apresentava naquele momento  se pautava completamente fora da realidade orçamentaria do Exército Brasileiro Estudos mais realistas apontavam, para três soluções complementares, sendo a primeira baseada na aquisição de um pequeno número de caminhões militares modernos como os REOs, a segunda envolvia estudos referentes a possível repotencialização dos caminhões GMC Série CCKW 352 - 353 e Studebaker US-6G e pôr fim a terceira a incorporação de de caminhões comerciais militarizados para o cumprimento de missões secundarias. A combinação destas três alternativas poderia devolver ao Exército Brasileiro um mínimo de capacidade operacional, infelizmente a segunda opção logo seria descartada, pois estudos mais aprofundados realizados pela equipe do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) não recomendaria sua implementação. Esta decisão estava baseada principalmente pela inexistência naquele momento de experiencia técnica para a implementação de um programa de tal magnitude em série. 

A inviabilidade de implantação do programa de remotorização dos genuínos caminhões militares norte-americanos logo intensificaria os problemas de capacidade operacional da Força Terrestre, principalmente no seu emprego em terrenos fora de estrada. Neste contexto o emprego de caminhões militarizados produzidos nacionalmente passaria a ganhar força, com esta solução sendo potencializada pelo governo brasileiro que intensificava seu apoio ao estabelecimento de uma indústria automotiva nacional, atraindo ao país diversas montadoras internacionais, inclusive de caminhões. A primeira iniciativa na utilização de uma solução doméstica, sendo firmado um acordo com a empresa estatal de capital misto FNM (Fábrica Nacional de Motores) baseada no Rio de Janeiro, que mantinha acordo comercial junto a montadora italiana Alfa Romeo na fabricação de caminhões médios e pesados.  Neste pacote seriam oferecidos ao Exército Brasileiros versões militarizadas dos modelos civis FNM D-9500 e FNM D-11000 que passariam a ser adotados a partir do início da década de 1960. Apesar de serem veículos baratos, robustos e de fácil e baixo custo de manutenção, estes caminhões não eram em sua essência veículos militares, e como previsto não apresentavam a capacidade de desempenho operacional em um ambiente fora de estrada, o que limitaria a substituição total dos antigos caminhões GMC CCKW 353 - 353, Corbitt G-506 e US6G Studebaker. Apesar destas inerentes limitações uma significativa quantidade destes caminhões militarizados seria adquirida entre os anos de 1957 e 1960, e ao serem incorporados receberiam a classificação de Viatura de Transporte não Especializado (VTNE). Desta maneira já em serviço operacional estes veículos militares seriam especificadamente em tarefas secundárias de transporte e logistica da força, recompondo grande parte de sua capacidade de mobilização.  Este alívio permitiria o comando do Exército Brasileiro a buscar no mercado internacional um modelo de caminhão militar com tração integral que pudesse preencher tanto em termos técnicos quanto econômicos esta lacuna operacional. Tendo em vista a grande quantidade de veículos (incluindo possivelmente versões especializadas) a serem adquiridos a curto e médio prazo, buscava se também preferencialmente um pacote amplo que abrangesse também a abertura de uma linha de crédito internacional para o pagamento. Esta linha de financiamento seria prioritária, tendo em vista a necessidade de se incorporar pelo menos 2.000 caminhões novos, o que em muito excederia o orçamento da Força Terrestre naquele momento.   

