Fokker S.11 T-21 e S.12 T-22

História e Desenvolvimento.
A trajetória desta icônica empresa aeronáutica tem inicio no inicio da década de 1910, quando o estudante de engenharia Alemanha, Anthony Fokker cursava a universidade na Alemanha, e com os conhecimentos absorvidos desenvolveria sua primeira aeronave experimental o Spin (Spider). Aproveitando as melhores oportunidades na Alemanha, mudou-se para a capital Berlim, onde, em 1912, fundaria sua primeira empresa, Fokker Aeroplanbau, posteriormente mudando-se para o subúrbio de Görries, a sudoeste de Schwerin onde a empresa atual seria fundada, como Fokker Aviatik GmbH, em 12 de fevereiro de 1912. Inicialmente a empresa se dedicaria ao desenvolvimento de aeronaves civis para treinamento e pratica desportiva. Anthony Fokker logrou exito em comercializar uma quantidade considerável de aeronaves Fokker Spin para o governo alemão, o que lhe renderia os recursos necessários a montagem de uma fabrica na Alemanha destinada exclusivamente a atender as demandas do Exército Alemão (Deutsches Heer) na Primeira Guerra Mundial. A primeira aeronave desenvolvida exclusivamente para os alemães seria  o Fokker M.5, que era pouco mais do que uma cópia do frances Morane-Saulnier G, construída com tubo de aço em vez de madeira para a fuselagem, e com pequenas alterações no contorno do leme e do material rodante e uma nova seção de aerofólio. Versões armadas deste modelo passariam a contar com um sistema  de sincronização para as metralhadoras,  semelhante ao conjunto patenteado por Franz Schneider. Equipado com uma versão aprimorada desse equipamento, a aeronave M.5 se tornou o Fokker Eindecker, que devido ao seu armamento revolucionário, representaria uma das aeronaves mais temidas na frente ocidental. Sua introdução levaria a um período de superioridade aérea alemã conhecido como “Fokker Scourge”, que terminaria apenas com a introdução de novas aeronaves, como o francês  Nieuport 11 e o inglês  Airco DH.2.

Durante a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), os engenheiros da Fokker Aviatik GmbH estavam trabalhando no Fokker-Leimberger, uma metralhadora Gatling de doze canos com poder externo na rodada de 7,92 × 57 mm, que poderia ser capaz de disparar mais de 7.200 tiros por minuto. Apesar da visão e pioneirismo, o avançar  da Primeira Guerra Mundial levaria o governo alemão a assumir as operações da empresa, mantendo no entanto seu fundador como projetista chefe, esta decisão levaria a uma parceira “forçada” entre a Fokker (por sua experiência em produção de aeronaves) e a Junkers por seu pioneirismo em metal com ampla gama de técnicas de construção da estrutura da aeronave e conceitos avançados de projeto. Esta uniao entre empresas, visava unir o melhor das duas empresas o que levaria a criação da Junkers-Fokker Aktiengesellschaft, ou Jfa, em 20 de outubro de 1917. No entanto esta parceria se mostraria problemática, levando a sua dissolução. Porém conceitos oriundos desta rapida união seriam aproveitados nos novos modelos, fato este que resultaria uma semelhança visual entre as aeronaves desses dois fabricantes durante o próxima década. Alguns dos tipos notáveis produzidos pela Fokker durante a segunda metade da guerra, todos projetados principalmente por Herr Platz, incluíriam o biplano Fokker D.VI, o triplano Fokker Dr.I ou Dreidecker (lembrado como a aeroanve de caça do Barão Vermelho), o Fokker Biplano D.VII (a única aeronave já mencionada diretamente em um tratado: todos os D.VII foram escolhidos para entrega aos aliados nos termos do acordo de armistício) e o monoplano de guarda-sol Fokker D.VIII. Com o final do conflito e a assinatura do Tratado de Versailles que proibia a Alemanha de fabricar aeronaves e motores para o emprego militar, Anthony Fokker voltou a seu pais onde fundou a Nederlandse Vliegtuigenfabriek, e passaria a fabricar aviões comerciais.
Na década de 1920, a Fokker Aviatik GmbH entrou em seus anos de glória, tornando-se o maior fabricante de aeronaves do mundo no final da década de 1920. Seu maior sucesso foi o avião de passageiros trimotor F.VIIa / 3m de 1925, usado por 54 companhias aéreas em todo o mundo e conquistou 40% do mercado americano em 1936. Ela inicialmente dividiria o mercado europeu com as aeronaves de metal produzidas pela Junkers, mas posteriormente passaria a dominar as vendas no só na Europa, mas também no mercado norte americano até a chegada do Ford Trimotor, que copiou as características aerodinâmicas dos conceitos estruturais dos modelos concebidos pela Fokker F.VII e Junkers. Em 1923, Anthony Fokker se mudaria para os Estados Unidos, onde, em 1927, estabeleceu uma filial norte-americana de sua empresa, a Atlantic Aircraft Corporation, que foi renomeada como Fokker Aircraft Corporation of America. Com o falecimento de seu fundador em 1939 vítima de meningite, a empresa passaria novamente para o controle alemão, agora  durante a Segunda Guerra Mundial, e seria encarregada da produção em larga escala de aeronaves de treinamento básico para a Força Aérea Alema (Luftwaffe) como os Bucker Bu-181 Best Man, e também seriaresponsável pela produção de importantes componentes para as aeronaves de transporte Junkers Ju-52/3M. No período pós-guerra a empresa começaria a se reerguer, inicialmente elucidando esforços para o desenvolvimento do mercado de aeronaves leves de treinamento, tendo como objetivo a necessidade de várias forças áreas europeias na substituição dos já obsoletos De Havilland DH-82 Tiger Moth nas missões de treinamento primário. Este conceito  se baseava em uma aeronave monoplana asa baixa com assentos de piloto e instrutor dispostos lado a lado, estrutura metálica, trem de pouso fixo e cabine fechada, representando um grande avanço sobre a maioria dos aviões de treinamento primário daquela época. O primeiro protótipo designado pelo fabricante como Fokker S.11 Instructor, alçou voo em 18 de dezembro de 1947, iniciando assim um etapa de ensaios em voo que demandariam melhorias no projeto.

Dispondo da versão final de produção, a diretoria da empresa  iniciaria em 1947, uma campanha de demonstração para potenciais compradores, entre estes a própria Real Força Aérea Holandesa (NLAF), que ficaria impressionada com as caracteriscas positivas da aeronave, levando assim a celebraçao do primeiro contrato militar do modelo prevendo a aquisiçao de trinta e nove células, destinadas a substituição dos Bucker Bu-181. O próximo cliente da Fokker seria a recém-criada Força Aérea de Israel (Hel HaAvir) que adquiriu inicialmente quarenta e uma aeronaves. Neste mesmo momento,  renascida Força Aérea Italiana - AMI (Aeronautica Militare Italiana) também estava em busca de uma nova aeronave de treinamento primário, elegendo o Fokker S.11 como seu modelo padrão, resultando em um contrato de produção sob licença pela empresa Aeronautica Macchi Sp.A, envolvendo a montagem de cento e ciquenta células. Ao contabilizarmos as aeronaves produzidas pela empresa holandesa e sob licença, o total de células entregues atingiria a cifra de trezentos e cinquenta e oito aviões até o ano e 1958. Em 1948 as linhas de produção da Fokker estavam engajadas na produção do S.11 Instructor , quando a equipe de projetistas da N.J Konklijke Nederlandshe Vliegtuigen Fabriek Fokker iniciaram estudos para o desenvolvimento de uma versão triciclo da aeronave, agregando uma bequilha, porém inicialmente a proposta não foi aceita pela diretoria da empresa em face do foco no Fokker S.11. Porém em 1949, seria dado o aval para o desenvolvimento desta nova versão, que recebeu a designação de Fokker S.12 que era rigorosamente idêntico ao seu antecessor, distinguindo se unicamente pela incorporação de uma bequilha e pelo deslocamento à ré dos trens principais de pouso.
A nova versão era rigorosamente idêntico ao seu antecessor, distinguindo se unicamente pela incorporação de uma bequilha e pelo deslocamento à ré dos trens principais de pouso. O primeiro protótipo deste modelo aprimorado com matricula cn 6287, alçaria voo em meados de 1950, tendo em seu comando o experiente piloto de testes holandes Gerben Sondermann. Apesar das expectativas positivas o Fokker  S.12 não lograria o mesmo êxito do modelo antecessor , não sendo assim  incorporado pela Real Força Aérea Holandesa (NLAF) o que evidentemente desestimulou as exportações da aeronave. Quase a totalidade das células produzidas para o atendimento de um contrato brasileiro seriam desativadas no início da década de 1970.  

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Ao término da Segunda Guerra Mundial, a jovem Força Aérea Brasileira dispunha de mais de mil e quinhentas aeronaves de origem norte americana em serviço, que foram disponibilizadas ao paisdurante o conflito, sendo cedidas nos termos do programa Leand & Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Neste momento contava-se com o que havia de mais moderno em termos de aviação de combate, patrulha, transporte e treinamento, se notabilizando por ser a maior força aérea do hemisfério sul.  Apesar deste cenário positivo, era obvio que o rápido avançar da tecnologia aeronáutica vivenciado nos ultimo anos da década de 1940, iria gerar um salto evolutivo muito grande, que com certeza relegaria rapidamente a obsolescencia de grande parte dos vetores em serviço no pais. A este fato se somava-se a necessidade de manter a frota em índices de disponibilidade aceitável, o que passava a ser negativamente influenciado pela descontinuação da produção de um grande numero de aeronaves e componentes logo após os anos de 1946 e 1946. Por fim vislumbrava-se a necessidade de manter o processo de integração nacional que só poderia ser efetivado com o uso de aviões tendo em vista o perfil continental do pais. A conjunção destes fatores direcionava-se para criação de uma indústria aeronáutica nacional que pudesse em um primeiro estágio produzir ou montar no Brasil, inicialmente aeronaves básicas para a absorção de tecnologia de manufatura . Neste mesmo período o Ministério da Aeronáutica (MAer) estudava alternativas alternativas para a substituição de sua já envelhecida frota aeronaves de  treinamento básicos  Fairchild PT-19 & PT-3FG, que além não possuir um envelope de voo adequado as novas aeronaves na linha de frente da Força Aérea Brasileira, passava a sofrer como citando anteriormente com grandes índices de indisponibilidade operacional.

