Neiva T-25 Universal


História e Desenvolvimento. 
A Indústria Aeronáutica Neiva Ltda, seria fundada em na cidade do Rio de Janeiro, no doa 12 de outubro de 1945, pelo empreendedor e engenheiro José Carlos de Barros Neiva. Esta iniciativa tinha por objetivo atender a demanda de substituição da frota brasileira de planadores, que nesta época estava  formada por aeronaves majoritariamente de origem alemã, e que foram incorporadas aos aeroclubes brasileiras durante a década de 1930. Desta maneira este processo seria uma resposta a um programa governamental seria conhecido como "Campanha Nacional de Aviação" e tinha por primícias básica fomentar a indústria aeronáutica nacional. A estratégia de José Carlos de Barros Neiva se baseava em desenvolver uma aeronave que apresentasse as mesmas características de voo do planador alemão Grunau Baby, que em sua configuração biplace era extensivamente utilizado no Brasil. O protótipo designado como Neiva B. Monitor, portando a matrícula PP-PCB realizaria seu primeiro voo em dezembro de 1945, recebendo sua certificação oficial no início do ano seguinte e sua inclusão naquele importante programa de fomento. Desta maneira seria celebrado com a empresa um primeiro contrato envolvendo a compra do protótipo e mais vinte aeronaves deste modelo, que após serem recebidos pelo Departamento de Aviação Civil (DAC), seriam distribuídos a diversos aeroclubes espalhados pelo país. No final da década de 1950, uma variante designada como Neiva B "Monitor Modificado", seria construída fazendo uso de materiais alternativos em substituição a madeira.  Nos anos seguintes novos planadores seriam desenvolvidos e lançados no mercado, porém a empresa ganharia notoriedade a partir de 1956, quando adquiriu os direitos de fabricação do treinador Paulistinha CAP-4, período no qual transferiria sua linha de produção para a cidade de Botucatu no interior do estado de São Paulo.  Nestas novas instalações, a produção ultrapassaria a cifra de duzentas e sessenta aeronaves dispostas em várias versões aprimoradas,  como o Neiva Paulistinha 56 ou Neiva 56. Na década de 1960 atendendo a dispositivos do “Programa de Fortalecimento da Industria de Defesa Nacional” a empresa seria contratada pelo Ministério da Aeronáutica (MAer), para o desenvolvimento de uma aeronave leve dedicada a missões de ligação e observação, com a finalidade de substituir antigos modelos da Piper L-4 Cub e Cessna 305 Bird Dog, então em serviço na Força Aérea Brasileira. Este processo levaria a criação dos modelos U-42 e L-42 Neiva Regente, que representariam os primeiros aviões totalmente metálicos desenvolvidos e produzidos no Brasil. 

Neste mesmo período, o processo de treinamento e formação de novos pilotos militares realizados junto a Escola de Aeronáutica (EAER), estava baseada no binômio formado pelas aeronaves Fokker T-21 e North American T-6 Texan. Apesar de representarem modelos robustos e confiáveis, ficava nítido que estes dois aviões já encontravam defasados para aplicação do processo de treinamento para os cadetes, que ocupariam a seguir o posto de comando em aeronaves de primeira muito mais modernos e capazes. Pesava também sobre estes modelos, a preocupante tendencia de no aumento dos índices de disponibilidade da frota, com este fator se dando principalmente devido a escassos estoques de peças de reposição. Assim a fim de solucionar este problema através da substituição destes vetores, em janeiro de 1962, o Ministério da Aeronáutica (MAer), definiria as especificações básicas para o desenvolvimento e aquisição de uma aeronave de treinamento primário e uma para o estágio avançado. Este processo receberia uma classificação emergencial, apresentado um cronograma de curto e médio prazo para sua efetivação.  A opção de escolha do treinador primário, devido a sua performance básica recairia sobre uma solução nacional, que acabaria evoluindo para projeto do Aerotec T-23 Uirapuru, que entraria em serviço a partir do ano de 1969. Porém para a fase de treinamento avançado, os anseios dos oficiais brasileiros apontavam para a escolha do moderno  Beechcraft T-34 Mentor, mas esta opção se mostraria acima da dotação orçamentaria prevista pelo Ministério da Aeronáutica (MAer) para este programa naquele momento, tendo em vista a necessidade de aquisição de um grande lote destas aeronaves. Assim novamente os esforços retornariam ao estudo de uma solução nacional, envolvendo o desenvolvimento de uma aeronave mais simples, que apresentasse um menor custo final de aquisição e operação, se ajustando assim a realidade orçamentaria. Neste contexto a Sociedade Construtora Aeronáutica Neiva Ltda, seria convidada a participar deste programa, apresentando estudos referentes a estes objetivos, felizmente, se antevendo ao mercado e visando aumentar seu portfólio, a empresa ja estava empenhada em um programa semelhante. Esta missão estava a cargo de uma grande equipe de técnicos liderados pelo engenheiro e projetista húngaro radicado no Brasil, Joseph Kovacks. 
Com base no projeto em desenvolvimento e formatado pelas especificações emitidas Ministério da Aeronáutica (MAer), surgiria o primeiro modelo que receberia a designação de "Neiva 621", aeronave esta que apresentava linhas elegantes, inspiradas nos cânones de design aeronáutico instituídos pelo genial projetista italiano Stelio Frati. Nascia assim o primeiro monomotor  de alto desempenho a ser produzido em série, concebido e desenvolvido no Brasil. O primeiro protótipo do Neiva N-621 com o prefixo experimental PP-ZTW, realizaria seu primeiro voo em 09 e abril de 1966 decolando de São José dos Campos no interior de São Paulo, sob o comando do experiente piloto de provas Brasílico Freire Neto. A nova aeronave, apresentava uma construção convencional monoplano, asa baixa, monomotor, biplace lado a lado, com trem e pouso triciclo retrátil, possuindo uma envergadura: 11,00 metros, comprimento: 8,60 metros, altura: 3,00 metros, superfície alar: 17,20 metros², com peso vazio: 1.150 Kg e peso máximo: 1.700 Kg. Este conjunto era propulsado por um motor a pistão Lycoming IO-540-G1A5 de 290 HP, com seis cilindros opostos horizontalmente, a gasolina, girando uma hélice tripa de velocidade variável, que lhe proporcionava uma velocidade máxima em tese de 250 km/h, com uma razão de ascensão de 300 metros por minuto até um teto máximo de 5.000 metros com uma autonomia de 1.150 km. Sua ampla cabine o tornava ideal para a tarefa de instrução avançada, com assentos dispostos lado a lado para piloto e instrutor, sendo capaz ainda de acomodar um terceiro tripulante na parte de traz da cabine. Seu cockpit era coberto por um canopi de uma peça em plexiglas com deslizamento para trás, que gerava uma ampla visibilidade externa. A primeiras impressões em voo denotavam expectativas positivas, com um bom desempenho aliado a grande manobrabilidade, apresentando ainda comando dóceis, sendo extremamente indicados para as tarefas de instrução avançada. Após a realização de mais voos de aceitação e aprovação, o protótipo N-621 PP-ZTW seria  encaminhado para o Centro Técnico Aeroespacial (CTA), a fim de ser submetido a um amplo programa de ensaios em voo. 

Este programa evidenciaria no entanto, que o desempenho da aeronave não atendia em sua totalidade as especificações impostas pela Força Aérea Brasileira para um treinador avançado, com este fato se dando principalmente a baixa potência do motor instalado. A solução dada pela Sociedade Construtora Aeronáutica Neiva Ltda,  passaria pela troca do grupo propulsor, sendo agora adotado um motor radial Lycoming IO-540-K1D5, que desenvolvia 300 HP de potência, operando acoplada a uma hélice bipa de velocidade constante. O protótipo já modificado, seria novamente submetido ao mesmo ciclo de ensaios em voo e como esperado, atenderia os parâmetros necessários, atingindo uma velocidade máxima de 275 Km/h, com um perfil de ascensão de 320 metros por minuto até um teto máximo de 5.000 metros, apresentando ainda uma autonomia de 1.150 km. Estes resultados garantiram a sua homologação por parte da diretoria de voo do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), que resultaria em dezembro de 1967 na celebração de um contrato entre o Ministério da Aeronáutica (MAer) e Sociedade Construtora Aeronáutica Neiva Ltda para a aquisição de cento e cinquenta células. Porém tal demanda de construção em um cronograma predefinido, em si já superava em muito capacidade de produção da planta industrial de Botucatu que no momento estava comprometida com outros contratos, entre eles o Neiva L-42 Regente. A resolução deste problema passaria pela construção de uma segunda fábrica da empresa, agora na cidade de São José dos Campos, estando esta instalação ao lado do Centro Técnico Aeroespacial (CTA). No entanto, atrasos burocráticos e de ordem de processo fabril gerariam inúmeros atrasos no cronograma inicial, levando o primeiro exemplar produção de serie, a ser considerado liberado para voo somente em 07 de abril de 1971, e neste mesmo ano somente quatro aeronaves seriam entregues a Força Aérea Brasileira. Esforços na correção da engenharia de processos na nova planta, elevariam a quantidade produzida para vinte e nove aviões em 1972, número ainda insuficiente para atender a demanda, já que cada vez mais ficava nítida a urgência na substituição dos veteranos North American T-6. Este volume de produção seria aumentado no ano seguinte, atingindo a casa de quarente e cinco aeronaves entregues, seguidas por mais cinquenta aviões em 1974 e quatorze em 1975, atingido assim o objetivo previsto no contrato.
No entanto do contrato inicial assinado em 1967, a Força Aérea Brasileira receberia apenas cento e quarenta células, com esta mudança ocasionada por cortes determinados no orçamento do Ministério da Aeronáutica (MAer), ao longo do processo de produção destas aeronaves. Porém neste momento já haviam sido construídas as cento e cinquenta aeronaves contratadas, com dez destas ficando armazenadas, levando assim a empresa a desenvolver uma iniciativa comercial em âmbito no mercado latino americano de defesa,  na tentativa assim de solucionar o destino deste lote excedente. Estes esforços lograriam êxito em meados do ano de  1976, com a venda das dez células para o governo chileno, para emprego junto a aviação militar do exército daquele país. Estas aeronaves seriam empregadas intensamente em missões de treinamento e ligação naquela organização até fins da década de 1990.  O terceiro usuário militar da aeronave seria a Força Aérea Paraguaia (FAP), que viria a adquirir um pequeno lote de aeronaves excedentes da Força Aérea Brasileira logo em seguida, que seria complementado em 1997 com mais seis células doadas pelo Chile,  que se encontravam armazenadas desde sua retirada do serviço ativo no início desta mesma década. Em 2005 a o governo brasileiro em um esforço de política internacional regional, realizaria a doação de seis aeronaves Neiva T-25 Universal para a Força Aérea Boliviana (FAB) e mais seis para a Força Aérea Paraguaia (FAP), com estas células sendo revisadas pela equipe técnica do PAMA LS (Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa). Atualmente estas aeronaves ainda permanecem em serviço ativo nestes dois países. 

