Northrop F-5E Tiger II no Brasil

História e Desenvolvimento.
Em meados da década de 1950, o avançar da tecnologia aeronáutica militar atingia uma velocidade sem precedentes na história da aviação moderna, e cada vez mais os vetores atingiam maiores velocidades, autonomia e capacidade de transporte de carga útil. Porém em contrapartida os custos de aquisição e operação, destas novas aeronaves de combate superavam em muito, os caças e bombardeiros produzidos durante a década passada. Esse cenário preocupava não só os comandantes militares norte-americanos, bem como os fabricantes de aeronaves, que temiam terem suas receitas reduzidas em face de possíveis cortes orçamentários. Atento a esta demanda a este cenário e em busca de soluções, no início do ano de 1956 a empresa Northrop Aircraft Corporation, criaria uma equipe de trabalho e desenvolvimento, chefiada pelo vice-presidente de engenharia e aeronaves, Edgar Schmued (responsável pelo desenvolvimento dos modelos P-51 Mustang e F-86 Sabre). O principal objetivo desta iniciativa, era o de criar uma aeronave de combate leve, com alto desempenho, capacidade de manobra aprimorada e alta confiabilidade, mas apresentando um custo de aquisição e operação muito inferior ao caças de combate daquela geração em uso até então.  Ademais reconhecendo que aeronaves de combate complexas e de alto custos operacionais, não poderiam ser substituídos de maneira viável em curto período (como ocorria com as aeronaves com motor a pistão), este novo projeto deveria incluir o conceito de "potencial de crescimento projetado", permitindo uma longevidade de serviço superior a vinte anos. Seguindo ainda este preceito que ficaria definido como "custo do ciclo de vida"   o engenheiro chefe do projeto Welko Gasich, definiria que os motores deveriam estar localizados dentro da fuselagem para obter o máximo desempenho e a longa vida útil. O projeto então seria denominado oficialmente como N-156, sendo customizado para o atendimento de uma concorrência recém deflagrada pela Marinha dos Estados Unidos (US Navy). Este processo visava o desenvolvimento de um caça leve para emprego em seus porta aviões de escolta, tendo em vista as aeronaves em uso até então nos porta aviões normais excediam as capacidades lançamento e hangaragem. Aliás o projeto do N-156 deveria ser extremamente flexível podendo também atender a possíveis demandas futuras da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF). Infelizmente para a Northrop Aircraft Corporation, logo em seguida, a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) reavaliaria sua estrutura e meios navais, resultando na desativação dos pequenos porta aviões de escolta. 

O cancelamento desta importante demanda por parte da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), representaria um revés no planejamento Northrop Aircraft Corporation, pois afetaria diretamente a possível escala de produção da futura aeronave.  Porém sua diretoria se manteria resiliente, derivando seu projeto original em  duas vertentes, uma destinada ao desenvolvimento de um  caça tático leve o "N-156F" conhecido também como “Tally-Ho”, e uma aeronave de treinamento avançado o "N-156T" . O conceito deste último modelo agradaria muito o comando da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), sendo assim selecionado como treinador padrão, em substituição aos jatos subsônicos Lockheed T-33. Seu primeiro protótipo do já designado YT-38 Talon alçaria voo no dia 12 de junho de 1959, e após ser avaliando em um amplo programa de ensaios em voo recebeu de produção de mil cento e cinquenta e oito células  com as primeiras aeronaves sendo entregues no ano seguinte e as últimas sendo recebidas até janeiro de 1972. A excelência do projeto seria comprovada pela implementação de diversos programas de retrofit e modernização ao longo anos,  mantendo estas aeronaves em voo na missão de treinamento avançado até os dias atuais. Devendo ser somente substituídos a partir de meados da segunda década 2020, quando completarão mais  de cinquenta anos de serviço. Apesar da negativa em relação a versão monoplace, a empresa decidiria com recursos próprios continuar o desenvolvimento do projeto "N-156F", esta perseverança logo seria recompensada logo a seguir com alterações nas diretivas geopolíticas norte-americanas. Neste mesmo período o Departamento de Estado dos Estados Unidos (DoS) solicitaria estudos referente ao desenvolvimento uma aeronave multifuncional de combate supersônico que apresentasse baixo custo de aquisição e operação, sendo destinada basicamente ao mercado de exportação a fim de compor o portifólio do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistence Program) para atendimento de itens de defesa a nações com as quais os Estados Unidos tinham interesse em manter sua esfera de influência. Este programa se materializaria na  criação do "Programa FX", uma concorrência viando a aquisição de mais duzentas aeronaves, com este processo prevendo a liberação de  recursos para a produção de três protótipos para avaliação. Neste contexto diversas propostas seriam apresentadas para a apreciação. O voo do primeiro protótipo do  Northrop N-156F ocorreria em 30 de julho de 1959, com a aeronave decolando da pista de testes da Base Aérea Edwards (AFB) na California, e após um complexo programa de avaliação comparativa contra seus concorrentes seria declarado como vencedor da contenda. 
O modelo receberia a designação militar de Northrop F-5A e nome de batismo de “Freedon Fighter” (Combatente da Liberdade), tendo este nome em alusão ao propósito original de se prover as nações amigas, de um vetor capaz de garantir a defesa aérea de países menos desenvolvidos, principalmente contra a ameaça do expansionismo soviético no mundo. A Northrop Aircraft Corporation receberia assim em 26 de outubro de 1962 o primeiro contrato de produção, envolvendo duzentas aeronaves.  Aos poucos o modelo ser tornaria a  principal aeronave de combate oferecida nos termos do MAP (Military Assistance Program - Programa de Assistência Militar) passando a equipar as forças áreas das  Filipinas, Irã, Etiópia, Noruega, Taiwan, Marrocos, Venezuela, Grécia, Turquia, Holanda, Turquia Coreia do Sul, Formosa e Espanha. Também seriam firmados contratos para produção sob licença pela Canadair LTd , Construcciones Aeronáuticas S.A - CASA e Fokker. No ano de 1969, o governo norte-americano, no anseio de manter sua influência militar e política sobre seus aliados, começou a considerar um sucessor para a família F-5A/B Freedom Fighter, desta maneira, oito empresas foram convidadas a participar de uma concorrência denominada como Processo IIFA (Improved International Fighter Aircraft). Após análises detalhadas das propostas apresentadas, seria anunciado como vencedor o  Model F-5A-2, apresentada pela empresa Northrop Aircraft Corporation. Projeto este que nada mais era do que uma evolução do caça tático F-5A/B  apresentando inúmeras modificações que visavam principalmente, atender as demandas da concorrência que exigiam uma aeronave com desempenho superior aos caças Mikoyan-Gurevich MiG-21 soviéticos. O primeiro protótipo alçou voo em 23 de agosto de 1972, esta nova aeronave estava equipada com dois motores General Electric J85-21 que apresentavam uma maior chegando a 5.000 libras de empuxo, o novo avião, possuía uma fuselagem alongada e aumentada que lhe permitia acomodar mais combustível que seu antecessor. Suas asas foram equipadas com extensões de borda de ataque ampliadas, proporcionando uma área de asa aumentada e consequente manobrabilidade aprimorada. Como diferencial para sobrevivência em um ambiente hostil o agora recém denominado Northrop F-5E Tiger II dispunha de aviônicos mais sofisticados, incluindo crucialmente um novo radar, inicialmente o Emerson Electric AN / APQ-153 (salientado que os modelos anteriores não dispunham de radar), podendo ainda receber, de acordo com a necessidade de customização a pedido do cliente,  sistemas de navegação inercial , equipamentos TACAN- Tatical Air Navegation (sistema tático aéreo de navegação) e ECM - Electronic Countermeasures (contramedidas eletrônicas).