Os estudos derivariam para propostas de fornecimento de aeronaves de treinamento básico, que possuíssem em seu escopo as primícias de transferência  de tecnologia de manufatura industrial, visando assim a transferir conhecimento de produção ao país. Varias propostas foram apresentadas por fabricantes internacionais tendo em vulto o substancial volume de aeronaves as ser adquirido, entre estas uma apresentada em meados de 1950 por empresários brasileiros em parceria com a empresa holandesa Fokker demonstrava maior potencial de desenvolvimento. Este processo era tão abrangente que não compreendia apenas a produção sob licença mas o estabelecimento de uma subsidiaria brasileira da empresa que receberia o razão social de Fokker Industria Aeronáutica S/A, devendo a mesma estar locada nas próprias instalações da Fábrica do Galeão na cidade do Rio de Janeiro – RJ. Apesar as negociações comerciais iniciais fluírem rapidamente,  haveriam complicações de quanto as tratativas da nova empresa com o Ministério da Aeronáutica (MAer). Os principais entraves estavam focados na engenharia de processos de produção, com esta indefinição de entendimento em busca de uma solução que atendesse as necessidades de ambas as partes, esta movimentação atrasaria o cronograma inicial em pelo menos dois anos. Em maio de 1952 este processo teria chegado a consenso e com base nesta definição o comando da Força Aérea Brasileira daria sequencia ao processo, enviando uma comitiva de oficiais aviadores e técnicos a Holanda,  para assim proceder a avaliação dos quatro modelos de aeronaves propostos para produção local, sendo o Fokker S.11, S.12 (monomotores de treinamento básico) Fokker S.13 (bimotor de instrução multimotores) e por fim o Fokker S.14 (jato de treinamento avançado). Inicialmente o Fokker S.13 foi reprovado, pois a aeronave apresentava desempenho inferior aos Beechcraft C-45  em uso, com o interesse se restringindo aos outros modelos.
Finalmente em 07 de agosto de 1953, seria assinado o contrato entre  Ministério da Aeronáutica (MAer) e a Fokker Industria Aeronáutica S/A.  Os termos deste acordo apresentavam um cronograma inicial de cinco anos para a entrega das aeronaves contratadas. Primeiramente seriam fornecidos cinco células do Fokker S.11-4, produzidos na Holanda e montados no Brasil, a estes seriam seguidos por mais noventa e cinco aeronaves do mesmo modelo que seriam fabricadas no Brasil, atingindo a exceção do motor quase 85% de nacionalização de componentes. Concluído este estágio inicial seriam entregues para a Força Aérea Brasileira, mais cinquenta aeronaves do modelo Fokker S.12, que nada mais era que um S.11 dotado com trem de pouso triciclo. Finalmente, este mesmo contrato previa a entrega inicial de cinco jatos Fokker S.14 fabricados na matriz holandesa, seguido por quarenta e cinco  aviões inteiramente produzidos no Brasil, e novamente a exceção do motor atingindo um índice de nacionalização de quase 70%. A partir deste momento seriam iniciadas os estágios de preparação das linhas de produção junto as instalações da Fabrica do Galeão, porém o pais seria sacudido pelo suicídio do presidente Getúlio Vargas, fato este que levaria ao desencadeamento de uma serie de eventos políticos, que iram impactar diretamente no desenvolvimento dos trabalhos da empresa holandesa no Brasil. Dentro deste contexto ocorreria ainda a troca no comando do Ministério da Aeronáutica (MAer), gerando consequentes desentendimentos entre os militares e os sócios da subsidiaria brasileira, levando assim ao cancelamento da encomenda dos jatos Fokker S.14. Em consequência destes problemas, os primeiro cinco Fokker S.11-4 só ficaram prontos no ultimo trimestre de 1956, representando quase dois anos de atraso sobre o cronograma inicial. Estas aeronaves seriam imediatamente transladas para a  Escola de Aeronáutica (EAer), onde seriam responsáveis para a formação dos novos cadetes no estágio básico de instrução. Por sua vez os primeiros quatorze exemplares produzidos no Brasil, agora designados  como T-21 seriam entregues entre os meses de janeiro e fevereiro de 1957. Quase que mensalmente esta frota era ampliada com o recebimento de uma ou duas células do modelo. Em abril de 1959, seriam incorporados a Escola de Aeronáutica (EAer),  os últimos quatro aviões, que concluíam a encomenda inicial de cem aeronaves.

A incorporação deste modelo, traria a Escola de Aeronáutica (EAer) significativo avanço em termos de qualidade de treinamento, sobre os já obsoletos Fairchild PT-19, que foram incorporados durante a Segunda Guerra Mundial. Sua moderna concepção com motor mais potente, estrutura metálica, com assentos lado a lado em uma cabine com canopy corrediço para trás, proporcionava aos cadetes um melhor processo de aprendizado, principalmente por apresentar características superiores de desempenho o aproximando do perfil operacional das aeronaves de primeira linha na época. Devido aos atrasos no cronograma de  entregas, por um curto período de tempo os Fokker T-21 chegaram a compartilhar com os antigos treinadores norte-americanos. Porém gradativamente estas novas aeronaves logo assumiriam a totalidade das noventa e cinco horas de voo básico, antes de migrarem para o programa de instrução avançada com os North American T-6C e T-6D. Conforme citado anteriormente, o contrato previa a aquisição de cinquenta células do modelo Fokker S.12, que deveriam começar a ser montadas a partir da entrega das últimas células do Fokker  S.11. Os reportados atrasos no cronograma levariam a primeira célula do agora designado como T-22, a ser entregue somente em maio de 1960, representando um atraso de quase quatro anos. As primeiras vinte e quatro aeronaves foram incorporadas a Escola de Aeronáutica (EAer), passando a ser empregadas no estagio de formação intermediário, com os cadetes iniciando a instrução no T-21, evoluindo para os T-22, antes de seguirem para a fase final junto aos North American T-6C e T-6D. Porém já em 1961, seria observado que em determinados segmentos do envelope de voo, aeronave apresentava indesejáveis características, que além de causar possíveis riscos de acidentes, impactava negativamente no nível de formação dos pilotos. Após deliberação interna, decidiu-se retirar o Fokker T-22 das tarefas de instrução intermediaria , transferindo estas aeronaves para diversas bases aéreas, parques de material e unidades para emprego em tarefas de ligação.
A inadequação dos T-22 no processo de treinamento, levaria o comando da Força Área Brasileira a iniciar estudos para uma possível substituição da frota dos T-21, que já começavam a apresentar os primeiros problemas de indisponibilidade da frota destas aeronaves junto a Escola de Aeronáutica (EAer). Esta demanda geraria a oportunidade para o desenvolvimento de uma aeronave nacional de semelhante perfil operacional, que se concretizaria no Aerotec T-23 Uirapuru. Estes novos aviões de instrução primária passariam logo a ser incorporados, retirando as aeronaves holandesas do processo de formação de novos pilotos da aeronáutica. Desta maneira seria desenhado um programa de desativação das células remanescentes, o primeiro passo seria dado com a doação de dezesseis células para as forças aérea da Bolívia e do Paraguai, com estas sendo revisadas no Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PqAerAF) e transladadas por pilotos brasileiros a seus países de destino. No ano seguinte mais aeronaves foram submetidas a estes trabalhos de revisão geral antes de serem transferidas ao Departamento de Aviação Civil (DAC) que as repassaria para diversos aeroclubes. Em meados de 1973 as últimas aeronaves Fokker T-21 foram excluídos da carga da força aérea , com os T-22 seguindo o mesmo destino no ano seguinte . Vale ainda citar que a última  célula do Fokker S.12 a ser produzida na Fabrica do Galeão, não seria incorporada a Força Área Brasileira, sendo emprega para o desenvolvimento de projeto interno da empresa, visando conceber uma aeronave de transporte executivo, com a inclusão de extensas modificações no projeto original. Esta nova versão receberia a designação de Fokker 8FG Guanabara, sendo inclusa em carga na Força Área Brasileira como YT-22 0849, onde passaria a ser submetido a programa de ensaios em voo, que resultaram em uma analise negativa da aeronave quanto ao seu desempenho em voo, levando assim ao encerramento deste projeto experimental.

Em Escala:
Para representarmos o  Fokker T-21 " FAB 0705" empregamos o antigo kit da Smer na escala 1/40, modelo este extremamente espartano, porém de fácil montagem. Aplicamos pequenos detalhamentos em scratch na cabine. Decais  artesanais produzidos por nosso amigo Cesar Hares de Curitiba em conjunto com decais FCM completaram o conjunto.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura das aeronaves de instrução da Escola de Aeronáutica (EAer), mantendo este padrão até sua desativação em 1973, algumas aeronaves Fokker T-21 receberam ainda um esquema provisório camuflado em três tons.



Bibliografia :

- Fokker S-11  - Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/Fokker_S-11
- História da Força Aérea Brasileira , Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Fokker S-11 e S-12 Instructor - Rafael Pinheiro Machado
- Aeronaves Militares Brasileiras  1916 a 2015 – Jackson Flores Junior

Aerotec T-23 Uirapuru na FAB

História e Desenvolvimento. 
Ao término da Segunda Guerra Mundial, a jovem Força Aérea Brasileira dispunha de mais de 1.500 aeronaves de origem norte americana,  em serviço que foram disponibilizadas ao paios durante o conflito nos termos do Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), contando com o que havia de mais moderno em termos de aviação de combate, patrulha, transporte e treinamento, se notabilizando por ser a maior força aérea do hemisfério sul. Apesar deste cenário positivo, era obvio que o rápido avançar da tecnologia aeronáutica vivenciado nos último ano do conflito, iria gerar um salto evolutivo muito grande que com certeza relegaria rapidamente a obsolescência de grande parte dos vetores em serviço no pais. A este fato se somava a necessidade de manter uma grande frota em índices de disponibilidade aceitáveis, pois grande parte destes modelos tiveram sua produção descontinuada no final da década de 1940, reduzindo sensivelmente a oferta de peças de reposiçao no mercado internacional. Por fim, vislumbrava-se a necessidade de se manter o processo de integração nacional, tarefa esta que só poderia ser efetivada com o uso de aviões tendo em vista o perfil continental do país.  A conjunção destes fatores direcionava-se para criação de uma indústria aeronáutica nacional, que pudesse não produzir componentes ou aeronaves sob licença (como já experimentando anteriormente com aviões alemães, norte-americanos e holandeses) mas também desenvolver e projetar aeronaves do zero, que deveriam ser customizadas as necessidades do país. Desta maneira visando se adequar a esta ousada demanda, um grupo de oficiais da Força Aérea Brasileira, liderados pelo brigadeiro Casimiro Montenegro Filho em consonância e colaboração com engenheiros e consultores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts – MIT (Massachusetts Institute of Technology), traçariam um plano estratégico de médio e longo prazo para o desenvolvimento da indústria aeronáutica brasileira.