Emprego na Força Aérea Brasileira.
As primeiras aeronaves do modelo Neiva Universal T-25 entregues a Força Aérea Brasileira, começaram a ser disponibilizadas ao Centro de Formação de Pilotos Militares (CFPM) em Natal a partir de agosto de 1973, passando a compor o processo de treinamento e formação. A instrução primaria nesta organização era realizada nos novos Aerotec T-23 Uirapuru, que haviam recentemente entrado em operação, substituindo os antigos Fokker T-21 e T-22, o estágio intermediário passaria a ser realizado pelo T-25 Universal, com este programa sendo concluído no jatos norte-americanos Cessna T-37. Este grupo de aeronaves passava a proporcionar a Força Aérea Brasileira um completo programa de formação e treinamento de pilotos militares, contando em cada etapa com aeronaves modernas e aptas a proporcionar o melhor rendimento possível, com a aeronave T-25 Universal passando a render grandes elogios por parte de cadetes e instrutores. Dentro de um novo processo de reorganização da força, em agosto de 1974, o Centro de Formação de Pilotos Militares (CFPM) seria oficialmente desativado com seu pessoal e equipamento sendo transferido de imediato para Academia da Força Aérea (AFA) localizada na cidade de Pirassununga no estado de São Paulo. Nesta nova escola, passariam a operar junto ao 2º Esquadrão de Instrução Aérea (2º EIA), onde seguiram a mesma grade de instrução forjada anteriormente na Base Aérea de Natal (BANT). O excelente desempenho da aeronave, levaria a Força Aérea Brasileira a expandir o leque de atribuições dos Neiva T-25 Universal, quando em fins de 1973, algumas células passaram a dotar a 2º Esquadrilha de Ligação e Observação (2º ELO), unidade esta responsável pela realização de missões em proveito a Marinha do Brasil, passando a substituir aeronaves antigas como os North American T-28R-1 e T-28A(S) e os Pilatus P-3.04 (aeronaves originalmente pertencentes a Aviação Naval que foram transferidas a força aérea após o Decreto 55.627 de 26 de janeiro de 1965 que impediu a Marinha do Brasil de operar aeronaves de asas fixas).

Em 1974 os Neiva T-25 Universal começaram a ser empregados para a formação de oficiais da reserva de 2ª categoria, no Centro de Aplicações Táticas e Recomplementamento de Equipagens (CATRE) baseado na cidade de Natal no estado do Rio Grande do Norte. Nesta unidade seriam alocados junto ao 2 º Esquadrão de Instrução Aérea (2º EIA) para emprego como aeronave de instrução primaria, básica e avançada, passando a realizar missões de treinamento operacional de pilotos em seu último ano de instrução. Neste pacote de missões já se ensaiava a formação de doutrina para emprego armado da aeronave, algo que viria a se concretizar rapidamente, pois também se fazia a necessidade de substituir os veteranos North American AT-6 que estavam incumbidos de realizar missões de contra insurgência junto aos Esquadrões Mistos de Reconhecimento e Ataque (EMRA). Estas unidades foram dimensionadas ter condições de atuar em diversas modalidades de emprego, inclusive com a adoção de helicóptero e aviões de Ligação e Observação, criando-se um verdadeiro Esquadrão Misto de Operações Aéreas Especiais, ou seja, efetivou o que já estava previsto, basicamente tratava-se de uma evolução das Esquadrilhas de Reconhecimento e Ataque (ERA). Esta demanda, no entanto, estava prevista para ser atendida no contrato inicial celebrado entre a Neiva e o Ministério da Aeronáutica, pois previa-se de vinte células do Modelo 621 T-25 modificadas para missões de ataque. Esta nova versão recebeu sistemas de disparo e visor de tiro fabricado pela DF Vasconcelos, que foram instalados instalado a frente da posição do piloto (assento esquerdo) e quatro pontos fixos sob as asas para o emprego de armamento, podendo optar por configurações mistas como dois casulos subalares com metralhadoras 12,7 mm; quatro cabides subalares para bombas MK.76 e dois casulos lançadores de foguetes 37 mm e 70 mm. Os primeiros exemplares desta versão armada classificada extraoficialmente como AT-25 Universal seriam entregues primeiramente ao Centro de Aplicações Táticas e Recomplementamento de Equipagens (CATRE), onde como citado passaria a formar a doutrina de emprego operacional armado da aeronave. Os resultados foram extremamente positivos levando a Força Aérea a considerar em um curto espaço de tempo a substituição de todos as aeronaves remanescentes dos modelos North American AT-6D e AT-6G nos Esquadrões Mistos de Reconhecimento e Ataque (EMRA).
Em serviço na Academia da Força Aérea (AFA), os Neiva T-25 Universal seguiram sua rotina de treinadores preparando os cadetes para o programa de treinamento avançado junto aos jatos norte-americanos Cessna T-37C, ocorre, porém, que na segunda metade da década de 1970 o status operacional destas aeronaves começava a desenhar um cenário preocupante, pois além da aeronave apresentar alto custos de operação e manutenção, passava a sofrer sistematicamente com problemas no fluxo de recebimento de peças de reposição,  passando assim a influenciar grandemente os índices de disponibilidade da frota, com este fato sendo ainda agravado pelo alto índice de acidentes que atingiram de cifra de vinte e uma células o que representava um sinistro de 32,30% sobre o total de aeronaves adquiridas no ano 1968. A união destes fatos resultava em perdas de produtividade e qualidade em todo o processo de instrução na Academia da Força Aérea Brasileira (AFA).  Em fins de 1977 decidiu-se enfim retirar o Cessna T-37C do processo de formação de pilotos, deslocando as aeronaves remanescentes para o Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMASP) baseado no Campo de Marte, em São Paulo, no final de 1980, quando elas começaram a ser preparadas para uma possível colocação em concorrência internacional para venda. Esta decisão levaria a alteração dos estágios de formação de pilotos na academia com os Neiva T-25 Universal assumindo temporariamente a função de treinadores avançados. Neste momento a Força Aérea Brasileira ficaria desfalcada de um vetor adequado ao estágio final de formação de seus pilotos militares, com este cenário sendo revertido gradualmente a partir de 1983, quando começariam a ser recebidos os primeiros Embraer EM-312 T-27 Tucano, aeronave de fabricação nacional desenvolvida desde o final da década de 1970 para o atendimento da demanda de treinamento avançado, permitindo que as aeronaves da Neiva retornassem a sua atividade principal.

Coube ainda ao Neiva T-25 Universal, a menção de ser a primeira aeronave da fabricação nacional a equipar a Esquadrilha da Fumaça, levando a reativação desta unidade que havia encerrado suas operações em 1976 após a desativação dos North American T-6 Texan. No início do ano de 1980 um grupo de instrutores da Academia da Força Aérea movidos pelo ideal de reativar a Esquadrilha da Fumaça, passaram a treinar e ensaiar um leque de demonstrações aérea com as aeronaves Neiva T-25 Universal. Este grupo receberia o codinome de "Cometa Branco", e realizou sua primeira apresentação oficial em 10 de julho de 1980, a esta se somariam mais 54 apresentações até o início de 1983, preparando assim sua equipe para o recebimento futuro da nova aeronave da Embraer preparada especialmente para equipar o Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA). O recebimento em maior escala do novo treinador avançado Embraer T-27 Tucano a partir de 1984 permitiria a restruturação do processo de formação dos cadetes da Academia da Força Aérea, nesta época as unidades de linha de frente da Força Aérea Brasileira estavam equipadas com aeronaves de alta performance como os Dassault Mirage IIIE – F-103E e os Northrop F-5E Tiger II, e neste cenário o processo de treinamento deveria avançar em termos qualitativos. Desta maneira definiu-se pela desativação das aeronaves de treinamento primário Aerotec T-23 Uirapuru, promovendo no estágio de treinamento primário a substituição desta aeronave pelos Neiva T-25 Universal que passariam a realizar a instrução em manobras de precisão, acrobacias, vôos de formatura e por instrumentos, com setenta e cinco horas de vôo no avião de treinamento primário – básico, este programa seria finalizado com o inicio do  2º semestre da 1º série e completada na 3ª série, e cento e vinte e cinco horas de vôo de treinamento avançado nas novas aeronaves Embraer T-27 Tucano.
Desde o início de sua operação, todo processo de manutenção em âmbito de parque foi destinado ao Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa ( PAMALS) em Minas Gerais, sendo esta organização também responsável pela aplicação em meados de década de 1990 de um amplo programa de modernização. Este processo incluiria a execução de um completo retrofit estrutural e modernização dos sistemas de comunicação e equipamentos de VOR/NDB, além da adoção de sistema GPS (Global Positioning System). Seriam selecionadas cem células em melhor estado de conservação para aplicação deste programa, com as aeronaves emergindo deste processo recebendo a designação de T-25C Universal. Apesar do alto índice de acidentes operacionais registrados e o consequente desgaste das células após quase cinquenta anos de serviço, os robustos Neiva T-25 Universal seguem como aeronave de treinamento primário na Academia da Força Aérea (AFA), apresentando uma frota ainda de quarenta e duas aeronaves operando com uma média de 87,24% de disponibilidade. Estando no limiar de sua vida útil a Força Aérea Brasileira, estuda opções no curto prazo para sua substituição como vetor de treinamento básico em seu processo de formação de pilotos militares.

Em Escala.
Para representarmos o Neiva Universal T-25 "FAB 1930 " empregamos o kit em resina da GIIC Models na escala 1/48. Para se representar a versão operada na Academia da Força Aérea (AFA) não é necessário proceder nenhuma alteração, podendo se montar direto da caixa. Fizemos uso de decais originais do modelo mesclados com decais FCM presentes em diversos sets.

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o primeiro e único padrão de pintura aplicado as aeronaves T-25 e T-25C destinadas exclusivamente a missões de treinamento, seguindo o esquema adotado em todas as aeronaves de treinamento incorporadas até fins da década de 1970, com este padrão se mantendo até os dias atuais.



