Embraer EMB 121 Xingu VU-9 na FAB

História e Desenvolvimento.
Em meados da década de 1960, a Força Aérea Brasileira (FAB) iniciou estudos com o propósito de substituir sua frota de bimotores Douglas C-47 e Beechcraft C-45. Essas aeronaves, além de desempenharem funções de transporte, eram amplamente utilizadas nas operações das linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN) e em missões de assistência logística e médica nas regiões mais remotas do território nacional. Nesse contexto, o Coronel Ozires Silva submeteu ao Comando da Aeronáutica uma proposta para o desenvolvimento de uma aeronave bimotora nacional de médio porte. A partir de 1965, o projeto começou a ser estruturado sob a coordenação do Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento do Centro Técnico Aeroespacial, no âmbito do programa IPD-6504. Após um período de três anos e quatro meses de desenvolvimento, que exigiu aproximadamente 110 mil horas de trabalho e a participação direta de cerca de 300 colaboradores, o primeiro protótipo foi concluído. Equipado com dois motores turboélice Pratt & Whitney PT6A-20, cada um com 550 shp, o YC-95 Bandeirante realizou seu voo inaugural em 22 de outubro de 1968. Sua apresentação oficial ocorreu cinco dias depois, em 27 de outubro, durante uma cerimônia no aeroporto de São José dos Campos, São Paulo. O evento reuniu autoridades, representantes da imprensa e um público estimado em 15 mil pessoas. Diante dos presentes, a aeronave, registrada sob a matrícula FAB 2130, decolou de uma pista não pavimentada, sob o comando do Major Mariotto Ferreira e do Engenheiro Michel Cury, marcando a celebração do esforço dedicado ao programa. No ano seguinte, em 1969, o Coronel Ozires Silva e sua equipe passaram a buscar parcerias com o setor privado nacional para viabilizar a produção em série da aeronave. Apesar das dificuldades e rejeições enfrentadas, uma oportunidade significativa surgiu em um encontro inesperado com o Presidente Artur da Costa e Silva. Nesse diálogo, o Coronel conseguiu persuadi-lo a investir no projeto, o que foi feito na criação de uma empresa estatal de capital mista. Estabelecida em São José dos Campos, São Paulo, uma nova empresa foi fundada em 19 de agosto de 1969 e recebeu o nome de Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A (Embraer). O Coronel Ozires Silva foi nomeado como seu primeiro presidente, função que exerceu até 1986. Com a criação da Embraer, o projeto IPD-6504 e seus dois protótipos foram transferidos para a empresa, sendo nomeado oficialmente como EMB-100 Bandeirante. Posteriormente, o modelo foi aprimorado para atender às novas demandas comerciais, dando origem ao Embraer EMB-110. Essa versão, de maior porte, foi desenvolvida para suprir as necessidades do transporte civil, enquanto sua variante militar, o C-95, foi projetada para transportar uma carga útil superior e incorporar avanços técnicos relevantes. Com base nas especificações de projeto redefinidas, a produção do primeiro exemplar pré-série da versão militar, designada C-95 e registrada sob a matrícula FAB 2133, foi iniciada em novembro de 1969.

Nesse contexto, foi formalizado um contrato entre a Embraer S/A e o Ministério da Aeronáutica (MAer) para a aquisição de 80 unidades do Embraer C-95 Bandeirante, com as primeiras entregas previstas para fevereiro de 1973. Embora inicialmente projetado para atender a propósitos militares, o C-95 revelou um potencial significativo para o mercado civil. Assim, foi introduzida a variante EMB-110C, com capacidade para até 16 passageiros, o que despertou o interesse de operadores regionais. O primeiro contrato comercial foi firmado com a Transbrasil S/A, que recebeu sua primeira unidade em abril de 1973. Posteriormente, a Vasp S/A tornou-se a segunda operadora comercial do modelo. Graças a um projeto bem adaptado para trechos regionais e a um desempenho notável, o EMB-110 Bandeirante expandiu rapidamente sua presença no mercado internacional. Em 1975, foi realizada a primeira exportação de uma versão militar para a Força Aérea do Uruguai (FAU). Dois anos depois, em 1977, a companhia aérea francesa Air Littoral tornou-se o primeiro cliente internacional da versão civil. Em apenas seis anos de existência, a Embraer S/A se consolida como uma empresa robusta, contando com aproximadamente 3.000 funcionários e operando linhas de produção que incluíam três aeronaves de sucesso: o EMB-110 Bandeirante, nas versões civil e militar; o jato de treinamento avançado EMB-326GB Xavante; e o avião agrícola EMB-202 Ipanema. Esses modelos atendem de forma consistente aos mercados comercial, militar e agrícola, gerando uma receita satisfatória para a companhia. Contudo, outros segmentos do mercado ainda foram explorados. Durante a década de 1970, o setor internacional de transporte executivo demonstrou uma preferência por aeronaves a jato. No entanto, a crise do petróleo tornou esses modelos menos atraentes devido ao elevado consumo de combustível. Esse cenário foi identificado pela Embraer como uma oportunidade estratégica, levando a empresa a iniciar estudos para o desenvolvimento de aeronaves turboélice pressurizadas. Essas aeronaves combinavam economia de combustível com o conforto proporcionado pela pressurização, eliminando os inconvenientes da baixa pressão em voo, além de permitirem operações em maiores altitudes com melhor desempenho. Embora o investimento com recursos próprios representasse um risco específico, essa iniciativa ousada tinha o potencial de abrir um novo nicho de mercado para a Embraer. Assim, foi concebido internamente o programa da família 12X, voltado ao desenvolvimento de uma ampla gama de aeronaves turboélice pressurizadas, ampliando as perspectivas de crescimento da empresa no cenário aeronáutico global.
Com o objetivo primordial de melhorar os custos de desenvolvimento e produção, foi estabelecido que todos os modelos da nova família de bimotores deveriam compartilhar elementos estruturais fundamentais, incluindo fuselagem, cabine, leme, seção de asa e uma asa aerodinâmica supercrítica, projetada para reduzir a resistência ao ar e aumentar a eficiência aerodinâmica. As distinções entre as aeronaves do Projeto 12X foram definidas pela potência dos motores e pela inclusão de acréscimos adicionais na cabine, possibilitando diferentes capacidades dos passageiros. Essas partes do projeto visavam criar uma aeronave capaz de operar em altitudes mais elevadas, com desempenho aprimorado e menor consumo de combustível, resultando em uma relação custo-benefício altamente atrativa para o mercado-alvo. O conceito inicial foi baseado na plataforma do bem-sucedido bimotor de transporte regional EMB-110 Bandeirante, sendo desdobrado em três modelos, batizados com nomes de tribos indígenas brasileiras: o EMB-121 Xingu, com capacidade para até nove passageiros; o EMB-123 Tapajós, projetado para até 12 passageiros; e o EMB-120 Araguaia, concebido para transportar até 24 passageiros. Com essa estrutura definida, foram iniciados os estudos de soluções. Contudo, o projeto da EMB-123 Tapajós foi rapidamente descartado. Embora o EMB-120 Araguaia apresente potencial, seu desenvolvimento exigiu investimentos significativos, resultando em uma aeronave com capacidades que não se diferenciavam, auxiliando as variantes intermediárias do EMB-110 Bandeirante, que estavam em fase de projeto na mesma época. Dessa forma, considerando a melhor relação entre investimento e retorno, optou-se por concentrar os esforços no modelo de menor porte, o EMB-121 Xingu, nomeado em homenagem a um dos mais importantes rios brasileiros. Destinado ao mercado de transporte executivo, o EMB-121 Xingu foi projetado para transportar até oito passageiros e marcou a história como a primeira aeronave pressurizada projetada e construída no Brasil. Essa característica permitiu-lhe operar a uma altitude de 28 mil pés, acima de formações de nuvens e perturbações atmosféricas, mantendo uma pressão interna equivalente a 8 mil pés. Tal configuração garantiu maior conforto aos passageiros, posicionando-o como uma solução inovadora no segmento de aviação executiva.

Além da introdução da pressurização da cabine, o EMB-121 Xingu trouxe outros avanços tecnológicos inovadores para o setor aeronáutico brasileiro, como a adoção da cauda na configuração “T”. Nesse arranjo, o estabilizador horizontal estava posicionado no topo do estabilizador vertical, uma solução que evitava a interferência do fluxo das hélices sobre o estabilizador horizontal, causando vibrações e ruídos. Esse design também conferia ao EMB-121 Xingu uma estética diferenciada, com um nariz alongado que remetia aos jatos executivos. Adicionalmente, a aeronave se destacou pelo baixo consumo de combustível, equivalente a cerca de um quarto do exigido por aeronaves similares equipadas com motores a jato. Outro atributo notável foi sua capacidade de operar em pistas curtas, herdando as características de pouso e decolagem do EMB-110 Bandeirante – otimizado para pistas de pequeno porte , mas com uma velocidade de cruzeiro superior à de seu antecessor. A construção do primeiro protótipo do EMB-121 Xingu teve início em 1976, culminando em seu voo inaugural, sem o sistema de pressurização ativado, em 22 de outubro do mesmo ano. A apresentação oficial do protótipo ocorreu semanas depois, em 4 de dezembro, na sede da Embraer, em São José dos Campos. Em maio de 1977, o EMB-121 Xingu realizou com sucesso seu primeiro voo com o sistema de pressurização em funcionamento. Essa unidade foi pintada nos núcleos da equipe automobilística Copersucar-Fittipaldi, pois a aeronave foi cedida em regime de comodato à escuderia de Fórmula 1 para uso promocional na Europa, Estados Unidos e Canadá, como parte da estratégia de marketing da nova aeronave. Esse protótipo tornou-se o primeiro avião de fabricação nacional a realizar a travessia do Oceano Atlântico, acompanhado por um EMB-110 Bandeirante, este nos núcleos da companhia aérea norte-americana Air Littoral. A jornada teve início em 26 de maio de 1977, com a decolagem de São José dos Campos rumo a Paris, na França. O percurso incluiu uma escala técnica na Ilha de Fernando de Noronha e, no dia seguinte, prosseguiu com destino a Dakar, no Senegal, seguido por Sevilha, na Espanha, antes de alcançar o destino final em Paris. Pilotado pelo Comandante Luiz Carlos Miguez Urbano e por Túlio Silviano Brandão, o EMB-121 Xingu completou o percurso em seis horas e 45 minutos, superando o EMB-110 Bandeirante por 19 minutos. Ambas as aeronaves foram exibidas no Salão Internacional de Le Bourget, marcando a estreia da Embraer S/A nesse prestigiado evento aeronáutico.
Apesar das previsões iniciais indicarem um potencial promissor para a comercialização no mercado de transporte executivo, o EMB-121 Xingu não alcançou o sucesso comercial esperado. Esse estágio foi influenciado pelo resfriamento da crise do petróleo, que resultou na redução dos preços do combustível de aviação e, consequentemente, na diminuição dos custos operacionais elevados que favoreceram os turboélices. Esse fator somou-se o lançamento de aeronaves executivas a jato de pequeno porte, como a nova geração da família Cessna Citation, que capturou amplamente a preferência desse segmento. Tal movimento desencadeou uma revolução no mercado de aeronaves executivas de pequeno porte, levando à redução de preços de modelos turboélices concorrentes, como a família Beechcraft King Air. Como resultado, poucas unidades do EMB-121 Xingu foram vendidas no mercado civil, colocando em risco o retorno do investimento realizado no projeto. A política econômica do modelo foi assegurada por meio de um programa de compensação comercial (offset) relacionado à exportação e importação, vinculado à aquisição de helicópteros Aerospatiale AS350B Écureuil, produzido pela subsidiária brasileira Helibras S/A, para uso pela Força Aérea Brasileira (FAB) e pela Aviação Naval da Marinha do Brasil. Nesse contexto, 43 unidades do EMB-121 Xingu foram negociadas com o governo francês, após superarem a concorrência dos modelos norte-americanos Beechcraft King Air e Cessna 425. Essas aeronaves foram destinadas à formação de pilotos de aviões multimotores para a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) e a Aviação Naval Francesa (Aéronavale). Customizados na linha de produção, eles receberam aviônicos e sistemas de comunicação militar específicos para atender às exigências de treinamento, sendo entregues até o final de 1983 e permanecendo em operação até o término de 2022. Em 4 de setembro de 1981, foi realizado o primeiro voo do Xingu II, equipado com dois motores PT6A-135 de 750 shp (560 kW), que proporcionavam desempenho superior. Essa versão substituiu o modelo original após a produção de 29 unidades, e, a partir de 1982, a Embraer passou a oferecer um kit de atualização para o padrão Xingu II, opção instalada por diversos operadores. A produção do EMB-121 Xingu foi encerrada em maio de 1987, totalizando 106 células construídas.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
As missões de transporte de autoridades (VIP – Very Important Person) no Brasil tiveram início em 1937, quando a Aviação Militar do Exército adquiriu quatro aeronaves do modelo Lockheed 12A UC-40 Electra Junior. Com a criação da Força Aérea Brasileira (FAB) em 1941, foi instituída uma Seção de Aviões de Comando, sediada no Rio de Janeiro, que passou a operar também os modelos Lockheed VC-66 e VC-60 Lodestar. Esses vetores, especializados nesse tipo de missão, estabeleceram as bases da doutrina de transporte de autoridades no país. No final da primeira metade da década de 1960, os Douglas VC-47 constituíam os principais meios empregados nas operações, mas sua obsolescência tornou-se evidente, evidenciando a necessidade de substituições. A transferência da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília, localizada no Centro-Oeste do país, ampliou a demanda por aeronaves com maior autonomia, capazes de se conectar eficientemente às principais capitais brasileiras. Nesse cenário, tornou-se necessária a aquisição de aeronaves de nova geração, uma iniciativa contemplada em 1967 no “Plano de Modernização da Força Aérea Brasileira”. Esse programa descobriu na incorporação dos jatos britânicos BAC-111 One Eleven e dos modelos executivos Hawker Siddeley HS-125. O primeiro substituiu os antigos Vickers-Armstrong V-742D/V-789D Viscount (VC-90) nas viagens presidenciais, sendo operado pelo Grupo de Transporte Especial (GTE), sediado na capital federal. Já os VU-93, caracterizados por sua alta velocidade, foram usados ​​em posições regionais de médio e longo alcance em missões de transporte VIP. Apesar de seu elevado desempenho e disponibilidade, essas aeronaves apresentam especificações para operar em aeroportos com pistas curtas e despreparadas, ainda comuns em diversas localidades do interior do Brasil. Essas regiões exigiram intensamente o transporte de autoridades do segundo escalonamento do governo, o que gerou uma lacuna operacional a ser preenchida no curto e médio prazo. A opção por uma aeronave a reação logo seria descartada, pois anteriormente o Grupo de Transporte Especial (GTE) chegou a operar nesta tarefas os jatos franceses Morane Saulnier C-41 Paris, mas estes além de contarem com uma baixa autonomia, suas peculiaridades no gerenciamento dos sistemas de navegação da aeronave, o que determinava a necessidade de um copiloto, reduzindo assim a capacidade de transporte da aeronave. 