As experiencias anteriores de manufatura de aeronaves no país como a produção dos biplanos Focke-Wulf FW-44J Stieglitz nas “Oficinas Gerais da Aviação Naval” (OGAN), North American T-6 Texan e  Fokker Instructor S.11 e S.12 na Fábrica do Galeão seriam amplamente analisadas por esta equipe, elencando os fatores de sucesso e problemas decorridos destes processo de montagem sob licença. Estes estudos resultariam na apresentação de um grande leque de dificuldades encontradas, e entre estas se destacava a necessidade de formação de recursos humanos de alto nível, capazes não só de absorver conhecimentos tecnológicos, como também buscar soluções adequadas ao contexto nacional. A prioridade inicial para o desenvolvimento de uma futura indústria aeronáutica nacional passaria pela formação adequada de engenheiros e técnicos que teriam por objetivo não só absorver know how internacional bem como proceder o desenvolvimento de novas aeronaves e tecnologias. Surgiria, assim, a ideia de criar escola de engenharia aeronáutica e um centro de pesquisas sobre tecnologia aeronáutica, iniciativas estas que se concretizariam na fundação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em 1950, e do Centro Técnico de Aeronáutica (CTA – atualmente Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial), no ano 1953, com estas duas instituições localizadas na cidade de São José dos Campos no interior do Estado de São Paulo. A formação de profissionais com grande conhecimento teórico e prático (em experiencias obtidas junto a Força Aérea Brasileira) teriam grande impacto na disseminação de tecnologias de ponta, que serviriam assim de base para motivação e criação de inúmeras empresas privadas do setor aeronáutico, como a própria Empresa Brasileira de Aeronáutica – Embraer.
Antes mesmo porém do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA formar os primeiros engenheiros aeronáuticos, surgiriam no país algumas iniciativas impulsionadas pelo anseio e apoio na industrialização aeronáutica de alta tecnologia, entre estas ganhava destaque a fundação da Industria Aeronáutica Aerotec S/A que fora erigida em 1962 na cidade de São José do Campos – SP, pelo empresário italiano Carlos Gonçalves, em conjunto com os engenheiros aeronáuticos Wladimir Monteiro Carneiro e Michel Cury. Esta nova empresa tinha por objetivo inicial ensaiar a produção de componentes de reposição básicos, para aeronaves civis de treinamento e turismo, segmento este que neste período atravessa um movimento de grande expansão. No entanto seus fundadores estavam atentos a todas as novas oportunidades de mercado, e entre estas vislumbrava-se a possível necessidade futura da Força Aérea Brasileira em proceder a modernização de suas aeronaves de treinamento básico, que neste momento sofriam com problemas de disponibilidade de frota e consequente obsolescência. Esta demanda do Ministério da Aeronáutica (MAer) deveria representar algo na ordem de pelo menos uma centena de novas aeronaves o que viria a despertar o interesse da empresa. Assim com base nesta possível oportunidade mercadológica, a equipe de projetos da Industria Aeronáutica Aerotec S/A, iniciaria o desenvolvimento de uma nova aeronave destinada a instrução primária. Como antevisto, durante a primeira metade da década de 1960, ficava claro para a Força Aérea Brasileira a clara necessidade emergencial de substituição dos seus treinadores holandeses Fokker T-21 e T-22 incorporados a frota da Escola de Aeronáutica (EAer) na década anterior, estavam apresentando problemas de disponibilidade de voo, gerando assim riscos a formação de novos pilotos.

Seguindo a diretiva estratégica de se fomentar o desenvolvimento de uma indústria de defesa nacional, decidiu-se que o substituto dos treinadores holandeses deveria ser projetado e fabricado no Brasil. Os parâmetros básicos para o desenvolvimento deste modelo deviam conceber uma aeronave de asa baixa de pequeno porte, com sua construção sendo totalmente composta em alumínio, com assentos lado a lado, alta manobrabilidade e trem de pouso triciclo. Este projeto tinha ainda por principal objetivo aliar características ideais de simplicidade, robustez e principalmente apresentar um baixo custo de operação. Ciente desta necessidade e primícias básicas de desenvolvimento, a Industria Aeronáutica Aerotec S/A, apresentaria para o Ministério da Aeronáutica (MAer) em fins de 1964,  seu projeto designado como A-122, que fora concebido pelos engenheiros Carlos Gonçalves e José Carlos de Sousa Reis. O conceito inicial da aeronave foi rapidamente validado, sendo liberada a construção do primeiro protótipo que seria concluído em abril de 1965. Agora sob a matrícula PP-ZTF, esta aeronave alçaria o primeiro voo nas instalações da empresa em 02 de junho do mesmo ano. Tratava-se de uma aeronave monomotora, metálica, biplace com assentos a lado a lado, duplo comando, asa baixa, trem de pouso triciclo e empenagem convencional, e estava equipado com um motor Lycoming O-300-B1, com quatro cilindros opostos horizontalmente, gerando uma potência de 100 hp. As primeiras avaliações indicariam a necessidade de se melhorar suas características aerodinâmicas, que resultavam em uma grande dificuldade para a aeronave sair de parafusos, característica essa que acabaria resultando em um acidente fatal, vitimando o piloto de testes. A fim de se sanar está a falha o projeto seria profundamente revisto, culminando na inclusão de uma quilha na parte posterior da fuselagem, eliminando assim esta falha. Neste processo verificou-se também necessidade de se aumentar a potência , resultando na troca do motor original por outro do mesmo fabricante agora na versão Lycoming 0-320-B1B, passando a  desenvolver 160hp de potência. 
Os dois primeiros exemplares de produção pré série voaram entre janeiro e abril de 1968, recebendo a denominação de Aerotec T-23 pela Força Aérea Brasileira. Além do Brasil a versão militar seria ainda exportada para a a Bolívia que efetuou um encomenda de 18 células em 1974  e para o Paraguai que em 1975 adquiriu 10 células, sendo que estes dois países receberiam mais células doadas pela Força Aérea Brasileira na década de 1980. A versão civil denominada A-122B foi comercializada somente em seu pais de origem, atingindo a produção de 51 aeronaves A partir de 1978 a Aerotec viria desenvolver um sucessor para o Aerotec T-23 , que passou a ser designado YT-17 Tangará, porém mudanças na sistemática de treinamento da Força Aérea Brasileira tornariam o Neiva T-25 Universal já em serviço como o sucessor natural ao Aerotec T-23. A partir de 1980 a Aerotec S/A passou a ser um importante fornecedor de componentes para a Embraer, sendo absorvida por esta empresa  em fins do ano de 1987.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
As primeiras duas aeronaves do lote de pré-produção, seriam empregadas em um amplo programa de ensaios em voo entre os meses de janeiro e abril de 1968, recebendo após o término deste processo a homologação final por parte do Centro de Tecnologia da Aeronáutica (CTA). A finalização deste estágio levaria ao plano de negociação junto ao fabricante para a aquisição inicial de trinta aeronaves do modelo agora designado pelo fabricante como Aerotec A122-A Uirapuru (em homenagem a uma rara ave da fauna amazônica). Este contrato seria então oficialmente assinado em setembro do mesmo entra a empresa e o Ministério da Aeronáutica (MAer), envolvendo também neste pacote o segundo protótipo (ex PP-ZTT encontra-se exposto no Museu Aeroespacial - Musal), e as duas aeronaves do lote de pré-produção. As quatro primeiras células  do lote de produção seriam concluídas nas instalações da Industria Aeronáutica Aerotec S/A,  em São José dos Campos no interior do estado de São Paulo em fevereiro de 1970. Desta maneira estes aviões seriam preparados para entrega oficial a Força Aérea Brasileira, com esta cerimônia ocorrendo na Academia da Força Aérea – AFA, na cidade de Pirassununga – SP, no dia 06 de março de 1970, com estas células portando as matrículas de “FAB 0940 á 0943”. Imediatamente os agora designados como T-23 Uirapuru, passaram a ser incluídos no programa de desenvolvimento da doutrina de formação básica dos cadetes, visando assim preencher a lacuna deixada em 1962, quando os Fokker T-21 e T-22 foram retirados do processo de instrução da antiga Escola de Aeronáutica (EAer), devido a identificação que em determinados segmentos de envelopes de voo estas aeronaves apresentavam indesejáveis características em termos de qualidade voo, que assim impactavam negativamente no processo de instrução básica dos novos pilotos militares.

A longo deste ano mais células seriam recebidas na Academia da Força Aérea (AFA), o que permitiria ativar de fato e direito o  1º Esquadrão de Instrução Aérea -  Esquadrilha Antares e o 2º Esquadrão de Instrução Aérea - Esquadrilha Castor. Nestes esquadrões os cadetes receberiam instrução em manobras de precisão, acrobacias, vôos de formatura e por instrumentos, com setenta e cinco horas de voo no avião de treinamento primário - básico. Neste momento a aeronave passou a ser carinhosamente apelidada de Aerotec T-23 Zarapa, recebendo muitos elogios por parte dos instrutores e cadetes. Um segundo contrato foi firmado entre Ministério da Aeronáutica (MAer) e a Industria Aeronáutica Aerotec S/A prevendo a aquisição de mais vinte e sete aeronaves, que passariam a ser recebidas a partir de 1971 que passariam a portar as matrículas "FAB 0972 á 0999". Neste momento as aeronaves iniciais do lote de pré-produção foram transferidas para Parque de Material Aeronáutico de  Lagoa Santa (PAMALS), sediada na cidade homônima no interior de Minas Gerais, onde passariam a atuar como aeronaves orgânicas para missões de transporte e ligação tendo em vista que esta organização era o parque apoiador da aeronave. O recebimento deste segundo lote permitiria disponibilizar a aeronave para a dotação do Centro de Formação de Pilotos Militares (CFPM) sediado na Base Aérea de Natal no estado do Rio Grande do Norte, onde seriam incluídos no processo de formação de pilotos. No Centro de Formação de Pilotos Militares (CFPM), os Aerotec T-23 Uirapuru foram inseridos no programa de instrução, com as atividades se iniciando em março de 1971. O Curso de Piloto Militar teria a duração de dez meses, com o estágio básico realizado na aeronave brasileira, e o estágio avançado a cargo dos T-37C Tweety Bird. 
Em 1973, os jatos norte-americanos seriam transferidos para a Academia da Força Aérea (AFA), onde comporiam com os Neiva T-25 Universal e Aerotec T-23 Uirapuru o processo de formação daquela escola. Neste momento no Centro de Formação de Pilotos Militares (CFPM), os Neiva T-25 Universal passariam a executar as tarefas do Estágio Avançado. Em 1971, face aos trabalhos desenvolvidos pelo Estado-Maior da Aeronáutica (EMAer), seguindo a determinação de atender a demanda de “necessidade inadiável de aumentar os efetivos do Centro de Formação de Pilotos Militares”, o comando do Ministério da Aeronáutica (MAer), por meio do Aviso Ministerial nº R-033/GM4, em 22 de novembro de 1971, recomendaria aos Comandantes Gerais do Pessoal e de Apoio, e ao Comandante do Centro de Formação de Pilotos Militares, que todas as aeronaves Aerotec T-23 Uirapuru, adquiridas fossem entregues com a maior urgência possível ao Centro de Formação de Pilotos Militares (CFPM), com a exceção da permanência de uma aeronave junto ao Centro de Tecnologia da Aeronáutica (CTA) para ser empregada como aeronave de ensaios em voo. Esta recomendação seria atendida, e a partir de janeiro de 1972 esta organização passou a conter com substancial reforço de meios aéreos, o que muito contribuiria para que a instrução aérea se desenvolvesse sem maiores dificuldades. No ano de 1973, a conclusão da construção de toda a infraestrutura das instalações da Academia da Força Aérea (AFA), permitiriam que esta nova escola passasse a se incumbir das atividades que, desde 1970, eram desenvolvidas no Centro de Formação de Pilotos Militares (CFPM). Esta operação geraria a conveniência de se concentrar, em um só lugar, toda a atividade relativa à formação dos oficiais aviadores da Força Aérea Brasileira, permitindo assim desativar a partir de 1974 o Centro de Formação de Pilotos Militares (CFPM).