Bibliografia:

- Neiva T-25  Wikipédia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Neiva_T-25
- História da Força Aérea Brasileira por :  Prof. Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 por Jackson Flores Junior
- Um Peixe Fora D Agua – Neiva T-25 Universal - Prof. Rudnei Dias Cunha – Revista Forca Aérea N 79

Embraer EMB 121 Xingu VU-9 na FAB

História e Desenvolvimento.
Em meados da década de 1960, a Força Aérea Brasileira (FAB) iniciou estudos com o propósito de substituir sua frota de bimotores Douglas C-47 e Beechcraft C-45. Essas aeronaves, além de desempenharem funções de transporte, eram amplamente utilizadas nas operações das linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN) e em missões de assistência logística e médica nas regiões mais remotas do território nacional. Nesse contexto, o Coronel Ozires Silva submeteu ao Comando da Aeronáutica uma proposta para o desenvolvimento de uma aeronave bimotora nacional de médio porte. A partir de 1965, o projeto começou a ser estruturado sob a coordenação do Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento do Centro Técnico Aeroespacial, no âmbito do programa IPD-6504. Após um período de três anos e quatro meses de desenvolvimento, que exigiu aproximadamente 110 mil horas de trabalho e a participação direta de cerca de 300 colaboradores, o primeiro protótipo foi concluído. Equipado com dois motores turboélice Pratt & Whitney PT6A-20, cada um com 550 shp, o YC-95 Bandeirante realizou seu voo inaugural em 22 de outubro de 1968. Sua apresentação oficial ocorreu cinco dias depois, em 27 de outubro, durante uma cerimônia no aeroporto de São José dos Campos, São Paulo. O evento reuniu autoridades, representantes da imprensa e um público estimado em 15 mil pessoas. Diante dos presentes, a aeronave, registrada sob a matrícula FAB 2130, decolou de uma pista não pavimentada, sob o comando do Major Mariotto Ferreira e do Engenheiro Michel Cury, marcando a celebração do esforço dedicado ao programa. No ano seguinte, em 1969, o Coronel Ozires Silva e sua equipe passaram a buscar parcerias com o setor privado nacional para viabilizar a produção em série da aeronave. Apesar das dificuldades e rejeições enfrentadas, uma oportunidade significativa surgiu em um encontro inesperado com o Presidente Artur da Costa e Silva. Nesse diálogo, o Coronel conseguiu persuadi-lo a investir no projeto, o que foi feito na criação de uma empresa estatal de capital mista. Estabelecida em São José dos Campos, São Paulo, uma nova empresa foi fundada em 19 de agosto de 1969 e recebeu o nome de Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A (Embraer). O Coronel Ozires Silva foi nomeado como seu primeiro presidente, função que exerceu até 1986. Com a criação da Embraer, o projeto IPD-6504 e seus dois protótipos foram transferidos para a empresa, sendo nomeado oficialmente como EMB-100 Bandeirante. Posteriormente, o modelo foi aprimorado para atender às novas demandas comerciais, dando origem ao Embraer EMB-110. Essa versão, de maior porte, foi desenvolvida para suprir as necessidades do transporte civil, enquanto sua variante militar, o C-95, foi projetada para transportar uma carga útil superior e incorporar avanços técnicos relevantes. Com base nas especificações de projeto redefinidas, a produção do primeiro exemplar pré-série da versão militar, designada C-95 e registrada sob a matrícula FAB 2133, foi iniciada em novembro de 1969.

Nesse contexto, foi formalizado um contrato entre a Embraer S/A e o Ministério da Aeronáutica (MAer) para a aquisição de 80 unidades do Embraer C-95 Bandeirante, com as primeiras entregas previstas para fevereiro de 1973. Embora inicialmente projetado para atender a propósitos militares, o C-95 revelou um potencial significativo para o mercado civil. Assim, foi introduzida a variante EMB-110C, com capacidade para até 16 passageiros, o que despertou o interesse de operadores regionais. O primeiro contrato comercial foi firmado com a Transbrasil S/A, que recebeu sua primeira unidade em abril de 1973. Posteriormente, a Vasp S/A tornou-se a segunda operadora comercial do modelo. Graças a um projeto bem adaptado para trechos regionais e a um desempenho notável, o EMB-110 Bandeirante expandiu rapidamente sua presença no mercado internacional. Em 1975, foi realizada a primeira exportação de uma versão militar para a Força Aérea do Uruguai (FAU). Dois anos depois, em 1977, a companhia aérea francesa Air Littoral tornou-se o primeiro cliente internacional da versão civil. Em apenas seis anos de existência, a Embraer S/A se consolida como uma empresa robusta, contando com aproximadamente 3.000 funcionários e operando linhas de produção que incluíam três aeronaves de sucesso: o EMB-110 Bandeirante, nas versões civil e militar; o jato de treinamento avançado EMB-326GB Xavante; e o avião agrícola EMB-202 Ipanema. Esses modelos atendem de forma consistente aos mercados comercial, militar e agrícola, gerando uma receita satisfatória para a companhia. Contudo, outros segmentos do mercado ainda foram explorados. Durante a década de 1970, o setor internacional de transporte executivo demonstrou uma preferência por aeronaves a jato. No entanto, a crise do petróleo tornou esses modelos menos atraentes devido ao elevado consumo de combustível. Esse cenário foi identificado pela Embraer como uma oportunidade estratégica, levando a empresa a iniciar estudos para o desenvolvimento de aeronaves turboélice pressurizadas. Essas aeronaves combinavam economia de combustível com o conforto proporcionado pela pressurização, eliminando os inconvenientes da baixa pressão em voo, além de permitirem operações em maiores altitudes com melhor desempenho. Embora o investimento com recursos próprios representasse um risco específico, essa iniciativa ousada tinha o potencial de abrir um novo nicho de mercado para a Embraer. Assim, foi concebido internamente o programa da família 12X, voltado ao desenvolvimento de uma ampla gama de aeronaves turboélice pressurizadas, ampliando as perspectivas de crescimento da empresa no cenário aeronáutico global.
Com o objetivo primordial de melhorar os custos de desenvolvimento e produção, foi estabelecido que todos os modelos da nova família de bimotores deveriam compartilhar elementos estruturais fundamentais, incluindo fuselagem, cabine, leme, seção de asa e uma asa aerodinâmica supercrítica, projetada para reduzir a resistência ao ar e aumentar a eficiência aerodinâmica. As distinções entre as aeronaves do Projeto 12X foram definidas pela potência dos motores e pela inclusão de acréscimos adicionais na cabine, possibilitando diferentes capacidades dos passageiros. Essas partes do projeto visavam criar uma aeronave capaz de operar em altitudes mais elevadas, com desempenho aprimorado e menor consumo de combustível, resultando em uma relação custo-benefício altamente atrativa para o mercado-alvo. O conceito inicial foi baseado na plataforma do bem-sucedido bimotor de transporte regional EMB-110 Bandeirante, sendo desdobrado em três modelos, batizados com nomes de tribos indígenas brasileiras: o EMB-121 Xingu, com capacidade para até nove passageiros; o EMB-123 Tapajós, projetado para até 12 passageiros; e o EMB-120 Araguaia, concebido para transportar até 24 passageiros. Com essa estrutura definida, foram iniciados os estudos de soluções. Contudo, o projeto da EMB-123 Tapajós foi rapidamente descartado. Embora o EMB-120 Araguaia apresente potencial, seu desenvolvimento exigiu investimentos significativos, resultando em uma aeronave com capacidades que não se diferenciavam, auxiliando as variantes intermediárias do EMB-110 Bandeirante, que estavam em fase de projeto na mesma época. Dessa forma, considerando a melhor relação entre investimento e retorno, optou-se por concentrar os esforços no modelo de menor porte, o EMB-121 Xingu, nomeado em homenagem a um dos mais importantes rios brasileiros. Destinado ao mercado de transporte executivo, o EMB-121 Xingu foi projetado para transportar até oito passageiros e marcou a história como a primeira aeronave pressurizada projetada e construída no Brasil. Essa característica permitiu-lhe operar a uma altitude de 28 mil pés, acima de formações de nuvens e perturbações atmosféricas, mantendo uma pressão interna equivalente a 8 mil pés. Tal configuração garantiu maior conforto aos passageiros, posicionando-o como uma solução inovadora no segmento de aviação executiva.

Além da introdução da pressurização da cabine, o EMB-121 Xingu trouxe outros avanços tecnológicos inovadores para o setor aeronáutico brasileiro, como a adoção da cauda na configuração “T”. Nesse arranjo, o estabilizador horizontal estava posicionado no topo do estabilizador vertical, uma solução que evitava a interferência do fluxo das hélices sobre o estabilizador horizontal, causando vibrações e ruídos. Esse design também conferia ao EMB-121 Xingu uma estética diferenciada, com um nariz alongado que remetia aos jatos executivos. Adicionalmente, a aeronave se destacou pelo baixo consumo de combustível, equivalente a cerca de um quarto do exigido por aeronaves similares equipadas com motores a jato. Outro atributo notável foi sua capacidade de operar em pistas curtas, herdando as características de pouso e decolagem do EMB-110 Bandeirante – otimizado para pistas de pequeno porte , mas com uma velocidade de cruzeiro superior à de seu antecessor. A construção do primeiro protótipo do EMB-121 Xingu teve início em 1976, culminando em seu voo inaugural, sem o sistema de pressurização ativado, em 22 de outubro do mesmo ano. A apresentação oficial do protótipo ocorreu semanas depois, em 4 de dezembro, na sede da Embraer, em São José dos Campos. Em maio de 1977, o EMB-121 Xingu realizou com sucesso seu primeiro voo com o sistema de pressurização em funcionamento. Essa unidade foi pintada nos núcleos da equipe automobilística Copersucar-Fittipaldi, pois a aeronave foi cedida em regime de comodato à escuderia de Fórmula 1 para uso promocional na Europa, Estados Unidos e Canadá, como parte da estratégia de marketing da nova aeronave. Esse protótipo tornou-se o primeiro avião de fabricação nacional a realizar a travessia do Oceano Atlântico, acompanhado por um EMB-110 Bandeirante, este nos núcleos da companhia aérea norte-americana Air Littoral. A jornada teve início em 26 de maio de 1977, com a decolagem de São José dos Campos rumo a Paris, na França. O percurso incluiu uma escala técnica na Ilha de Fernando de Noronha e, no dia seguinte, prosseguiu com destino a Dakar, no Senegal, seguido por Sevilha, na Espanha, antes de alcançar o destino final em Paris. Pilotado pelo Comandante Luiz Carlos Miguez Urbano e por Túlio Silviano Brandão, o EMB-121 Xingu completou o percurso em seis horas e 45 minutos, superando o EMB-110 Bandeirante por 19 minutos. Ambas as aeronaves foram exibidas no Salão Internacional de Le Bourget, marcando a estreia da Embraer S/A nesse prestigiado evento aeronáutico.
Apesar das previsões iniciais indicarem um potencial promissor para a comercialização no mercado de transporte executivo, o EMB-121 Xingu não alcançou o sucesso comercial esperado. Esse estágio foi influenciado pelo resfriamento da crise do petróleo, que resultou na redução dos preços do combustível de aviação e, consequentemente, na diminuição dos custos operacionais elevados que favoreceram os turboélices. Esse fator somou-se o lançamento de aeronaves executivas a jato de pequeno porte, como a nova geração da família Cessna Citation, que capturou amplamente a preferência desse segmento. Tal movimento desencadeou uma revolução no mercado de aeronaves executivas de pequeno porte, levando à redução de preços de modelos turboélices concorrentes, como a família Beechcraft King Air. Como resultado, poucas unidades do EMB-121 Xingu foram vendidas no mercado civil, colocando em risco o retorno do investimento realizado no projeto. A política econômica do modelo foi assegurada por meio de um programa de compensação comercial (offset) relacionado à exportação e importação, vinculado à aquisição de helicópteros Aerospatiale AS350B Écureuil, produzido pela subsidiária brasileira Helibras S/A, para uso pela Força Aérea Brasileira (FAB) e pela Aviação Naval da Marinha do Brasil. Nesse contexto, 43 unidades do EMB-121 Xingu foram negociadas com o governo francês, após superarem a concorrência dos modelos norte-americanos Beechcraft King Air e Cessna 425. Essas aeronaves foram destinadas à formação de pilotos de aviões multimotores para a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) e a Aviação Naval Francesa (Aéronavale). Customizados na linha de produção, eles receberam aviônicos e sistemas de comunicação militar específicos para atender às exigências de treinamento, sendo entregues até o final de 1983 e permanecendo em operação até o término de 2022. Em 4 de setembro de 1981, foi realizado o primeiro voo do Xingu II, equipado com dois motores PT6A-135 de 750 shp (560 kW), que proporcionavam desempenho superior. Essa versão substituiu o modelo original após a produção de 29 unidades, e, a partir de 1982, a Embraer passou a oferecer um kit de atualização para o padrão Xingu II, opção instalada por diversos operadores. A produção do EMB-121 Xingu foi encerrada em maio de 1987, totalizando 106 células construídas.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
As missões de transporte de autoridades (VIP – Very Important Person) no Brasil tiveram início em 1937, quando a Aviação Militar do Exército adquiriu quatro aeronaves do modelo Lockheed 12A UC-40 Electra Junior. Com a criação da Força Aérea Brasileira (FAB) em 1941, foi instituída uma Seção de Aviões de Comando, sediada no Rio de Janeiro, que passou a operar também os modelos Lockheed VC-66 e VC-60 Lodestar. Esses vetores, especializados nesse tipo de missão, estabeleceram as bases da doutrina de transporte de autoridades no país. No final da primeira metade da década de 1960, os Douglas VC-47 constituíam os principais meios empregados nas operações, mas sua obsolescência tornou-se evidente, evidenciando a necessidade de substituições. A transferência da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília, localizada no Centro-Oeste do país, ampliou a demanda por aeronaves com maior autonomia, capazes de se conectar eficientemente às principais capitais brasileiras. Nesse cenário, tornou-se necessária a aquisição de aeronaves de nova geração, uma iniciativa contemplada em 1967 no “Plano de Modernização da Força Aérea Brasileira”. Esse programa descobriu na incorporação dos jatos britânicos BAC-111 One Eleven e dos modelos executivos Hawker Siddeley HS-125. O primeiro substituiu os antigos Vickers-Armstrong V-742D/V-789D Viscount (VC-90) nas viagens presidenciais, sendo operado pelo Grupo de Transporte Especial (GTE), sediado na capital federal. Já os VU-93, caracterizados por sua alta velocidade, foram usados ​​em posições regionais de médio e longo alcance em missões de transporte VIP. Apesar de seu elevado desempenho e disponibilidade, essas aeronaves apresentam especificações para operar em aeroportos com pistas curtas e despreparadas, ainda comuns em diversas localidades do interior do Brasil. Essas regiões exigiram intensamente o transporte de autoridades do segundo escalonamento do governo, o que gerou uma lacuna operacional a ser preenchida no curto e médio prazo. A opção por uma aeronave a reação logo seria descartada, pois anteriormente o Grupo de Transporte Especial (GTE) chegou a operar nesta tarefas os jatos franceses Morane Saulnier C-41 Paris, mas estes além de contarem com uma baixa autonomia, suas peculiaridades no gerenciamento dos sistemas de navegação da aeronave, o que determinava a necessidade de um copiloto, reduzindo assim a capacidade de transporte da aeronave. 