Entre os diversos modelos analisados durante o ano de 1957, o norte-americano REO M-35 era o que melhor atendia as especificações almejadas pela Força Terrestre, porém o custo unitário de cada caminhão deste se pautava extremamente alto, levando o comando do Exército Brasileiro a declinar da opção de comprar veiculos novos de fábrica. A opção restante baseava-se na aquisição de caminhões usados, com tratativas passando a ser feitas junto ao Departamento de Estado do Governo Norte Americano (DoD), buscando a compra de algo na ordem de 500 a 1.000 veículos, fazendo uso dos termos dispositivos previstos no Acordo Militar Brasil - Estados Unidos (que fora celebrado no ano de 1952), que fazendo uso do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program) garantiria  acesso facilitado a modernos equipamentos militares, para assim prover regionalmente uma linha de defesa contra a hipotética ameaça expansionista socialista. Estas negociações evoluíram para o fornecimento de um grande pacote de assistência militar, englobando carros de combate, blindados de transporte de tropas, veículos leves e caminhões militares, que atenderiam a tão necessária renovação dos meios não só do Exército Brasileiro, mas também dos demais ramos das Forças Armadas.  Em termos de caminhões militares com tração integral 6X6, este acordo contemplava o recebimento estimado de mais de dois mil veículos, que apesar de usados se encontravam em excelente estado de conservação, se encontravam armazenados como reserva estratégica do Exército dos Estados Unidos (US Army). Esta representativa frota estaria disposta principalmente com os modelos de transporte REO M-34 e M-35 e dezenas versões especializadas como os REOs M-34 Talha, M-109 Oficina, M-47 Transporte, M-611C Cisterna Combustível, M-41C Transporte, M-49C Cisterna Combustível, M-609 Oficina, M-613 Oficina, M-614 Basculante, M-108 Oficina, M-543 Socorro, M-602 Transporte, M-54 Transporte e M-62 Socorro. As primeiras unidades seriam recebidas a partir do início do ano de 1958, e pertenciam ao modelo M-34 REO G-742, com sua frota totalizando quase mil caminhões, o que permitiria assim ao Exército Brasileiro recuperar grande parte de sua mobilidade operacional. No entanto atrasos nos cronogramas de entrega levariam aos recebimentos dos primeiros REO M-35 A2C e suas subversões especializadas, somente a partir do início do ano de 1965. 

Paralelamente neste mesmo período a Marinha do Brasil, concentrava esforços na estruturação de uma infantaria eficiente de pronta resposta do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), e para isto necessitava oferecer as tropas os recursos e meios necessários para garantir mobilidade da força após os desembarques anfíbios. Tratativas seriam realizadas junto ao Departamento de Estado do Governo Norte Americano (DoD), que culminariam dentro dos termos do Programa de Assistência Militar – Brasil Estados Unidos (MAP), na aquisição de setenta caminhões dispostos nos modelos REO M-35A2 e REO M-49 (Cisterna). Estes veículos seriam recebidos a partir de maio do ano de 1966, sendo complementados três anos mais tarde por um novo dos modelos   REO M-813. Como diferencial este novo modelo passava a ser equipado com o  Motor Cummins 6CTAA8.3 com 250 hp de potência, que operava em conjunto com o câmbio  Spicer 6453 de cinco velocidades sincronizado que aliado a nova tração automática, com reversão pneumática e pneus especiais fora de estrada 14.00 x 20, proporcionava ao veículo um desempenho superior no ambiente fora de estrada. Após o recebimento estes caminhões foram distribuídos ao ao Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo (RJ), ao Grupamento de Fuzileiros Navais de Rio Grande (RS), Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves (RJ), Batalhão de Engenharia de Fuzileiros Navais (RJ) e pôr fim a Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (RJ). Um bom número destes caminhões permaneceu em serviço durante vários anos, sendo parcialmente substituídos (as primeiras versões) ou complementados por caminhões Engesa EE25 e UAI M1-50 Terex ou ainda Mercedes-Benz MB LA 1418 4x4. Com o recebimento de duzentas viaturas não especializadas de cinco toneladas com tração integral 4×4 MB 1725/42, seria iniciado um gradual processo de desativação das quarenta viaturas mais antigas do modelo REO M-34 G742, que se encontravam com grandes problemas de disponibilidade. Paralelamente no ano de 1994, uma parcela da frota dos caminhões REO M-813 e M-49 cisterna seria modernizada pela empresa norte-americana Cummins Military System, estendendo seu ciclo de vida operacional. 