A solução derivaria para um bimotor turboélice, que além poder operar em aeroportos desprovidos de infraestrutura, poderia apresentar um menor custo operacional, sendo considerado inicialmente a família Beechcraft King Air. Nesse contexto, o início da produção em série do Embraer EMB-121 Xingu, em 1977, chamou a atenção do Comando da Aeronáutica (COMAER), que passou a avaliar o modelo como uma solução complementar para as missões de transporte VIP (Very Important Person). Um fator adicional que contribuiu para essa escolha foi o interesse do Ministério da Aeronáutica (MAer) em promover o desenvolvimento e as contribuições da indústria aeronáutica nacional, fortalecendo ainda mais os vínculos com a Embraer S/A. Nesse cenário, foram iniciadas negociações entre as partes com o objetivo de adquirir um pequeno lote dessas aeronaves, destinado a equipar o Grupo de Transporte Especial (GTE), sediado em Brasília. Em maio de 1978, esse processo foi aprovado na assinatura de um contrato para o fornecimento de seis unidades do modelo EMB-121A Xingu, diretamente da fábrica, ajustados especialmente para o transporte de até oito passageiros em padrão de luxo em termos de acabamento. Essas aeronaves foram equipadas com uma suíte eletrônica avançada, projetada para navegação por instrumentos, que incluía sistemas como ADF Collins 650D, NAV/COM Bendix King KX-165, piloto automático Century III, VOR com ILS e transponder Modo "C". Esse conjunto foi complementado pelo confiável radar monocromático RDR-2100 Bendix-King. Quanto à motorização, as unidades contavam com dois motores Pratt & Whitney PT-6A-28, cada um com 680 SHP, os mesmos usados ​​no Embraer EMB-111 P-95 Bandeirante Patrulha, o que otimizava a cadeia logística de peças e promovia a uma consequente redução de custos junto a  Força Aérea Brasileira (FAB). Após a entrega, as aeronaves receberam a designação oficial de VU-9 Xingu e foram registradas com as matrículas FAB 2650 a FAB 2655, adotando o esquema de pintura padrão das aeronaves de transporte da Força Aérea Brasileira (FAB). O treinamento das tripulações foi realizado nas instalações da Embraer, em São José dos Campos, no interior de São Paulo. Concluído esse processo, as aeronaves foram especializadas para a Base Aérea de Brasília, localizadas em um anexo ao Aeroporto Internacional da capital federal.
Curiosamente, embora tenham sido adquiridos com o objetivo de atender às missões de transporte executivo no âmbito do Grupo de Transporte Especial (GTE), as aeronaves Embraer VU-9 Xingu foram designadas para operar junto ao 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA) – Esquadrão Guará, unidade subordinada ao 6º Comando Aéreo Regional (COMAR VI). Após sua incorporação, essas aeronaves passaram a realizar missões de transporte VIP (Pessoa Muito Importante) em resposta às demandas do GTE. Partindo de sua base em Brasília, os VU-9 foram deslocados para diversas localidades no interior do país, com foco principal no transporte de funcionários federais de segundo escalonamento. Além disso, foram empregados em missões de ligação entre comandantes militares, socorro médico aéreo e transporte de órgãos para transplantes. Durante essa fase inicial, as aeronaves aumentaram os índices de disponibilidade, recebendo elogios tanto dos operadores quanto dos passageiros. No final de 1981, a Embraer S/A passou a oferecer no mercado internacional uma versão aprimorada do modelo, designado EMB-121A Xingu II. Essa nova variante trouxe avanços significativos, especialmente a substituição dos motores turboélice originais pelos mais potentes Pratt & Whitney PT-6A-34, com 750 shp – os mesmos utilizados nos Embraer C-95C Bandeirante e P-95B Bandeirulha. Esses motores, aliados às novas hélices quadripás Hartzell HC-B4TN-3C/T9212B, proporcionam melhor aproveitamento de potência e desempenho em voo. Além de equipar as novas unidades produzidas, a Embraer disponibilizou esses aprimoramentos como um kit de atualização, permitindo a conversão das aeronaves da versão original para o padrão Xingu II. Essa opção foi apresentada à Força Aérea Brasileira (FAB), que realizou voos de avaliação com uma célula do Xingu II para analisar seu desempenho. Os resultados foram altamente esmagadores, culminando, em abril de 1983, na assinatura de um contrato para a aquisição de seis kits de atualização para o padrão Xingu II, acompanhados de treinamento para a conversão das aeronaves. Dessa forma, os VU-9 foram progressivamente programados para o Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMA-AF), no Rio de Janeiro, onde o programa de atualização foi executado. Além da modernização dos motores e hélices, todas as células passaram por uma revisão estrutural completa e receberam atualizações nos sistemas de comunicação e aviônica. Salientamos ainda que ao fazer uso dos motores Pratt & Whitney PT-6A-34 já empregados em outras aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), seriam otimizados os processos de manutenção em âmbito de parque, resultando ainda em uma sensível redução de custo. 
Ao longo de seus 32 anos de operação, apenas uma aeronave Embraer VU-9 Xingu foi perdida em acidente. O ocorrido em maio de 1987, durante o incidente translado de duas células entre o Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMA-AF) e a Base Aérea de Brasília. Devido às condições climáticas adversas na capital federal, as aeronaves foram redirecionadas para Anápolis (GO). Contudo, as condições no destino alternativo também se mostraram desfavoráveis, e, com a autonomia das aeronaves atingindo o limite mínimo, optou-se por realizar o pouso utilizando o sistema de Radar de Aproximação de Precisão (PAR). Infelizmente, o VU-9 Xingu, matrícula FAB 2655, colidiu com o solo antes de alcançar a cabeceira da pista. Não houve vítimas fatais, mas a célula sofreu danos irreparáveis, sendo posteriormente declarada como perda total. Para recompor essa baixa, o Ministério da Aeronáutica (MAer) formalizou, em julho de 1987, a aquisição de uma nova aeronave diretamente da Embraer, que recebeu a matrícula FAB 2656. Com sua frota restabelecida, o 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA), já equipado com as aeronaves atualizadas os padrão Xingu II, retomou o atendimento às demandas do Grupo de Transporte Especial (GTE), mantendo os padrões de segurança exigidos para as missões de transporte VIP (Pessoa Muito Importante). A introdução das aeronaves Embraer EMB-135 Legacy 500 VC-99C no Grupo de Transporte Especial (GTE), a partir de 2004, promoveria o inicio da substituição dos  jatos executivos Gates VU-35 Learjet. Estas aeronaves se encontravam em um excelente nível de conservação com muitas horas de voo ainda pela frente, e desta maneira decidiu-se transferir estas aeronaves para o  1º/6º Grupo de Aviação - Esquadrão Carcará e para o 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA) – Esquadrão Guará,  devendo neste último passando a substituir gradualmente os VU-9 Xingu. Naquele momento, restavam apenas cinco células em condições de voo. Esse processo de retirada de serviço se estendeu até 2010, quando a última comissão, registrada como FAB 2654, realizou seu voo final e foi incluída para o Campo dos Afonsos, sendo incorporada ao acervo do Museu Aeroespacial, no Rio de Janeiro. As demais células, armazenadas no Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMA-AF), passaram por revisão e desmilitarização, sendo posteriormente alienadas para o mercado civil e adquiridas por empresas de transporte aéreo.

Em Escala.
Para representarmos o Embraer EMB121 VU-9 Xingu "FAB 2651", fizemos uso do kit em resina do fabricante Duarte Models na escala 1/72, modelo que prima pela qualidade do material utilizado. Por ser desenvolvimento especialmente para a versão empregada pela Força Aérea Brasileira (FAB), não há a necessidade de se promover mudanças no modelo, podendo ser montado diretamente da caixa. Empregamos decais originais confeccionados pela FCM Decals presentes no modelo.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura que passou a ser adotado em todas as aeronaves do Grupo de Transporte Especial a partir de 1985, espelhando o mesmo esquema aplicado nos C-97 Brasília. Apesar das aeronaves pertencerem ao 6º  Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA) os Embraer VU-9 Xingu por serem destinados a missões de transporte  especial VIP empregaram o mesmo padrão do  Grupo de Transporte Especial (GTE).