Em 6 de abril de 1973, o 425º TFS (Tactical Fighter Training) sediado na Base Aérea de Williams, no Arizona, receberia o primeiro Northrop F-5E Tiger II de produção. Neste momento seria iniciado o programa de formação de equipes de voo e solo, e construção da doutrina operacional e de combate da nova aeronave. Posteriormente os Northrop F-5E Tiger II, começaram a ser despachados para o Sudeste Asiático, onde receberiam seu batismo de fogo no conflito do Vietnã, atuando como substitutos dos Northrop F-5A Freedon Fighter nas operações “Skoshi Tiger”. Dotando não só a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), mas também diversos esquadrões da Força Aérea do Vietnã do Sul (VNAF). Além desta nação, seguindo as diretrizes iniciais de seu desenvolvimento, o Northrop F-5E Tiger II, passou a ser oferecido uma série de países alinhados a política externa do governo norte americano, recebendo contratos de exportação para Coreia do Sul, Irã, Chile, Brasil, México, Suíça, Malásia, Cingapura, Taiwan, Marrocos, Jordânia, Grécia, Tunísia, Arábia Saudita, Etiópia. Honduras, Indonésia, Quênia, Noruega, Sudão e Iêmen. Neste contexto o 425º TFS (Tactical Fighter Training) foi designado como o esquadrão responsável em ministrar o treinamento e transição para o Northrop F-5E Tiger II de todos os pilotos estrangeiros cujos países tivessem adquirido a aeronave. Desta unidade saíriam centenas de pilotos, que empregariam o pequeno caça em combates reais como na Guerra do Ogaden (entre Etiópia e Somália), e na Guerra Irã X Iraque. Durante este processo de formação, observou-se a excelente manobrabilidade da aeronave em combate aéreo, iniciando assim seu emprego em como aeronave especializada para o combate dissimilar (DACT), substituindo os treinadores Northrop T-38 Talon até então em uso, que não eram totalmente adequados a esta missão. Aproximadamente setenta células novas de fábrica, que estavam destinadas a Força Aérea do Vietnã do Sul (VNAF) foram absorvidas pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), que as destinou aos esquadrões de treinamentos “Agressores”  como os esquadrões 57th, 64th e  65th (Fighter Weapons Squadrons) que operavam junto à Base Aérea de Nellis no estado de Nevada.  Vale salientar que a aeronave também seria operada aviação naval da Marinha Americana sendo empregadas também no papel de “agressores” em unidades baseadas na cidade  Key West na Florida.
Sua produção total atingiria até 1987 um total de 1.399 células, dispostas entre as versões monoplace F-5E e biplace F-5F Tiger II. A partir do final desta mesma década,  esta familia de aeronaves começaria a ser substituído na Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), pelas primeiras versões do novo caça multifuncional General Dynamics F-16 Fighting Falcon. Apesar de estar defasado tecnologicamente em relação as aeronaves de nova geração, alguns dos maiores operadores do modelo vislumbrariam a oportunidade de prolongar a vida útil das células do Northrop F-5E e F-5F Tiger.  Pois além de apresentar uma excelente relação custo-benefício em termos de operação, ele possuía baixa assinatura aos radares e grande manobrabilidade, o que garantiria sua sobrevivência e êxito no novo ambiente de combate dos caças de quarta geração. A primeira experiência de implementação de um programa de modernização seria seria desenvolvida pela Força Aérea da República de Singapura (RSAF), com a adoção de radares FIAR Grifo-F produzidos pela empresa italiana Galileo Avionica (similar em desempenho aos modelos norte-americanos Emerson Electric's AN/APG-69), cockpits atualizados e sistema de armas compatíveis com misseis ar ar de longo alcance Hughes Aircraft AIM-120 AMRAAM e de curto alcance Rafael Python. Os resultados obtidos seriam extremamente positivos, levando a outros programas com o mesmo propósito entre seus principais operadores, resultando na revigorarão  da capacidade de combate do pequeno caça bombardeiro da Northrop Aircraft Corporation, permitindo estender sua vida útil pelo menos até fins da década de 2020. Vale salientar que em seu pais de origem o modelo continuaria a ser operado na versão “Agressor” pela aviação naval na Marinha dos Estados Unidos (US Navy), sendo a mesma reequipada com células usadas adquiridas da Força Aérea Suíça (Schweizer Luftwaffe) no ano de 2015.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea Brasileira contava com mais de mil e quinhentas modernas aeronaves militares, com quase a sua totalidade sendo recebida a partir de 1942, nos termos do programa Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Em termos de capacidade ofensiva dispunha-se de um grande número de células de aeronaves de primeira linha, como os famosos caças bombardeiros Republic P-47D Thunderbolt, Curtiss P-40 Warhawk e aeronaves de ataque Douglas A-20 Havoc e North American B-25 Mitchel. Esta combinação de aeronaves de combate combinada com modelos de transporte e patrulha marítima e guerra antissubmarino (ASW), tornavam está a segunda maior força aérea das Américas, e a maior arma aérea do hemisfério sul do planeta. No entanto, o advento e maturidade da aplicação de motores turbo jatos em uma nova geração de aeronaves militares, tornaria os caças e bombardeiros de ataque a pistão virtualmente obsoletos em poucos anos. Apesar das ambições da Força Aérea Brasileira em incorporar modernas aeronaves como os Republic F-84E Thunderjet ou North-American F-86F Sabre, este desejo não se concretizaria em virtude de restrições orçamentárias e de ordem geopolítica. Esta demanda seria atendida a partir de 1953  com a adoção de aeronaves menos capazes  Gloster F-8 Meteor e Lockheed F-80C Shooting Star. Dez anos depois, os três principais esquadrões de linha de frente da Força Aérea Brasileira, estavam equipados com os caças ingleses,  que apesar de serem modelos relativamente defasados em relação as aeronaves de nova geração, se encontravam disponíveis em números suficientes na frota para o atendimento mínimo das demandas operacionais.  No entanto em abril do ano seguinte, o fabricante dos F-8 e TF-7, a Gloster Aircraft Company divulgaria um boletim técnico informativo, apontando a provável incidência de graves problemas relacionados desgaste estrutural, por fim este relatório restringiria  em muito o perfil operacional destas aeronaves. Apesar de serem aplicadas soluções paliativas indicadas pelo fabricante, logo seriam detectadas em diversas células graves fissuras nas longarinas das asas, condenando estas aeronaves a operação.  Esta ocorrência se repetiria dramaticamente nos meses que se seguiram, convertendo em pouco tempo a outrora aviação de caça brasileira em uma simples sombra do que era no começo da década, comprometendo completamente sua eficiência operacional.

Assim no final do ano de 1965,  em resposta a este cenário problemático, o comando do Ministério da Aeronáutica (MAer) iniciaria uma série de estudos visando a análise e incorporação de novas aeronaves de caça. Neste contexto seria definida a aquisição de aeronaves de combate multifuncionais, com a escolha aspiracional recaindo sobre os potentes bimotores McDonnell Douglas F-4 Phantom II. Opção esta que seria prontamente negada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos (DoS), sob a alegação que tal aquisição afetaria o balanço do poder aéreo na América do Sul. Após esta definição, o governo brasileiro passaria a cogitar a aquisição de pelo menos doze caças Northrop F-5A e F-5B Freedom Fighter que deveriam em primeira instancia substituir parte dos antigos vetores ingleses,  passando a  compor o braço armado do Sistema de Defesa Aérea e Controle do Trafego Aéreo (SISDACTA) que se encontrava em processo de implementação . No entanto restrições orçamentarias e a necessidade emergencial para a modernização da aviação de transporte, levariam ao cancelamento deste importante programa de aquisição. Esta importante lacuna por um interceptador de alta performance, somente acabaria sendo preenchida somente em 1972 quando foram recebidos os primeiros Marcel Dassault Mirage IIIEBR (F-103E). Neste interim, os demais esquadrões de combate da Força Aérea Brasileira seriam reequipados com treinadores avançados Lockheed AT-33A modificados para missões de caça e interceptação. No entanto a opção pela aquisição de caças da norte-americanos, passaria a figurar novamente em meados da década de 1970, quanto tornava-se clara a necessidade em substituir os treinadores avançados ainda  lotados junto 1º Grupo de Aviação de Caça (1ºGAvC) – Esquadrão Senta a Pua e no 1º/14º Grupo de Aviação (1º/14º GAv) – Esquadrão Pampa. Neste momento dispondo de uma grande provisão orçamentaria, seria decidido lançar uma concorrência internacional, prevendo a aquisição de pelo menos trinta novas aeronaves de combate multifuncionais. Em reposta a este processo seriam apresentadas propostas de diversos fabricantes, onde figuravam modelos como os ingleses Spect BAE Jaguar, BAE Jump Jet Harrier MK-50 , o italiano Aermachi MB-326K,  e por fim os norte-americanos McDonnell Douglas A-4F e Northrop F-5E Tiger II.   
Um profundo estudo comparativo entre os concorrentes seria conduzido pelo Ministério da Aeronáutica (MAer), com a escolha recaindo sobre a aeronave da Northrop Corporation, modelo este atendia a praticamente todas as características exigidas para este programa de reequipamento brasileiro. Em abril de 1974, um contrato no valor de US$ 115 milhões de dólares seria celebrado entre a Northrop Aircraft Corporation e o Governo Brasileiro prevendo a aquisição de trinta e seis células monoplaces e seis biplaces além de peças de reposição e outros componentes. O modelo escolhido para emprego pela Força Aérea Brasileira , seria o padrão,  F-5E Tiger II envolvendo uma série de customizações em termos de sistemas de aviônica e comunicações, para conversão e treinamento dos futuros pilotos seria o no F-5F.  Ocorre, porém, que neste período a versão biplace ainda se encontrava nos estágios finais de desenvolvimento, com sua entrada em serviço sendo prevista pelo fabricante somente para  o final do ano e 1976.  O atendimento deste cronograma, atrasaria em muito o programa de introdução destes novos caças junto a  Força Aérea Brasileira, o que não poderia ser aceito por seus comandantes. Como solução a esta demanda, optaria-se pela aquisição de seis células da versão anterior da aeronave, o biplace F-5B,  que havia sido desenvolvido como aeronave de conversão operacional para os caças F-5A Freedom Fighter. Com todos os detalhes finais acertados em maio do mesmo ano, seria criada a Comissão de Fiscalização e Recebimento (COMFIREM) dos caças  Northrop  F-5E Tiger II e F-5B Freedon Fighter, sendo esta comissão, estabelecida junto as dependências da base aérea da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) de Palmdale -AFB na Califórnia. Nesta localidade, durante seis meses uma comitiva de pilotos e técnicos brasileiros, seria treinada sobre a tutela do pessoal do Esquadrão 425º TFS (Tactical Fighter Training), unidade originalmente sediada na Base Aérea de Willian AFB no Arizona. As novas aeronaves seriam transladadas ao Brasil em onze esquadrilhas, em uma operação denominada Tigre. Onde estes aviões percorreram a rota, que tinha início na cidade de Palmdale no estado da Califórnia, com escalas em San Antonio no Texas e Homestad Florida, passando assim por países da América Central e da América do  Sul como Porto Rico, Trinidad & Tobago e Suriname e por fim nas cidades brasileiras de  Belém, Anápolis e Rio de Janeiro. Em 06 de março de 1975 seria recebidas no Brasil as primeiras aeronaves Northrop F-5B Freedon Fighter, com o aviões monoplaces chegando entre junho do mesmo ano e fevereiro do ano seguinte.