Em serviço tanto Exército Brasileiro quanto no Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, os caminhões da família REO seriam empregados ao longo dos anos principalmente em missões de transporte de tropas, cargas, reboque de peças de artilharia, oficina, socorro e demais funções não especializadas de logística. A partir de meados da década de 1990, os caminhões dos modelos REO M-34, REO M-35, REO M-49, REO M-62 e REO M-543, já apresentavam os sinais de desgaste operacional e necessitavam ser substituídos gradativamente. A exceção dos M-813 e M-49 da Marinha do Brasil que seriam modernizados, decidiu-se no Exército Brasileiro proceder a desativação total da frota, passando a ser substituídos por caminhões militares com tração integral produzidos nacionalmente como os   Mercedes-Benz & Engesa Série  L - LG Mamute. Encerrava-se assim na Força Terrestre uma formidável carreira dos caminhões produzidos pela REO Motor Car Company, tendo como destaque serem o primeiro a operar com pais fazendo uso de motores multicombustível. No início do século XXI restavam em operação apenas poucos caminhões oficina do modelo REO M-109 e REO M-62 guindaste, com grande parte da frota remanescente sendo vendida em leiloes como sucata, porém alguns destes seriam salvos por restauradores entusiastas, sendo colocados novamente em condições operacionais se sendo vendidos para colecionadores particulares.  

Em Escala. 
Para representarmos o caminhão REO M-35A2 "EB21-41395", empregamos o excelente kit da AFV na escala 1/35, modelo este de fácil montagem e com bom nível de detalhamento.  Para compor a versão nacional fizemos uso de decais diversos presentes no set "Exército Brasileiro 1942 - 1982", fabricados pela Eletric Products.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático do Exército Brasileiro aplicado em todos seus veículos militares desde a Segunda Guerra Mundial até a o final do ano de 1982. A partir de 1983 este esquema foi alterado passando a adotar uma  camuflagem em dois tons, com os REO M-35  mantendo este padrão  sua gradativa desativação a até fins da década de 1990. Já as versões desta família empregadas pelo  Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, fizeram uso de seu padrão de pintura total em verde aplicado a todos os seus veículos de transporte.

Bibliografia :

- M-35 2½ ton cargo truck - http://en.wikipedia.org/wiki/M35_2%C2%BD_ton_cargo_truck
- Caminhão Candiru I 4X4 Uma Solução Nacional – Expedito Carlos S. Bastos
- M-34 e M-35 Serie, Olive Drab -  http://olive-drab.com/od_mvg_www_deuce_m35.php

M-109 AP Howitzer no Brasil

História e Desenvolvimento. 
A segunda Guerra Mundial foi marcada pela aplicação de alta mobilidade da infantaria e artilharia no campo de batalha, levando as demais armas terrestres a se adaptarem a esta nova filosofia de combate. Este conceito seria fundamentado nos princípios da tática Blitzkrieg, empregada pelo Exército Alemão (Wematch). Para garantir mobilidade, sem perder a capacidade ofensiva, os alemães precisavam não apenas de tanques e soldados transportados por blindados, mas também de artilharia autopropulsada, levando assim ao emprego dos primeiros modelos de obuseiros autopropulsados. Se espelhando neste conceito, os exércitos aliados também buscariam soluções semelhantes, para proporcionar adequada mobilidade a sua artilharia de campanha, nascendo assim primeiramente o T-19 Howitzer armado com canhão de 105 mm. Este modelo seria sucedido em fevereiro de 1942 o M7- Priest, com seu batismo de foco ocorrendo durante a Segunda Batalha de El Alamein  (23 de outubro - 11 de novembro de 1942), e logo em seguida passando a participar das mais decisivas batalhas. O M-7 em conjunto com o M-37, retornariam à ação durante a Guerra da Coreia (1950-1953). Apesar de desempenharam com êxito na maioria das missões a que foram envolvidos, verificou-se que a limitada elevação de 35º graus do canhão dificultava a capacidade de disparar em alvos localizados sobre as altas montanhas coreanas.  Ficava nítida então, a necessidade de desenvolvimento de um novo obuseiro autopropulsionado de grande porte. A solução se materializaria em 1953 no desenvolvimento do modelo M-52, que era baseado nos chassis do carro de combate médio M-41 Walker Buldog. Apesar de permitir uma maior mobilidade na elevação do canhão de 105 mm, chegando entre 65º positivo 10º negativos, o modelo se mostrou extremamente complexo e problemático, levando ao precoce cancelamento de sua produção. Isto levaria a abertura de uma nova concorrência para o desenvolvimento de um novo obuseiro autopropulsionado, com este programa sendo vencido em setembro de 1954 pela proposta do modelo T-195/195E-1 da General Motors Co. O primeiro mock up seria apresentado no início do ano de 1955, seguido pela construção de cinco protótipos para testes e avaliações. O novo obuseiro autopropulsado agora designado como M-108, passaria a ser liberado para a produção em série no segundo semestre de 1959.