Bibliografia :

- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 / 2015 - Jackson Flores Jr
- Centro Histórico da Embraer http://www.centrohistoricoembraer.com.br
- História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html

Dassault Mirage 2000B RDI



História e Desenvolvimento.
Desde meados da década de 1960 o caça interceptador Marcel Dassault Mirage IIIE representava o sustentáculo Força Aérea Francesa (Armée de l'Air ) na realização de missões de primeira linha, sendo crucias também na missão de repelir prováveis ataques de bombardeiros soviéticos a seu território.  No entanto o rápido evoluir da tecnologia aeronáutica acelerada pela intensificação da Guerra Fria entre as potências ocidentais e orientais, relegaria rapidamente este vetor a obsolescência. Assim o governo francês imbuído na preocupação que este cenario trazia a tona, decidiu derivar por opções diversas de atuação, entre muitas o "Programa ACF -  Avion de Combat Futur" (Avião de Combate do Futuro), um conceito de avançada aeronave multifuncional esta que abordava a configuração com asas em de geometria variável. Este programa fora erigido para que esta se tornasse a médio prazo a aeronave padrão de caça e ataque frances, no entanto os altos custo de desenvolvimento deste projeto levariam ao seu cancelamento no ano de 1972. Neste mesmo período a Marcel Dassault Aviatiom focava todos seus esforços na exportação do seu caça tático Dassault Mirage F1, porém seu desempenho nem de longe se assemelhava ao êxito comercial obtido pela família Dassault Mirage III. Neste contexto seu principal rival passava a ser representado pelo caça norte-americano General Dynamics F-16 Fighting Falcon, que frequentemente derrotava o Dassault Mirage F1 nas concorrências internacionais.  Estes reveses motivaram a direção  a empresa a buscar o desenvolvimento de uma nova aeronave que apesar de objetivar ser um vetor multimissão, ao contrário do programa  ACF deveria apresentar um moderado custo de desenvolvimento e uma excelente relação custo benefício em termos operacionais, para assim substituir na Força Aérea Francesa (Armée de l'Air ), as aeronaves de combate Mirage IIIC e Mirage IIIE , Breguet - BAC Spect Jaguar e  Dassault Mirage F1.

Nascia assim o programa do "Mirage 2000", sendo iniciado um projeto secundário chamado provisoriamente de "Delta 1000" no ano de 1972, período em que a empresa focava seus recursos no programa ACF,  e com cancelamento deste os olhares se voltaram para o projeto “Dov Delta 1000". Visando reduzir os custos do desenvolvimento muito das soluções criadas para o programa “Avião de Combate do Futuro – ACF” seriam incorporados a esta nova aeronave, entre estes o excelente motor SENECMA M53 e slats em todo o bordo de ataque, os quais eram autuados automaticamente através do “software” de controle de voo (sistema Fly By Wire).  A retomada do formato da asa em delta, apresentava algumas vantagens em relação ao sistema de geometria variável, como maior de construção, menor assinatura de radar e melhor capacidade de armazenamento de combustível, porém este perfil exigia uma velocidade mais alta de aterrisagem, distância maior de decolagem e aterrisagem e baixa manobrabilidade a baixa altura. Estas deficiências seriam resolvidas com a incorporação do conceito de instabilidade dinâmica no Dassault Mirage 2000, movendo o centro de pressão para traz do centro de gravidade da aeronave. Com isso, melhorou se a manobrabilidade e reduziu se a distância de decolagem; já a distância de aterrissagem foi reduzida utilizando se um sistema de freios a base de fibra de carbono. Este modelo estava dotado de um sistema de “fly by wire” redundante e o piloto a controla usando o sistema “hands on throttle and stick (HOTAS), com a qual maioria dos sistemas de aeronave são ativados através de botões instalados no manche e no manete de potência do motor.
O primeiro protótipo voou em 10 de março de 1978, apenas 27 meses após do programa ter sido autorizado pelo governo francês e foi oficialmente apresentado ao público no Farnborough Air Show em setembro do mesmo ano. O segundo protótipo voou em outubro, e o terceiro em abril de 1979, após um amplo programa de ensaios em voo foi celebrado um primeiro contrato envolvendo trinta e sete células, com o primeiro exemplar de produção sendo entregue em novembro de 1982, com os primeiros caças interceptadores Dassault Mirage 2000C declarados operacionais em 1984. Estas primeiras aeronaves estavam equipadas com o radar Thomson CSF RDM (Radar Doppler Multifuncion), e foram construídos nos padrões S1 a S3 (este último permite o lançamento de misseis ar ar guiados por radar Matra Super R-350F). O próximo contrato abrangia a produção oitenta e sete  aeronaves configuradas nos padrões S4 a S5 recebendo o radar Thomson CSF RDI (Radar Doppler Impulse), as células entregues a partir de 1987 passara a contar com uma melhor capacidade “look-down”, com a adoção deste novo radar introduziu se também o emprego de misseis ar ar guiados por radar Matra Super R-350D de maior alcance. Nesta variante o armamento utilizado para combate ar ar é composto de um par de canhões DEFA 554 de 30 mm (com 125 cartuchos cada), dois mísseis ar ar com guiagem infravermelho Matra Magic 2, além de dois misseis Super R-530F/D. Em missões de ataque ao solo a aeronave pode ser equipada com bombas convencionais de queda livre e guiadas a laser e foguetes não guiados; com a designação dos alvos podendo ser feita através de um pod  especial ou por outra aeronave especializada nesta tarefa.

Paralelamente ao processo de ensaios em voo realizado com o primeiro protótipo no ano de 1978, a equipe de projetos da Dassault Aviation trabalhava no desenvolvimento de uma versão de treinamento, equipada com dois assentos que estavam posicionados em tanden para ser empregado no processo de conversão dos pilotos. Seguindo o mesmo conceito de projeto do Mirage IIID, esta nova aeronave receberia um extensão de fuselagem na ordem de vinte e dois centímetros, visando assim fornecer o espaço para a acomodação de um segundo assento que seria destinado ao instrutor. O primeiro protótipo designado como Dassault Mirage 2000B realizaria seu primeiro voo no dia 11 de outubro de 1980, com esta aeronave já estando equipada com a motorização final escolhida para a versão Mirage 2000C, o motor turbo jato Snecma M53-5. Divergindo do conceito de seu antecessor o fabricante francês optou por manter na versão biplace capacidade de combate do modelo monoplace, mantendo o radar Thomson CSF, seus canhões DEFA 554 de 30 mm (com 125 cartuchos cada) e a possibilidade de operar com dois dois mísseis ar ar com guiagem infravermelho Matra Magic 2, além de dois misseis Super R-530F/D. Em missões de ataque ao solo, o novo Mirage 2000B podia ser equipado com bombas convencionais de queda livre, foguetes de 70 mm e bombas inteligentes guiadas a laser, com a designação dos alvos podendo ser feita através de um pod ou por outra aeronave. A partir da versão de treinamento e conversão surgiria a variante destinada a missões de ataque nuclear tático foi desenvolvida, recebendo a designação de Mirage 2000N e estava destinada a transportar o míssil nuclear stand-off Air-Sol Moyenne Portée (ASMP). O programa de ensaios em voo teve início em 3 de fevereiro de 1983, e durante um primeiro voo de 65 minutos a aeronave atingiu uma velocidade de Mach 1,5, mais um protótipo foi completado se juntando ao programa em 1984. 
Um total de trinta células da versão Dassault Mirage 2000B seriam produzidas até o ano de 1988, e passaram a ser distribuídas as unidades de caça da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air), entrando em serviço ativo no início de 1984. A base deste modelo iria servir para a criação de duas versões de ataque, sendo uma destinada a missões de ataque nuclear tático, recebendo a designação de Mirage 2000N, estando apta a transportar e lançar o míssil nuclear stand-off Air-Sol Moyenne Portée (ASMP), modelo este que passou a operar entre 1988 e 1991, se mantendo em operação até 2008, quando da entrada de versão similar do Dassault Rafale. A segunda versão de ataque convencional denominada Dassault Mirage 2000D voou pela primeira vez em 19 de fevereiro de 1991, e após validação um contrato foi firmado para a produção de setenta e cinco células do Dassault Mirage 2000N e oitenta e seis Dassault Mirage 2000D, com as primeiras unidades deste último modelo passando a ser entregues em 31 de março de 1993, com sua entrada em serviço operacional ocorrendo em abril de 1995. Quanto a versão de conversão a Armée de l'Air (Força Aérea Francesa) optou por concentrar as células remanescentes na Base Aérea de 155 Orange-Caritat em Vauclus, melhorando assim o processo de formação dos novos pilotos , reduzindo inclusive os custos neste processo.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Desde o início da década de 1990 a Força Aérea Brasileira tinha plena consciência que a vida útil da frota de aviões Dassault Mirage IIIEBR e IIIDBR e  Northrop F-5E e F-5F Tiger II se aproximavam do fim. Os interceptadores franceses deveriam sair de operação entre os anos  de 2004 e 2005, já os caças norte-americanos entre os anos de 2007 e 2010. Desta maneira em fins de 1991, seriam iniciados os planos para substituí-los com a criação do "Programa FX BR" que fazia parte do Plano Fênix, um ambicioso programa de renovação dos meios da Força Aérea Brasileira (FAB). O objetivo inicial era equipar os atuais esquadrões de caça de primeira linha com uma nova aeronave supersônica, com um número total que poderia chegar a mais de cem aeronaves, para substituir de uma vez só todas as aeronaves em operação junto 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA) – Esquadrão Jaguar, 1º/1º Grupo de Aviação Caça – Esquadrão Jambock, 2º/1º Grupo de Aviação Caça – Esquadrão Pif Paf e 1º/14º Grupo e Aviação – Esquadrão Pampa. Cada esquadrão seria composto de doze a dezesseis aeronaves, devendo ser criados ainda, novos grupos de combate como o 2º Grupo de Defesa Aérea. Os estudos e análises das propostas transcorreram normalmente, porém o cenário político no pais levaria a sucessivos atrasos na escolha do novo vetor, o que levaria a estudos de processos alternativos como o programa de modernização dos Northrop F-5E e F-5F Tiger II. Porém decidiu-se não replicar esta solução a frota de interceptadores Dassault Mirage IIIEBR F-103E, em função da obsolescência das células que já estavam em serviço há mais de trinta anos e estavam próximos ao limiar da vida útil estrutural das células. Alternativas para a aquisição de um caça tampão seriam estudadas, como propostas de leasing de doze caças Kfir C-10 israelenses, aluguel de doze caças russos Sukhoi Su-27SK  ou ainda a compra de dezoito caças usados norte-americanos  General Dynamics F-16 Fighting Falcon usados da Força Aérea Holandesa (RNLAF). No entanto infelizmente por diversos motivos estas propostas não passariam das fases preliminares de estudo.