A solução derivaria para um bimotor turboélice, que além poder operar em aeroportos desprovidos de infraestrutura, poderia apresentar um menor custo operacional, sendo considerado inicialmente a família Beechcraft King Air. Nesse contexto, o início da produção em série do Embraer EMB-121 Xingu, em 1977, chamou a atenção do Comando da Aeronáutica (COMAER), que passou a avaliar o modelo como uma solução complementar para as missões de transporte VIP (Very Important Person). Um fator adicional que contribuiu para essa escolha foi o interesse do Ministério da Aeronáutica (MAer) em promover o desenvolvimento e as contribuições da indústria aeronáutica nacional, fortalecendo ainda mais os vínculos com a Embraer S/A. Nesse cenário, foram iniciadas negociações entre as partes com o objetivo de adquirir um pequeno lote dessas aeronaves, destinado a equipar o Grupo de Transporte Especial (GTE), sediado em Brasília. Em maio de 1978, esse processo foi aprovado na assinatura de um contrato para o fornecimento de seis unidades do modelo EMB-121A Xingu, diretamente da fábrica, ajustados especialmente para o transporte de até oito passageiros em padrão de luxo em termos de acabamento. Essas aeronaves foram equipadas com uma suíte eletrônica avançada, projetada para navegação por instrumentos, que incluía sistemas como ADF Collins 650D, NAV/COM Bendix King KX-165, piloto automático Century III, VOR com ILS e transponder Modo "C". Esse conjunto foi complementado pelo confiável radar monocromático RDR-2100 Bendix-King. Quanto à motorização, as unidades contavam com dois motores Pratt & Whitney PT-6A-28, cada um com 680 SHP, os mesmos usados ​​no Embraer EMB-111 P-95 Bandeirante Patrulha, o que otimizava a cadeia logística de peças e promovia a uma consequente redução de custos junto a  Força Aérea Brasileira (FAB). Após a entrega, as aeronaves receberam a designação oficial de VU-9 Xingu e foram registradas com as matrículas FAB 2650 a FAB 2655, adotando o esquema de pintura padrão das aeronaves de transporte da Força Aérea Brasileira (FAB). O treinamento das tripulações foi realizado nas instalações da Embraer, em São José dos Campos, no interior de São Paulo. Concluído esse processo, as aeronaves foram especializadas para a Base Aérea de Brasília, localizadas em um anexo ao Aeroporto Internacional da capital federal.
Curiosamente, embora tenham sido adquiridos com o objetivo de atender às missões de transporte executivo no âmbito do Grupo de Transporte Especial (GTE), as aeronaves Embraer VU-9 Xingu foram designadas para operar junto ao 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA) – Esquadrão Guará, unidade subordinada ao 6º Comando Aéreo Regional (COMAR VI). Após sua incorporação, essas aeronaves passaram a realizar missões de transporte VIP (Pessoa Muito Importante) em resposta às demandas do GTE. Partindo de sua base em Brasília, os VU-9 foram deslocados para diversas localidades no interior do país, com foco principal no transporte de funcionários federais de segundo escalonamento. Além disso, foram empregados em missões de ligação entre comandantes militares, socorro médico aéreo e transporte de órgãos para transplantes. Durante essa fase inicial, as aeronaves aumentaram os índices de disponibilidade, recebendo elogios tanto dos operadores quanto dos passageiros. No final de 1981, a Embraer S/A passou a oferecer no mercado internacional uma versão aprimorada do modelo, designado EMB-121A Xingu II. Essa nova variante trouxe avanços significativos, especialmente a substituição dos motores turboélice originais pelos mais potentes Pratt & Whitney PT-6A-34, com 750 shp – os mesmos utilizados nos Embraer C-95C Bandeirante e P-95B Bandeirulha. Esses motores, aliados às novas hélices quadripás Hartzell HC-B4TN-3C/T9212B, proporcionam melhor aproveitamento de potência e desempenho em voo. Além de equipar as novas unidades produzidas, a Embraer disponibilizou esses aprimoramentos como um kit de atualização, permitindo a conversão das aeronaves da versão original para o padrão Xingu II. Essa opção foi apresentada à Força Aérea Brasileira (FAB), que realizou voos de avaliação com uma célula do Xingu II para analisar seu desempenho. Os resultados foram altamente esmagadores, culminando, em abril de 1983, na assinatura de um contrato para a aquisição de seis kits de atualização para o padrão Xingu II, acompanhados de treinamento para a conversão das aeronaves. Dessa forma, os VU-9 foram progressivamente programados para o Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMA-AF), no Rio de Janeiro, onde o programa de atualização foi executado. Além da modernização dos motores e hélices, todas as células passaram por uma revisão estrutural completa e receberam atualizações nos sistemas de comunicação e aviônica. Salientamos ainda que ao fazer uso dos motores Pratt & Whitney PT-6A-34 já empregados em outras aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), seriam otimizados os processos de manutenção em âmbito de parque, resultando ainda em uma sensível redução de custo. 
Ao longo de seus 32 anos de operação, apenas uma aeronave Embraer VU-9 Xingu foi perdida em acidente. O ocorrido em maio de 1987, durante o incidente translado de duas células entre o Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMA-AF) e a Base Aérea de Brasília. Devido às condições climáticas adversas na capital federal, as aeronaves foram redirecionadas para Anápolis (GO). Contudo, as condições no destino alternativo também se mostraram desfavoráveis, e, com a autonomia das aeronaves atingindo o limite mínimo, optou-se por realizar o pouso utilizando o sistema de Radar de Aproximação de Precisão (PAR). Infelizmente, o VU-9 Xingu, matrícula FAB 2655, colidiu com o solo antes de alcançar a cabeceira da pista. Não houve vítimas fatais, mas a célula sofreu danos irreparáveis, sendo posteriormente declarada como perda total. Para recompor essa baixa, o Ministério da Aeronáutica (MAer) formalizou, em julho de 1987, a aquisição de uma nova aeronave diretamente da Embraer, que recebeu a matrícula FAB 2656. Com sua frota restabelecida, o 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA), já equipado com as aeronaves atualizadas os padrão Xingu II, retomou o atendimento às demandas do Grupo de Transporte Especial (GTE), mantendo os padrões de segurança exigidos para as missões de transporte VIP (Pessoa Muito Importante). A introdução das aeronaves Embraer EMB-135 Legacy 500 VC-99C no Grupo de Transporte Especial (GTE), a partir de 2004, promoveria o inicio da substituição dos  jatos executivos Gates VU-35 Learjet. Estas aeronaves se encontravam em um excelente nível de conservação com muitas horas de voo ainda pela frente, e desta maneira decidiu-se transferir estas aeronaves para o  1º/6º Grupo de Aviação - Esquadrão Carcará e para o 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA) – Esquadrão Guará,  devendo neste último passando a substituir gradualmente os VU-9 Xingu. Naquele momento, restavam apenas cinco células em condições de voo. Esse processo de retirada de serviço se estendeu até 2010, quando a última comissão, registrada como FAB 2654, realizou seu voo final e foi incluída para o Campo dos Afonsos, sendo incorporada ao acervo do Museu Aeroespacial, no Rio de Janeiro. As demais células, armazenadas no Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMA-AF), passaram por revisão e desmilitarização, sendo posteriormente alienadas para o mercado civil e adquiridas por empresas de transporte aéreo.