A versão de produção, estava equipada com um motor Detroit Diesel 2 tempos 8V-71T  de 8 cilindros com turbo compressor, refrigerado a líquido com 405 hp de potência, que lhe proporcionava uma velocidade máxima de 56 km/h com alcance de 360 km. Este conjunto mecânico lhe concedia a mobilidade adequada para acompanhar as demais unidades blindadas no campo de batalha. A arma principal do M-108 era o obuseiro M-103 de 105 mm, com um tubo de calibre 30 de comprimento, montado em um conjunto M-139. Podia disparar um projétil de 14,9 kg a 472 m/s com alcance efetivo de 11.16 km. Podia fazer uso de munições do tipo HE, WP, fumaça, armas químicas e M-67 HEAT, podendo fazer uso da munição de OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de 105 mm, com exceção de munições assistidas por foguetes. O M-108 receberia seu batismo de fogo durante a Guerra do Vietnã (1965 - 1975), e a sua capacidade de girar o canhão em 360 º, o tornaria ideal para sustentar as posições de fogo, que podiam estar sujeitas a ataques de qualquer direção. Representando mais um fator positivo, a possibilidade de operar o canhão em elevações de + 75º e - 6º, lhes permitia poder atingir com eficiência atingir alvos em diversos níveis de terreno. Apesar destas características positivas, seria observado, no entanto, que seu canhão de 105 mm, não atendia as necessidades de cadência de fogo e eficácia na destruição de alvos objetivados. Esta constatação levaria a retirada de ambos os batalhões de artilharia de campo equipados com este modelo em meados de 1976, encerrando assim sua participação neste conflito. Visando sanar estas deficiências, seria iniciado o desenvolvimento de um veículo armado com uma arma de maior calibre, com a escolha recaindo sobre o modelo M-126 de 155 mm. A plataforma e o chassi seria o mesmo empregado no M-108, com seu design e funcionalidade atendendo a todas as necessidades. Apesar de possuírem a mesma base conceitual e compartilharem muitos itens, este novo projeto, agora designado como M-109, contemplava avanços significativos, entre eles um chassi composto de alumínio blindado oferecendo maior resistência a impactos de armas de calibre médio, novos sistemas de direção de tiro e comunicação, capacidade estendida no transporte de munição, além de contar com um canhão de maior calibre.