Como a pista da Base Aérea de Santa Cruz (BASC) no Rio de Janeiro - RJ, estava passando por obras para prolongamento para poder operar os novos jatos supersônicos, as células já então incorporadas, passaram a operar a partir da Base Aérea do Galeão (BAGL) também no Rio de Janeiro, efetuando também missões de treinamentos nas cidades São Jose dos Campos e Guaratinguetá, no interior do estado de São Paulo. As aeronaves designadas na Força Aérea Brasileira como F-5E Tiger II, receberiam as matriculas de  "FAB 4820 á 4835", sendo distribuídas ao 1º Grupo de Aviação de Caça (1ºGAvC), passando a dotar seus dois esquadrões o 1º/1º GAvC  Senta a Pua e 2º/1º GAvC  Rompe Mato e também o  1º/14º Grupo de Aviação Esquadrão Pampa, na ordem de doze aeronaves por unidade. O advento da introdução em serviço deste novo vetor permitiu nestas unidades, a substituição dos jatos de treinamento avançado Embraer AT-26 Xavante e os derradeiros Lockheed AT-33A, representando ainda um marco na aviação de caça brasileira. Pois além tecnologia embarcada de caças de terceira geração, o desempenho destas novas aeronaves era muito superior aos modelos em uso até então. Vale ainda salientar que o Northrop F-5E Tiger II, foi a primeira aeronave em uso no país a dispor de sistema de reabastecimento em voo, sendo que em maio de 1976 ocorreria a primeira operação de REVO (Reabastecimento em Voo) no Brasil, quando sobre o litoral do Rio de Janeiro, um Lockhedd KC-130H Hercules reabasteceu dois Northrop F-5E Tiger II do 1º Grupo de Aviação de Caça. Como curiosidade, vale comentar que junto com um grande lote de peças sobressalentes a Força Aérea Brasileira, viria a receber seis narizes fotográficos iguais aos utilizados pelos Northrop RF-5E Tiger II em uso na Força Aérea Americana (USAF), porém  devido à dificuldade em se configurar rotineiramente este equipamento na aeronave, seu emprego junto as unidades de aviação de caça seria efêmero, deixando esta tarefa focada  junto ao 3º/10º Grupo de Aviação - Esquadrão Centauro, equipado com os Embraer RT-26 Xavante.
Em meados da década de 1980 seria feita a aquisição de mais vinte e duas aeronaves, agora se tratando de células usadas, visando assim repor perdas ocasionadas por desgaste natural ou acidentes operacionais. O recebimento imediato, destas novas aeronaves possibilitou a concentração de todas as células originais do primeiro lote na Base Aérea de Santa Cruz dotando o 1º e 2º Grupo de Aviação de Caça, destinando as "novas" aeronaves ao 1º/14º Grupo de Aviação – Esquadrão Pampa, baseado na cidade Canoas no estado do Rio Grande do Sul.  Esta definição permitiria ainda uma padronização por unidade de caças dos modelos, tendo em vista diferenças técnicas entre as células dos dois lotes. No final da década de 1990, a Força Aérea Brasileira iniciaria estudos visando a modernização de toda a sua frota de caças Northorp F-5E Tiger II, projeto este que seria conhecido como F-5BR. Com este programa sendo iniciado em 2003 pela Embraer S/A em parceria com a empresa israelense Elbit Systens, com as últimas células modernizadas entregues no  início de 2013, possibilitando assim estender a vida útil das aeronaves até meados da década de 2020 quando serão substituídos pelos novos SAAB Gripen NG F-39.

Em Escala.
Para representarmos o Northrop F-5E Tiger II matricula "FAB "4837"  pertencente ao 1º Grupo de Aviação de Caça, empregamos o antigo kit da Monogram, na escala 1/48. Para adequarmos este modelo a versão brasileira, adicionamos a barbatana dorsal confeccionada em plasticard e a sonda de reabastecimento em voo (peça em resina). Empregamos decais confeccionados pela FCM Decais , presentes no Set 48/03.
O esquema de cores  (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura  tático do tipo ”Southeast Asia”  empregado em todos  os Northrop F-5E Tiger recebidos entre os anos de 1975 e 1976  seguindo a padronização norte-americana aplicada a todas as aeronaves empregadas na Guerra do  Vietnam. Sendo este padrão na Força Aérea Brasileira, somente alterado após a aplicação do processo de modernização para a versão F-5EM.



      Bibliografia :
- Os Tiger Afiam suas Garras - Carlos Lorch - Revista Força Aérea Nº3 
- Northop F-5 Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/Northrop_F-5
- Aeronaves Militares Brasileira 1916 – 2015 Jackson Flores Jr.
- História da Força Aérea Brasileia , Professor Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html


M-3A1 White Scout Car

História e Desenvolvimento.
A White Motor Company foi fundada no ano de 1900 na cidade de Cleveland no estado de Ohio, tendo iniciado suas atividades com produção de carros de passeio, sendo seguido pelo lançamento de veículos comerciais leves, como picapes e caminhões. A montadora seria notabilizada também por derivar seu mix de produtos para outros segmentos, produzindo bicicletas, patins, tornos automáticos e máquinas de costura. Após o término da Primeira Guerra Mundial, a empresa decidiria encerrar a produção de automóveis, concentrando-se exclusivamente no segmento de caminhões leves e médio. Decisão esta que mostraria acertada pois nos anos seguintes, a empresa conquistaria 10% de participação em vendas de todos os caminhões fabricados nos Estados Unidos. Este sucesso lhe renderia recursos para ousar se arriscar no promissor mercado militar, que no início da década de 1930 face as tensões geopolíticas na Europa, começava a mostrar tendências de crescimento a curto e médio prazo. Estudos mais elaborados mostravam um potencial nicho de mercado no segmento de utilitários com tração integral, abordando uma aérea com menor concorrência do que a de caminhões convencionais de transporte. Com esta orientação a equipe de engenharia da empresa projetaria um veiculo de pequeno porte com 4X4 montado sobre a plataforma de uma picape civil da montadora, recebendo um sistema de blindagem leve, gerando proteção efetiva contra armas de baixo calibre. Este conceito seria apresentado em maio de 1934 ao Exército dos Estados Unidos (US Army), que demonstraria grande interesse por este veículo, encomendando a montadora um lote de setenta carros, que receberia a designação militar de  M-1 Scout Car. Seu uso operacional descortinaria uma serie de oportunidades de melhorias, que no ano seguinte se materializaria no modelo  M-2 Scout Car. Este novo utilitário apresentava um desing semelhante ao seu antecessor, porém apresentando dimensões maiores, pesando apropriadamente 3,95 toneladas, sendo alimentado por um motor a gasolina de 94 hp (70 kW), que lhe proporcionava uma velocidade máxima de 80 km/h. Este novo modelo receberia um contrato para produção de vinte carros destinados ao exército.