O programa de aquisição de novas aeronaves de caça só seria retomado no ano de 2003, recebendo a designação de FX2-BR. Diversas propostas atualizadas seriam recebidas, com as análises sendo totalmente reiniciadas, e o cronograma previa a definição do vencedor prevista para março de 2004, mediante decisão em sessão específica do Conselho de Defesa Nacional (CDN). Porém o passar dos anos agravava ainda mais a situação operacional da combalida frota de interceptadores Dassault Mirage IIIEBR e IIIDBR - F-103E/D, e este consequente adiamento geraria um atraso de no mínimo cinco anos entre a escolha do vencedor e as primeiras entregas, o que seria inadmissível, pois deixaria a defesa aérea desfalcada por um período muito extenso. Visando amenizar esta problemática o comando da Força Aérea Brasileira (FAB) retomaria estudos com o intuito de se buscar uma solução temporária, optando por uma aquisição ou aluguel de novos vetores de caça. Novamente possíveis opções seriam analisadas, incluindo uma nova proposta oferecida pela empresa francesa Dassault Aviaton, que participava da concorrência do programa "FX2" com seu caça multimissão Rafale C. Esta proposta consistia na venda de dez células da versão Mirage 2000C e duas da versão biplace Mirage 2000B, aeronaves estas que ainda se encontravam em operação nos esquadrões operacionais da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air). Como esta solução apresentava uma excelente relação de custo-benefício, com estas condições sendo teoricamente subsidiadas pela Dassault Aviation que mantinha grande interesse na concorrência brasileira. Desta maneira o Ministro da Defesa validaria a proposta, levando em 12 de julho de 2003 na cidade de Paris a assinatura de um contrato de aquisição entre os presidentes Luis Inácio Lula da Silva e Jacques Chirac.
Este contrato avaliado no valor de oitenta milhões de Euros (de acordo com o Decreto nº 5.625, de 22 de dezembro de 2005), previa a transferência de doze caças Dassault Mirage 2000 (dez “C” e dois “B”), provenientes de unidades de primeira linha de combate da Força Aérea Francesa (Armée de l’Air), treinamento operacional e suporte técnico. Uma comissão formada por oficiais da Força Aérea Brasileira, seria enviada a França para proceder a escolhas das células em melhor estado de conservação. Desta maneira seriam destacas dez aeronaves da versão Mirage 2000C, fabricadas no ano de 1984, equipadas com os motores turbo jatos SNECMA M53-5 com 8.998 Kg de empuxo, radar RDI Thales S 5.2 C Pulse Doppler com capacidade llok down/shoot down, sistema de alerta de radar RWR Serval e lançadores de chaffs - flares Eclair.  Juntamente com um amplo suprimento de peças de reposição foram adquiridos um pacote de um pacote de armamentos composto por misseis ar ar BVR Matra Super 530D, misseis Matra Magic 2, cartuchos de munição de calibre 30 mm, chaffs e flares, também foram fornecidos tanques suplementares de combustível ventrais de 1.300 litros e 2.000 litros (fixados nos pontos internos de cada asa). Desta maneira foram selecionados pilotos e mecânicos brasileiros a fim de serem enviados a França para treinamento e conversão para o novo vetor na base aérea da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) de Orange no interior do pais. Após este processo definiu-se um cronograma com as entregas e transladados sendo feitas por pilotos do 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA) em três lotes distintos de quatro aeronaves cada, sendo os primeiros entregues em 2006, outros quatro em 2007 e os últimos em 2008.

As aeronaves foram declaradas operacionais já no ano de 2006, substituindo os jatos de treinamento avançado Embraer AT-26 Xavante que se encontravam provisoriamente em uso junto ao 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA) desde dezembro de 2005, quando os últimos F-103E IIIEBR Mirage foram desativados.  Apesar de ser um modelo de terceira geração com tecnologia da segunda metade da década de 1980, o Mirage 2000C era muito superior a seu antecessor F-103E IIIEBR Mirage, tanto em termos de desempenho operacional e eletrônica embarcada, sendo ainda a primeira aeronave de combate da Força Aérea Brasileira (FAB) a dispor de sistemas de controle por computador das superfícies móveis de um avião “Fly By Wire”. Todos estes avanços aliados a capacidade de combate "além do alcance visual" BVR (Before Visual Range), com os misseis Matra Super 530D possibilitaram as equipagens do 1º GDA (Grupo de Defesa Aérea)  uma significativa evolução na doutrina operacional, não só da unidade, mas também de toda a Força Aérea Brasileira (FAB) pois possibilitou a realização de treinamentos de combate dissimilar BVR, contra as aeronaves  Northrop F-5EM Tiger II, proporcionando embates entre aeronaves de diferentes parâmetros de desempenho. Vale salientar também que os misseis ar ar de curto alcance Magic 2 apresentavam performance muito superior ao Rafael Python 3 que equipavam o Dassault F-103E Mirage e Northrop F-5E Tiger II, trazendo a tona uma dificuldade maior no enfrentamento, melhorando a capacitação técnica nos treinamentos. Em sua curta carreira na Força Aérea Brasileira, os agora designados como Dassault F-2000C Mirage tiveram destacada participação em inúmeros exercícios multinacionais de defesa, entre eles CRUZEX 2006.
Apesar de recebidos a partir de 2006, estas aeronaves tinham tempo definido de operação na Força Aérea Brasileira (FAB), compreendendo seu uso até fins de 2013 (pois quando adquiridas da Força Aérea Francesa- Armée de l'Air, estavam no limiar de sua vida útil contando com somente mais 1.000 horas de voo por célula). Análises preliminares efetuadas se mostrariam completamente desfavoráveis a qualquer processo de retrofit das aeronaves ou modernização, com base nestes dados decidiu se pela desativação do modelo em 31 de dezembro de 2013. Como as primeiras células do modelo SAAB Gripen NG F-39E (vencedor do processo FX-2), seriam somente entregues a partir do ano de 2022, sendo que novamente o 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA) passou a ser equipado provisoriamente com aeronaves tampão, agora os Northrop F-5EM Tiger II modernizados. Em 2013 apenas seis aeronaves F-2000C/B Mirage estavam em operação, sendo as demais desmontadas para servir com fonte de peças de reposição. O último voo foi realizado em 20 de dezembro de 2013 quando o F-2000C Mirage FAB 4948 , partiu da base aérea de Anápolis, em Goiás, às 10h42, com destino ao Museu Aerospacial (MUSAL) no Rio de Janeiro, onde passaria a fazer parte do acervo daquela organização.

Em Escala.
Para representarmos o F-2000B "FAB 4933" fizemos uso do kit do fabricante Airfix na escala 1/48, apesar de nos depararmos com um nível de detalhamento equivalente aos modelos atuais da Italeri, a qualidade de plástico injetado deixou a desejar apresentando um grande número de peças empenadas e quebradiças. Empregamos decais confeccionados pela FCM Decais presentes no recente Set 48/40.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático empregado pelas aeronaves francesas, apesar de receberam as marcações e matriculas nacionais na França, os Mirage F-2000B mantiveram os estêncis orientativos em francês até sua desativação em 31 de dezembro de 2013.


Bibliografia :

- Mirage 2000 Mudança de Vetores, Marcelo Mendonça - Revista Força Aérea Nº 40
- Anápolis a Toca dos Jaguares, Luciano R Melo – Revista Força Aérea Nº 61
- História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html

McDonnel Douglas A-4KU AF-1A

História e Desenvolvimento. 
No início da década de 1950, as aeronaves a reação começaram a substituir os caças e aeronaves de ataque equipados com motores a pistão nas forças aéreas das principais potencias militares, tendência também enfatizada pelo comando da aviação naval da  Marinha dos Estados Unidos (US Navy). Nesse período, a força naval norte-americana contava com dezenas de porta-aviões de médio e pequeno porte, enquanto projetos para a construção de porta-aviões de grande porte já estavam em andamento, que apresentariam capacidade para operar aeronaves de grande porte. Nesse contexto, o comando da aviação naval lançou uma concorrência para o desenvolvimento de uma nova aeronave de ataque de pequeno porte, destinada a operações embarcadas que pudesse equipar seus navios aeródromos de pequeno e médio porte. Os requisitos estabelecidos para o projeto incluíam: raio de ação mínimo de 555 km, velocidade máxima de até 805 km/h, peso máximo de 13.600 kg e capacidade de transportar até 1.908 kg de carga útil, convencional ou nuclear. Além disso, a aeronave deveria apresentar baixo custo de aquisição e operação, com o objetivo de substituir os monomotores a pistão Douglas A-1 Skyraider nas missões de ataque. Em janeiro de 1952, a Douglas Aircraft Company apresentou sua proposta, desenvolvida sob a liderança do renomado engenheiro-chefe Edward Henry Heinemann. O projeto consistia em uma aeronave compacta, projetada para operar em porta-aviões de médio e pequeno porte. Com peso de apenas 5.440 kg — metade do especificado —, a aeronave alcançava uma velocidade máxima de 950 km/h e podia transportar uma carga útil de 2.250 kg, incluindo variada gama armamentos, inclusive nucleares. Sua área alar, de apenas 8,38 m², eliminava a necessidade de asas dobráveis para armazenamento em porta-aviões, reduzindo a complexidade de sistemas hidráulicos e elétricos e barateando o custo de manutenção. O primeiro protótipo, equipado com o motor turbojato Curtiss-Wright J65, realizou seu voo inaugural em 22 de junho de 1954, na Base da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) em Edwards, Califórnia. Após um programa inicial de ensaios em voo bem-sucedidos, foi assinado um contrato para a produção de 18 aeronaves de pré-série, designadas YA4D-1, que foram destinadas ao desenvolvimento final do projeto. Concluída essa etapa, celebrou-se um contrato para a aquisição de 500 aeronaves, ao custo unitário de US$ 860.000, valor inferior ao teto estipulado originalmente na concorrência, de US$ 1.000.000.

A primeira versão de produção da aeronave, designada A-4A Skyhawk, era equipada com dois canhões Colt Mk 12 de 20 mm, com capacidade para 100 disparos por arma. A aeronave podia ser configurada com uma ampla variedade de armamentos, incluindo bombas de queda livre, foguetes não guiados, mísseis ar-terra e ar-ar, além de uma bomba termonuclear de pequeno porte. As unidades iniciais foram destinadas aos esquadrões aeronavais VA-72 e VMA-224 da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), com o objetivo de facilitar a adaptação e a conversão dos pilotos para a nova aeronave. Após a conclusão desse processo, as aeronaves foram alocadas diretamente às unidades embarcadas em porta-aviões de pequeno porte, equipando esquadrões de ataque leve. Essa integração conferiu a esses navios uma capacidade de ataque até então inexistente, uma vez que não podiam operar aeronaves de maior porte, como o McDonnell Douglas F-4 Phantom II ou o Vought F-8 Crusader. As primeiras missões dos A-4A Skyhawk concentraram-se na proteção aérea de aeronaves de guerra antissubmarino (ASW) baseadas em porta-aviões médios da classe Essex. As versões A-4A e A-4B não possuíam sistema de radar, sendo direcionadas aos alvos por meio de vetoração realizada a partir de navios da frota ou por aeronaves de alerta aéreo antecipado Grumman E-1 Tracer AEW. O A-4 Skyhawk também foi pioneiro na implementação de um sistema de reabastecimento aéreo tático, reduzindo a dependência de aviões-tanque dedicados de grande porte. Nesse sistema, uma aeronave A-4B configurada para reabastecimento, equipada com um “buddy store” — um tanque externo de combustível com um carretel de mangueira e uma caçamba de reabastecimento extensível —, era lançada sem armamento. Já as aeronaves de ataque eram configuradas com carga máxima de armamentos e recebiam combustível até o limite de peso máximo de decolagem, inferior à capacidade total do tanque. O batismo de fogo do A-4 Skyhawk ocorreu no Sudeste Asiático, onde a aeronave se destacou como o principal vetor de ataque leve da Marinha dos Estados Unidos durante os primeiros anos da Guerra do Vietnã, sendo empregada em missões contra alvos no Vietnã do Norte. Em 1º de maio de 1967, um A-4C Skyhawk do esquadrão VA-76, embarcado no porta-aviões USS Bon Homme Richard, abateu um MiG-17 da Força Aérea do Vietnã do Norte utilizando um foguete Zuni não guiado, marcando a única vitória aérea da aeronave nesse conflito. Posteriormente, os A-4 Skyhawk começaram a ser substituídos pelo Vought A-7 Corsair II nas missões de ataque da Marinha. Contudo, a aviação do Corpo de Fuzileiros Navais (USMC) manteve a aeronave em serviço em todos os seus esquadrões de ataque. Notavelmente, um A-4E Skyhawk foi responsável pelo lançamento das últimas bombas norte-americanas na Guerra do Vietnã.
O McDonnell Douglas A-4 Skyhawk passou a atrair o interesse de diversas nações, especialmente aquelas que operavam porta-aviões menores e mais antigos, remanescentes da Segunda Guerra Mundial, o que resultou na assinatura dos primeiros contratos de exportação para a Argentina e Austrália que operavam navios aeródromos britânicos. Dentre os operadores internacionais, Israel destacou-se como o maior usuário externo, processo iniciado em 1966, quando a França, até então principal fornecedora de equipamentos militares do país, impôs severas restrições à venda de material bélico. Esse cenário levou o governo israelense a intensificar sua aproximação com os Estados Unidos, culminando na implementação de um programa de assistência militar mais robusto. Nesse contexto, o McDonnell Douglas A-4 Skyhawk foi a primeira aeronave oferecida à Força Aérea de Israel (IAF), com as entregas ocorrendo logo após a Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967. Localmente designadas como Ayit (termo hebraico para "Águia"), essas aeronaves apresentavam um custo de aquisição equivalente a apenas um quarto do valor de um McDonnell Douglas F-4 Phantom II, com a capacidade de transportar uma carga bélica superior. Essa relação custo-benefício levou Israel a adquirir mais de 200 unidades, consolidando o A-4 como a espinha dorsal de sua força de ataque ao solo. Durante a Guerra do Yom Kippur, em 1973, os A-4 Skyhawk desempenharam um papel central, executando o maior número de missões de ataque terrestre da campanha. Contudo, a alta exposição resultou em perdas significativas, com pelo menos nove aeronaves abatidas por caças MiG-21 e MiG-17 da coalizão árabe e por fogo antiaéreo. Para recompor essas perdas, os Estados Unidos implementaram, no final de 1973, a Operação Nickel Grass, que envolveu a transferência de aeronaves usadas da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) para Israel. Uma versão específica, designada A-4H, foi desenvolvida para atender às necessidades de Israel. Essa variante incorporava aviônicos mais avançados, o motor Pratt & Whitney J52-P-8A com maior empuxo e canhões DEFA de 30 mm, substituindo os Colt Mk.12 de 20 mm. Visualmente, o A-4H distinguia-se por uma "corcova" que abrigava os novos sistemas eletrônicos e por um tubo de escape estendido, modificação local destinada a aumentar a proteção contra mísseis terra-ar guiados por calor. Ao todo, 90 unidades dessa versão foram entregues e empregadas em diversos conflitos. Em 2008, foi iniciado um processo de desativação gradual dos A-4 Skyhawk, que foram substituídos nas missões de ataque pelos caças General Dynamics F-16 Fighting Falcon. Temporariamente, as aeronaves remanescentes foram destinadas a missões de treinamento, até serem definitivamente retiradas de serviço a partir de 2014, quando foram substituídas pelos aviões italianos Alenia Aermacchi M-346 Master.