Desta maneira a Academia da Força Aérea (AFA) passaria a concentrar toda a frota das aeronaves Aerotec T-23 Uirapuru, porém neste momento a frota remanescente se mostrava perigosamente critica  em termos de células para a manutenção do programa de formação dos novos cadetes. Assim a fim de atender a esta demanda, o Ministério da Aeronáutica (MAer), exerceria uma opção de compra, envolvendo um contrato de mais quarenta em duas aeronaves em 1974.  Estas novas células passariam a ser entregues a partir do início do ano seguinte, onde seguiram em sua nobre missão de instrução primaria junto ao 1º EIA - Esquadrilha Antares e a  2º EIA - Esquadrilha Castor.  Ao longo deste período os Aerotec T-23 Uirapuru seriam submetidos a diversos programas básicos de modernização, que seriam realizados pelo Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa (PAMA LS), apresentando assim sempre ótimos níveis operacionalidade da frota. Em 1977 a Força Aérea Brasileira, concluiria que a aeronave mesmo apresentando limitações pertinentes ao seu envelope de voo e manobrabilidade, ainda poderia contribuir nos próximos anos no programa de formação, pois tais características de voo não seriam necessárias nas fases iniciais da instrução. Porém se fazia necessário promover a atualização de seus sistemas, criando assim desde o início para os cadetes uma melhor familiaridade com a aviônica básica que iriam no futuro confrontar nas aeronaves de primeira linha. Assim em meados de 1977,  seriam conduzidos estudos para um abrangente programa de retrofit estrutural e atualização de sistemas comunicação e a navegação, incluindo a adoção de sistema GPS. Este programa seria aprovado, sendo selecionadas quarenta e cinco células melhores condições estruturais e com menos horas de voo, que deveriam ser submetidas a um processo de modernização, sendo posteriormente transladadas as instalações da Industria Aeronáutica Aerotec S/A.
Em termos de visual a característica mais marcadas aeronaves que emergiriam deste programa seria evidenciada pela substituição da cobertura da nacele original, sendo incorporado um conjunto mais aerodinâmico, com esta nova “versão” recebendo a designação de T-23B Uirapuru. No início da década de 1980 o advento da introdução de modernas aeronaves nas unidades de linha de frente da Força Aérea Brasileira, clarificaria que o processo de instrução e formação ministrado pela Academia da Força Aérea (AFA) deveria ser aprimorado. Uma análise mais apurada, classificaria o T-23B Uirapuru como inadequado para se manter nas tarefas de instrução básica, pois além de carregar o peso da idade das células, também apresentava o envelope mínimo de voo necessário a este novo cenário. Desta maneira decidiu-se pela retirada gradual dos modelos em operação, neste período a Academia da Força Aérea (AFA) começava a receber a aeronave Embraer T-27 Tucano, o que permitiria então alocar os Neiva T-25 Universal no estágio de instrução básica. Assim em 01 de outubro de 1984 seria realizada na Academia da Força Aérea (AFA) a cerimônia oficial de desativação do Aerotec T-23B Uirapuru como aeronave de treinamento. Destas quatro células seriam convertidas em rebocadores de planadores operando em proveito do Clube de Voo a Vela (CVV-AFA), se mantendo em serviço até o recebimento de mais unidades dos Embraer Neiva Ipanema. Cerca de vinte células seriam transferidas para o Departamento de Aviação Civil (DAC) que promoveria a doação dessas aeronaves para diversos aeroclubes brasileiros, permanecendo em uso até os dias de hoje.

Em Escala.
Para representarmos o Aerotec T-23 "FAB 1739" pertencente a Academia da Força Aérea (AFA), empregamos o kit em resina da GIIC Modelos na escala 1/48, modelo de fácil construção e bem detalhado. Como aprimoramento do conjunto adicionamos o piloto oriundo de outro kit na mesma escala.  Utilizados decais confeccionados pela própria GIIC Models que estão presentes no set original do modelo.

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura empregado nas aeronaves de instrução primaria e básica da Forca Aérea Brasileira, sendo empregado no Centro de Formação de Pilotos Militares (CFPM) e na Academia da Força Aérea (AFA). Em toda a sua carreira os T-23 Uirapuru ostentaram apenas este esquema de pintura, desde seu recebimento em 1970 até sua retirada de serviço ativo em 1984.


Bibliografia:

- Aerotec T-23 Uirapuru   Wikipédia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Neiva_T-25
- Centro de Formação de Pilotos Militares – Instituto Histórico Cultural da Aeronáutica
- Aeronaves Militares Brasileiras – Jackson Flores Junior
- História da Força Aérea Brasileira - Prof. Rudnei Dias Cunha

McDonnel Douglas TA-4KU AF-1B


História e Desenvolvimento. 
No início da década de 1950, as aeronaves a reação começaram a substituir os caças e aeronaves de ataque equipados com motores a pistão nas forças aéreas das principais potencias militares, tendência também enfatizada pelo comando da aviação naval da  Marinha dos Estados Unidos (US Navy). Nesse período, a força naval norte-americana contava com dezenas de porta-aviões de médio e pequeno porte, enquanto projetos para a construção de porta-aviões de grande porte já estavam em andamento, que apresentariam capacidade para operar aeronaves de grande porte. Nesse contexto, o comando da aviação naval lançou uma concorrência para o desenvolvimento de uma nova aeronave de ataque de pequeno porte, destinada a operações embarcadas que pudesse equipar seus navios aeródromos de pequeno e médio porte. Os requisitos estabelecidos para o projeto incluíam: raio de ação mínimo de 555 km, velocidade máxima de até 805 km/h, peso máximo de 13.600 kg e capacidade de transportar até 1.908 kg de carga útil, convencional ou nuclear. Além disso, a aeronave deveria apresentar baixo custo de aquisição e operação, com o objetivo de substituir os monomotores a pistão Douglas A-1 Skyraider nas missões de ataque. Em janeiro de 1952, a Douglas Aircraft Company apresentou sua proposta, desenvolvida sob a liderança do renomado engenheiro-chefe Edward Henry Heinemann. O projeto consistia em uma aeronave compacta, projetada para operar em porta-aviões de médio e pequeno porte. Com peso de apenas 5.440 kg — metade do especificado —, a aeronave alcançava uma velocidade máxima de 950 km/h e podia transportar uma carga útil de 2.250 kg, incluindo variada gama armamentos, inclusive nucleares. Sua área alar, de apenas 8,38 m², eliminava a necessidade de asas dobráveis para armazenamento em porta-aviões, reduzindo a complexidade de sistemas hidráulicos e elétricos e barateando o custo de manutenção. O primeiro protótipo, equipado com o motor turbojato Curtiss-Wright J65, realizou seu voo inaugural em 22 de junho de 1954, na Base da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) em Edwards, Califórnia. Após um programa inicial de ensaios em voo bem-sucedidos, foi assinado um contrato para a produção de 18 aeronaves de pré-série, designadas YA4D-1, que foram destinadas ao desenvolvimento final do projeto. Concluída essa etapa, celebrou-se um contrato para a aquisição de 500 aeronaves, ao custo unitário de US$ 860.000, valor inferior ao teto estipulado originalmente na concorrência, de US$ 1.000.000.