A partir do ano de fins do ano 1937, ficava cada vez mais evidente que o aumento das tensões politicas motivadas pelos interesses expansionistas da Alemanha Nazista e do Império do Japão, poderiam  as principais potenciais mundiais a ingressarem em larga escala em um novo conflito de ordem mundial. Neste hipotético cenário o governo norte-americano decidiria promover em regime de urgência, uma série de estudos que culminaram na elaboração e execução de um amplo programa de modernização e reequipamento de suas forças armadas. Dentre as principais demandas a ser atendidas em âmbito deste programa estava a necessidade de se promover a consolidação do processo de motomecanizaçao do Exército dos Estados Unidos (US Army), envolvendo a aquisição de milhares de veículos de transporte. Neste momento a diretoria da White Motor Company, vislumbraria uma grande oportunidade mercadológica. Assim fazendo uso de recursos próprios esta montadora iniciaria o desenvolvimento de um novo veículo blindado de transporte médio com tração integral. Visando a agilidade no desenvolvimento e consequente redução de custos em processos e ferramental, a empresa utilizaria como base, a plataforma e o chassi da camionete civil White Indiana, adicionando a mesma uma estrutura blindada capaz de resistir a armas de baixo calibre. Este novo veículo seria concebido envolvendo o emprego do maior número possível de componentes  automotivos comerciais, concebendo assim ao veiculo um menor custo de aquisição e operação.  O primeiro protótipo designado como  M-2A1 Scout Car, seria apresentado ao comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) em dezembro de 1937, gerando expectativas positivas de operação por parte dos oficiais avaliadores. Este movimento culminaria na  celebração de um contrato para a construção de um pequeno lote de carros para serem avaliados em um estruturado programa de testes de campo. Neste interim melhorias seriam implementadas ao utilitário resultando na versão de produção de série, que receberia a designação de M-3 Scout Car, com este carro estando equipado motor a gasolina Hercules JXD que lhe proporcionava 94 hp de potencia. Este modelo receberia um contrato inicial prevendo a aquisição de sessenta e quatro carros , que deveriam ser entregues em um curto espaço de tempo.
Atendendo ao cronograma previsto em contrato, os primeiros carros White M-3 Scout Car começariam a ser entregues em meados de 1938, com a  7ª  Brigada de Cavalaria do Exército dos Estados Unidos (US Army), baseada no Forte de Santa Marta no estado do Texas. Este grupamento militar seria escolhido para inicialmente concentrar todos os veículos deste modelo, visando assim estabelecer a doutrina operacional e o consequente processo de aceitação final, a fim de se liberar a distribuição destes utilitários blindados a mais unidades militares mecanizadas. Durante este processo seriam identificadas uma variada gama de modificações e melhorias, que após apresentadas a equipe de engenharia da White Motor Company, culminariam na nova versão designada como M-3A1 Scout Car. As diferenças externas com a versão inicial, se baseavam no  alargamento do corpo frontal sobre os para-lamas, remoção da porta de acesso traseira, inclusão do sistema “unditching roller”  (rolo dianteiro) montado na frente do para-choque para auxiliar na transposição de terrenos íngremes, e por fim adoção de  um trilho na carroceria permitindo o deslocamento por toda carroceria para uma  metralhadora Browning calibre .30 refrigerada a água para autodefesa. Esta nova versão seria submetida novamente a testes campos, recebendo sua consequente homologação operacional, resultando em novo contrato para a aquisição de oitocentos carros, com seu cronograma de entrega as unidades do exército sendo estabelecido entre fevereiro e junho do ano de 1940. Em seguida um primeiro contrato seria celebrado com a Marinha dos Estados Unidos (US Navy), com os primeiros carros sendo entregues em agosto do mesmo ano. Paralelamente seriam firmados também os primeiros contratos de exportação, sendo o primeiro realizado com o governo das Filipinas envolvendo cinquenta veículos.

Seu batismo de fogo ocorreria no dia 8 de dezembro de 1941, dez horas após o ataque a Pearl Harbor, quando as forças do  Exército Imperial Japonês invadiriam as Filipinas, com vários White M-3A1 Scout Car sendo empregados pelo  Exército Filipino (Philippine Constabulary) nos esforços de defesa deste arquipélago. Em serviço junto as forças militares norte-americanas os M-3A1 Scout Car veriam combate real durante a Operação Tocha, que  teve lugar em 8 de novembro de 1942, quando os Aliados desembarcaram no Norte da África. Já seus primeiros embates no território europeu correriam a partir de julho de 1943, participando da invasão da Sicília na Itália, durante a Operação Husky.  Nestas duas campanhas os White M-3A1 Scout Car seriam empregados por unidades de cavalaria em tarefas de transporte, reconhecimento, triagem e como veículo de comando blindado. Seu perfil operacional confiável que privilegiava a agilidade e velocidade, rapidamente o tornariam popular entre suas equipes. Na campanha do Pacífico os White M-3A1s seriam empregados com restrições junto ao Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps) devido principalmente ao terreno aeronoso ou de mangue das ilhas do pacifico , realizando missões administrativas e de transporte longe do front de combate. Em meados de 1943, relatórios preliminares de experiência em combate real, evidenciavam as falhas do projeto, entre elas a mais grave, que estava baseada no fato de que o veículo possuía sua parte superior aberta o que o tornava muito vulnerável os soldados a ataques aéreos ou emprego de granadas de mãos e coquetéis molotov. Com base nesta deficiência a partir desta das os White M-3A1 Scout Car começaram a ser gradativamente substituídos nas linhas de frente pelos novos carros blindados Ford M-8 Greyhound e M-20 Command Car, com o excedente destes carros sendo mantidos como veiculos destinados a tarefas de transporte e ligação distante do front de combate.
Os White M-3A1 Scout Car,  seriam largamente fornecidos as nações aliadas durante a Segunda Guerra Mundial, nos termos da Lei de Empréstimos e Arrendamentos (Leand & Lease Act Bill), entre estes China Nacionalista, Inglaterra, Brasil, Canadá e União Soviética (incluindo versões a diesel com motores Buda-Lanova). Durante o conflito , centenas destes utilitários seriam fornecidos também a forças militares não regulares de resistência, como as francesas, belgas, checoslovacas e polonesas. Após o término do conflito, uma grande quantidade deste modelo,  que foram retirados do serviço ativo das forças armadas norte-americanas, seriam exportados para a Austrália, Chile, Colômbia, República Dominicana (que operaria o modelo até o início da década de 1990), Líbano, Laos, Israel, México, Katanga, Noruega, Filipinas, Polônia, Vietnã do Sul, Iugoslávia e Venezuela. Os White M-3A1 Scout Car seriam empregados ainda em batalhas reais durante a Guerra da Coréia (1950 - 1953) e conflitos regionais como Guerra Árabe Israelense em 1948 (com versões modernizadas localmente), Primeira Guerra da Indochina e finalmente  na guerra da Argélia (1954-1962).

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário demandaria logo sem seguida a um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência tanto em termos de equipamentos, armamentos e principalmente doutrina operacional militar. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil e militar que se apresentavam no vasto litoral do país.  A participação brasileira no esforço de guerra aliado seria ampliada em breve, pois Getúlio Vargas afirmou que o país não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos para os países aliados, e que “o dever de zelar pela vida dos brasileiros, levaria o governo  a medir as responsabilidades de uma possível ação fora do continente. De qualquer modo, não deveremos cingir-nos à simples expedição de contingentes simbólicos”.