Em Escala.
Para representarmos o Embraer EMB121 VU-9 Xingu "FAB 2651", fizemos uso do kit em resina do fabricante Duarte Models na escala 1/72, modelo que prima pela qualidade do material utilizado. Por ser desenvolvimento especialmente para a versão empregada pela Força Aérea Brasileira (FAB), não há a necessidade de se promover mudanças no modelo, podendo ser montado diretamente da caixa. Empregamos decais originais confeccionados pela FCM Decals presentes no modelo.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura que passou a ser adotado em todas as aeronaves do Grupo de Transporte Especial a partir de 1985, espelhando o mesmo esquema aplicado nos C-97 Brasília. Apesar das aeronaves pertencerem ao 6º  Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA) os Embraer VU-9 Xingu por serem destinados a missões de transporte  especial VIP empregaram o mesmo padrão do  Grupo de Transporte Especial (GTE).


Bibliografia :

- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 / 2015 - Jackson Flores Jr
- Centro Histórico da Embraer http://www.centrohistoricoembraer.com.br
- História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html

Dassault Mirage 2000B RDI



História e Desenvolvimento.
Desde meados da década de 1960 o caça interceptador Marcel Dassault Mirage IIIE representava o sustentáculo Força Aérea Francesa (Armée de l'Air ) na realização de missões de primeira linha, sendo crucias também na missão de repelir prováveis ataques de bombardeiros soviéticos a seu território.  No entanto o rápido evoluir da tecnologia aeronáutica acelerada pela intensificação da Guerra Fria entre as potências ocidentais e orientais, relegaria rapidamente este vetor a obsolescência. Assim o governo francês imbuído na preocupação que este cenario trazia a tona, decidiu derivar por opções diversas de atuação, entre muitas o "Programa ACF -  Avion de Combat Futur" (Avião de Combate do Futuro), um conceito de avançada aeronave multifuncional esta que abordava a configuração com asas em de geometria variável. Este programa fora erigido para que esta se tornasse a médio prazo a aeronave padrão de caça e ataque frances, no entanto os altos custo de desenvolvimento deste projeto levariam ao seu cancelamento no ano de 1972. Neste mesmo período a Marcel Dassault Aviatiom focava todos seus esforços na exportação do seu caça tático Dassault Mirage F1, porém seu desempenho nem de longe se assemelhava ao êxito comercial obtido pela família Dassault Mirage III. Neste contexto seu principal rival passava a ser representado pelo caça norte-americano General Dynamics F-16 Fighting Falcon, que frequentemente derrotava o Dassault Mirage F1 nas concorrências internacionais.  Estes reveses motivaram a direção  a empresa a buscar o desenvolvimento de uma nova aeronave que apesar de objetivar ser um vetor multimissão, ao contrário do programa  ACF deveria apresentar um moderado custo de desenvolvimento e uma excelente relação custo benefício em termos operacionais, para assim substituir na Força Aérea Francesa (Armée de l'Air ), as aeronaves de combate Mirage IIIC e Mirage IIIE , Breguet - BAC Spect Jaguar e  Dassault Mirage F1.

Nascia assim o programa do "Mirage 2000", sendo iniciado um projeto secundário chamado provisoriamente de "Delta 1000" no ano de 1972, período em que a empresa focava seus recursos no programa ACF,  e com cancelamento deste os olhares se voltaram para o projeto “Dov Delta 1000". Visando reduzir os custos do desenvolvimento muito das soluções criadas para o programa “Avião de Combate do Futuro – ACF” seriam incorporados a esta nova aeronave, entre estes o excelente motor SENECMA M53 e slats em todo o bordo de ataque, os quais eram autuados automaticamente através do “software” de controle de voo (sistema Fly By Wire).  A retomada do formato da asa em delta, apresentava algumas vantagens em relação ao sistema de geometria variável, como maior de construção, menor assinatura de radar e melhor capacidade de armazenamento de combustível, porém este perfil exigia uma velocidade mais alta de aterrisagem, distância maior de decolagem e aterrisagem e baixa manobrabilidade a baixa altura. Estas deficiências seriam resolvidas com a incorporação do conceito de instabilidade dinâmica no Dassault Mirage 2000, movendo o centro de pressão para traz do centro de gravidade da aeronave. Com isso, melhorou se a manobrabilidade e reduziu se a distância de decolagem; já a distância de aterrissagem foi reduzida utilizando se um sistema de freios a base de fibra de carbono. Este modelo estava dotado de um sistema de “fly by wire” redundante e o piloto a controla usando o sistema “hands on throttle and stick (HOTAS), com a qual maioria dos sistemas de aeronave são ativados através de botões instalados no manche e no manete de potência do motor.
O primeiro protótipo voou em 10 de março de 1978, apenas 27 meses após do programa ter sido autorizado pelo governo francês e foi oficialmente apresentado ao público no Farnborough Air Show em setembro do mesmo ano. O segundo protótipo voou em outubro, e o terceiro em abril de 1979, após um amplo programa de ensaios em voo foi celebrado um primeiro contrato envolvendo trinta e sete células, com o primeiro exemplar de produção sendo entregue em novembro de 1982, com os primeiros caças interceptadores Dassault Mirage 2000C declarados operacionais em 1984. Estas primeiras aeronaves estavam equipadas com o radar Thomson CSF RDM (Radar Doppler Multifuncion), e foram construídos nos padrões S1 a S3 (este último permite o lançamento de misseis ar ar guiados por radar Matra Super R-350F). O próximo contrato abrangia a produção oitenta e sete  aeronaves configuradas nos padrões S4 a S5 recebendo o radar Thomson CSF RDI (Radar Doppler Impulse), as células entregues a partir de 1987 passara a contar com uma melhor capacidade “look-down”, com a adoção deste novo radar introduziu se também o emprego de misseis ar ar guiados por radar Matra Super R-350D de maior alcance. Nesta variante o armamento utilizado para combate ar ar é composto de um par de canhões DEFA 554 de 30 mm (com 125 cartuchos cada), dois mísseis ar ar com guiagem infravermelho Matra Magic 2, além de dois misseis Super R-530F/D. Em missões de ataque ao solo a aeronave pode ser equipada com bombas convencionais de queda livre e guiadas a laser e foguetes não guiados; com a designação dos alvos podendo ser feita através de um pod  especial ou por outra aeronave especializada nesta tarefa.

Paralelamente ao processo de ensaios em voo realizado com o primeiro protótipo no ano de 1978, a equipe de projetos da Dassault Aviation trabalhava no desenvolvimento de uma versão de treinamento, equipada com dois assentos que estavam posicionados em tanden para ser empregado no processo de conversão dos pilotos. Seguindo o mesmo conceito de projeto do Mirage IIID, esta nova aeronave receberia um extensão de fuselagem na ordem de vinte e dois centímetros, visando assim fornecer o espaço para a acomodação de um segundo assento que seria destinado ao instrutor. O primeiro protótipo designado como Dassault Mirage 2000B realizaria seu primeiro voo no dia 11 de outubro de 1980, com esta aeronave já estando equipada com a motorização final escolhida para a versão Mirage 2000C, o motor turbo jato Snecma M53-5. Divergindo do conceito de seu antecessor o fabricante francês optou por manter na versão biplace capacidade de combate do modelo monoplace, mantendo o radar Thomson CSF, seus canhões DEFA 554 de 30 mm (com 125 cartuchos cada) e a possibilidade de operar com dois dois mísseis ar ar com guiagem infravermelho Matra Magic 2, além de dois misseis Super R-530F/D. Em missões de ataque ao solo, o novo Mirage 2000B podia ser equipado com bombas convencionais de queda livre, foguetes de 70 mm e bombas inteligentes guiadas a laser, com a designação dos alvos podendo ser feita através de um pod ou por outra aeronave. A partir da versão de treinamento e conversão surgiria a variante destinada a missões de ataque nuclear tático foi desenvolvida, recebendo a designação de Mirage 2000N e estava destinada a transportar o míssil nuclear stand-off Air-Sol Moyenne Portée (ASMP). O programa de ensaios em voo teve início em 3 de fevereiro de 1983, e durante um primeiro voo de 65 minutos a aeronave atingiu uma velocidade de Mach 1,5, mais um protótipo foi completado se juntando ao programa em 1984. 
Um total de trinta células da versão Dassault Mirage 2000B seriam produzidas até o ano de 1988, e passaram a ser distribuídas as unidades de caça da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air), entrando em serviço ativo no início de 1984. A base deste modelo iria servir para a criação de duas versões de ataque, sendo uma destinada a missões de ataque nuclear tático, recebendo a designação de Mirage 2000N, estando apta a transportar e lançar o míssil nuclear stand-off Air-Sol Moyenne Portée (ASMP), modelo este que passou a operar entre 1988 e 1991, se mantendo em operação até 2008, quando da entrada de versão similar do Dassault Rafale. A segunda versão de ataque convencional denominada Dassault Mirage 2000D voou pela primeira vez em 19 de fevereiro de 1991, e após validação um contrato foi firmado para a produção de setenta e cinco células do Dassault Mirage 2000N e oitenta e seis Dassault Mirage 2000D, com as primeiras unidades deste último modelo passando a ser entregues em 31 de março de 1993, com sua entrada em serviço operacional ocorrendo em abril de 1995. Quanto a versão de conversão a Armée de l'Air (Força Aérea Francesa) optou por concentrar as células remanescentes na Base Aérea de 155 Orange-Caritat em Vauclus, melhorando assim o processo de formação dos novos pilotos , reduzindo inclusive os custos neste processo.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Desde o início da década de 1990 a Força Aérea Brasileira tinha plena consciência que a vida útil da frota de aviões Dassault Mirage IIIEBR e IIIDBR e  Northrop F-5E e F-5F Tiger II se aproximavam do fim. Os interceptadores franceses deveriam sair de operação entre os anos  de 2004 e 2005, já os caças norte-americanos entre os anos de 2007 e 2010. Desta maneira em fins de 1991, seriam iniciados os planos para substituí-los com a criação do "Programa FX BR" que fazia parte do Plano Fênix, um ambicioso programa de renovação dos meios da Força Aérea Brasileira (FAB). O objetivo inicial era equipar os atuais esquadrões de caça de primeira linha com uma nova aeronave supersônica, com um número total que poderia chegar a mais de cem aeronaves, para substituir de uma vez só todas as aeronaves em operação junto 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA) – Esquadrão Jaguar, 1º/1º Grupo de Aviação Caça – Esquadrão Jambock, 2º/1º Grupo de Aviação Caça – Esquadrão Pif Paf e 1º/14º Grupo e Aviação – Esquadrão Pampa. Cada esquadrão seria composto de doze a dezesseis aeronaves, devendo ser criados ainda, novos grupos de combate como o 2º Grupo de Defesa Aérea. Os estudos e análises das propostas transcorreram normalmente, porém o cenário político no pais levaria a sucessivos atrasos na escolha do novo vetor, o que levaria a estudos de processos alternativos como o programa de modernização dos Northrop F-5E e F-5F Tiger II. Porém decidiu-se não replicar esta solução a frota de interceptadores Dassault Mirage IIIEBR F-103E, em função da obsolescência das células que já estavam em serviço há mais de trinta anos e estavam próximos ao limiar da vida útil estrutural das células. Alternativas para a aquisição de um caça tampão seriam estudadas, como propostas de leasing de doze caças Kfir C-10 israelenses, aluguel de doze caças russos Sukhoi Su-27SK  ou ainda a compra de dezoito caças usados norte-americanos  General Dynamics F-16 Fighting Falcon usados da Força Aérea Holandesa (RNLAF). No entanto infelizmente por diversos motivos estas propostas não passariam das fases preliminares de estudo.