mbora o Douglas A-4 Skyhawk tenha desempenhado um papel significativo na Força Aérea de Israel (IAF), o primeiro cliente de exportação foi a Argentina, que assinou, em 1965, um contrato para a aquisição de 25 aeronaves da versão A-4B para operação embarcada. Em 1970, um novo acordo resultou na entrega de igual quantidade de unidades. Todas essas aeronaves, provenientes de unidades ativas da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), foram revisadas pela Lockheed Service Company e redesignadas como A-4P. Em 1976, um terceiro contrato foi firmado para a compra de 25 unidades da versão A-4C, destinadas a substituir os caças North American F-86 Sabre em missões de intercepção. Essa foi a primeira variante argentina equipada para operar mísseis ar-ar AIM-9B Sidewinder. Devido ao seu porte compacto e agilidade, o A-4 Skyhawk foi selecionado para substituir os caças Grumman F9F Panther e Grumman F9F Cougar no porta-aviões ARA Veinticinco de Mayo V2 (Ex HMS Venerable) , da Marinha Argentina (Armada). Para atender a essa demanda, foram adquiridas 16 unidades da versão A-4Q, entregues a partir de 1971. Apesar dos embargos impostos pelos Estados Unidos ao governo militar argentino a partir do final da década de 1970, essas aeronaves tiveram destacada atuação no conflito das Malvinas (Falklands), entre abril e junho de 1982. Durante o conflito, 48 aeronaves das versões A-4P, A-4C e A-4Q foram empregadas em missões de ataque contra a frota britânica, resultando no afundamento do destróier Tipo 42, HMS Coventry e das fragatas Tipo 21, HMS Antelope e HMS Ardent, além de causar sérios danos a outros navios. Contudo, 22 dessas aeronaves foram abatidas por caças BAE Sea Harrier FRS1 da Marinha Real Britânica (Royal Navy), Harrier GR.3 da Força Aérea Real (RAF), artilharia antiaérea e mísseis terra-ar britânicos instalados nas ilhas após o desembarque. Depois do término do conflito, as celulas remanescentes foram modernizadas por meio do programa Halcón, permanecendo em serviço até 1999, quando foram substituídas por 36 aeronaves modernizadas da versão Lockheed Martin OA/A-4AR Fightinghawk. Além da Argentina, outras nações com porta-aviões de pequeno porte de origem britânica, como Austrália e Nova Zelândia, também operaram versões do Douglas A-4 Skyhawk em seus grupos aéreos embarcados durante as décadas de 1970 e 1980.
A última variante produzida especificamente para as forças armadas dos Estados Unidos, composta pelos modelos A-4M e TA-4M Skyhawk, representou o ápice tecnológico da família A-4. Essas aeronaves foram operadas principalmente pelos esquadrões de ataque da aviação do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps). A produção final da linha destinou-se a uma encomenda da Força Aérea do Kuwait (al-Quwwat al-Jawwiya al-Kuwaitiya), que incluiu 30 unidades monoplaces A-4KU Skyhawk e seis unidades biplaces TA-4KU. A fabricação do A-4 Skyhawk foi encerrada em fevereiro de 1979, com um total de 2.960 aeronaves monoplaces e 565 unidades da versão de treinamento entregues a operadores em países como Estados Unidos, Argentina, Brasil, Singapura, Austrália, Indonésia, Israel, Kuwait, Malásia e Nova Zelândia. Seguindo o exemplo do pioneiro programa de modernização conduzido em Israel pela empresa estatal Israel Aircraft Industries (IAI), diversos outros programas de atualização foram implementados em centenas de células da família A-4 Skyhawk. Destacam-se as modernizações realizadas por Indonésia, Singapura e Argentina, que elevaram a aeronave a um nível tecnológico avançado, prolongando significativamente sua vida útil. Nos Estados Unidos, as últimas unidades empregadas em missões de conversão operacional, treinamento de combate (como aeronaves "agressoras") e reboque de alvos foram retiradas do serviço ativo em 2003. Notavelmente, as qualidades de voo, agilidade em combate e baixa assinatura de radar do A-4 Skyhawk proporcionaram à aeronave uma sobrevida singular. Essas características levaram à sua adoção por empresas privadas, como a Draken International e a Aero Group, que passaram a utilizá-la em contratos com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos para programas de treinamento para as forças armadas norte-americanas.

Emprego na  Marinha do Brasil
Em 26 de janeiro de 1965, o Decreto-Lei nº 55.627 proibiu a Aviação Naval da Marinha do Brasil de operar aeronaves de asa fixa, determinando a transferência de seus vetores e pessoal para o Ministério da Aeronáutica (MAer). Essa restrição permaneceu em vigor até o final da década de 1990, quando os últimos Grumman S-2E Tracker (P-16E) da Força Aérea Brasileira (FAB) foram desativados. A retirada dessas aeronaves gerou uma lacuna operacional nas atividades de aviação embarcada, criando uma oportunidade para que o almirantado buscasse a revogação da chamada “Lei da Asa Fixa”. Os esforços nesse sentido culminaram em 8 de abril de 1998, com a promulgação do Decreto Presidencial nº 2.538, que restaurou à Marinha do Brasil o direito de operar aeronaves de asa fixa. A única condição estipulada era que essas aeronaves fossem empregadas primariamente a bordo de um navio-aeródromo da esquadra. Nesse novo contexto, o navio-aeródromo brasileiro A-11 Minas Gerais, embora modernizado diversas vezes ao longo de sua carreira, havia sido projetado com base em conceitos da década de 1940, voltados para o embarque de aeronaves de pequeno porte equipadas com motores a pistão. Essas características impunham limitações significativas para a operação de jatos de alto desempenho, devido ao tamanho reduzido da pista e à capacidade limitada das catapultas. Tais restrições operacionais influenciaram diretamente a escolha de aeronaves adequadas. Inicialmente, o comando da Aviação Naval demonstrou preferência pelos jatos de ataque franceses (novos ou mesmo usados) Dassault-Breguet Super Étendard, que se adequavam às limitações operacionais do A-11 Minas Gerais e possuíam comprovada experiência em combate. Contudo, a proposta francesa excedia a capacidade orçamentária da Marinha do Brasil, tornando a aquisição de cinco a dez aeronaves totalmente inviável. Diante desse cenário, a alternativa mais viável recaiu sobre a família Douglas A-4 Skyhawk, que já contava com um histórico bem-sucedido de operação em navios-aeródromos de pequeno porte semelhantes ao brasileiro. Foram realizadas consultas internacionais para identificar oportunidades de aquisição, resultando em uma concorrência prontamente atendida pela The Boeing Company. A empresa ofereceu um lote de aeronaves McDonnell Douglas A-4KU e TA-4KU Skyhawk em bom estado de conservação, provenientes do governo do Kuwait, que as devolveu como parte do pagamento por um lote de caças multifuncionais McDonnell Douglas F/A-18 Hornet. 

Negociações entre o governo brasileiro e a The Boeing Company resultaram em uma proposta de US$ 70 milhões, abrangendo a aquisição de 20 aeronaves monoplaces A-4KU Skyhawk e três biplaces TA-4KU, além de um amplo estoque de peças sobressalentes, treinamento e um pacote de armamentos, incluindo mísseis ar-ar Raytheon AIM-9L Sidewinder. As versões A-4KU e TA-4KU estavam entre as mais avançadas da família A-4, sendo derivadas do A-4M Skyhawk II, desenvolvido para missões de ataque do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC). Embora desprovidas de capacidades para ataque nuclear, lançamento de mísseis antirradiação ou uso de bombas guiadas por TV, essas aeronaves incorporavam o moderno sistema Hughes ARBS (Angle Rate Bombing System), para designação de alvos no solo, e podiam operar mísseis AGM-65 Maverick. Equipadas com o motor turbojato Pratt & Whitney J52-P408, que fornecia 11.200 libras de empuxo, as unidades haviam sido produzidas entre 1977 e 1979, com uma média de apenas 1.700 horas de voo, o que as classificava como relativamente novas e com significativa vida útil remanescente. Algumas dessas aeronaves participaram ativamente da Primeira Guerra do Golfo, operando a partir de bases na Arábia Saudita contra forças iraquianas. Uma comissão de oficiais da Marinha do Brasil foi enviada ao Kuwait para selecionar, entre a frota disponível, as 20 unidades monoplaces e três biplaces. Após a escolha, as aeronaves foram revisadas, desmontadas e preparadas para transporte marítimo, chegando ao porto do Rio de Janeiro em 5 de setembro de 1998. Paralelamente, foi determinada a criação de uma unidade especializada para operar os novos jatos de ataque, culminando, em 2 de outubro de 1998, na ativação do 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1), sediado no complexo militar de São Pedro da Aldeia, no Rio de Janeiro. O treinamento dos pilotos foi estruturado em duas fases. A primeira etapa envolveu a participação da Força Aérea Brasileira, utilizando suas unidades de instrução. A segunda etapa foi conduzida nos Estados Unidos, na Estação Aeronaval de Kingsville (Naval Air Station Kingsville), no Texas. Nesse período, os oficiais aviadores brasileiros realizaram qualificações para pouso em porta-aviões e treinamento no emprego de sistemas de armamento, utilizando aeronaves de treinamento avançado McDonnell Douglas T-45 Goshawk.
Em 26 de maio de 2000, foi realizado o primeiro voo de um Douglas A-4KU Skyhawk pilotado por um oficial aviador da Marinha do Brasil. Entre 11 e 13 de setembro do mesmo ano, ocorreram os primeiros procedimentos de toque e arremetida no convoo do navio-aeródromo A-11 Minas Gerais. Posteriormente, entre 18 e 21 de janeiro de 2001, foram executados os primeiros pousos e catapultagens a bordo desse navio. Contudo, as operações do 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1) com o A-11 Minas Gerais foram breves, pois, no final de 2001, o governo brasileiro adquiriu do governo francês o navio-aeródromo R-99 Foch, com o objetivo de substituir o veterano A-11, que contava com mais de 50 anos de serviço. As aeronaves, redesignadas como AF-1 Skyhawk, passaram a operar a bordo do novo navio-aeródromo A-12 São Paulo assim que este foi declarado operacional. Em dezembro de 2001, dois AF-1A Skyhawk partiram da Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia com destino à Base Aérea de Natal, onde realizaram os primeiros disparos reais com mísseis AIM-9H Sidewinder. Esses mísseis haviam sido revisados e revalidados pelas empresas brasileiras Mectron S/A, Avibrás S/A e Imbel, e todos os lançamentos foram bem-sucedidos. Com isso, o VF-1 foi homologado para operações plenas. A Marinha do Brasil planejava manter 15 aeronaves operacionais para compor o Grupo Aéreo Embarcado. Em determinado momento, até 20 unidades estavam em condições de voo. Contudo, ao longo dos anos, a disponibilidade operacional foi gradualmente reduzida, principalmente devido às limitações orçamentárias impostas às Forças Armadas pelo governo federal. Como consequência, os pilotos enfrentaram dificuldades para manter suas qualificações, e as operações embarcadas tornaram-se cada vez menos frequentes. Para mitigar esse problema, o comando do esquadrão optou por manter em operação constante as três aeronaves biplaces AF-1B Skyhawk, permitindo que dois aviadores navais compartilhassem as poucas horas de voo disponíveis. Curiosamente, essas aeronaves não foram empregadas em operações embarcadas. Essa decisão foi justificada pela existência de apenas três unidades desse modelo na frota, levando a Marinha a priorizar sua preservação e evitar riscos de acidentes que pudessem resultar na perda dessas valiosas células ao operar no navio-aeródromo A-12 São Paulo.