Entre as maiores demandas das forças armadas brasileiras neste momento, estava a necessidade da implementação de uma real capacidade de mobilidade do tipo motomecanizada, principalmente  no Exército Brasileiro (lembrando que a força terrestre apresentava ainda predominância de característica hipomóvel), principalmente no que tange a veículos de porte médio com tração 4X4. Neste período, a representatividade neste segmento de veículos militares,  restringia-se a poucas unidades do carro alemão Vidal & Sohn Tempo G-1200, que estavam também obsoletos em termos de desempenho. Apesar da previsão de recebimento de grandes volumes de veículos militares utilitários  com tração 4X4,  como os Dodges dos modelos WC-51, WC-52, WC-56 e WC-57, faltava ainda a ao Exército Brasileiro , a adoção de um veículo utilitário blindado sobre rodas.  Esta necessidade seria atendida em um dos contratos de fornecimento de material militar norte-americano, com a previsão para a cessão  de noventa veículos White M-3A1 Scout Car, um modelo de categoria até então inédita no país. O utilitário apresentava um chassi de camionete, com quatro rodas motrizes de tração permanente, sendo impulsionado por um motor a gasolina Hercules JXD, desenvolvendo cerca de 94 hp de potência. Sua carroceria era composta por uma estrutura blindada em aço que se estendia por toda a carroceria, e podia acomodar até oito soldados totalmente equipados. Dispunha ainda de uma capota removível em lona, para a proteção contra as intempéries, sendo montada sobre três arcos na carroceria (de fácil instalação). Seu para-brisa frontal era do tipo blindado, sendo fixado em um anteparo móvel de aço, visando assim o aumento da proteção aos infantes, criando, porém, limitações de visibilidade para o motorista e chefe do carro. Toda este sistema de blindagem provia proteção adequada contra armas de pequeno calibre, sendo indicados para operação na linha de frente. Para sua autodefesa estava equipado ainda com duas metralhadoras Browning calibre .50, que podiam ser disparadas de qualquer lado do veículo, fazendo uso de um sistema de trilhos existente ao redor do veículo.
As primeiras viaturas deste modelo seriam recebidas no porto do Rio de Janeiro entre agosto e novembro de 1942, totalizando cinquenta e um veículos iniciais, novos de fábrica. Após recebimento, adaptação e treinamento de motoristas e mecânicos,  os  novos White Motors M-3A1 Scout Car,  passariam a ser  distribuídos, sendo inicialmente direcionados as unidades de artilharia leve do campo, para compor as baterias de canhões anti-carro auto rebocados, devendo ser responsáveis por tracionar os recém recebidos canhões norte-americanos M-3 e M-3A1 de 37 mm, atuando também nestes mesmos grupamentos  em atividades de movimentação e transporte das respectivas guarnições do canhões  e munição. Durante toda a Segunda Guerra Mundial, este utilitários seriam extensivamente empregados em exercícios operacionais, se mantendo em prontidão para possível emprego real em combate. Como esperado, o país tomaria parte em um esforço maior junto aos aliados, com está intensão sendo concretizada no dia 09 de agosto de 1943, quando através da Portaria Ministerial nº 4.744, publicada em boletim reservado de 13 do mesmo mês, seria estruturada a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Curiosamente os White Motors M-3A1 Scout Car não seriam disponibilizados aos efetivos brasileiros em atuação no front de batalha italiano. Logo após o término do conflito em agosto de 1945, mais trinta e nove carros seriam recebidos compondo o contrato total compromissado anteriormente. Neste época, o Ministério da Guerra promoveria um  amplo programa de reorganização do Exército Brasileiro, envolvendo neste processo alteração na designação de seus principais meios e veículos, e neste contexto os White M-3A1 Scout Car seriam enquadrados como Viatura Blindada de Transporte Pessoal - VBTP.  Sua excelente capacidade de operar em terrenos adversos e transpor obstáculos,  poderia auxiliar em muito nas missões de apoio logístico, sendo assim distribuídas as unidades militares de cavalaria mecanizada, espalhadas por todo território nacional.

Já nesta nova missão, os White Motors M-3A1 Scout Car, por estarem em disponíveis relativamente em grande quantidade, passariam a ser  extensivamente empregados em grandes exercícios operacionais nas duas décadas seguintes, tendo destaque para a grande manobra da "Divisão Blindada", realizada durante o ano de 1968 no interior do estado do Rio de Janeiro. Apesar de não terem sido enviados a Itália para participação das forças brasileiras durante a guerra, os M-3A1 Scout Car seriam operados por militares brasileiros em um cenário de conflagração real, quando veículos antes pertencentes ao Exército dos Estados Unidos (US Army) seriam comodatados a ONU (Organização das Nações Unidas), para o empregos das Forças Multinacionais de Paz (UNEF - United Nations Emergency Force) no Egito. O Brasil participaria deste esforço, com vários contingentes de soldados brasileiros sendo enviados ao Oriente Médio para atuar como mediadores no conflito existente entre o Estado de Israel, o Egito, e seus vizinhos árabes a partir do ano de 1956 pela dominância de regiões do Canal de Suez. Estes veículos foram disponibilizados ao Exército Brasileiro nesta região a partir de 4 de fevereiro de 1957, quando os primeiros contingentes nacionais desembarcaram. Já em serviço, estes veículos blindados, foram empregados um amplo espectro missões envolvendo transporte, patrulha de fronteira, suporte a tarefas de limpeza de campos minados no deserto subjacente e de demarcação entre as forças árabes e israelenses. Neste contexto o White Motors M-3A1 Scout Car se tornaria um dos principais meios de transporte blindado leve dos efetivos multinacionais ali dispostos. Com o término da força tarefa e o retorno do ultimo contingente de soldados brasileiros em 1967, este carros seriam devolvidos ao comando da UNEF - SUEZ.
Em fins da década de 1960 os altos custos de manutenção e a crônica falta de peças de reposição (principalmente componentes do grupo motriz a gasolina cuja produção havia sido descontinuada a mais de 20 anos), praticamente reduziram a frota dos veículos blindados meia lagarta dos modelos M-2, M-2A1, M-3, M-3A1, M-5 Half Track Car e M-3A1 Scout Car, a pouquíssimas unidades operacionais, debilitando gravemente a capacidade de mobilidade do Exército Brasileiro. Então a fim de se buscar uma solução de curto prazo que visasse restaurar a capacidade de mobilidade da Força Terrestre de forma adequada, levando ao estudo de alternativas, com os especialistas do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (Pq.RMM/2), passando a conduzir estudos visando a repotencialização da frota dos meia lagarta brasileiros, tendo como principal objetivo atingir o maior nível de nacionalização possível. Apesar de existirem tabus dentro do Exército Brasileiro sobre a real capacidade técnica em se proceder um repotenciamento neste nível, foi decidido dar prosseguimento a esta pauta. Fazendo uso de um carro meia lagarta M-2 do primeiro lote, como protótipo, os trabalhos seriam rapidamente iniciados, com o objetivo crucial de proceder a troca do motor original a gasolina, por um nacional a diesel, com a escolha recaindo sobre o modelo Perkins 6357  de 6 cilindros com 142 hp de potência. Desta maneira em agosto de 1972, o primeiro protótipo repotenciado pelo Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) em conjunto com técnicos da Perkins S/A, foi oficialmente entregue a Diretoria de Moto Mecanização (DMM), a fim de ser submetido a exaustivos testes de campo. Após a finalização destes, o protótipo recebeu sua homologação, recebendo então a autorização para a implementação deste programa em todos os veículos desta família ainda em carga no Exército Brasileiro. Esta modernização permitiu a extensão de sua vida útil até o início da segunda metade da década de 1980, quando foram finalmente retirados da ativa e substituídos novo modelos.

Em Escala.
Para representarmos o White Motors M-3A1 Scout Car a serviço do Exército Brasileiro, durante sua participação na Crise do Canal de Suez, fizemos uso do excelente kit da Zvezda na escala 1/35, que apresenta bom nível de detalhamento e facilidade de montagem. Empregamos ainda, decais confeccionados pela Eletric Products presentes no Set UNEF- SUEZ.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura padrão empregado em todos os veículos participantes das Forças de Paz da ONU (Organização das Nações Unidas), principalmente durante a operacionalização da missão internacional UNEF - SUEZ (United Nation Emergencial Forces). Em uso normal no país, estes veículos empregariam durante toda a sua carreira no Exército Brasileiro o padrão tático de pintura em verde oliva. 

Bibliografia :

- M-3A1 Scout Car  O primeiro 4X4 no EB - Expedito Carlos S. Bastos http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/arq/Art%2096.htm 
- Blindados No Brasil - Volume I - Expedito Carlos S. Bastos 
- M3 Scout Car - Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/M3_Scout_Car
- Batalhão Suez - http://www.batalhaosuez.com.br/

Studebaker US6 G-630

História e Desenvolvimento.
A Studebaker Brothers Manufacturing Company uma das mais antigas montadoras norte-americanas, teve a sua gênese no ano de 1852, sendo fundada na cidade de South Bend, no estado de Indiana. Neste momento seu foco seria centrado na produção de carroças, carruagens e posteriormente implementos ferroviários e vagões. Nesta fase inicial a empresa cresceria e se desenvolveria muito em virtude da onda de expansão da malha ferroviária nos Estados Unidos. Em 1895 a pedido do genro de John M. Studebaker, seriam iniciados os primeiros estudos visando o desenvolvimento de uma "prática carruagem sem cavalos". Este processo culminaria na decisão de se produzir veículos elétricos ao invés de modelos com motores a gasolina, com a empresa lançando sua linha Studebaker Electric em produção entre os anos de  1902 a 1911. Posteriormente seriam firmados acordos de fabricação e distribuição com as empresas Garford de Elyria, Ohio, e a Everitt-Metzger-Flanders (E-M-F) Company de Detroit e Walkerville, Ontário, fabricantes de veículos movidos a gasolina. No ano de 1904, a empresa começaria a fabricar carros com motor a gasolina em parceria com Garford, com a companhia sendo nomeada neste período como  Studebaker Automobile Company.  Nos anos seguintes a montadora atravessaria uma série de crises de ordem técnica, levando muito tempo para aprimorar seus modelos até que atendessem os anseios do mercado consumidor norte-americano. Seu crescimento seria impulsionado com o início da Primeira Guerra Mundial, quando a empresa passou a receber encomendas das forças armadas britânicas, envolvendo a compra de 3.000 vagões de transporte, 20.000 conjuntos de arnês de artilharia, 60.000 selas de artilharia e ambulâncias, bem como centenas de carros comprados através do escritório de Londres. As receitas provenientes destes contratos não só ingleses, mas também franceses e russos na época do conflito, transformariam a empresa em uma das líderes no mercado automotivo mundial. No ano de 1918, suas plantas industriais apresentavam a capacidade de produção de até 100.000 automóveis por ano, algo notável para a época. Para complementar sua gama de produtos, em 1919 a empresa decidiria entrar no segmento de caminhões, e rapidamente seus produtos conquistariam um bom espaço neste segmento, gerando mais lucratividade para a montadora.