O programa de aquisição de novas aeronaves de caça só seria retomado no ano de 2003, recebendo a designação de FX2-BR. Diversas propostas atualizadas seriam recebidas, com as análises sendo totalmente reiniciadas, e o cronograma previa a definição do vencedor prevista para março de 2004, mediante decisão em sessão específica do Conselho de Defesa Nacional (CDN). Porém o passar dos anos agravava ainda mais a situação operacional da combalida frota de interceptadores Dassault Mirage IIIEBR e IIIDBR - F-103E/D, e este consequente adiamento geraria um atraso de no mínimo cinco anos entre a escolha do vencedor e as primeiras entregas, o que seria inadmissível, pois deixaria a defesa aérea desfalcada por um período muito extenso. Visando amenizar esta problemática o comando da Força Aérea Brasileira (FAB) retomaria estudos com o intuito de se buscar uma solução temporária, optando por uma aquisição ou aluguel de novos vetores de caça. Novamente possíveis opções seriam analisadas, incluindo uma nova proposta oferecida pela empresa francesa Dassault Aviaton, que participava da concorrência do programa "FX2" com seu caça multimissão Rafale C. Esta proposta consistia na venda de dez células da versão Mirage 2000C e duas da versão biplace Mirage 2000B, aeronaves estas que ainda se encontravam em operação nos esquadrões operacionais da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air). Como esta solução apresentava uma excelente relação de custo-benefício, com estas condições sendo teoricamente subsidiadas pela Dassault Aviation que mantinha grande interesse na concorrência brasileira. Desta maneira o Ministro da Defesa validaria a proposta, levando em 12 de julho de 2003 na cidade de Paris a assinatura de um contrato de aquisição entre os presidentes Luis Inácio Lula da Silva e Jacques Chirac.
Este contrato avaliado no valor de oitenta milhões de Euros (de acordo com o Decreto nº 5.625, de 22 de dezembro de 2005), previa a transferência de doze caças Dassault Mirage 2000 (dez “C” e dois “B”), provenientes de unidades de primeira linha de combate da Força Aérea Francesa (Armée de l’Air), treinamento operacional e suporte técnico. Uma comissão formada por oficiais da Força Aérea Brasileira, seria enviada a França para proceder a escolhas das células em melhor estado de conservação. Desta maneira seriam destacas dez aeronaves da versão Mirage 2000C, fabricadas no ano de 1984, equipadas com os motores turbo jatos SNECMA M53-5 com 8.998 Kg de empuxo, radar RDI Thales S 5.2 C Pulse Doppler com capacidade llok down/shoot down, sistema de alerta de radar RWR Serval e lançadores de chaffs - flares Eclair.  Juntamente com um amplo suprimento de peças de reposição foram adquiridos um pacote de um pacote de armamentos composto por misseis ar ar BVR Matra Super 530D, misseis Matra Magic 2, cartuchos de munição de calibre 30 mm, chaffs e flares, também foram fornecidos tanques suplementares de combustível ventrais de 1.300 litros e 2.000 litros (fixados nos pontos internos de cada asa). Desta maneira foram selecionados pilotos e mecânicos brasileiros a fim de serem enviados a França para treinamento e conversão para o novo vetor na base aérea da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) de Orange no interior do pais. Após este processo definiu-se um cronograma com as entregas e transladados sendo feitas por pilotos do 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA) em três lotes distintos de quatro aeronaves cada, sendo os primeiros entregues em 2006, outros quatro em 2007 e os últimos em 2008.

As aeronaves foram declaradas operacionais já no ano de 2006, substituindo os jatos de treinamento avançado Embraer AT-26 Xavante que se encontravam provisoriamente em uso junto ao 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA) desde dezembro de 2005, quando os últimos F-103E IIIEBR Mirage foram desativados.  Apesar de ser um modelo de terceira geração com tecnologia da segunda metade da década de 1980, o Mirage 2000C era muito superior a seu antecessor F-103E IIIEBR Mirage, tanto em termos de desempenho operacional e eletrônica embarcada, sendo ainda a primeira aeronave de combate da Força Aérea Brasileira (FAB) a dispor de sistemas de controle por computador das superfícies móveis de um avião “Fly By Wire”. Todos estes avanços aliados a capacidade de combate "além do alcance visual" BVR (Before Visual Range), com os misseis Matra Super 530D possibilitaram as equipagens do 1º GDA (Grupo de Defesa Aérea)  uma significativa evolução na doutrina operacional, não só da unidade, mas também de toda a Força Aérea Brasileira (FAB) pois possibilitou a realização de treinamentos de combate dissimilar BVR, contra as aeronaves  Northrop F-5EM Tiger II, proporcionando embates entre aeronaves de diferentes parâmetros de desempenho. Vale salientar também que os misseis ar ar de curto alcance Magic 2 apresentavam performance muito superior ao Rafael Python 3 que equipavam o Dassault F-103E Mirage e Northrop F-5E Tiger II, trazendo a tona uma dificuldade maior no enfrentamento, melhorando a capacitação técnica nos treinamentos. Em sua curta carreira na Força Aérea Brasileira, os agora designados como Dassault F-2000C Mirage tiveram destacada participação em inúmeros exercícios multinacionais de defesa, entre eles CRUZEX 2006.
Apesar de recebidos a partir de 2006, estas aeronaves tinham tempo definido de operação na Força Aérea Brasileira (FAB), compreendendo seu uso até fins de 2013 (pois quando adquiridas da Força Aérea Francesa- Armée de l'Air, estavam no limiar de sua vida útil contando com somente mais 1.000 horas de voo por célula). Análises preliminares efetuadas se mostrariam completamente desfavoráveis a qualquer processo de retrofit das aeronaves ou modernização, com base nestes dados decidiu se pela desativação do modelo em 31 de dezembro de 2013. Como as primeiras células do modelo SAAB Gripen NG F-39E (vencedor do processo FX-2), seriam somente entregues a partir do ano de 2022, sendo que novamente o 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA) passou a ser equipado provisoriamente com aeronaves tampão, agora os Northrop F-5EM Tiger II modernizados. Em 2013 apenas seis aeronaves F-2000C/B Mirage estavam em operação, sendo as demais desmontadas para servir com fonte de peças de reposição. O último voo foi realizado em 20 de dezembro de 2013 quando o F-2000C Mirage FAB 4948 , partiu da base aérea de Anápolis, em Goiás, às 10h42, com destino ao Museu Aerospacial (MUSAL) no Rio de Janeiro, onde passaria a fazer parte do acervo daquela organização.

Em Escala.
Para representarmos o F-2000B "FAB 4933" fizemos uso do kit do fabricante Airfix na escala 1/48, apesar de nos depararmos com um nível de detalhamento equivalente aos modelos atuais da Italeri, a qualidade de plástico injetado deixou a desejar apresentando um grande número de peças empenadas e quebradiças. Empregamos decais confeccionados pela FCM Decais presentes no recente Set 48/40.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático empregado pelas aeronaves francesas, apesar de receberam as marcações e matriculas nacionais na França, os Mirage F-2000B mantiveram os estêncis orientativos em francês até sua desativação em 31 de dezembro de 2013.


Bibliografia :

- Mirage 2000 Mudança de Vetores, Marcelo Mendonça - Revista Força Aérea Nº 40
- Anápolis a Toca dos Jaguares, Luciano R Melo – Revista Força Aérea Nº 61
- História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html

McDonnel Douglas A-4KU AF-1A

História e Desenvolvimento. 
No início da década de 1950, as aeronaves a reação começaram a substituir os caças e aeronaves de ataque equipados com motores a pistão nas forças aéreas das principais potencias militares, tendência também enfatizada pelo comando da aviação naval da  Marinha dos Estados Unidos (US Navy). Nesse período, a força naval norte-americana contava com dezenas de porta-aviões de médio e pequeno porte, enquanto projetos para a construção de porta-aviões de grande porte já estavam em andamento, que apresentariam capacidade para operar aeronaves de grande porte. Nesse contexto, o comando da aviação naval lançou uma concorrência para o desenvolvimento de uma nova aeronave de ataque de pequeno porte, destinada a operações embarcadas que pudesse equipar seus navios aeródromos de pequeno e médio porte. Os requisitos estabelecidos para o projeto incluíam: raio de ação mínimo de 555 km, velocidade máxima de até 805 km/h, peso máximo de 13.600 kg e capacidade de transportar até 1.908 kg de carga útil, convencional ou nuclear. Além disso, a aeronave deveria apresentar baixo custo de aquisição e operação, com o objetivo de substituir os monomotores a pistão Douglas A-1 Skyraider nas missões de ataque. Em janeiro de 1952, a Douglas Aircraft Company apresentou sua proposta, desenvolvida sob a liderança do renomado engenheiro-chefe Edward Henry Heinemann. O projeto consistia em uma aeronave compacta, projetada para operar em porta-aviões de médio e pequeno porte. Com peso de apenas 5.440 kg — metade do especificado —, a aeronave alcançava uma velocidade máxima de 950 km/h e podia transportar uma carga útil de 2.250 kg, incluindo variada gama armamentos, inclusive nucleares. Sua área alar, de apenas 8,38 m², eliminava a necessidade de asas dobráveis para armazenamento em porta-aviões, reduzindo a complexidade de sistemas hidráulicos e elétricos e barateando o custo de manutenção. O primeiro protótipo, equipado com o motor turbojato Curtiss-Wright J65, realizou seu voo inaugural em 22 de junho de 1954, na Base da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) em Edwards, Califórnia. Após um programa inicial de ensaios em voo bem-sucedidos, foi assinado um contrato para a produção de 18 aeronaves de pré-série, designadas YA4D-1, que foram destinadas ao desenvolvimento final do projeto. Concluída essa etapa, celebrou-se um contrato para a aquisição de 500 aeronaves, ao custo unitário de US$ 860.000, valor inferior ao teto estipulado originalmente na concorrência, de US$ 1.000.000.