Após treze anos da incorporação das aeronaves McDonnell Douglas A-4KU e TA-4KU Skyhawk, o Comando da Força Aeronaval (ComForAerNav) determinou a implementação de um amplo programa de modernização das células remanescentes, com o objetivo de estender sua vida util até que houvesse tempo habil para a aquisição de um modelo mais atualizado.  Para atender a essa demanda, foi assinado, em 14 de abril de 2000, um contrato com a Embraer S/A, prevendo inicialmente a modernização de 12 aeronaves que se encontravam em melhor estado de conservação. O projeto incluía a revitalização estrutural, a atualização do piloto automático — permitindo maior concentração do piloto na missão ao gerenciar os sistemas da aeronave — e a integração de novos sistemas de defesa ativa e passiva, como o Radar Warning Receiver (RWR). Esse dispositivo possibilitava a detecção e evasão de ameaças, como mísseis e caças inimigos, aumentando a sobrevivência da aeronave e a probabilidade de êxito nas missões. Além disso, foram incorporados os seguintes avanços: - Um terceiro rádio VHF com capacidade de transmissão de dados via data-link, utilizando equipamentos Rohde & Schwarz; - Integração de radar altímetro e TACAN, permitindo ao piloto centralizar informações em uma única tela (Conformal Multi-Function Display - CMFD), o que aprimorava a consciência situacional durante operações em porta-aviões e voos por instrumentos; - Atualização dos instrumentos do motor, com avisos aurais sobre limites operacionais, consolidação de dados em uma única tela e melhor visualização dos indicadores; - Estações de briefing e debriefing, que proporcionavam melhor planejamento das missões, economia no uso de equipamentos aviônicos, otimização das informações geradas em voo e suporte ao treinamento e avaliação das tripulações. O primeiro protótipo modernizado, registrado como AF-1B N-1011, realizou seu voo inaugural em 17 de julho de 2013. Após ensaios bem-sucedidos, foi autorizado o envio das demais aeronaves à Embraer S/A, com a primeira unidade modernizada entregue formalmente em 26 de maio de 2014. Contudo, restrições orçamentárias atrasaram a entrega das aeronaves restantes, e a em fevereiro de 2017 a desativação precoce do navio-aeródromo A-12 São Paulo levou o Comando da Força Aeronaval a reavaliar o número total de células  a serem modernizadas.
Em 20 de abril de 2022, a Embraer S/A entregou à Marinha do Brasil a última aeronave modernizada do modelo AF-1C. O programa de modernização contemplou um total de sete aeronaves, sendo cinco unidades monoplaces AF-1B e duas unidades biplaces AF-1C. Essas aeronaves proporcionaram à Aviação Naval um vetor aéreo de tecnologia avançada, capaz de executar missões de inteligência, incluindo o acompanhamento de alvos de superfície. Entre os principais avanços, destacou-se a integração do radar israelense EL/M 2032, que oferece múltiplos modos de operação: ar-ar, ar-mar, ar-solo e navegação. Esse sistema permite detectar e rastrear alvos aéreos e de superfície, além de determinar a distância ar-solo para o subsistema de pontaria de armamentos. No modo TWS (Track While Scan), é possível localizar e rastrear automaticamente até 64 alvos terrestres ou de superfície simultaneamente, enquanto o modo SAR (Synthetic Aperture Radar) viabiliza o mapeamento terrestre em missões de reconhecimento. Essas capacidades, combinadas aos radares 997 Artisan instalados no Porta-Helicópteros Multipropósito Atlântico, reforçam a eficiência da Força Naval em missões de interceptação, ataque e defesa aérea. Apesar da desativação do navio-aeródromo A-12 São Paulo e da operação de uma frota reduzida, a manutenção das aeronaves modernizadas visa preservar a doutrina operacional da aviação de ataque com aeronaves de asa fixa. Esse esforço busca assegurar a continuidade dessas capacidades até que os jatos AF-1C Skyhawk sejam substituídos por novos vetores no futuro próximo.

Em Escala.
Para representarmos o McDonnell Douglas A-4KU AF-1  Skyhawk "MB 1005" optamos pelo kit da Hobbycraft na escala 1/48, modelo este que apresenta bom nível de detalhamento, incluindo amplo leque de configuração de cargas externas semelhantes as adotadas em sua operação no Brasil. Vale salientar que  recentemente a Hasegawa lançou uma edição especial e limitada com os  A-4KU da Marinha do Brasil  Empregamos decais confeccionados pela FCM Decais , presentes no Set 48/44, mesclados com decais originais do modelo.
O esquema de cores  (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático empregado em todos  McDonnell Douglas A4-KU e TA-4KU recebidos pela Marinha do Brasil, somente o AF-1 1001 recebeu um padrão de pintura diferenciado na cor  cinza FS-26187, aplicado para a cerimônia  de apresentação das aeronaves no dia 2 de outubro de 1998 durante as comemorações do 82º Aniversário da Aviação Naval. Já as aeronaves modernizaras apresentam um padrão de pintura de baixa visibilidade com as marcações em  low wiz.


Bibliografia :

- Revista Força Aérea Número 13   - Luciano Melo Ribeiro
- Revista Força Aérea Número 21 - Eduardo Baruffi Valente
- Asas Sobre o Mares - Aviação Naval Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha
- McDonnell Douglas A-4 Skyhawk - Wikipedia - http://pt.wikipedia.org/wiki/McDonnell_Douglas_A-4_Skyhawk
- Poder Naval - www.naval.com.br , Alexandre Galante

C-95A, C-95B e C-95C Bandeirante

História e Desenvolvimento. 
No início da década de 1960, a Força Aérea Brasileira comprometeu-se com um ambicioso programa de integração nacional. Neste contexto, quase toda a sua frota de aeronaves Douglas C-47 e Beechcraft C-45 foi mobilizada, com o intuito de expandir não apenas as linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN), mas também de realizar missões de assistência logística e médica nas regiões mais remotas do país.  Contudo, ao longo dos anos, o uso intensivo dessas aeronaves resultou em desgastes estruturais significativos, o que impactou diretamente nos índices de indisponibilidade da frota. Esta situação foi ainda mais exacerbada pelas dificuldades na obtenção de peças de reposição, evidenciando a necessidade premente de substituir integralmente a frota existente. Neste cenário, o Coronel Ozires Silva apresentou ao comando da Aeronáutica uma proposta para o desenvolvimento de uma aeronave bimotora nacional de médio porte. Os esforços para a concretização deste projeto começaram a tomar forma em junho de 1965, em colaboração com o Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento do Centro Técnico Aeroespacial em São José dos Campos, SP, com o lançamento do programa IPD-6504. Sob a supervisão do engenheiro francês Max Holst, que havia projetado diversas aeronaves, incluindo o MH-1521 Broussard, utilizado pela Força Aérea Francesa (Armée de l'Air), uma equipe dedicada foi formada para atender a essa demanda. O projeto envolvia o desenvolvimento de uma aeronave bimotora de asa baixa, com estrutura metálica, medindo 12,74 metros de comprimento, janelas em formato de bolha e capacidade para oito passageiros. A partir do início de 1967, após a elaboração dos cálculos e desenhos necessários, iniciou-se a construção de um mock-up em escala 1:1, com o corte e a moldagem dos painéis realizados manualmente sobre o modelo. Paralelamente, foram selecionados motores turbo-hélice Pratt & Whitney PT6A-20 de 550 shp cada, que garantiriam à aeronave o alcance dos patamares de desempenho desejados. O programa de desenvolvimento e construção se estendeu por três anos e quatro meses, totalizando cento e dez mil horas de trabalho e envolvendo diretamente cerca de trezentos colaboradores. O primeiro protótipo, designado YC-95 Bandeirante (nome dado em  honra aos desbravadores do Brasil, no século XVI), foi concluído no início de outubro de 1968 e preparado para seu primeiro voo. Os motores do Bandeirante funcionaram pela primeira vez no dia 17 de outubro, incrivelmente seis dias antes do primeiro voo. Vários testes de solo foram realizados exaustivamente pelos projetistas e pilotos, para garantir a confiabilidade dos sistemas, um trem de pouso foi danificado durante um taxiamento, mas consertado antes do dia previsto. 