Poucos empresários do segmento industrial de manufatura norte-americana estavam preparados para a quebra da bolsa de valores de Wall Street em outubro de 1929. Embora a produção e as vendas da Studebaker Automobile Company. estivessem crescendo, o mercado entraria em colapso, com a empresa norteando seus esforços no desenvolvimento e lançamento de um novo modelo de carro de passeio, pequeno e de baixo custo - o Rockne. No entanto, os tempos eram ruins demais para vender até carros baratos, levando a empresa a repensar seu plano de negócios, passando a reduzir salários e cortar postos de trabalho. Conflitos de ordem interna com a diretoria provocariam a demissão do seu presidente Albert R. Erskine, deixando a gestão da empresa para executivos com visão menos ousada e mais focados em redução de custos. Esta mudança de estratégia levaria a um processo de recuperação econômica da organização, conquistando os primeiros resultados positivos em meados de 1933, o que tornaria viável a reativação de todas as suas plantas industriais e o lançamento de novos produtos como os modelos de passeio Champion, Land Cruiser e o Starlight que logo se tonariam sucessos e vendas. A partir do ano de fins do ano 1937, ficava cada vez mais evidente que o aumento das tensões políticas motivadas pelos interesses expansionistas da Alemanha Nazista e do Império do Japão, poderiam os principais potenciais mundiais a ingressarem em larga escala em um novo conflito de ordem mundial. Neste hipotético cenário o governo norte-americano decidiria promover em regime de urgência, uma série de estudos que culminaram na elaboração e execução de um amplo programa de modernização e reequipamento de suas forças armadas. Entre as principais demandas estava o aumento da mobilidade da força terrestre, com uma grande parcela dos investimentos sendo destinados ao desenvolvimento de uma variada gama de veículos de transporte. Neste contexto o principal objetivo era o de prover a substituição de de antigos modelos de caminhões militarizados com tração 4X2 e 4X4 produzidos pela Ford Motors Company e General Motors Corporation, que se encontravam em uso desde o início da década de 1920. O objetivo inicial era o de ampliar a capacidade de transporte do Exército dos Estados Unidos (US Army) em terrenos adversos, levando ao lançamento de uma concorrência nacional visando o desenvolvimento e produção em larga escala de um caminhão tático com tração 6X6 com capacidade de transporte de 2 1/2-toneladas (2,238 kg) para operação em ambientes fora de estrada. 
Montadoras como a International Harvester Company, Studebaker Automobile Company e Yellow Coach Corporation (uma subsidiaria da General Motors) apresentariam aos militares em junho de 1939 seus projetos técnicos e propostas comerciais. Devido ao agravar das tensões da Europa, com o início da anexação de territórios pelo regime nazista o que denotava o possível deflagrar de um conflito,  em agosto deste mesmo ano o governo norte-americano decidiria por aprovar todos os projetos e propostas comerciais apresentados, apresentando apenas como ressalva que os maiores contratos de aquisição fossem direcionados a Yellow Coach Corporation, visando a produção da família GMC CCKW e a Studebaker Automobile Company para a produção da linha de caminhões  US6 6X6. Este segundo modelo fora concebido originalmente visando a robustez e confiabilidade de operação em terrenos adversos, podendo ser facilmente mantenido no campo de batalha, nao dependendo assim de grande infraestrutura técnica. Estava equipado com um novo motor a gasolina Hercules JXD de 6 cilindros em linha desenvolvendo 86 hp (64 kW)  de potência nominal a 2800 rpm e 271 nm de torque a 1150 Rpm. Se tratava de um grupo propulsor de configuração conservadora e altamente confiável, com uma taxa de compressão de apenas 5,82. A escolha deste modelo de motor em específico estava relacionada a comunalidade, pois o mesmo era empregado família de blindados meia lagarta White M-3, veículos blindados leves como o Ford M-8 Greyhound e o M-20 Command Car, criando assim uma padronização no fluxo de peças de reposição. Salientado que esta variada gama de viaturas comporia o esteio das força mecanizada norte-americana. Seu chassi estava disposto forma de escada com três eixos de feixe, com sistema de molas semi elípticas na parte frontal e na parte traseira um sistema também elíptico em tandem.  Este caminhão seria apresentado com duas distancias entre eixos, que podiam ser usadass nas versões basculante, carga seca ou semi reboque. Ainda podiam ser divididos na versão fora de estrada com tração integral 6X6 e na versão básica 6X4 para o modelo rodoviário, com carrocerias destinadas a tarefas de transporte de cargas, tropas, cisterna de água, tanque de combustível, veículo socorro e basculante. 

Para reduzir os custos e otimizar a produção nas linhas de montagem, os engenheiros da Studebaker Automobile Company optariam por empregar a cabine do modelo civil com tração 4X4 comercializado pela montadora. A exemplo dos caminhões GMC CCKW, esta previsto também a produção de uma versão fazendo uso do sistema de cabine aberta com sistema rebatível em lona (soft top). No entanto este modelo não seria posto em produção em larga escala, pois segundo decisão do governo norte americano grande parte da produção do Studebaker US6 deveria atender aos contratos de Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), firmados com a União Soviética, onde as condições climáticas no inverno eram  muito rigorosas e inviabilizam a operação com o modelo de cabine aberta, com todas as demandas sendo solicitas para a cessão de caminhões com  a cabine civil convencional. Mesmo assim cerca de 10.000 caminhões destinados as forças armadas norte-americanas (principalmente para o exército) seriam produzidas na versão de cabine aberta, com estes caminhões sendo empregados em teatros de operações com clima moderado. Os primeiros caminhões Studebaker US6 seriam transportados por navio até o Ira, se deslocando por terra em uma longa jornada rodoviária pelo famoso "Corredor Persa", com os primeiros caminhões sendo recebidos na fronteira da União Soviética no outono de 1941. Seu emprego junto ao Exército Vermelho, que se tornaria o maior operador mundial do modelo teria grande importância, atuando desde  missões de transporte de carga e tropas, reboque de artilharia, até como plataforma convertida para os veículos lançadores múltiplos de foguetes nao guiados Katyusha. O Studebaker US6 tornou-se carinhosamente conhecido como “Studer” pelas tropas soviéticas, e seu nível de colaboração no esforço de guerra junto a este país seria publicamente reconhecido pelo seu ditador Joseph Stalin, que chegou a enviar ao governo norte-americano e a montadora uma carta de agradecimento reforçando sua participação na Grande Guerra Patriótica contra a Alemanha Nazista.   
Ao todo entre os anos de 1940 e 1945 seriam produzidos 219.882 caminhões, dispostos em treze versões (chassis e carrocerias especializadas), com 197.678 caminhões montados nas linhas de produção da Studebaker Automobile Company e   22.204 caminhões fabricados pela R.E. Olds Motor Car Company em sua planta industrial na cidade de Lansing no estado do Michigan. Os caminhões produzidos sob licenças eram muito similares aos montados na Studebaker Automobile Company, visualmente se diferenciando por não dispor do gancho hidráulico frontal de carga. O Exército dos Estados Unidos (US Army) acabaria empregando o modelo em menor número, quando se comparado ao nível de emprego dos modelos GMC CCKW 352 - 353, porém deixariam sua marca na força, principalmente por  registraram grande participação no esforço de construção da Estrada da Birmânia (1939 - 1941), o que possibilitou a  ligação rodoviária  entre China à Índia e à Birmânia (atual Mianmar), com o objetivo de levar suprimentos dos Aliados da Segunda Guerra Mundial para a resistência chinesa à ocupação japonesa. Também seriam empregados pelo Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army Corps of Engineers) na construção da importante Estrada Alcan na América do Norte, transportando todo o equipamento, suprimentos e pessoal destinados a esta empreitada. Logo após final do conflito começariam a ser desmobilizados dos efetivos do Exército dos Estados Unidos (US Army) sendo armazenados aos milhares, para posteriormente serem cedidos a "nações amigas" nos temos dos programas de ajuda e cooperação militar. Na maioria destes paises se manteriam em serviço até pelo menos o final da década de 1960, quando começariam substituídos por caminhões militares dos modelos REO M-34 e REO M-35. 