A primeira versão de produção da aeronave, designada A-4A Skyhawk, era equipada com dois canhões Colt Mk 12 de 20 mm, com capacidade para 100 disparos por arma. A aeronave podia ser configurada com uma ampla variedade de armamentos, incluindo bombas de queda livre, foguetes não guiados, mísseis ar-terra e ar-ar, além de uma bomba termonuclear de pequeno porte. As unidades iniciais foram destinadas aos esquadrões aeronavais VA-72 e VMA-224 da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), com o objetivo de facilitar a adaptação e a conversão dos pilotos para a nova aeronave. Após a conclusão desse processo, as aeronaves foram alocadas diretamente às unidades embarcadas em porta-aviões de pequeno porte, equipando esquadrões de ataque leve. Essa integração conferiu a esses navios uma capacidade de ataque até então inexistente, uma vez que não podiam operar aeronaves de maior porte, como o McDonnell Douglas F-4 Phantom II ou o Vought F-8 Crusader. As primeiras missões dos A-4A Skyhawk concentraram-se na proteção aérea de aeronaves de guerra antissubmarino (ASW) baseadas em porta-aviões médios da classe Essex. As versões A-4A e A-4B não possuíam sistema de radar, sendo direcionadas aos alvos por meio de vetoração realizada a partir de navios da frota ou por aeronaves de alerta aéreo antecipado Grumman E-1 Tracer AEW. O A-4 Skyhawk também foi pioneiro na implementação de um sistema de reabastecimento aéreo tático, reduzindo a dependência de aviões-tanque dedicados de grande porte. Nesse sistema, uma aeronave A-4B configurada para reabastecimento, equipada com um “buddy store” — um tanque externo de combustível com um carretel de mangueira e uma caçamba de reabastecimento extensível —, era lançada sem armamento. Já as aeronaves de ataque eram configuradas com carga máxima de armamentos e recebiam combustível até o limite de peso máximo de decolagem, inferior à capacidade total do tanque. O batismo de fogo do A-4 Skyhawk ocorreu no Sudeste Asiático, onde a aeronave se destacou como o principal vetor de ataque leve da Marinha dos Estados Unidos durante os primeiros anos da Guerra do Vietnã, sendo empregada em missões contra alvos no Vietnã do Norte. Em 1º de maio de 1967, um A-4C Skyhawk do esquadrão VA-76, embarcado no porta-aviões USS Bon Homme Richard, abateu um MiG-17 da Força Aérea do Vietnã do Norte utilizando um foguete Zuni não guiado, marcando a única vitória aérea da aeronave nesse conflito. Posteriormente, os A-4 Skyhawk começaram a ser substituídos pelo Vought A-7 Corsair II nas missões de ataque da Marinha. Contudo, a aviação do Corpo de Fuzileiros Navais (USMC) manteve a aeronave em serviço em todos os seus esquadrões de ataque. Notavelmente, um A-4E Skyhawk foi responsável pelo lançamento das últimas bombas norte-americanas na Guerra do Vietnã.
O McDonnell Douglas A-4 Skyhawk passou a atrair o interesse de diversas nações, especialmente aquelas que operavam porta-aviões menores e mais antigos, remanescentes da Segunda Guerra Mundial, o que resultou na assinatura dos primeiros contratos de exportação para a Argentina e Austrália que operavam navios aeródromos britânicos. Dentre os operadores internacionais, Israel destacou-se como o maior usuário externo, processo iniciado em 1966, quando a França, até então principal fornecedora de equipamentos militares do país, impôs severas restrições à venda de material bélico. Esse cenário levou o governo israelense a intensificar sua aproximação com os Estados Unidos, culminando na implementação de um programa de assistência militar mais robusto. Nesse contexto, o McDonnell Douglas A-4 Skyhawk foi a primeira aeronave oferecida à Força Aérea de Israel (IAF), com as entregas ocorrendo logo após a Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967. Localmente designadas como Ayit (termo hebraico para "Águia"), essas aeronaves apresentavam um custo de aquisição equivalente a apenas um quarto do valor de um McDonnell Douglas F-4 Phantom II, com a capacidade de transportar uma carga bélica superior. Essa relação custo-benefício levou Israel a adquirir mais de 200 unidades, consolidando o A-4 como a espinha dorsal de sua força de ataque ao solo. Durante a Guerra do Yom Kippur, em 1973, os A-4 Skyhawk desempenharam um papel central, executando o maior número de missões de ataque terrestre da campanha. Contudo, a alta exposição resultou em perdas significativas, com pelo menos nove aeronaves abatidas por caças MiG-21 e MiG-17 da coalizão árabe e por fogo antiaéreo. Para recompor essas perdas, os Estados Unidos implementaram, no final de 1973, a Operação Nickel Grass, que envolveu a transferência de aeronaves usadas da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) para Israel. Uma versão específica, designada A-4H, foi desenvolvida para atender às necessidades de Israel. Essa variante incorporava aviônicos mais avançados, o motor Pratt & Whitney J52-P-8A com maior empuxo e canhões DEFA de 30 mm, substituindo os Colt Mk.12 de 20 mm. Visualmente, o A-4H distinguia-se por uma "corcova" que abrigava os novos sistemas eletrônicos e por um tubo de escape estendido, modificação local destinada a aumentar a proteção contra mísseis terra-ar guiados por calor. Ao todo, 90 unidades dessa versão foram entregues e empregadas em diversos conflitos. Em 2008, foi iniciado um processo de desativação gradual dos A-4 Skyhawk, que foram substituídos nas missões de ataque pelos caças General Dynamics F-16 Fighting Falcon. Temporariamente, as aeronaves remanescentes foram destinadas a missões de treinamento, até serem definitivamente retiradas de serviço a partir de 2014, quando foram substituídas pelos aviões italianos Alenia Aermacchi M-346 Master.

Embora o Douglas A-4 Skyhawk tenha desempenhado um papel significativo na Força Aérea de Israel (IAF), o primeiro cliente de exportação foi a Argentina, que assinou, em 1965, um contrato para a aquisição de 25 aeronaves da versão A-4B para operação embarcada. Em 1970, um novo acordo resultou na entrega de igual quantidade de unidades. Todas essas aeronaves, provenientes de unidades ativas da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), foram revisadas pela Lockheed Service Company e redesignadas como A-4P. Em 1976, um terceiro contrato foi firmado para a compra de 25 unidades da versão A-4C, destinadas a substituir os caças North American F-86 Sabre em missões de intercepção. Essa foi a primeira variante argentina equipada para operar mísseis ar-ar AIM-9B Sidewinder. Devido ao seu porte compacto e agilidade, o A-4 Skyhawk foi selecionado para substituir os caças Grumman F9F Panther e Grumman F9F Cougar no porta-aviões ARA Veinticinco de Mayo V2 (Ex HMS Venerable) , da Marinha Argentina (Armada). Para atender a essa demanda, foram adquiridas 16 unidades da versão A-4Q, entregues a partir de 1971. Apesar dos embargos impostos pelos Estados Unidos ao governo militar argentino a partir do final da década de 1970, essas aeronaves tiveram destacada atuação no conflito das Malvinas (Falklands), entre abril e junho de 1982. Durante o conflito, 48 aeronaves das versões A-4P, A-4C e A-4Q foram empregadas em missões de ataque contra a frota britânica, resultando no afundamento do destróier Tipo 42, HMS Coventry e das fragatas Tipo 21, HMS Antelope e HMS Ardent, além de causar sérios danos a outros navios. Contudo, 22 dessas aeronaves foram abatidas por caças BAE Sea Harrier FRS1 da Marinha Real Britânica (Royal Navy), Harrier GR.3 da Força Aérea Real (RAF), artilharia antiaérea e mísseis terra-ar britânicos instalados nas ilhas após o desembarque. Depois do término do conflito, as celulas remanescentes foram modernizadas por meio do programa Halcón, permanecendo em serviço até 1999, quando foram substituídas por 36 aeronaves modernizadas da versão Lockheed Martin OA/A-4AR Fightinghawk. Além da Argentina, outras nações com porta-aviões de pequeno porte de origem britânica, como Austrália e Nova Zelândia, também operaram versões do Douglas A-4 Skyhawk em seus grupos aéreos embarcados durante as décadas de 1970 e 1980.
A variante de treinamento e conversão, inicialmente designada TA-4 Skyhawk, foi introduzida em 1956 com o objetivo de proporcionar à Aviação Naval da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) uma aeronave dedicada à formação e conversão de pilotos para as versões monoplaces do A-4. Essa variante evoluiu a partir de um lote de pré-série do modelo A-4B, previamente adaptado para fins de treinamento. O TA-4 Skyhawk preservava todas as funcionalidades e capacidades operacionais da versão de ataque monoplace, o que contribuía significativamente para o aprimoramento do aprendizado dos futuros pilotos navais. Além de atender à demanda de conversão, a variante TA-4J Skyhawk também foi concebida para substituir os treinadores avançados embarcados Grumman TF-9J Cougar, consolidando-se como o padrão para instrução avançada na Aviação Naval. Nesse papel, permaneceu em serviço até o início da década de 1990, quando começou a ser gradualmente substituído pelo moderno jato de treinamento McDonnell Douglas T-45 Goshawk. A última variante produzida especificamente para as forças armadas dos Estados Unidos, composta pelos modelos A-4M e TA-4M Skyhawk, representou o ápice tecnológico da família A-4. Essas aeronaves foram operadas majoritariamente pelos esquadrões de ataque da aviação do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps). A produção final da linha foi destinada a uma encomenda da Força Aérea do Kuwait (al-Quwwat al-Jawwiya al-Kuwaitiya), que incluiu 30 unidades monoplaces A-4KU Skyhawk e seis unidades biplaces TA-4KU. A fabricação do A-4 Skyhawk foi encerrada em fevereiro de 1979, com um total de 565 aeronaves da versão de treinamento entregues a operadores em países como Estados Unidos, Argentina, Brasil, Singapura, Austrália, Indonésia, Israel, Kuwait, Malásia e Nova Zelândia.

Emprego na Marinha do Brasil.
Em 26 de janeiro de 1965, o Decreto-Lei nº 55.627 proibiu a Aviação Naval da Marinha do Brasil de operar aeronaves de asa fixa, determinando a transferência de seus vetores e pessoal para o Ministério da Aeronáutica (MAer). Essa restrição permaneceu em vigor até o final da década de 1990, quando os últimos Grumman S-2E Tracker (P-16E) da Força Aérea Brasileira (FAB) foram desativados. A retirada dessas aeronaves gerou uma lacuna operacional nas atividades de aviação embarcada, criando uma oportunidade para que o almirantado buscasse a revogação da chamada “Lei da Asa Fixa”. Os esforços nesse sentido culminaram em 8 de abril de 1998, com a promulgação do Decreto Presidencial nº 2.538, que restaurou à Marinha do Brasil o direito de operar aeronaves de asa fixa. A única condição estipulada era que essas aeronaves fossem empregadas primariamente a bordo de um navio-aeródromo da esquadra. Nesse novo contexto, o navio-aeródromo brasileiro A-11 Minas Gerais, embora modernizado diversas vezes ao longo de sua carreira, havia sido projetado com base em conceitos da década de 1940, voltados para o embarque de aeronaves de pequeno porte equipadas com motores a pistão. Essas características impunham limitações significativas para a operação de jatos de alto desempenho, devido ao tamanho reduzido da pista e à capacidade limitada das catapultas. Tais restrições operacionais influenciaram diretamente a escolha de aeronaves adequadas. Inicialmente, o comando da Aviação Naval demonstrou preferência pelos jatos de ataque franceses (novos ou mesmo usados) Dassault-Breguet Super Étendard, que se adequavam às limitações operacionais do A-11 Minas Gerais e possuíam comprovada experiência em combate. Contudo, a proposta francesa excedia a capacidade orçamentária da Marinha do Brasil, tornando a aquisição de cinco a dez aeronaves totalmente inviável. Diante desse cenário, a alternativa mais viável recaiu sobre a família Douglas A-4 Skyhawk, que já contava com um histórico bem-sucedido de operação em navios-aeródromos de pequeno porte semelhantes ao brasileiro. Foram realizadas consultas internacionais para identificar oportunidades de aquisição, resultando em uma concorrência prontamente atendida pela The Boeing Company. A empresa ofereceu um lote de aeronaves McDonnell Douglas A-4KU e TA-4KU Skyhawk em bom estado de conservação, provenientes do governo do Kuwait, que as devolveu como parte do pagamento por um lote de caças multifuncionais McDonnell Douglas F/A-18 Hornet. 