O grande  momento histórico ocorreu na manhã do dia 22 do referido mês, quando o YC-95 decolou para seu voo de testes. Durante este voo inaugural, foi detectada uma instabilidade direcional na aeronave, que foi prontamente corrigida pela equipe técnica do CTA. Após a realização de ajustes menores, em 27 de outubro de 1968, o YC-95 Bandeirante, registrado sob a matrícula FAB 2130, foi oficialmente apresentado em uma cerimônia no aeroporto de São José dos Campos, São Paulo. A cerimônia contou com a presença de autoridades, representantes da imprensa e um público estimado em 15 mil pessoas. Sob os atentos olhares dos presentes, a aeronave decolou de uma pista não pavimentada, pilotada pelo Major Mariotto Ferreira e pelo Engenheiro Michel Cury, celebrando assim os anos de dedicação investidos no programa da aeronave brasileira. Em 1969, devido a divergências de opinião sobre a condução do desenvolvimento do projeto, o engenheiro francês Max Holste deixou a equipe. Nesse mesmo ano, o Coronel Ozires Silva e sua equipe iniciaram esforços para buscar parcerias no setor privado nacional para a produção em série da nova aeronave. Apesar das muitas negativas enfrentadas, o Coronel não se deixou desanimar; uma grande oportunidade surgiu durante um encontro inesperado com o presidente Artur da Costa Silva, no qual ele conseguiu convencê-lo a investir no projeto de produção em série. Esse esforço resultou na criação de uma empresa estatal de capital misto, estabelecida na cidade de São José dos Campos, São Paulo, com sua fundação ocorrendo em 19 de agosto de 1969. A nova empresa recebeu o nome de Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A (Embraer), tendo o Coronel Ozires Silva como seu primeiro presidente, cargo que ocupou até 1986. Assim, o projeto IPD-6504 e seus dois protótipos foram transferidos para a nova empresa, recebendo a designação oficial de EMB-100 Bandeirante. Subsequentemente, iniciaram-se trabalhos focados na melhoria do projeto e no desenvolvimento da engenharia de processo para a futura produção em série da aeronave. Como resultado desse trabalho, foi criado um terceiro protótipo, que recebeu a matrícula PP-ZCN e realizou seu voo inaugural em 29 de junho de 1970. Apesar de seu bom desempenho durante os testes de voo, constatou-se que as condições e os parâmetros operacionais para os quais o projeto havia sido originalmente concebido haviam se modificado. Em particular, a capacidade de transporte de até oito passageiros se tornara insuficiente, pois o mercado passou a preferir modelos com capacidade para até doze passageiros. Essa mudança trazia desafios significativos para o sucesso do EMB-100 nos segmentos comercial nacional e internacional, levando a empresa a um processo de reformulação do projeto. 
Assim, nasceu o Embraer EMB-110, uma nova versão com maior porte, que atendia à nova demanda por transporte civil e cuja variante militar (C-95) poderia também carregar uma carga útil maior, incorporando avanços técnicos significativos. A partir das novas definições  de projeto estabelecidas, em novembro teve início a produção do primeiro exemplar pré-série da versão militar, designado como C-95, recebendo a matrícula FAB 2133. Este modelo apresentava uma fuselagem alongada em relação aos primeiros protótipos, com 14,23 metros de comprimento, e passava a incorporar janelas retangulares em vez das ovais originais. Possuía também  um novo estabilizador vertical, naceles de motores redesenhadas e motores turboélices mais potentes do modelo Pratt & Whitney PT6A-27, cada um com 680 hp. O primeiro voo do C-95 FAB 2133 ocorreu em 9 de agosto de 1972, sendo imediatamente destinado a um extenso e detalhado programa de testes e ensaios em voo conduzido pela Força Aérea Brasileira. Posteriormente, a aeronave recebeu homologação operacional oficial do Centro de Tecnologia da Aeronáutica (CTA) e de demais órgãos governamentais responsáveis pelo transporte aéreo. Nesse contexto, foi formalizado um contrato entre a Embraer S/A e o Ministério da Aeronáutica (MAer) para a aquisição de oitenta células, com as primeiras aeronaves previstas para entrega à Força Aérea Brasileira a partir de fevereiro de 1973. Contudo, até o final de 1976, foram produzidas e incorporadas apenas cinquenta e cinco células. Embora tenha sido concebido inicialmente para fins militares, o Embraer C-95 Bandeirante demonstrou também um notável potencial civil. Assim, que foi lançado o modelo EMB-110C, que apresentava capacidade para até dezesseis passageiros o que despertaria o interesse de operadores regionais. O primeiro contrato comercial foi celebrado com a empresa Transbrasil S/A, que recebeu seu primeiro exemplar em abril de 1973, ostentado a matrícula PT-TBA. Em seguida, Vasp S/A, uma empresa estadual paulista de capital misto, tornou-se o segundo operador comercial do modelo, com esta variante atingindo a  produção total de trinta e quatro células. Devido ao seu projeto bem dimensionado para o o atendimento de trechos regionais com considerável desempenho, o EMB-110 Bandeirante rapidamente iniciaria seus primeiros passos no mercado internacional, conquistando vários contratos nos Estados Unidos. Em 1975, foi concretizada a primeira exportação de uma versão militar para a Força Aérea do Uruguai (FAU). Apenas dois anos depois, a companhia aérea francesa Air Littoral se tornou o primeiro cliente internacional da versão civil. 

Nos anos subsequentes, o Embraer EMB-110 consolidou-se como referência no mercado regional norte-americano, conquistando uma ampla base de clientes composta por empresas renomadas de transporte regional. Buscando diversificar seu portifólio, seria desenvolvida a  versão EMB-110E, derivando diretamente do EMB-110C, destinada ao mercado  de transporte executivo, com seu interior podendo ser customizado para seis ou oito passageiros; apesar de representar um grande diferencial, apenas quatro aeronaves seriam produzidas e comercializadas. Já versão a nova  EMB-110J representou um desenvolvimento do EMB-110E, dos quais foram produzidos apenas doze exemplares. O emprego operacional desta versão inicial, motivaria a equipe de projetos da  Embraer S/A a estudar novas modificações no projeto, visando assim melhorar o a performance do modelo tanto no requisito de desempenho, quanto em capacidade de carga. O fruto deste estudo se concretizaria em 1975 no desenvolvimento da versão EMB 110K1 Bandeirante, que tinha como principal objetivo o mercado de transporte militar (atendendo primordialmente uma demanda da Força Aérea Brasileira), esta aeronave teria sua fuselagem alongada em 0,87 cm, permitindo assim a inclusão de uma porta traseira de carga e uma porta extra para a tripulação e passageiros. Passaria a contar com o novo modelo mais potente do motor Pratt & Whitney PT6A-34 com 750 shp e aprimoramentos na avionica, trens de pouso e sistemas elétricos e de combustível. Esta nova versão receberia a designação de C-95A Bandeirante. Duas versões civis derivaram do modelo militar, sendo o EMB-110P1 para até dezenove passageiros ou carga e o EMB-110P2 para transporte exclusivo de até vinte e um passageiros, que ao invés da porta de carga, dispunha uma porta de serviço. Em fins da década de 1970, surgiria a versão militar EMB 110P1(K) que passou a ser conhecida como C-95B Bandeirante, tratava-se de um modelo com uma série de melhorias e aprimoramentos sobre seu modelo antecessor, entre estes destaca-se a adoção de uma porta de serviço de 1,42 X 0,63m, embutida na porta de carga, que podia ser aberta em voo para o lançamento de cargas ou paraquedistas. Dispondo de uma capacidade de transporte de carga de até 1.700 kg o Embraer C-95B Bandeirante se tornaria o esteio das unidades de transporte da Força Aérea Brasileira (FAB) que operariam o modelo.
Entre os anos de 1981 e 1982, a Força Aérea Brasileira (FAB) recebeu cinco exemplares da versão EMB-110P1K SAR, aeronaves projetadas especificamente para a execução de missões de busca e salvamento. Essas aeronaves, designadas SC-95B foram registradas sob as matrículas FAB 6542 a FAB 6546, sendo incorporadas ao 2º/10º Grupo de Aviação - Esquadrão Pelicano, onde passariam a substituir os antigos anfíbios Grumman SA-16 Albatross empregados até este momento. Os SC-95B foram fornecidos internamente para realizar evacuações aeromédicas, possuindo capacidade para transportar até seis feridos em macas. Além disso, a aeronave permite o lançamento de botes salva-vidas e paramédicos por meio de paraquedas através da porta traseira. Para melhorar as operações de observação e busca, foram instaladas duas amplas janelas ovais em formato de bolha na parte posterior da fuselagem. Em 1983, a Embraer S/A desenvolveu a última variante militar do modelo, o EMB-110P1(A) Bandeirante, que recebeu a designação C-95C. Esta versão foi aprimorada com melhorias significativas, incluindo um isolamento acústico mais eficiente, modernização dos sistemas de aviônica e a adoção de estabilizadores horizontais com um ângulo de diedro positivo de 10 graus, medida destinada a incrementar a estabilidade e o desempenho da aeronave. Até o fim de sua produção, em dezembro de 1991, foram fabricadas 498 unidades do EMB-110 Bandeirante de todas as versões, atendendo tanto ao mercado civil regional em oito países quanto a nove operadores militares, entre os quais se destacam Chile, Brasil, Gabão, Uruguai, Cabo Verde, Colômbia e Angola. Este projeto foi um divisor de aguas para o pais, passando de um simples fornecedor de comodities para um dos expoentes da indústria aeronáutica internacional. Quando  ouvimos a palavra “Bandeirante” lembramos do início da maior indústria aeronáutica do Brasil, a Embraer S/A, fundada em motivação da comercialização dessa aeronave com todo o planeta, seria o primeiro passo para futuros projetos e parcerias internacionais. O conhecimento agregado com o Bandeirante possibilitou à criação do o EMB-121 Xingu, pressurizado, compartilhando asas modificadas e trem de pouso, com nova fuselagem de seção cilíndrica. Na sequencia seria desenvolvido o EMB-120 Brasilia, que  com base eu projeto daria origem a família de jatos regionais EMB-145, levando a empresa brasileira a  entrar no mercado comercial de jatos de transporte de passageiros e jatos executivos, galgando o posto de terceira maior fabricante do mundo.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
O Embraer C-95 Bandeirante foi desenvolvido em atendimento a uma solicitação da Força Aérea Brasileira (FAB), que buscava substituir gradualmente sua frota de aeronaves de transporte, composta pelos modelos Douglas C-47 e Beechcraft C-45. Essas aeronaves, devido ao prolongado tempo de uso, apresentavam sinais evidentes de obsolescência em suas estruturas. Nesse contexto, foi formalizado o primeiro contrato de aquisição, com o objetivo de fornecer 80 unidades do C-95, quantidade considerada suficiente para equipar imediatamente os principais esquadrões de transporte aéreo da Força Aérea Brasileira (FAB). O processo de reequipamento priorizou as unidades responsáveis pelas missões do Correio Aéreo Nacional (CAN), com ênfase nas operações realizadas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. As três primeiras unidades do C-95, registradas sob as matrículas FAB 2132, FAB 2133 e FAB 2134, foram entregues a partir de 9 de fevereiro de 1973 e alocadas inicialmente ao 3º Esquadrão de Transporte Aéreo (3º ETA) – Pioneiro, sediado na Base Aérea do Galeão. Essas aeronaves passaram a desempenhar de imediato funções essenciais no âmbito do III Comando Aéreo Regional (IIICOMAR), incluindo transporte logístico regional, operação de linhas aéreas regionais, integração nacional, além de missões de salvamento e evacuação aeromédica, entre outras atividades. A partir de meados de 1974, a Embraer S/A alcançou uma cadência de produção de quatro unidades mensais do C-95 Bandeirante, ritmo que permitiu a rápida distribuição do modelo entre diversas unidades de transporte da Força Aérea Brasileira (FAB). Posteriormente, as aeronaves foram destinadas aos esquadrões 1º ETA, 2º ETA e 4º ETA, bem como ao Centro de Aplicações Táticas e Recompletamento de Equipamentos (CATRE), unidade estabelecida em janeiro de 1974 na cidade de Natal, onde o C-95 foi empregado em tarefas orgânicas. Nos primeiros anos de operação, a frota composta por 55 unidades do C-95 Bandeirante, abrangendo as matrículas FAB 2132 a FAB 2175 e FAB 2179 a FAB 2189, demonstrou seu valor operacional, consolidando um avanço significativo na aviação de transporte da Força Aérea Brasileira. Com o objetivo de substituir os veteranos Douglas EC-47, a Embraer S/A desenvolveu a variante EMB-110A, designada como EC-95, destinada à calibragem de auxílios à navegação. Essa versão possuía capacidade para até seis passageiros ou operadores dos sistemas eletronicos. Posteriormente, foi criada a variante EMB-110B, designada como R-95, voltada para missões de aerofotogrametria. Equipada com câmeras Zeiss e aviônicos adicionais, essa versão tinha capacidade para até cinco passageiros ou operadores. Em operação militar, as aeronaves da família Bandeirante destacaram-se pela elevada disponibilidade operacional e por apresentarem uma excelente relação custo-benefício.