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário demandaria logo sem seguida a um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência tanto em termos de equipamentos, armamentos e principalmente doutrina operacional militar. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil e militar que se apresentavam no vasto litoral do país. 

Naquele período tanto o Exército Brasileiro quanto a  Marinha do Brasil apresentavam como principal carência, a total falta de caminhões militares com tração integral 6X6 e normal 6X4, com os modelos existentes nao se apresentando em quantidade suficiente para o atendimento de suas demandas. Suas fileiras estavam neste momento equipadas com antigos caminhões civis leves militarizados, como os Chevrolet Gigante (Flatbed Truck) e Tigre, Dodge T-203 e Ford V8, que eram sendo complementados por poucos veículos de transporte genuinamente militares como   alemães 6X6 Henschel & Son e norte-americanos Thornycroft Tartar 6X4. Nos termos do programa de Leand & Lease estava prevista a cessão inicial de mil quatrocentos e quarenta e cinco caminhões da família GMC CCKW A1 e B2 (cabine aberta e fechada) que seriam complementados nos anos seguintes por centenas de caminhões com tração 4X4 do modelo Chevrolet G-617.  Nos meses seguintes seriam recebidos mais caminhões agora dispostos em versões especializadas como cisterna de água, tanque de combustível, oficina, veículo socorro sob rodas, compressor de ar, telemetro, holofote, guindaste e cavalo de mecânico, produzidos por vária montadoras norte-americanas. Devido a priorização da produção das linhas de montagem da Studebaker Automobile Company, para o atendimento das demandas do Exército Vermelho da União Soviética, os primeiros caminhões da Studebaker  US6 G-630 2½-Ton com tração 6×4, , começariam a ser recebidos no Brasil somente no primeiro bimestre do ano de 1943. Seriam recebidos no porto do Rio de Janeiro em lotes em sucessivos lotes até meados do ano de 1945, vindo a totalizar 808 ou 830 unidades (existem divergências no número oficial segundo registros de época).  Após seu recebimento no porto do Rio de Janeiro, os caminhões recebiam as marcações do Exército Brasileiro e eram destinados inicialmente as maiores unidades militares dispostas no Rio de Janeiro e São Paulo, com a missão primordial formar motoristas e pessoal de manutenção para a frota. 
Após a finalização deste processo, estes novos caminhões começariam a ser alocados a outras unidades principalmente de infantaria motorizada, dispostas no território nacional. Em serviço no Exército Brasileiro os Studebaker G-630 US-6 receberiam a denominação de VTNE Carga Emprego Geral 2 ½ ton 6x4 cabine fechada, e gradativamente passariam a seremr destinados a grupamentos que operavam longe das principais capitais estaduais. Esta decisão seria tomada pois este modelo de caminhão estava equipado o robusto motor Hercules a gasolina com seis cilindros em linha, quatro tempos 5240 cc, que gerava 95 CV de potência a 2400 RPM, que podia ser alimentado com gasolina de baixa qualidade, tipo este combustível encontrado principalmente no interior do país naquela época, sendo menos suscetível a problema de ordens mecânica do que os demais modelos em uso na Força Terrestre naquele momento.  A exemplo do que ocorrido na União Soviética a serviço do Exército Vermelho, os caminhões US6 G-630 brasileiros se adaptariam perfeitamente a total falta de infraestrutura da malha viária do interior brasileiro naquele período, operando neste terreno irregular com desempenho satisfatório, atingindo uma velocidade máxima de 70 km/h podendo percorrer uma distância de até 400 km sem abastecimento. O advento do recebimento dos Studebaker G-630 US-6 em conjunto com os caminhões da família  General Motors  CCKW 352 e CCKW 353 com tração integral 6X6 viriam a trazer uma nova realidade no potencial de motomecanização nas unidades de logistica e infantaria motorizada do Exército Brasileiro aumentando consideravelmente a capacidade de mobilização, pois até então o mesmo estava equipado com os obsoletos e insuficientes caminhões  militarizados com apenas tração 4X4  como os Chevrolet 6000, 6500 e G-617, Diamond T-614, Citroen 1930 e outros. 

Esta incorporação de uma variada gama de caminhões de transporte possibilitaria a modernização das doutrinas operacionais nas unidades de apoio e logística, se adequando a nova realidade da guerra altamente móvel que se apresentava no conflito europeu. Seriam empregados em missões de transporte de cargas, transporte de tropas, reboque de peças de artilharia e tração de sistemas de busca e orientação antiaérea. Com o término da Segunda Guerra Mundial os Studebaker US6 G-630 continuariam a desempenhar a contento suas missões no Brasil. Porém em meados da década de 1960, esta frota começaria a apresentar altos índices de indisponibilidade ocasionados principalmente por problemas no fornecimento de peças de reposição dos motores a gasolina Hercules JXD de 6 cilindros em linha (que haviam sido descontinuados há mais de vinte anos). Esta dificuldade afligia também a frota dos blindados leves sobre rodas Ford M-8 Greyhound que faziam uso do mesmo grupo motriz destes caminhões, gerando assim um problema comum na Força Terrestre. Apesar do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar ( PqRMM/2) de São Paulo, ter consigo lograr êxito neste carro blindado, na substituição deste motor a gasolina por um nacional a diesel produzido pela Mercedes Benz OM 321 com seis cilindros em linha e potência de 121 cv a 2.800 rpm, o comando do Exército Brasileiro não se interessaria em replicar tal programa na frota residual de caminhões Studebaker US6 G-630. Esta decisão seria respaldada pela alegação de que além possuir tração 6X4, a quantidade ainda disponível em carga destes caminhões era pequena quando comparada grande frota de caminhões General Motors CCKW 352 e CCKW 353 que haviam sido recebidos em um número muito superior durante a década de 1940. Assim desta maneira optar-se-ia por concentrar os recursos em um programa de retifica e revisão dos motores de pelo menos seiscentos caminhões destes modelos, que após serem submetidos a este processo se manteriam em serviço ativo até pelo menos o início da década de 1980. 
Mediante esta decisão, seria definido um gradual processo de desativação da já combalida frota de caminhões Studebaker US-6 G-630, prevendo neste contexto sua substituição pelos "novos" caminhões militares REO M-34 e M-35, que começaria a ser recebidos entre os anos de 1958 e 1965 e também por modelos militarizados de produção nacional como os Mercedes-Benz L-1111, L-1113 e L-1114, Chevrolet C-60 e D-60 e Ford F-600. Os últimos caminhões Studebaker US-6 G-630 se manteriam em operação junto a Academia Militar das Agulhas Negras  (AMAN) no Rio de Janeiro, até pelo menos o final da década de 1960, encerrando assim sua carreira militar no Brasil. Após serem retirados seriam leiloadas as centenas, tendo como destino o sucateamento para aproveitamento de matéria prima. Felizmente alguns veículos sobreviveriam até os dias atuais sendo preservados por entusiastas e colecionadores. 

Em Escala.
Para representarmos o Studebaker G-630 US-6 fizemos uso do antigo kit da ICM na escala 1/35, modelo este de detalhamento médio e fácil montagem.  Como opção alternativa sugerimos o uso do  novo kit da Italeri na mesma escala. Para se compor a versão utilizada pelo Exército Brasileiro não é necessário proceder nenhuma mudança. Fizemos  uso de decais confeccionados pela decais Eletric Products pertencentes ao set  "Exército Brasileiro  1942/1982".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático empregado pelo Exército dos Estados Unidos (US Army) durante a Segunda Guerra Mundial, com os quais estes caminhões foram recebidos. Seriam aplicados apenas o escudo nacional e registros de matricula de frota, com este esquema sendo  mantido durante toda sua carreira operacional no Brasil.