Negociações entre o governo brasileiro e a The Boeing Company resultaram em uma proposta de US$ 70 milhões, abrangendo a aquisição de 20 aeronaves monoplaces A-4KU Skyhawk e três biplaces TA-4KU, além de um amplo estoque de peças sobressalentes, treinamento e um pacote de armamentos, incluindo mísseis ar-ar Raytheon AIM-9L Sidewinder. As versões A-4KU e TA-4KU estavam entre as mais avançadas da família A-4, sendo derivadas do A-4M Skyhawk II, desenvolvido para missões de ataque do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC). Embora desprovidas de capacidades para ataque nuclear, lançamento de mísseis antirradiação ou uso de bombas guiadas por TV, essas aeronaves incorporavam o moderno sistema Hughes ARBS (Angle Rate Bombing System), para designação de alvos no solo, e podiam operar mísseis AGM-65 Maverick. Equipadas com o motor turbojato Pratt & Whitney J52-P408, que fornecia 11.200 libras de empuxo, as unidades haviam sido produzidas entre 1977 e 1979, com uma média de apenas 1.700 horas de voo, o que as classificava como relativamente novas e com significativa vida útil remanescente. Algumas dessas aeronaves participaram ativamente da Primeira Guerra do Golfo, operando a partir de bases na Arábia Saudita contra forças iraquianas. Uma comissão de oficiais da Marinha do Brasil foi enviada ao Kuwait para selecionar, entre a frota disponível, as 20 unidades monoplaces e três biplaces. Após a escolha, as aeronaves foram revisadas, desmontadas e preparadas para transporte marítimo, chegando ao porto do Rio de Janeiro em 5 de setembro de 1998. Paralelamente, foi determinada a criação de uma unidade especializada para operar os novos jatos de ataque, culminando, em 2 de outubro de 1998, na ativação do 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1), sediado no complexo militar de São Pedro da Aldeia, no Rio de Janeiro. O treinamento dos pilotos foi estruturado em duas fases. A primeira etapa envolveu a participação da Força Aérea Brasileira, utilizando suas unidades de instrução. A segunda etapa foi conduzida nos Estados Unidos, na Estação Aeronaval de Kingsville (Naval Air Station Kingsville), no Texas. Nesse período, os oficiais aviadores brasileiros realizaram qualificações para pouso em porta-aviões e treinamento no emprego de sistemas de armamento, utilizando aeronaves de treinamento avançado McDonnell Douglas T-45 Goshawk.
No dia 26 de maio do ano 2000 ocorreria o primeiro voo de um Douglas A-4KU Skyhawk conduzido por um oficial aviador da Marinha Brasileira. Entre os dias 11 e 13 de setembro do mesmo ano seriam realizados os primeiros toques e arremetidas no convoo do navio aeródromo brasileiro, e por fim entre os dias 18 e 21 de janeiro de 2001 foram realizados os primeiros pousos e catapultagens a bordo do A-11 Minas Gerais. As operações do esquadrão 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1), não se estenderiam por muito tempo junto ao velho A-11 Minas Gerais, pois no final do ano de 2001, o governo brasileiro negociou junto ao governo francês a aquisição do navio aeródromo R-99 Foch com finalidade de substituir o veterano navio com mais de cinquenta anos de uso. Estes jatos de ataque agora designados como AF-1 Skyhawk passariam embarcar no novo navio aeródromo A-12 Sao Paulo, tão logo este foi declarado operacional.  Em dezembro, dois AF-1A Skyhawk partiram de base aeronaval de São Pedro D´Aldeia, com destino a Base Aérea de Natal a fim de realizarem os primeiros disparos reais com os mísseis AIM-9H Sidewinder, que haviam sido revisados e revalidados pelas empresas nacionais Mectron S/A, Avibrás S/A e Imbel. Todos os lançamentos seriam bem-sucedidos, e agora o 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1) seria homologado para plena operação.  A Marinha do Brasil tinha como objetivo manter apenas quinze aeronaves operacionais para compor parte do Grupo Aéreo Embarcado, e mesmo assim em um determinado momento, um total de vinte células se encontravam em condições de vôo.  Contudo ao longo dos anos, está disponibilidade gradativamente seria reduzida, principalmente devido às restrições orçamentárias impostas às Forças Armadas pelo Governo Federal. Com a baixa disponibilidade operacional, os pilotos infelizmente foram perdendo suas qualificações, com as operações embarcadas ficando cada vez mais raras. Como solução racional o comando do esquadrão decidira por manter a operação constante de todas os modelos biplaces AF-1B Skyhawk, possibilitando assim dois aviadores navais poderem compartilhar suas parcas horas de vôo. Aeronaves estas que curiosamente não seriam empregadas nas operações embarcadas. Decisão está facilmente justificável por só haver três aeronaves deste modelo na frota da Marinha do Brasil, optando assim não as operar no navio-aeródromo A-12 São Paulo, para assim minimizar os riscos dessas aeronaves sofrerem algum acidente e serem perdidas. 

Transcorridos treze anos da incorporação das aeronaves, o Comando da Força Aeronaval (ComForAerNav) decidiu realizar um extenso programa de modernização nas células remanescentes McDonnell Douglas A-4KU e TA-4KU Skyhawk. Para o atendimento desta demanda celebrado no dia 14 de abril de 2000 com a empresa brasileira Embraer S/A, um contrato de modernização envolvendo inicialmente de doze aviões. Além do retrofit estrutural e revitalização do Piloto Automático (que possibilitaria ao piloto gerenciar seus sistemas, permitindo maior concentração na missão imposta), seriam instalados sistemas de defesa passiva e ativa como o Radar Warning Receiver (RWR), que possibilitaria à aeronave detectar e se evadir de ameaças, como mísseis e caças inimigos, resultando no aumento da capacidade de sobrevivência da aeronave e a probabilidade de sucesso nas missões. Também seria adotado  um terceiro Rádio VHF com capacidade de operação dos rádios ROHDE SCHWARZ na transmissão de dados via data-link,  integração do radar altímetro e do TACAN que facilitaria ao piloto focar a sua atenção em apenas um instrumento (com a tela do CMFD concentrando  todas estas informações) aumentando assim sua consciência situacional, quando operando do porta-aviões e quando voando em condições de voo por instrumento, integração instrumentos do motor: possibilita ao piloto receber os avisos aurais dos limites de funcionamento do motor, concentração das informações em uma única tela e melhor visualização das informações dos indicadores; e, estações de briefing e debriefing: possibilita às piloto condições de preparar melhor a missão, garantindo assim um maior aproveitamento, economia de utilização dos equipamentos aviônicos, melhor disposição das informações geradas em vôo para treinamento das equipagens e avaliação das missões. O primeiro protótipo matriculado AF-1B N-1011, voou no dia 17 de julho de 2013, e após ensaios de aprovação, foi determinado que as demais aeronaves fossem encaminhadas para a Embraer, com a primeira célula sendo entregue formalmente em 26 de maio de 2014. As restrições orçamentárias, no entanto, postergaram o processo de entrega das demais aeronaves e precoce desativação do navio aeródromo A-12 São Paulo levou o Comando da Força Aeronaval a rever a totalidade das aeronaves a serem modernizadas. 
A última aeronave modernizada pertencente ao modelo AF-1C seria entregue pela Embraer S/A  á Marinha do Brasil no dia 20 de abril de 2022. Ao todo, seriam modernizadas sete aeronaves, sendo cinco AF-1B monoplace e dois AF-1C biplace. Estas aeronaves permitiriam a Aviação Naval operar um vetor aéreo no estado da arte, com estas podendo serem também empregadas em operações de inteligência ao acompanhar alvos de superfície.  Destacavam-se algumas funcionalidades do novo radar israelense EL/M 2032, como os modos de operação: ar-ar, ar-mar, ar-solo e navegação, cuja principal tarefa é detectar e rastrear alvos aéreos e de superfície, além de fornecer a distância ar-solo para o subsistema de pontaria de armas. No modo TWS (Tracking While Scan) podem ser localizados e rastreados automaticamente sessenta e quatro alvos de superfície ou terrestres simultaneamente e no modo SAR (Synthetic Aperture Radar) seria possível fazer o mapeamento terrestre em missões de reconhecimento. Essas capacidades, aliadas as existentes nos radares 997 Artisan do Porta-Helicópteros Multipropósito “Atlântico”, permitirão o cumprimento de missões de interceptação e ataque, na defesa aérea da Força Naval, com maior eficiência. Apesar da retirada do do navio aeródromo A-12 São Paulo e da existência de uma reduzida frota, o intuito da operação das aeronaves modernizadas era o de manter a doutrina operacional da arma de ataque aéreo de asas fixas, até que estes jatos de ataque possam vir a ser substituídos em um futuro próximo. 

Em Escala.
Para representarmos o Douglas AF-1A Skyhawk "MB 1021" optamos pelo antigo kit da Monogram (reeditado posteriormente pela Revell) na escala 1/48. Como modelo original refere-se a versão OA-4M, a customização para o modelo TA-4KU requer modificações, principalmente na remoção de sensores e antenas de aviônica espalhados por toda a fuselagem. Empregamos decais de excelente qualidade do fabricante FCM Decal presentes no antigo set 48/044.

O esquema de cores  (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático empregado em todos  A4-KU e TA-4KU recebidos pela Marinha do Brasil, somente o AF-1  de matricula 1001 receberia um padrão de pintura diferenciado na cor  cinza FS-26187, aplicado somente para a cerimônia  de apresentação das aeronaves no dia 2 de outubro de 1998 durante as comemorações do 82º Aniversário da Aviação Naval. Já as aeronaves modernizadas passariam a apresentar um padrão de pintura de baixa visibilidade com as marcações em low wiz.