O M-109, podia transportar internamente até vinte e oito munições de 155 mm, seu canhão era facilmente identificado por seu cano curto e um freio de boca duplo com um grande extrator de fumaça logo atrás dele. Esta nova arma podia atingir alvos com alcance máximo de 14.600 metros, podendo disparar em elevações de + 75º e - 6º. Logo que elevados a condição operacional, estes novos obuseiros autopropulsados seriam transferidos para o Teatro de Operações no Vietnã, passando a substituir os derradeiros M-108 nos Regimentos de Artilharia de Campo (Fields Artillery Regiments), e suas positivas expectativas operacionais, seriam plenamente confirmadas. A experiencia no emprego real, trariam a luz a necessidade de melhorias, que culminaria no novo modelo M-109-A1, que passava a ser equipado com nova versão do motor Detroit Diesel Model 8V-71T acoplado a uma transmissão cross-drive Allison Transmission XTG-411-4A. A principal evolução estava baseada na introdução do novo canhão M-185 de calibre 39 mm, que apresentava um perfil mais longo. O M-109-A1 entraria em combate real pela primeira vez em 1973, quando foi empregado pelas Forças de Defesa de Israel (Tzavá Haganá le Israel), durante a guerra do Yom Kippur. A próxima evolução se daria com o M-109A2, que incorporava uma série de melhorias, entre elas a disponibilidade e manutenção (RAM) de meia-idade, proteção balística para o telescópio panorâmico, dispositivo de alinhamento de visão M-140 e sistemas de visão noturna. A capacidade de armazenamento de munição aumentaria de vinte e oito para 36 cartuchos. Neste mesmo momento, seria desenvolvida uma versão simplificada, destinada à exportação, apresentando pequenas diferenças externas e a exclusão do kit de flutuação do casco, com este modelo recebendo a designação de M-109A1B. Novas versões foram introduzidas ao longo dos anos entre elas o M109-A3 e M-109-A3B, M-109-A4 , que passaram a contar principalmente com sistemas de proteção contra guerra biológica e nuclear. Em 1985 a versão M-109-A5, passava a receber o novo canhão M-284 de calibre 39, permitindo um alcance máximo de 22.000 metros com projéteis comuns e 30.000 metros com projeteis assistidos por foguetes, representando um grande avanço operacional.

Em 1991 surgiria a versão M109-A6 Paladin, que apresentava um novo redesenho de casco, incluindo armadura adicional (com habitáculo revestido em kevlar), adoção do canhão M-284 aprimorado em conjunto com o sistema M-182A1, um novo lay out interno para armazenamento de munição e equipamentos mais seguros, possuindo ainda várias atualizações no grupo propulsor e suspensão. Pela primeira vez, um sistema de navegação inercial seria introduzido, enquanto o canhão receberia sensores para detectar o alinhamento principal. Passava ainda a contar com um moderno sistema de comunicação digital criptografado, com sistema de contador ECM (guerra eletrônica), localização de grade e dados transmitidos ao FDC da bateria.  Esta nova versão apresentaria grandes melhorias nas áreas de sobrevivência; confiabilidade, disponibilidade e manutenção (RAM); capacidade de resposta; e efeitos terminais. Este modelo foi desenvolvido para operar de forma independente, podendo receber uma missão de fogo, calcular dados de alvo, selecionar e assumir sua posição de disparo, desbloquear automaticamente e apontar seu canhão, disparar e sair, sem assistência técnica externa de terceiros. Podia-se ainda disparar a primeira salva partir do movimento em menos de sessenta segundos, sendo capaz de disparar até quatro tiros por minuto para alcances de trinta quilômetros. Os primeiros 164 carros foram entregues pela  BAE Systems, em fins de 1992, sendo declarados operacionais em abril do ano seguinte. Novos contratos de produção se seguiram, atingindo a cifra total de 950 veículos entregues, com sua produção sendo encerrada em 25 de junho de 1999. A versão mais atual em serviço é a M109-A7 (que era anteriormente conhecida como M-109A6 PIM), seu primeiro protótipo seria revelado em 2007, sendo submetido a um grande programa de testes. Em 2013 o programa foi aprovado com a empresa BAE Systems, recebendo um contrato para atualização dos primeiros carros M-109-A6 para o padrão M109-A7. Este novo modelo passou a deter maior peso de deslocamento que seu antecessor, passando proporcionará maior precisão, melhor mobilidade e velocidade de deslocamento. As entregas iniciais ao Exército Americano (US Army) tiveram início em 2015, com o programa devendo atingir 580 carros modernizados ao longo dos próximos anos.