A primeira versão de produção da aeronave, designada A-4A Skyhawk, era equipada com dois canhões Colt Mk 12 de 20 mm, com capacidade para 100 disparos por arma. A aeronave podia ser configurada com uma ampla variedade de armamentos, incluindo bombas de queda livre, foguetes não guiados, mísseis ar-terra e ar-ar, além de uma bomba termonuclear de pequeno porte. As unidades iniciais foram destinadas aos esquadrões aeronavais VA-72 e VMA-224 da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), com o objetivo de facilitar a adaptação e a conversão dos pilotos para a nova aeronave. Após a conclusão desse processo, as aeronaves foram alocadas diretamente às unidades embarcadas em porta-aviões de pequeno porte, equipando esquadrões de ataque leve. Essa integração conferiu a esses navios uma capacidade de ataque até então inexistente, uma vez que não podiam operar aeronaves de maior porte, como o McDonnell Douglas F-4 Phantom II ou o Vought F-8 Crusader. As primeiras missões dos A-4A Skyhawk concentraram-se na proteção aérea de aeronaves de guerra antissubmarino (ASW) baseadas em porta-aviões médios da classe Essex. As versões A-4A e A-4B não possuíam sistema de radar, sendo direcionadas aos alvos por meio de vetoração realizada a partir de navios da frota ou por aeronaves de alerta aéreo antecipado Grumman E-1 Tracer AEW. O A-4 Skyhawk também foi pioneiro na implementação de um sistema de reabastecimento aéreo tático, reduzindo a dependência de aviões-tanque dedicados de grande porte. Nesse sistema, uma aeronave A-4B configurada para reabastecimento, equipada com um “buddy store” — um tanque externo de combustível com um carretel de mangueira e uma caçamba de reabastecimento extensível —, era lançada sem armamento. Já as aeronaves de ataque eram configuradas com carga máxima de armamentos e recebiam combustível até o limite de peso máximo de decolagem, inferior à capacidade total do tanque. O batismo de fogo do A-4 Skyhawk ocorreu no Sudeste Asiático, onde a aeronave se destacou como o principal vetor de ataque leve da Marinha dos Estados Unidos durante os primeiros anos da Guerra do Vietnã, sendo empregada em missões contra alvos no Vietnã do Norte. Em 1º de maio de 1967, um A-4C Skyhawk do esquadrão VA-76, embarcado no porta-aviões USS Bon Homme Richard, abateu um MiG-17 da Força Aérea do Vietnã do Norte utilizando um foguete Zuni não guiado, marcando a única vitória aérea da aeronave nesse conflito. Posteriormente, os A-4 Skyhawk começaram a ser substituídos pelo Vought A-7 Corsair II nas missões de ataque da Marinha. Contudo, a aviação do Corpo de Fuzileiros Navais (USMC) manteve a aeronave em serviço em todos os seus esquadrões de ataque. Notavelmente, um A-4E Skyhawk foi responsável pelo lançamento das últimas bombas norte-americanas na Guerra do Vietnã.
O McDonnell Douglas A-4 Skyhawk passou a atrair o interesse de diversas nações, especialmente aquelas que operavam porta-aviões menores e mais antigos, remanescentes da Segunda Guerra Mundial, o que resultou na assinatura dos primeiros contratos de exportação para a Argentina e Austrália que operavam navios aeródromos britânicos. Dentre os operadores internacionais, Israel destacou-se como o maior usuário externo, processo iniciado em 1966, quando a França, até então principal fornecedora de equipamentos militares do país, impôs severas restrições à venda de material bélico. Esse cenário levou o governo israelense a intensificar sua aproximação com os Estados Unidos, culminando na implementação de um programa de assistência militar mais robusto. Nesse contexto, o McDonnell Douglas A-4 Skyhawk foi a primeira aeronave oferecida à Força Aérea de Israel (IAF), com as entregas ocorrendo logo após a Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967. Localmente designadas como Ayit (termo hebraico para "Águia"), essas aeronaves apresentavam um custo de aquisição equivalente a apenas um quarto do valor de um McDonnell Douglas F-4 Phantom II, com a capacidade de transportar uma carga bélica superior. Essa relação custo-benefício levou Israel a adquirir mais de 200 unidades, consolidando o A-4 como a espinha dorsal de sua força de ataque ao solo. Durante a Guerra do Yom Kippur, em 1973, os A-4 Skyhawk desempenharam um papel central, executando o maior número de missões de ataque terrestre da campanha. Contudo, a alta exposição resultou em perdas significativas, com pelo menos nove aeronaves abatidas por caças MiG-21 e MiG-17 da coalizão árabe e por fogo antiaéreo. Para recompor essas perdas, os Estados Unidos implementaram, no final de 1973, a Operação Nickel Grass, que envolveu a transferência de aeronaves usadas da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) para Israel. Uma versão específica, designada A-4H, foi desenvolvida para atender às necessidades de Israel. Essa variante incorporava aviônicos mais avançados, o motor Pratt & Whitney J52-P-8A com maior empuxo e canhões DEFA de 30 mm, substituindo os Colt Mk.12 de 20 mm. Visualmente, o A-4H distinguia-se por uma "corcova" que abrigava os novos sistemas eletrônicos e por um tubo de escape estendido, modificação local destinada a aumentar a proteção contra mísseis terra-ar guiados por calor. Ao todo, 90 unidades dessa versão foram entregues e empregadas em diversos conflitos. Em 2008, foi iniciado um processo de desativação gradual dos A-4 Skyhawk, que foram substituídos nas missões de ataque pelos caças General Dynamics F-16 Fighting Falcon. Temporariamente, as aeronaves remanescentes foram destinadas a missões de treinamento, até serem definitivamente retiradas de serviço a partir de 2014, quando foram substituídas pelos aviões italianos Alenia Aermacchi M-346 Master.

mbora o Douglas A-4 Skyhawk tenha desempenhado um papel significativo na Força Aérea de Israel (IAF), o primeiro cliente de exportação foi a Argentina, que assinou, em 1965, um contrato para a aquisição de 25 aeronaves da versão A-4B para operação embarcada. Em 1970, um novo acordo resultou na entrega de igual quantidade de unidades. Todas essas aeronaves, provenientes de unidades ativas da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), foram revisadas pela Lockheed Service Company e redesignadas como A-4P. Em 1976, um terceiro contrato foi firmado para a compra de 25 unidades da versão A-4C, destinadas a substituir os caças North American F-86 Sabre em missões de intercepção. Essa foi a primeira variante argentina equipada para operar mísseis ar-ar AIM-9B Sidewinder. Devido ao seu porte compacto e agilidade, o A-4 Skyhawk foi selecionado para substituir os caças Grumman F9F Panther e Grumman F9F Cougar no porta-aviões ARA Veinticinco de Mayo V2 (Ex HMS Venerable) , da Marinha Argentina (Armada). Para atender a essa demanda, foram adquiridas 16 unidades da versão A-4Q, entregues a partir de 1971. Apesar dos embargos impostos pelos Estados Unidos ao governo militar argentino a partir do final da década de 1970, essas aeronaves tiveram destacada atuação no conflito das Malvinas (Falklands), entre abril e junho de 1982. Durante o conflito, 48 aeronaves das versões A-4P, A-4C e A-4Q foram empregadas em missões de ataque contra a frota britânica, resultando no afundamento do destróier Tipo 42, HMS Coventry e das fragatas Tipo 21, HMS Antelope e HMS Ardent, além de causar sérios danos a outros navios. Contudo, 22 dessas aeronaves foram abatidas por caças BAE Sea Harrier FRS1 da Marinha Real Britânica (Royal Navy), Harrier GR.3 da Força Aérea Real (RAF), artilharia antiaérea e mísseis terra-ar britânicos instalados nas ilhas após o desembarque. Depois do término do conflito, as celulas remanescentes foram modernizadas por meio do programa Halcón, permanecendo em serviço até 1999, quando foram substituídas por 36 aeronaves modernizadas da versão Lockheed Martin OA/A-4AR Fightinghawk. Além da Argentina, outras nações com porta-aviões de pequeno porte de origem britânica, como Austrália e Nova Zelândia, também operaram versões do Douglas A-4 Skyhawk em seus grupos aéreos embarcados durante as décadas de 1970 e 1980.
A última variante produzida especificamente para as forças armadas dos Estados Unidos, composta pelos modelos A-4M e TA-4M Skyhawk, representou o ápice tecnológico da família A-4. Essas aeronaves foram operadas principalmente pelos esquadrões de ataque da aviação do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps). A produção final da linha destinou-se a uma encomenda da Força Aérea do Kuwait (al-Quwwat al-Jawwiya al-Kuwaitiya), que incluiu 30 unidades monoplaces A-4KU Skyhawk e seis unidades biplaces TA-4KU. A fabricação do A-4 Skyhawk foi encerrada em fevereiro de 1979, com um total de 2.960 aeronaves monoplaces e 565 unidades da versão de treinamento entregues a operadores em países como Estados Unidos, Argentina, Brasil, Singapura, Austrália, Indonésia, Israel, Kuwait, Malásia e Nova Zelândia. Seguindo o exemplo do pioneiro programa de modernização conduzido em Israel pela empresa estatal Israel Aircraft Industries (IAI), diversos outros programas de atualização foram implementados em centenas de células da família A-4 Skyhawk. Destacam-se as modernizações realizadas por Indonésia, Singapura e Argentina, que elevaram a aeronave a um nível tecnológico avançado, prolongando significativamente sua vida útil. Nos Estados Unidos, as últimas unidades empregadas em missões de conversão operacional, treinamento de combate (como aeronaves "agressoras") e reboque de alvos foram retiradas do serviço ativo em 2003. Notavelmente, as qualidades de voo, agilidade em combate e baixa assinatura de radar do A-4 Skyhawk proporcionaram à aeronave uma sobrevida singular. Essas características levaram à sua adoção por empresas privadas, como a Draken International e a Aero Group, que passaram a utilizá-la em contratos com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos para programas de treinamento para as forças armadas norte-americanas.

Emprego na  Marinha do Brasil
Em 26 de janeiro de 1965, o Decreto-Lei nº 55.627 proibiu a Aviação Naval da Marinha do Brasil de operar aeronaves de asa fixa, determinando a transferência de seus vetores e pessoal para o Ministério da Aeronáutica (MAer). Essa restrição permaneceu em vigor até o final da década de 1990, quando os últimos Grumman S-2E Tracker (P-16E) da Força Aérea Brasileira (FAB) foram desativados. A retirada dessas aeronaves gerou uma lacuna operacional nas atividades de aviação embarcada, criando uma oportunidade para que o almirantado buscasse a revogação da chamada “Lei da Asa Fixa”. Os esforços nesse sentido culminaram em 8 de abril de 1998, com a promulgação do Decreto Presidencial nº 2.538, que restaurou à Marinha do Brasil o direito de operar aeronaves de asa fixa. A única condição estipulada era que essas aeronaves fossem empregadas primariamente a bordo de um navio-aeródromo da esquadra. Nesse novo contexto, o navio-aeródromo brasileiro A-11 Minas Gerais, embora modernizado diversas vezes ao longo de sua carreira, havia sido projetado com base em conceitos da década de 1940, voltados para o embarque de aeronaves de pequeno porte equipadas com motores a pistão. Essas características impunham limitações significativas para a operação de jatos de alto desempenho, devido ao tamanho reduzido da pista e à capacidade limitada das catapultas. Tais restrições operacionais influenciaram diretamente a escolha de aeronaves adequadas. Inicialmente, o comando da Aviação Naval demonstrou preferência pelos jatos de ataque franceses (novos ou mesmo usados) Dassault-Breguet Super Étendard, que se adequavam às limitações operacionais do A-11 Minas Gerais e possuíam comprovada experiência em combate. Contudo, a proposta francesa excedia a capacidade orçamentária da Marinha do Brasil, tornando a aquisição de cinco a dez aeronaves totalmente inviável. Diante desse cenário, a alternativa mais viável recaiu sobre a família Douglas A-4 Skyhawk, que já contava com um histórico bem-sucedido de operação em navios-aeródromos de pequeno porte semelhantes ao brasileiro. Foram realizadas consultas internacionais para identificar oportunidades de aquisição, resultando em uma concorrência prontamente atendida pela The Boeing Company. A empresa ofereceu um lote de aeronaves McDonnell Douglas A-4KU e TA-4KU Skyhawk em bom estado de conservação, provenientes do governo do Kuwait, que as devolveu como parte do pagamento por um lote de caças multifuncionais McDonnell Douglas F/A-18 Hornet. 