Bibliografia :

- Revista Força Aérea Número 13   - Luciano Melo Ribeiro
- Revista Força Aérea Número 21 - Eduardo Baruffi Valente
- Asas Sobre o Mares - Aviação Naval Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha
- McDonnell Douglas A-4 Skyhawk - Wikipedia - http://pt.wikipedia.org/wiki/McDonnell_Douglas_A-4_Skyhawk
- Poder Naval - www.naval.com.br , Alexandre Galante

Neiva T-25 Universal


História e Desenvolvimento. 
A Indústria Aeronáutica Neiva Ltda, seria fundada em na cidade do Rio de Janeiro, no doa 12 de outubro de 1945, pelo empreendedor e engenheiro José Carlos de Barros Neiva. Esta iniciativa tinha por objetivo atender a demanda de substituição da frota brasileira de planadores, que nesta época estava  formada por aeronaves majoritariamente de origem alemã, e que foram incorporadas aos aeroclubes brasileiras durante a década de 1930. Desta maneira este processo seria uma resposta a um programa governamental seria conhecido como "Campanha Nacional de Aviação" e tinha por primícias básica fomentar a indústria aeronáutica nacional. A estratégia de José Carlos de Barros Neiva se baseava em desenvolver uma aeronave que apresentasse as mesmas características de voo do planador alemão Grunau Baby, que em sua configuração biplace era extensivamente utilizado no Brasil. O protótipo designado como Neiva B. Monitor, portando a matrícula PP-PCB realizaria seu primeiro voo em dezembro de 1945, recebendo sua certificação oficial no início do ano seguinte e sua inclusão naquele importante programa de fomento. Desta maneira seria celebrado com a empresa um primeiro contrato envolvendo a compra do protótipo e mais vinte aeronaves deste modelo, que após serem recebidos pelo Departamento de Aviação Civil (DAC), seriam distribuídos a diversos aeroclubes espalhados pelo país. No final da década de 1950, uma variante designada como Neiva B "Monitor Modificado", seria construída fazendo uso de materiais alternativos em substituição a madeira.  Nos anos seguintes novos planadores seriam desenvolvidos e lançados no mercado, porém a empresa ganharia notoriedade a partir de 1956, quando adquiriu os direitos de fabricação do treinador Paulistinha CAP-4, período no qual transferiria sua linha de produção para a cidade de Botucatu no interior do estado de São Paulo.  Nestas novas instalações, a produção ultrapassaria a cifra de duzentas e sessenta aeronaves dispostas em várias versões aprimoradas,  como o Neiva Paulistinha 56 ou Neiva 56. Na década de 1960 atendendo a dispositivos do “Programa de Fortalecimento da Industria de Defesa Nacional” a empresa seria contratada pelo Ministério da Aeronáutica (MAer), para o desenvolvimento de uma aeronave leve dedicada a missões de ligação e observação, com a finalidade de substituir antigos modelos da Piper L-4 Cub e Cessna 305 Bird Dog, então em serviço na Força Aérea Brasileira. Este processo levaria a criação dos modelos U-42 e L-42 Neiva Regente, que representariam os primeiros aviões totalmente metálicos desenvolvidos e produzidos no Brasil. 

Neste mesmo período, o processo de treinamento e formação de novos pilotos militares realizados junto a Escola de Aeronáutica (EAER), estava baseada no binômio formado pelas aeronaves Fokker T-21 e North American T-6 Texan. Apesar de representarem modelos robustos e confiáveis, ficava nítido que estes dois aviões já encontravam defasados para aplicação do processo de treinamento para os cadetes, que ocupariam a seguir o posto de comando em aeronaves de primeira muito mais modernos e capazes. Pesava também sobre estes modelos, a preocupante tendencia de no aumento dos índices de disponibilidade da frota, com este fator se dando principalmente devido a escassos estoques de peças de reposição. Assim a fim de solucionar este problema através da substituição destes vetores, em janeiro de 1962, o Ministério da Aeronáutica (MAer), definiria as especificações básicas para o desenvolvimento e aquisição de uma aeronave de treinamento primário e uma para o estágio avançado. Este processo receberia uma classificação emergencial, apresentado um cronograma de curto e médio prazo para sua efetivação.  A opção de escolha do treinador primário, devido a sua performance básica recairia sobre uma solução nacional, que acabaria evoluindo para projeto do Aerotec T-23 Uirapuru, que entraria em serviço a partir do ano de 1969. Porém para a fase de treinamento avançado, os anseios dos oficiais brasileiros apontavam para a escolha do moderno  Beechcraft T-34 Mentor, mas esta opção se mostraria acima da dotação orçamentaria prevista pelo Ministério da Aeronáutica (MAer) para este programa naquele momento, tendo em vista a necessidade de aquisição de um grande lote destas aeronaves. Assim novamente os esforços retornariam ao estudo de uma solução nacional, envolvendo o desenvolvimento de uma aeronave mais simples, que apresentasse um menor custo final de aquisição e operação, se ajustando assim a realidade orçamentaria. Neste contexto a Sociedade Construtora Aeronáutica Neiva Ltda, seria convidada a participar deste programa, apresentando estudos referentes a estes objetivos, felizmente, se antevendo ao mercado e visando aumentar seu portfólio, a empresa ja estava empenhada em um programa semelhante. Esta missão estava a cargo de uma grande equipe de técnicos liderados pelo engenheiro e projetista húngaro radicado no Brasil, Joseph Kovacks. 
Com base no projeto em desenvolvimento e formatado pelas especificações emitidas Ministério da Aeronáutica (MAer), surgiria o primeiro modelo que receberia a designação de "Neiva 621", aeronave esta que apresentava linhas elegantes, inspiradas nos cânones de design aeronáutico instituídos pelo genial projetista italiano Stelio Frati. Nascia assim o primeiro monomotor  de alto desempenho a ser produzido em série, concebido e desenvolvido no Brasil. O primeiro protótipo do Neiva N-621 com o prefixo experimental PP-ZTW, realizaria seu primeiro voo em 09 e abril de 1966 decolando de São José dos Campos no interior de São Paulo, sob o comando do experiente piloto de provas Brasílico Freire Neto. A nova aeronave, apresentava uma construção convencional monoplano, asa baixa, monomotor, biplace lado a lado, com trem e pouso triciclo retrátil, possuindo uma envergadura: 11,00 metros, comprimento: 8,60 metros, altura: 3,00 metros, superfície alar: 17,20 metros², com peso vazio: 1.150 Kg e peso máximo: 1.700 Kg. Este conjunto era propulsado por um motor a pistão Lycoming IO-540-G1A5 de 290 HP, com seis cilindros opostos horizontalmente, a gasolina, girando uma hélice tripa de velocidade variável, que lhe proporcionava uma velocidade máxima em tese de 250 km/h, com uma razão de ascensão de 300 metros por minuto até um teto máximo de 5.000 metros com uma autonomia de 1.150 km. Sua ampla cabine o tornava ideal para a tarefa de instrução avançada, com assentos dispostos lado a lado para piloto e instrutor, sendo capaz ainda de acomodar um terceiro tripulante na parte de traz da cabine. Seu cockpit era coberto por um canopi de uma peça em plexiglas com deslizamento para trás, que gerava uma ampla visibilidade externa. A primeiras impressões em voo denotavam expectativas positivas, com um bom desempenho aliado a grande manobrabilidade, apresentando ainda comando dóceis, sendo extremamente indicados para as tarefas de instrução avançada. Após a realização de mais voos de aceitação e aprovação, o protótipo N-621 PP-ZTW seria  encaminhado para o Centro Técnico Aeroespacial (CTA), a fim de ser submetido a um amplo programa de ensaios em voo. 

Este programa evidenciaria no entanto, que o desempenho da aeronave não atendia em sua totalidade as especificações impostas pela Força Aérea Brasileira para um treinador avançado, com este fato se dando principalmente a baixa potência do motor instalado. A solução dada pela Sociedade Construtora Aeronáutica Neiva Ltda,  passaria pela troca do grupo propulsor, sendo agora adotado um motor radial Lycoming IO-540-K1D5, que desenvolvia 300 HP de potência, operando acoplada a uma hélice bipa de velocidade constante. O protótipo já modificado, seria novamente submetido ao mesmo ciclo de ensaios em voo e como esperado, atenderia os parâmetros necessários, atingindo uma velocidade máxima de 275 Km/h, com um perfil de ascensão de 320 metros por minuto até um teto máximo de 5.000 metros, apresentando ainda uma autonomia de 1.150 km. Estes resultados garantiram a sua homologação por parte da diretoria de voo do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), que resultaria em dezembro de 1967 na celebração de um contrato entre o Ministério da Aeronáutica (MAer) e Sociedade Construtora Aeronáutica Neiva Ltda para a aquisição de cento e cinquenta células. Porém tal demanda de construção em um cronograma predefinido, em si já superava em muito capacidade de produção da planta industrial de Botucatu que no momento estava comprometida com outros contratos, entre eles o Neiva L-42 Regente. A resolução deste problema passaria pela construção de uma segunda fábrica da empresa, agora na cidade de São José dos Campos, estando esta instalação ao lado do Centro Técnico Aeroespacial (CTA). No entanto, atrasos burocráticos e de ordem de processo fabril gerariam inúmeros atrasos no cronograma inicial, levando o primeiro exemplar produção de serie, a ser considerado liberado para voo somente em 07 de abril de 1971, e neste mesmo ano somente quatro aeronaves seriam entregues a Força Aérea Brasileira. Esforços na correção da engenharia de processos na nova planta, elevariam a quantidade produzida para vinte e nove aviões em 1972, número ainda insuficiente para atender a demanda, já que cada vez mais ficava nítida a urgência na substituição dos veteranos North American T-6. Este volume de produção seria aumentado no ano seguinte, atingindo a casa de quarente e cinco aeronaves entregues, seguidas por mais cinquenta aviões em 1974 e quatorze em 1975, atingido assim o objetivo previsto no contrato.
No entanto do contrato inicial assinado em 1967, a Força Aérea Brasileira receberia apenas cento e quarenta células, com esta mudança ocasionada por cortes determinados no orçamento do Ministério da Aeronáutica (MAer), ao longo do processo de produção destas aeronaves. Porém neste momento já haviam sido construídas as cento e cinquenta aeronaves contratadas, com dez destas ficando armazenadas, levando assim a empresa a desenvolver uma iniciativa comercial em âmbito no mercado latino americano de defesa,  na tentativa assim de solucionar o destino deste lote excedente. Estes esforços lograriam êxito em meados do ano de  1976, com a venda das dez células para o governo chileno, para emprego junto a aviação militar do exército daquele país. Estas aeronaves seriam empregadas intensamente em missões de treinamento e ligação naquela organização até fins da década de 1990.  O terceiro usuário militar da aeronave seria a Força Aérea Paraguaia (FAP), que viria a adquirir um pequeno lote de aeronaves excedentes da Força Aérea Brasileira logo em seguida, que seria complementado em 1997 com mais seis células doadas pelo Chile,  que se encontravam armazenadas desde sua retirada do serviço ativo no início desta mesma década. Em 2005 a o governo brasileiro em um esforço de política internacional regional, realizaria a doação de seis aeronaves Neiva T-25 Universal para a Força Aérea Boliviana (FAB) e mais seis para a Força Aérea Paraguaia (FAP), com estas células sendo revisadas pela equipe técnica do PAMA LS (Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa). Atualmente estas aeronaves ainda permanecem em serviço ativo nestes dois países. 