Ao longo de mais de cinquenta anos de serviço os obuseiros autopropulsados da família M-109, se fizeram presentes em diversos conflitos ao redor do mundo, como as guerras do Vietnã, Yom Kippur, Irã X Iraque, Saara Ocidental, Golfo Pérsico, Iraque, Civil Iraniana, Civil Iemenita e Síria. Ao todo seriam produzidos mais de 7.700 carros dispostos em treze versões. Com estes modelos sendo construídos nos   Estados Unidos pela General Motors Co e BAE Systems, e sob licença pela empresa Samsung Techwin na Coréia do Sul. Além de seu país de origem, esta família de veículos seria empregada pelas forças armadas da Líbia, Djibuti, Etiópia, Grécia, Emirados Árabes, Irã, Kuwait, Marrocos, Omã, Peru, Suíça, Alemanha, Arábia Saudita, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Egito, Espanha, Itália, Jordânia, Marrocos, Noruega, Holanda, Paquistão, Portugal, Tunísia, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Filipinas, Iraque, Israel, Tailândia, Inglaterra e Coreia do Sul. Paralelamente em 1982 seria desenvolvido uma versão de transporte remuniciadora montada sobre a plataforma do M-109 denominada como M-992A2 FAASV (Field Artillery Ammunition Supply Vehicle). Apesar de estarem em processo de desativação em países como Alemanha e Inglaterra (sendo substituídos pelo Panzerhaubitze 2000), tudo em indica que em seu país de origem deverá ainda ser empregado por pelo menos 20 anos, até que seja enfim substituído pelos novos M-1299. 

Emprego no Exército Brasileiro
No início da década de 1990, seria iniciado pelo Ministério do Exército, um ambicioso esforço de modernização e evolução de meios materiais, passaria a ser denominado como Programa FT-90 (Força Terrestre 1990). Este plano entre diversos aspectos operacionais, visava a necessária e emergencial modernização da sua força blindada, se dividindo em diversos tipos de veículos especializados. Estes esforços resultariam principalmente em compras de oportunidade de material usado em bom estado se destacando na aquisição de Viaturas Blindadas de Combate Carro de Combate (VBCCC) Leopard 1A1 e M-60A3 TTS.  Esta evolução ensejaria a modernização da Artilharia de Campanha, que até o presente momento estava equipada com obuseiros convencionais M-101 de 105 mm e M-102 de 155 mm, além de setenta e dois obuseiros autopropulsados M-108, que foram incorporados em 1972. Estes veículos estavam em serviço junto aos Grupamentos de Artilharia de Campanha Autopropulsados (GAC AP), e se fazia necessária a complementação desta dotação com um modelo mais atualizado. Com sempre as restrições orçamentárias limitariam o acesso a veículos novos de fábrica, e como neste período o M-109 se encontrava em uso mais de trinta países, uma comissão seria organizada com o objetivo de prospectar compras de oportunidade, junto a nações que demonstrassem interesse em se desfazer de parte de sua frota deste obuseiros autopropulsados. Entre as opções avaliadas, destacava-se uma representada pelo comando das Forças Armadas Belgas (La Défense), que mostrava interesse em vender até quarenta carros do modelo M-109A3, que haviam sido recentemente desativados em função de terem sido substituídos por versões mais atualizadas da mesma família. Esta proposta, incorporava ainda a implementação de um programa de revisão e modernização dos carros pela empresa Sabiex Internacional, que elevaria estes obuseiros autopropulsados para um patamar operacional e tecnológico mais adequados a realidade daquele período. 