Negociações entre o governo brasileiro e a The Boeing Company resultaram em uma proposta de US$ 70 milhões, abrangendo a aquisição de 20 aeronaves monoplaces A-4KU Skyhawk e três biplaces TA-4KU, além de um amplo estoque de peças sobressalentes, treinamento e um pacote de armamentos, incluindo mísseis ar-ar Raytheon AIM-9L Sidewinder. As versões A-4KU e TA-4KU estavam entre as mais avançadas da família A-4, sendo derivadas do A-4M Skyhawk II, desenvolvido para missões de ataque do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC). Embora desprovidas de capacidades para ataque nuclear, lançamento de mísseis antirradiação ou uso de bombas guiadas por TV, essas aeronaves incorporavam o moderno sistema Hughes ARBS (Angle Rate Bombing System), para designação de alvos no solo, e podiam operar mísseis AGM-65 Maverick. Equipadas com o motor turbojato Pratt & Whitney J52-P408, que fornecia 11.200 libras de empuxo, as unidades haviam sido produzidas entre 1977 e 1979, com uma média de apenas 1.700 horas de voo, o que as classificava como relativamente novas e com significativa vida útil remanescente. Algumas dessas aeronaves participaram ativamente da Primeira Guerra do Golfo, operando a partir de bases na Arábia Saudita contra forças iraquianas. Uma comissão de oficiais da Marinha do Brasil foi enviada ao Kuwait para selecionar, entre a frota disponível, as 20 unidades monoplaces e três biplaces. Após a escolha, as aeronaves foram revisadas, desmontadas e preparadas para transporte marítimo, chegando ao porto do Rio de Janeiro em 5 de setembro de 1998. Paralelamente, foi determinada a criação de uma unidade especializada para operar os novos jatos de ataque, culminando, em 2 de outubro de 1998, na ativação do 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1), sediado no complexo militar de São Pedro da Aldeia, no Rio de Janeiro. O treinamento dos pilotos foi estruturado em duas fases. A primeira etapa envolveu a participação da Força Aérea Brasileira, utilizando suas unidades de instrução. A segunda etapa foi conduzida nos Estados Unidos, na Estação Aeronaval de Kingsville (Naval Air Station Kingsville), no Texas. Nesse período, os oficiais aviadores brasileiros realizaram qualificações para pouso em porta-aviões e treinamento no emprego de sistemas de armamento, utilizando aeronaves de treinamento avançado McDonnell Douglas T-45 Goshawk.
Em 26 de maio de 2000, foi realizado o primeiro voo de um Douglas A-4KU Skyhawk pilotado por um oficial aviador da Marinha do Brasil. Entre 11 e 13 de setembro do mesmo ano, ocorreram os primeiros procedimentos de toque e arremetida no convoo do navio-aeródromo A-11 Minas Gerais. Posteriormente, entre 18 e 21 de janeiro de 2001, foram executados os primeiros pousos e catapultagens a bordo desse navio. Contudo, as operações do 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1) com o A-11 Minas Gerais foram breves, pois, no final de 2001, o governo brasileiro adquiriu do governo francês o navio-aeródromo R-99 Foch, com o objetivo de substituir o veterano A-11, que contava com mais de 50 anos de serviço. As aeronaves, redesignadas como AF-1 Skyhawk, passaram a operar a bordo do novo navio-aeródromo A-12 São Paulo assim que este foi declarado operacional. Em dezembro de 2001, dois AF-1A Skyhawk partiram da Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia com destino à Base Aérea de Natal, onde realizaram os primeiros disparos reais com mísseis AIM-9H Sidewinder. Esses mísseis haviam sido revisados e revalidados pelas empresas brasileiras Mectron S/A, Avibrás S/A e Imbel, e todos os lançamentos foram bem-sucedidos. Com isso, o VF-1 foi homologado para operações plenas. A Marinha do Brasil planejava manter 15 aeronaves operacionais para compor o Grupo Aéreo Embarcado. Em determinado momento, até 20 unidades estavam em condições de voo. Contudo, ao longo dos anos, a disponibilidade operacional foi gradualmente reduzida, principalmente devido às limitações orçamentárias impostas às Forças Armadas pelo governo federal. Como consequência, os pilotos enfrentaram dificuldades para manter suas qualificações, e as operações embarcadas tornaram-se cada vez menos frequentes. Para mitigar esse problema, o comando do esquadrão optou por manter em operação constante as três aeronaves biplaces AF-1B Skyhawk, permitindo que dois aviadores navais compartilhassem as poucas horas de voo disponíveis. Curiosamente, essas aeronaves não foram empregadas em operações embarcadas. Essa decisão foi justificada pela existência de apenas três unidades desse modelo na frota, levando a Marinha a priorizar sua preservação e evitar riscos de acidentes que pudessem resultar na perda dessas valiosas células ao operar no navio-aeródromo A-12 São Paulo.

Após treze anos da incorporação das aeronaves McDonnell Douglas A-4KU e TA-4KU Skyhawk, o Comando da Força Aeronaval (ComForAerNav) determinou a implementação de um amplo programa de modernização das células remanescentes, com o objetivo de estender sua vida util até que houvesse tempo habil para a aquisição de um modelo mais atualizado.  Para atender a essa demanda, foi assinado, em 14 de abril de 2000, um contrato com a Embraer S/A, prevendo inicialmente a modernização de 12 aeronaves que se encontravam em melhor estado de conservação. O projeto incluía a revitalização estrutural, a atualização do piloto automático — permitindo maior concentração do piloto na missão ao gerenciar os sistemas da aeronave — e a integração de novos sistemas de defesa ativa e passiva, como o Radar Warning Receiver (RWR). Esse dispositivo possibilitava a detecção e evasão de ameaças, como mísseis e caças inimigos, aumentando a sobrevivência da aeronave e a probabilidade de êxito nas missões. Além disso, foram incorporados os seguintes avanços: - Um terceiro rádio VHF com capacidade de transmissão de dados via data-link, utilizando equipamentos Rohde & Schwarz; - Integração de radar altímetro e TACAN, permitindo ao piloto centralizar informações em uma única tela (Conformal Multi-Function Display - CMFD), o que aprimorava a consciência situacional durante operações em porta-aviões e voos por instrumentos; - Atualização dos instrumentos do motor, com avisos aurais sobre limites operacionais, consolidação de dados em uma única tela e melhor visualização dos indicadores; - Estações de briefing e debriefing, que proporcionavam melhor planejamento das missões, economia no uso de equipamentos aviônicos, otimização das informações geradas em voo e suporte ao treinamento e avaliação das tripulações. O primeiro protótipo modernizado, registrado como AF-1B N-1011, realizou seu voo inaugural em 17 de julho de 2013. Após ensaios bem-sucedidos, foi autorizado o envio das demais aeronaves à Embraer S/A, com a primeira unidade modernizada entregue formalmente em 26 de maio de 2014. Contudo, restrições orçamentárias atrasaram a entrega das aeronaves restantes, e a em fevereiro de 2017 a desativação precoce do navio-aeródromo A-12 São Paulo levou o Comando da Força Aeronaval a reavaliar o número total de células  a serem modernizadas.
Em 20 de abril de 2022, a Embraer S/A entregou à Marinha do Brasil a última aeronave modernizada do modelo AF-1C. O programa de modernização contemplou um total de sete aeronaves, sendo cinco unidades monoplaces AF-1B e duas unidades biplaces AF-1C. Essas aeronaves proporcionaram à Aviação Naval um vetor aéreo de tecnologia avançada, capaz de executar missões de inteligência, incluindo o acompanhamento de alvos de superfície. Entre os principais avanços, destacou-se a integração do radar israelense EL/M 2032, que oferece múltiplos modos de operação: ar-ar, ar-mar, ar-solo e navegação. Esse sistema permite detectar e rastrear alvos aéreos e de superfície, além de determinar a distância ar-solo para o subsistema de pontaria de armamentos. No modo TWS (Track While Scan), é possível localizar e rastrear automaticamente até 64 alvos terrestres ou de superfície simultaneamente, enquanto o modo SAR (Synthetic Aperture Radar) viabiliza o mapeamento terrestre em missões de reconhecimento. Essas capacidades, combinadas aos radares 997 Artisan instalados no Porta-Helicópteros Multipropósito Atlântico, reforçam a eficiência da Força Naval em missões de interceptação, ataque e defesa aérea. Apesar da desativação do navio-aeródromo A-12 São Paulo e da operação de uma frota reduzida, a manutenção das aeronaves modernizadas visa preservar a doutrina operacional da aviação de ataque com aeronaves de asa fixa. Esse esforço busca assegurar a continuidade dessas capacidades até que os jatos AF-1C Skyhawk sejam substituídos por novos vetores no futuro próximo.

Em Escala.
Para representarmos o McDonnell Douglas A-4KU AF-1  Skyhawk "MB 1005" optamos pelo kit da Hobbycraft na escala 1/48, modelo este que apresenta bom nível de detalhamento, incluindo amplo leque de configuração de cargas externas semelhantes as adotadas em sua operação no Brasil. Vale salientar que  recentemente a Hasegawa lançou uma edição especial e limitada com os  A-4KU da Marinha do Brasil  Empregamos decais confeccionados pela FCM Decais , presentes no Set 48/44, mesclados com decais originais do modelo.
O esquema de cores  (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático empregado em todos  McDonnell Douglas A4-KU e TA-4KU recebidos pela Marinha do Brasil, somente o AF-1 1001 recebeu um padrão de pintura diferenciado na cor  cinza FS-26187, aplicado para a cerimônia  de apresentação das aeronaves no dia 2 de outubro de 1998 durante as comemorações do 82º Aniversário da Aviação Naval. Já as aeronaves modernizaras apresentam um padrão de pintura de baixa visibilidade com as marcações em  low wiz.


Bibliografia :

- Revista Força Aérea Número 13   - Luciano Melo Ribeiro
- Revista Força Aérea Número 21 - Eduardo Baruffi Valente
- Asas Sobre o Mares - Aviação Naval Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha
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- Poder Naval - www.naval.com.br , Alexandre Galante