Emprego na Força Aérea Brasileira.
As primeiras aeronaves do modelo Neiva Universal T-25 entregues a Força Aérea Brasileira, começaram a ser disponibilizadas ao Centro de Formação de Pilotos Militares (CFPM) em Natal a partir de agosto de 1973, passando a compor o processo de treinamento e formação. A instrução primaria nesta organização era realizada nos novos Aerotec T-23 Uirapuru, que haviam recentemente entrado em operação, substituindo os antigos Fokker T-21 e T-22, o estágio intermediário passaria a ser realizado pelo T-25 Universal, com este programa sendo concluído no jatos norte-americanos Cessna T-37. Este grupo de aeronaves passava a proporcionar a Força Aérea Brasileira um completo programa de formação e treinamento de pilotos militares, contando em cada etapa com aeronaves modernas e aptas a proporcionar o melhor rendimento possível, com a aeronave T-25 Universal passando a render grandes elogios por parte de cadetes e instrutores. Dentro de um novo processo de reorganização da força, em agosto de 1974, o Centro de Formação de Pilotos Militares (CFPM) seria oficialmente desativado com seu pessoal e equipamento sendo transferido de imediato para Academia da Força Aérea (AFA) localizada na cidade de Pirassununga no estado de São Paulo. Nesta nova escola, passariam a operar junto ao 2º Esquadrão de Instrução Aérea (2º EIA), onde seguiram a mesma grade de instrução forjada anteriormente na Base Aérea de Natal (BANT). O excelente desempenho da aeronave, levaria a Força Aérea Brasileira a expandir o leque de atribuições dos Neiva T-25 Universal, quando em fins de 1973, algumas células passaram a dotar a 2º Esquadrilha de Ligação e Observação (2º ELO), unidade esta responsável pela realização de missões em proveito a Marinha do Brasil, passando a substituir aeronaves antigas como os North American T-28R-1 e T-28A(S) e os Pilatus P-3.04 (aeronaves originalmente pertencentes a Aviação Naval que foram transferidas a força aérea após o Decreto 55.627 de 26 de janeiro de 1965 que impediu a Marinha do Brasil de operar aeronaves de asas fixas).

Em 1974 os Neiva T-25 Universal começaram a ser empregados para a formação de oficiais da reserva de 2ª categoria, no Centro de Aplicações Táticas e Recomplementamento de Equipagens (CATRE) baseado na cidade de Natal no estado do Rio Grande do Norte. Nesta unidade seriam alocados junto ao 2 º Esquadrão de Instrução Aérea (2º EIA) para emprego como aeronave de instrução primaria, básica e avançada, passando a realizar missões de treinamento operacional de pilotos em seu último ano de instrução. Neste pacote de missões já se ensaiava a formação de doutrina para emprego armado da aeronave, algo que viria a se concretizar rapidamente, pois também se fazia a necessidade de substituir os veteranos North American AT-6 que estavam incumbidos de realizar missões de contra insurgência junto aos Esquadrões Mistos de Reconhecimento e Ataque (EMRA). Estas unidades foram dimensionadas ter condições de atuar em diversas modalidades de emprego, inclusive com a adoção de helicóptero e aviões de Ligação e Observação, criando-se um verdadeiro Esquadrão Misto de Operações Aéreas Especiais, ou seja, efetivou o que já estava previsto, basicamente tratava-se de uma evolução das Esquadrilhas de Reconhecimento e Ataque (ERA). Esta demanda, no entanto, estava prevista para ser atendida no contrato inicial celebrado entre a Neiva e o Ministério da Aeronáutica, pois previa-se de vinte células do Modelo 621 T-25 modificadas para missões de ataque. Esta nova versão recebeu sistemas de disparo e visor de tiro fabricado pela DF Vasconcelos, que foram instalados instalado a frente da posição do piloto (assento esquerdo) e quatro pontos fixos sob as asas para o emprego de armamento, podendo optar por configurações mistas como dois casulos subalares com metralhadoras 12,7 mm; quatro cabides subalares para bombas MK.76 e dois casulos lançadores de foguetes 37 mm e 70 mm. Os primeiros exemplares desta versão armada classificada extraoficialmente como AT-25 Universal seriam entregues primeiramente ao Centro de Aplicações Táticas e Recomplementamento de Equipagens (CATRE), onde como citado passaria a formar a doutrina de emprego operacional armado da aeronave. Os resultados foram extremamente positivos levando a Força Aérea a considerar em um curto espaço de tempo a substituição de todos as aeronaves remanescentes dos modelos North American AT-6D e AT-6G nos Esquadrões Mistos de Reconhecimento e Ataque (EMRA).
Em serviço na Academia da Força Aérea (AFA), os Neiva T-25 Universal seguiram sua rotina de treinadores preparando os cadetes para o programa de treinamento avançado junto aos jatos norte-americanos Cessna T-37C, ocorre, porém, que na segunda metade da década de 1970 o status operacional destas aeronaves começava a desenhar um cenário preocupante, pois além da aeronave apresentar alto custos de operação e manutenção, passava a sofrer sistematicamente com problemas no fluxo de recebimento de peças de reposição,  passando assim a influenciar grandemente os índices de disponibilidade da frota, com este fato sendo ainda agravado pelo alto índice de acidentes que atingiram de cifra de vinte e uma células o que representava um sinistro de 32,30% sobre o total de aeronaves adquiridas no ano 1968. A união destes fatos resultava em perdas de produtividade e qualidade em todo o processo de instrução na Academia da Força Aérea Brasileira (AFA).  Em fins de 1977 decidiu-se enfim retirar o Cessna T-37C do processo de formação de pilotos, deslocando as aeronaves remanescentes para o Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMASP) baseado no Campo de Marte, em São Paulo, no final de 1980, quando elas começaram a ser preparadas para uma possível colocação em concorrência internacional para venda. Esta decisão levaria a alteração dos estágios de formação de pilotos na academia com os Neiva T-25 Universal assumindo temporariamente a função de treinadores avançados. Neste momento a Força Aérea Brasileira ficaria desfalcada de um vetor adequado ao estágio final de formação de seus pilotos militares, com este cenário sendo revertido gradualmente a partir de 1983, quando começariam a ser recebidos os primeiros Embraer EM-312 T-27 Tucano, aeronave de fabricação nacional desenvolvida desde o final da década de 1970 para o atendimento da demanda de treinamento avançado, permitindo que as aeronaves da Neiva retornassem a sua atividade principal.

Coube ainda ao Neiva T-25 Universal, a menção de ser a primeira aeronave da fabricação nacional a equipar a Esquadrilha da Fumaça, levando a reativação desta unidade que havia encerrado suas operações em 1976 após a desativação dos North American T-6 Texan. No início do ano de 1980 um grupo de instrutores da Academia da Força Aérea movidos pelo ideal de reativar a Esquadrilha da Fumaça, passaram a treinar e ensaiar um leque de demonstrações aérea com as aeronaves Neiva T-25 Universal. Este grupo receberia o codinome de "Cometa Branco", e realizou sua primeira apresentação oficial em 10 de julho de 1980, a esta se somariam mais 54 apresentações até o início de 1983, preparando assim sua equipe para o recebimento futuro da nova aeronave da Embraer preparada especialmente para equipar o Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA). O recebimento em maior escala do novo treinador avançado Embraer T-27 Tucano a partir de 1984 permitiria a restruturação do processo de formação dos cadetes da Academia da Força Aérea, nesta época as unidades de linha de frente da Força Aérea Brasileira estavam equipadas com aeronaves de alta performance como os Dassault Mirage IIIE – F-103E e os Northrop F-5E Tiger II, e neste cenário o processo de treinamento deveria avançar em termos qualitativos. Desta maneira definiu-se pela desativação das aeronaves de treinamento primário Aerotec T-23 Uirapuru, promovendo no estágio de treinamento primário a substituição desta aeronave pelos Neiva T-25 Universal que passariam a realizar a instrução em manobras de precisão, acrobacias, vôos de formatura e por instrumentos, com setenta e cinco horas de vôo no avião de treinamento primário – básico, este programa seria finalizado com o inicio do  2º semestre da 1º série e completada na 3ª série, e cento e vinte e cinco horas de vôo de treinamento avançado nas novas aeronaves Embraer T-27 Tucano.
Desde o início de sua operação, todo processo de manutenção em âmbito de parque foi destinado ao Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa ( PAMALS) em Minas Gerais, sendo esta organização também responsável pela aplicação em meados de década de 1990 de um amplo programa de modernização. Este processo incluiria a execução de um completo retrofit estrutural e modernização dos sistemas de comunicação e equipamentos de VOR/NDB, além da adoção de sistema GPS (Global Positioning System). Seriam selecionadas cem células em melhor estado de conservação para aplicação deste programa, com as aeronaves emergindo deste processo recebendo a designação de T-25C Universal. Apesar do alto índice de acidentes operacionais registrados e o consequente desgaste das células após quase cinquenta anos de serviço, os robustos Neiva T-25 Universal seguem como aeronave de treinamento primário na Academia da Força Aérea (AFA), apresentando uma frota ainda de quarenta e duas aeronaves operando com uma média de 87,24% de disponibilidade. Estando no limiar de sua vida útil a Força Aérea Brasileira, estuda opções no curto prazo para sua substituição como vetor de treinamento básico em seu processo de formação de pilotos militares.

Em Escala.
Para representarmos o Neiva Universal T-25 "FAB 1930 " empregamos o kit em resina da GIIC Models na escala 1/48. Para se representar a versão operada na Academia da Força Aérea (AFA) não é necessário proceder nenhuma alteração, podendo se montar direto da caixa. Fizemos uso de decais originais do modelo mesclados com decais FCM presentes em diversos sets.

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o primeiro e único padrão de pintura aplicado as aeronaves T-25 e T-25C destinadas exclusivamente a missões de treinamento, seguindo o esquema adotado em todas as aeronaves de treinamento incorporadas até fins da década de 1970, com este padrão se mantendo até os dias atuais.



Bibliografia:

- Neiva T-25  Wikipédia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Neiva_T-25
- História da Força Aérea Brasileira por :  Prof. Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 por Jackson Flores Junior
- Um Peixe Fora D Agua – Neiva T-25 Universal - Prof. Rudnei Dias Cunha – Revista Forca Aérea N 79