A experiência inicial com o Embraer C-95 Bandeirante revelou oportunidades de aprimoramento no projeto original, questão que foi objeto de extensos debates entre a Força Aérea Brasileira (FAB) e a Embraer. Como resultado dessas discussões, foi desenvolvida a variante EMB-110K1 Bandeirante, designada militarmente como C-95A, consolidando os esforços para otimizar o desempenho e a funcionalidade da aeronave. No início de 1976, o Ministério da Aeronáutica (MAer), em conjunto com a fabricante, revisou o contrato inicial, decidindo converter o último lote de 25 unidades para a nova versão EMB-110K1 Bandeirante. Essa variante, projetada primordialmente para o transporte militar, incorporava motores Pratt & Whitney Canada PT6A-34 de 750 HP, uma nova deriva ventral, fuselagem com comprimento de 14,60 metros, uma porta de carga traseira e uma porta adicional para passageiros e tripulação. As entregas dessas aeronaves, registradas sob as matrículas FAB 2280 a FAB 2299, tiveram início em meados de 1976. A primeira unidade a operar o modelo C-95A foi o 5º Esquadrão de Transporte Aéreo (5º ETA), em outubro de 1977, sediado na Base Aérea de Canoas. O processo de entrega das demais unidades se estendeu até setembro de 1978, com as células restantes sendo distribuídas entre os cinco esquadrões de transporte aéreo então existentes. Em 1978, as aeronaves do 5º ETA passaram a ser empregadas pelo 3º Esquadrão de Instrução Aérea (EIA), unidade dedicada à formação de pilotos de transporte da Força Aérea Brasileira (FAB). Três anos mais tarde, em 1981, esse esquadrão foi extinto, e a missão de instrução foi transferida para o 1º/5º Grupo de Aviação – Esquadrão Rumba. Este esquadrão assumiu a responsabilidade pela formação de pilotos multimotores até 1993, retomando essa função com os C-95 Bandeirante em 2001. Durante sua atuação no Esquadrão Rumba, foi criada a Esquadrilha DeAdalus, composta por cinco aeronaves C-95 Bandeirante, com o objetivo de realizar demonstrações aéreas. A primeira apresentação ocorreu em Natal, em 10 de fevereiro de 1982, durante as solenidades de passagem de comando do Centro de Aplicações Táticas e Recompletamento de Equipagens (CATRE). Posteriormente, em 18 de agosto de 1982, a esquadrilha realizou sua primeira exibição com uso de fumaça, em São José dos Campos, como parte das comemorações do aniversário da Embraer S/A. Contudo, a Esquadrilha Deadalus foi dissolvida em 1983, e as aeronaves retornaram exclusivamente às missões de formação de pilotos multimotores e transporte orgânico. 
Durante sua trajetória na Força Aérea Brasileira (FAB), os aviões C-95 Bandeirante destacaram-se por seu desempenho consistente em diversas missões, incluindo o transporte de passageiros e a formação de pilotos. Além disso, estes aeronaves atenderam às necessidades de operações de patrulha, reconhecimento, busca e salvamento, bem como transporte logístico.  No final de 1979, o Ministério da Aeronáutica (MAer) formalizou uma nova encomenda junto à Embraer S/A, optando pelo modelo mais recente, EMB-110P1(K). Esta aquisição, composta por 31 unidades designadas C-95B Bandeirante, recebeu as matrículas FAB 2300 a FAB 2330. As entregas iniciaram-se em fevereiro de 1980 e se prolongaram até outubro de 1984. As primeiras unidades operacionais da FAB a receber o C-95B foram o 2º/2º Grupo de Transporte (2º/2º GT) – Esquadrão Corsário e o 1º/15º Grupo de Aviação (GAv) – Esquadrão Onça, este último substituindo seus bimotores canadenses De Havilland C-115 Buffalo pela nova aeronave de fabricação nacional. Gradualmente, outras unidades passaram a operar o Embraer C-95B Bandeirante, e foi estabelecida uma divisão interna para otimizar a alocação dos modelos. O C-95 original foi concentrado nos 2º, 4º e 5º Esquadrões de Transporte Aéreo (ETA), enquanto os novos C-95B foram destinados aos 1º, 3º, 6º e 7º ETA, além do 2º/2º GT – Esquadrão Corsário e do 1º/15º GAv – Esquadrão Onça. Estas últimas unidades, com foco em operações táticas militares, destacaram-se especialmente em tarefas como o lançamento de paraquedistas e o reabastecimento aéreo. Em 1987, foi formalizada uma nova encomenda de 12 aeronaves, desta vez do modelo EMB-110P1(A), notavelmente caracterizado pela adoção de estabilizadores horizontais com 10° de diedro positivo. As primeiras unidades, designadas C-95C e registradas sob as matrículas FAB 2331 a FAB 2342, começaram a ser entregues em junho de 1988. Destas, 11 foram destinadas ao 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (ETA), enquanto uma foi alocada como aeronave orgânica na Base Aérea de Anápolis. É pertinente mencionar que, em 1991, o 5º Esquadrão de Transporte Aéreo (ETA) desenvolveria um Sistema de Lançamento Múltiplo (SLM) de cargas. Este sistema consiste na instalação de trilhos no piso da aeronave, permitindo que o operador empurrasse até dez fardos de noventa quilos, que eram ejetados em menos de dez segundos pela porta de carga. Tal recurso viabiliza o reabastecimento de tropas com munições, víveres e suprimentos médicos em uma única passagem, minimizando a exposição da aeronave ao fogo inimigo. Este sistema foi homologado pelo Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA) em 1996, sendo posteriormente incorporado a todos os esquadrões que operam os modelos Embraer C-95A, C-95B e C-95C Bandeirante.

Durante mais de três décadas, os Embraer C-95 Bandeirante desempenharam um papel fundamental como sustentáculo das missões de transporte aéreo, ligação e atendimento humanitário na Força Aérea Brasileira (FAB). Esses aviões também foram utilizados em tarefas como o lançamento de paraquedistas, lançamento de cargas, evacuação aero médica, treinamento e conversão operacional, destacando-se em suas operações em todo o território nacional. Em setembro de 1995, o Embraer C-95B Bandeirante, matrícula "FAB 2301", pertencente ao 1º/15º Grupo de Aviação - Esquadrão Onça, foi designado para integrar o pacote de arrendamento de aeronaves C-95 Bandeirantes ao Exército Brasileiro, onde realizaria missões de transporte e apoio a essa organização militar até 1999, quando as aeronaves foram devolvidas à Força Aérea Brasileira (FAB). No ano de 2007, o Embraer C-95B Bandeirante deixou de ser operado pelo 7º Esquadrão de Transporte Aéreo (ETA) - Esquadrão Cobra, sendo substituído pelos novos Cessna C-98 Caravan. Em 2008, o C-95B começou a ser gradualmente substituído no 1º/15º Grupo de Aviação - Esquadrão Onça pelos novos CASA C-105 Amazonas. O avanço do processo de desativação dos primeiros Embraer C-95 Bandeirante possibilitou a concentração das aeronaves C-95A remanescentes no 1º/5º Grupo de Aviação - Esquadrão Rumba, onde passaram a realizar missões de formação de pilotos multimotores. Ao longo de sua operação, o Bandeirante registrou diversos acidentes, resultando na perda de três C-95A, seis C-95B e um C-95C. Embora lamentáveis, essas ocorrências podem ser consideradas aceitáveis em vista do intenso uso a que a frota estava submetida. Igualmente, seis células dos modelos C-95B e C-95C foram convertidas para missões de calibragem e auxílio à navegação junto ao Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV), mantendo-se em operação até 2016, quando foram, finalmente, substituídas pelos novos Embraer 500 IU-50 Legacy. No início do século XXI, apesar da introdução de novas aeronaves de transporte, como os CASA C-105 Amazonas, Embraer C-97 Brasília e Embraer C-99, a Força Aérea Brasileira ainda dependia consideravelmente dos veneráveis Embraer C-95B e C-95C Bandeirante como vetores de transporte, especialmente em missões nas regiões mais inóspitas com infraestrutura aeroportuária limitada. No entanto, as células remanescentes já demonstravam estar ultrapassadas em termos de aviação e apresentavam evidentes sinais de desgaste estrutural, resultado do longo tempo de operação das aeronaves.
O Comando da Aeronáutica (COMAER) iniciou estudos visando a eventual substituição dos Embraer C-95 Bandeirante por aeronaves de porte semelhante, explorando diversas alternativas, incluindo a possibilidade de produção de aeronaves polonesas sob licença. Contudo, o desafio de implementar um novo modelo transcendeu a mera aquisição e treinamento; envolveu um complexo processo logístico que abrangeu o fluxo de ferramentas e peças de reposição. Diante desse cenário, decidiu-se explorar a viabilidade de um processo de modernização dos Embraer C-95B e C-95C Bandeirante. Após uma análise detalhada, optou-se por implementar um programa que contemplasse as melhores células disponíveis. Essa definição começou a se concretizar em setembro de 2008, quando foi assinado um contrato no valor de R$ 89,9 milhões com as empresas AEL Sistemas e Embraer S/A. O acordo envolveu a modernização e revitalização de trinta e oito células dos Embraer C-95B e C-95C Bandeirante, além de doze células das aeronaves de patrulha Embraer EMB-111 P-95B Bandeirulha. A modernização seria realizada em três fases. Na primeira fase, a AEL Sistemas S/A substituiria o sistema de navegação e comunicação obsoleto por um sistema mais completo e moderno, com concepção digital, apresentado em "multifunction displays". O Glass Cockpit mudava ao conceito do C-95, é a tecnologia mais avançada que existe em termos de navegação na aviação de transporte na FAB, e vai permitir uma transição fácil dos pilotos para outras aeronaves que utilizam esse sistema, como o C-130 Hércules, Orion P-3, Amazonas C-105 e Condor C-99. Na segunda fase, a Embraer S/A revitalizaria a estrutura da aeronave, proporcionando melhorias no sistema de refrigeração, além de substituir equipamentos essenciais nos sistemas mecânico e hidráulico. Por fim, a aeronave receberia melhorias na forração interna e uma nova pintura. Este programa de modernização, associado a um gerenciamento adequado, asseguraria a operação das aeronaves por mais vinte anos na Força Aérea Brasileira. O primeiro Embraer EMB-110M C-95BM Bandeirante, matrícula FAB 2332, modernizado, foi entregue em 11 de dezembro de 2011, destinado ao 3º Esquadrão de Transporte Aéreo (3º ETA), sediado no Rio de Janeiro. Com esta entrega, encerrava-se o primeiro ciclo operacional da aeronave, que se destacou como a mais numerosa e importante aeronave de transporte da Força Aérea Brasileira (FAB).

Em Escala.
Para representarmos o Embraer C-95C Bandeirante "FAB 2337" pertencente ao 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA), fizemos uso do antigo kit em resina na escala 1/72 do GIIC Models, única opção disponível na época para este modelo. Recentemente a Amodel lançou este kit injetado ser tornando uma excelente oportunidade. Empregamos decais originais impressos pela GIIC presentes no kit em conjunto com decais da FCM oriundos de diversos sets.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o primeiro padrão de pintura camuflado em três tons aplicados as aeronaves de transporte tático C-95B e C-95C na Força Aérea Brasileira. Inicialmente em 1977 os C-95A foram recebidos no mesmo padrão de pintura dos primeiros C-95, sendo também padronizados no esquema tático a partir de 1980. Este padrão passou a ser substituído com a adoção de um novo padrão com marcações em baixa visibilidade após a implementação  do processo de modernização iniciado em 2011.



Bibliografia :

- História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Centro Histórico da Embraer -http://www.centrohistoricoembraer.com.br/pt-BR/HistoriaAeronaves/Paginas/EMB-110-Bandeirante.aspx
- Os Reis do Rio – As Asas do 3º ETA, Marcelo C. Mendonça – Revista Força Aérea – Nº 22
- Embraer EMB 110 Bandeirante – Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Embraer_EMB_110_Bandeirante
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 Jackson Flores Jr