Concluídas as negociações formais, uma comitiva formada por oficiais do Exército Brasileiro, seria enviada a Bélgica, para proceder a análise e a seleção dos trinta e sete carros em melhor estado de conservação. Estes por sua vez seriam transportados para as instalações da  Sabiex na cidade de Tournai, onde seriam submetidos a um processo de revisão e atualização. Os carros escolhidos pertenciam a versão "A3", sendo parte de um programa de modernização aplicados a versão M-109-A2 a partir do ano de 1980.  Neste programa seriam incorporadas durante o processo de reconstrução, mais de vinte e sete melhorias sobre a versão original, se destacando entre elas, a adoção do novo canhão M-185 de 155 mm de cano longo na nova armação M-178, além do aumento na capacidade de transporte de munição e proteção balística para o sistema de telescópio panorâmico. Perto do recebimento do primeiro lote, o veículo receberia a designação oficial de Viatura Blindada de Combate Obuseiro Autopropulsado (VBCOAP) M109-A3. Os primeiros seis carros foram recebidos em 6 de outubro de 1999, sendo seguidos por um segundo lote de doze carros em 26 de maio de 2000, mais doze carros em 24 de outubro do mesmo ano e por fim um último lote de sete carros recebidos em 23 de abril de 2001. Os M109-A3 foram distribuídos na seguinte ordem, doze carros para 15º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado (GACAp), na cidade de Lapa - RS, doze para o 16º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado (GACAp), na cidade de Sao Leopoldo - RS , doze carros para o 29º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado (GACAp) na cidade de Cruz Alta -RS e um para a Escola de Material Bélico – (EsMB), baseada na cidade do Rio de Janeiro - RJ, sendo este posteriormente realocado para as instalações do Centro de Instrução de Blindados (CI Bld). A adoção deste modelo veio prover o Exército Brasileiro de uma capacidade inédita de mobilidade e alto poder de fogo na arma de artilharia, representando assim um grande avanço em desempenho quando comparado aos antigos obuseiros autopropulsado M-108.
Em fins da primeira década do século vinte e um, ficava evidente que os M-109-A3 estavam completamente desatualizados, em termos de sistema de direção de tiro, deixando assim a Artilharia de Campanha defasada, com este cenário sendo agravado pelo nível de obsolescência maior apresentado pelos antigos M-108 AP. Este panorama, geraria um programa de aquisição de novos carros M-109, com esta demanda se materializando em fins do ano de 2012, em um acordo para a aquisição de quarenta unidades da versão M109-A5, come estes sendo doados pelo governo norte-americano dentro dos termos do programa  Foreign Military Sales (FMS) – Vendas de Artigos Militares à Nações Estrangeiras, com estes ativos sendo enquadrados como Artigos de Defesa em Excesso (Excess Defence Articles - EDA).  Apesar de serem carros mais modernos, vislumbrou-se a oportunidade de modernização, elevando estes carros ao mesmo patamar dos veículos em uso no Exército Americano (US Army). Esta demanda culminaria em contrato com a empresa BAE Systems no valor de US$ 54 milhões, para a modernização de trinta e dois carros, elevando-os a versão M109-A5+ BR. Este programa envolvia o aumento da potência do conjunto de força, passando de 405 Hp (A3) para 440 Hp (A5 / motor LHR - Low Heat Rejection); aumento no alcance dos tiros com munição assistida (carga 7 – de 14.600m para 18.000m; carga 8 – de 18.000m para 22.000m; carga 8 HE M549 – de 23.500m para 30.000m); adição do sistema VFPS (Ventilated Face Piece System), que fornece à tripulação ar condicionado filtrado e aquecido, assegurando operações em ambiente QBN, sistema esse ausente no modelo A3. No tocante à parte de eletrônica embarcada, inserção de diversos componentes, muitos presentes no modelo A6, tais como: sistema de posicionamento global (GPS / AFATDS - Advanced Field Artillery Tactical Data System) e navegação inercial, unidades de exibição de comando (telas “touch screen”), sistema eletrônico de pontaria, dotado de computador balístico de tiro inserido ao sistema de controle de armas, além do incremento do rádio Harris Falcom III, da empresa norte-americana Harris.  Aumento da segurança dos integrantes da peça, com a adição de sistema de controle remoto do bloqueio de viagem (trava do tubo), possibilitando ao motorista da VB a operação de desbloqueio e bloqueio do tubo diretamente de seu compartimento, sem necessidade de saída e exposição do mesmo

A alocação destes carros, seria dividida entre o Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado (3º GAC Ap) da 6ª Brigada de Infantaria Blindada (6ª Bda Inf Bld) em Santa Maria, e o 5º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado (5º GAC Ap) da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada (5ª Bda Cav Bld), de Curitiba-PR. Com o primeiro tiro real ocorrendo em 18 de novembro de 2019, sendo disparado por um carro pertencente ao 3º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado, Regimento Mallet (3º GAC AP). Em 2018 fazendo uso dos termos do programa FMS (Foreign Military Sales), o Exército Brasileiro negociou a aquisição de quarenta veículos blindados de esteiras M-992A2 FAASV (Field Artillery Ammunition Supply Vehicle). Classificada no Exército Brasileiro, como Viatura Blindadas de Transporte Especial Remuniciadora (VBTE Remun), possibilitando assim o pleno emprego dos M-109-A5+ BR no campo de batalha. Neste mesmo ano se beneficiando deste programa foi acertado recebimento de mais 60 carros da versão M109-A5, com os primeiros sendo recebidos em 8 de março de 2018 no porto de Paranaguá (PR).  Essa aquisição objetivava aumentar a frota de obuseiros calibre 155 mm M-109A5, padronizando esse modelo como o material de Artilharia de Campanha Autopropulsado do Exército Brasileiro. Conforme os novos M-109A5, foram sendo recebidos, passaram a ser transportados até as instalações do Parque Regional de Manutenção da 5º Região Militar (Pq R Mnt/5) na cidade de Curitiba, a fim de serem revisados em âmbito de 3 º Escalão. Para assim serem disponibilizados aos Grupos de Artilharia de Campanha Autopropulsado, com quatro unidades sendo destinadas à Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) para a formação dos cadetes do Curso de Artilharia.
Dentre as grandes inovações da versão modernizada M109-A5+ BR, podemos destacar a a introdução do sistema AFATDS (Advanced Field Artillery Tactical Data System), sistema que automatiza as comunicações entre os subsistemas da artilharia e que no Brasil recebeu a designação de SISDAC (Sistema Digitalizado de Artilharia de Campanha). O SISDAC proporcionará maior integração entre os elementos de busca de alvos, os controladores de apoio de fogo, as centrais de tiro e as linhas de fogo, dando a possibilidade de simultaneidade de execução de missões de tiro pela mesma linha de fogo, aumentando sobremaneira as capacidades da Artilharia de Campanha do nosso Exército. Apesar dos lotes adicionais não serem modernizados a versão mais atualizada, os M-190A5 são muito superiores em termos de desempenho quando comparados aos M-109A3. Apesar de não existirem informações oficiais especula-se que os carros remanescentes do primeiro possam a ser modernizados elevando-os ao patamar da versão M-109-A5. Assim sendo o Exército Brasileiro passara a contar com uma considerável força de artilharia autopropulsada de campanha, ganhando grande mobilidade também pelo emprego em conjunto com os M-992A2 remuniciadores. 
Em Escala.
Para representarmos o obuseiro autopropulsado M-109A3 "EB-6057" empregamos o antigo kit da Italeri na escala 1/35.  Modelo este que necessita de diversas modificações para compor a versão empregada pelo Exército Brasileiro, pois o kit representa as variantes M-109A1 e M-109A2. Fizemos uso de decais produzidos pela Decal & Books, presentes no set Forças Armadas do Brasil 1983 – 2002.



O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático camuflado em dois tons, empregado em todos os blindados de combate do Exército Brasileiro a partir de 1983. As viaturas modernizadas para a versão M109-A5+ BR e os lotes subsequentes recebidos do modelo M-109-A5 receberam este mesmo esquema de pintura.


Bibliografia 

- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado - Volume I , por Expedito Carlos Stephani Bastos
Obuseiro Autopropulsado M109-A3 - Expedito Carlos S. Bastos - http://www.ecsbdefesa.com.br/fts/M109.pdf
- M109 A5+BR Uma nova Forma de Atuar da Artilharia do Exército Brasileiro – www.defesanet.com.br
- M109 Howtizer -  Wikipédia - http://en.wikipedia.org/wiki/M109_howitze