Bibliografia :
- Studebaker US6 – Wikipedia -  https://en.wikipedia.org/wiki/Studebaker_US6
- FEB na Segunda Guerra Mundial - Luciano Barbosa Monteiro - Decals e Books
- Blindados no Brasil - Volume I, por Expedito Carlos Stephani Bastos
- Manual Técnico – Exército Brasileiro 1976

Embraer EMB-111 P-95 Bandeirulha

História e Desenvolvimento. 
A gênese da criação da Embraer S/A tem início em 1953, quando o Marechal-do-Ar, Casimiro Montenegro Filho, convidou o engenheiro aeroespacial e fundador da Focke-Wulf em Bremen, o alemão Henrich Focke e seus engenheiros, para compor a equipe do recém fundado Centro Tecnológico Aeroespacial (CTA), esta iniciativa criaria as primeiras expectativas para o estabelecimento de uma futura indústria aeronáutica nacional. Os anos seguintes começariam a criar um cenário propício para que estas expectativas se mostrassem possíveis de se realizar, pois no início da década de 1960, a Força Aérea Brasileira estava em pleno processo de integração nacional, empregando quase sua totalidade de sua frota de aeronaves Douglas C-47 e  Beechcraft C-45 nas linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN), e também em missões assistência nas regiões mais longínquas do pais. Apesar destes modelos oriundos de projetos da década de 1940, ainda atenderem a estas demandas, carregavam o peso da idade, desgaste das células e consequente obsolescência e necessitariam ser substituídas a curto prazo. Paralelamente neste mesmo período vislumbravam se possibilidades, mesmos que remotas se desenvolver uma indústria aeronáutica nacional. Desta maneira em 1964, o Ministério da Aeronáutica encomendou ao Centro e Tecnologia da Aeronáutica (CTA), estudos sobre a viabilidade para a possível criação de uma linha de produção para aeronaves de passageiros de médio porte. Este esforço culminaria em junho de 1965 na assinatura do documento básico de aprovação do projeto do IPD-6504, que tinha por finalidade o desenvolvimento de uma aeronave regional de transporte, adequada as necessidades brasileiras. O primeiro protótipo foi construído em três anos e quatro meses, consumindo 110 mil horas de trabalho envolvendo cerca de trezentas pessoas sob a coordenação do engenheiro francês Max Holste e do Cel. Ozires Silva.  Este protótipo  apresentava uma aeronave de asa baixa, metálica, com 12,74 m de comprimento, janelas em forma de bolha, equipado com dois motores turbo hélice Pratt & Whitney PT6-A20 com 580 hp e capacidade para oito passageiros.

O primeiro voo de demonstração ocorreria em 22 de outubro de 1968, a partir do aeroporto de São José dos Campos, sob o comando do Major Mariotto Ferreira e do Engenheiro Michel Cury. Quatro dias depois o agora já designado YC-95 fez seu segundo voo, considerado seu voo oficial de demonstração para um público de quinze mil pessoas. O próximo passo seria prover os meios necessários para a produção em série desta nova aeronave, assim em 19 de agosto de 1969, o Ministério da Aeronáutica (MAer) recebeu do presidente da república a autorização para a criação de uma empresa aeronáutica de capital misto com controle estatal que receberia o nome de a Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. Esta nova empresa seria inicialmente destinada a fabricação seriada do avião C-95, agora batizado de Bandeirante. No dia 02 de janeiro de 1970 a Embraer S/A começou a operar assumindo a produção da aeronave que seria designada comercialmente  como EMB-100 Bandeirante, neste contexto os dois protótipos produzidos, passaram a ser alvo de um amplo programa de ensaios de voo a fim de se implementar melhorias e ajustes no projeto e processo de produção. Os resultados deste programa se materializariam no terceiro protótipo, que receberia a matrícula PP-ZCN, realizando seu primeiro voo no dia 29 de junho de 1970.  Apesar do bom desempenho, verificou-se que as condições e parâmetros de mercado original com as quais o projeto fora baseado, haviam evoluído, ou seja, sua capacidade de transporte de até oito passageiros, já não eram mais adequadas as novas demandas do mercado comercial de aviação regional. Assim desta maneira a equipe de projetistas da Embraer S/A, decidiu, então, reformular o projeto, criando o Embraer EMB-110 Bandeirante, maior com doze lugares, que ganharia também a versão militar e que contaria também com alguns avanços técnicos em relação aos primeiros protótipos construídos. Definida estas etapas, logo seriam estabelecidos os cronogramas para a produção em série.
Definidos todos os ajustes no projeto, finalmente em novembro 1971 seria iniciada a produção em série, com o primeiro voo da aeronave Embraer EMB-110 Bandeirante “pré-serie” com a matrícula militar C-95 “FAB 2133”, ocorrendo em 9 de agosto de 1972. Esta nova aeronave teve sua fuselagem alongada para 14,23 metros, ampliando assim como planejado a capacidade de transporte de oito para doze passageiros, e passava ao contrário das células dos  YC-95 iniciais a apresentar novas janelas retangulares, estabilizador vertical, naceles dos motores redesenhadas e novos motores turboélices Pratt & Whitney PT6A-27 com 680 hp. Finalizado o processo de ensaios e voo a empresa passaria a se dedicar a produção referente a encomenda de oitenta unidades destinadas a Força Aérea Brasileira, atendendo ao contrato celebrado em maio do ano anterior com o Ministério da Aeronáutica. As primeiras unidades de produção em série começaram a ser entregues a Força Aérea Brasileira a partir de fevereiro de 1973.  Apesar da origem militar o Embraer EMB-110 Bandeirante também demonstrava vocação civil, e sua primeira versão de transporte regional para doze passageiros, designada pelo fabricante como Embraer EMB-110C passou a conquistar seus primeiros clientes civis, entre eles a empresa regional Transbrasil que veio a receber em 11 de abril de 1973 sua primeira aeronave matriculada PT-TBA. O emprego operacional desta versão inicial, motivou a Embraer S/A a estudar novas modificações no projeto, visando assim melhorar o a performance do modelo tanto no requisito de desempenho, quanto em capacidade de carga.  O fruto deste estudo se concretizaria em 1975 no desenvolvimento da versão Embraer EMB 110K1 Bandeirante, que tinha como principal alvo mercado de transporte militar, esta aeronave teve sua fuselagem alongada em 0,87 cm, permitindo assim a inclusão de uma porta traseira de carga e uma porta extra para a tripulação e passageiros.

Esta nova variante passou a contar com o novo modelo mais potente do motor Pratt & Whitney PT6A-34 com 750 shp e aprimoramentos na avionica, trens de pouso e sistemas elétricos e de combustível, esta versão receberia a designação de Embraer C-95A. Duas versões civis derivaram do modelo militar, sendo o Embraer EMB-110P1 para até dezenove passageiros ou carga e o Embraer EMB-110P2 para transporte exclusivo de até vinte e um passageiros, que ao invés da porta de carga dispunha uma porta de serviço. Em fins da década de 1970, surgia a versão militar Embraer EMB 110P1(K) que passou a ser conhecida como Embraer C-95B, tratava-se de um modelo com aprimoramentos sobre seu antecessor, entre estes destaca-se a adoção de uma porta de serviço de 1,42 X 0,63m, embutida na porta de carga, que podia ser aberta em voo para o lançamento de cargas ou paraquedistas. Dispondo de uma capacidade de transporte de carga de até 1.700 kg, o Embraer C-95B se tornaria o esteio das unidades de transporte da Força Aérea Brasileira que operaram o Bandeirante. Neste mesmo período os Lockheed P-15 Neptune alocados junto ao 1º/7º Grupo de Aviação - Esquadrão “Orugan”, chegavam no limiar de suas vidas úteis, gerando assim a necessidade de uma substituição urgente, como sucessor natural despontava no mercado a opção do Lockheed P-3 Orion, porém infelizmente os altos custo de aquisição e operação tornavam esta opção proibitiva para a Força Aérea Brasileira. Como alternativa viável do ponto de vista econômico, o Ministério da Aeronáutica (MAer) solicitou a Embraer S/A o desenvolvimento de uma aeronave de patrulha baseada na consagrada plataforma do EMB-110 Bandeirante, que já contava com quase cento e sessenta células entregues a Força Aérea Brasileira e a diversos operadores civis.
A proposta da empresa foi apresentada ao Ministério da Aeronáutica (MAer) em 1975, com a designação de Embraer EMB-111A(A) Bandeirante Patrulha, basicamente as modificações incluíam a instalação de um radar de busca Eaton AN/APS-128 Super Searcher, em um nariz alongado construído em fibra de vidro, contava com uma nova suíte de comunicações, sistemas de navegação inercial Litton LN-33, piloto automático Bendix M-4 e um sistema de contramedidas eletrônicas Thomson CF. As asas eram reforçadas para permitiram a instalação de tanques suplementares de 318 litros cada nas pontas (os mesmos empregados nos jatos Embraer AT-26 Xavante), este reforço estrutural podia conceder a opção de se operar com quatro cabides subalares para o lançamento de foguetes não guiados de 127 mm e casulos de foguetes de 70 mm de fabricação nacional. A aeronave ainda dispunha ainda de equipamentos na fuselagem para o lançamento de marcadores navais, granadas fumigenas e botes salva vidas infláveis. A exemplo dos demais aviões de patrulha naval, o modelo seria dotado ainda com um farol de busca de cinquenta milhões de candelas do tipo HIVA (High Intensyty Aircraft Searchlight) instalado no bordo de ataque da asa direita.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Com base no projeto apresentado, a Força Aérea Brasileira aprofundou estudos sobre a viabilidade da aeronave de transporte customizada para missões de esclarecimento marítimo e patrulha e apesar dos relatórios finais apresentarem ressalvas técnicas fundamentadas no conceito que o Embraer EMB-111 P-95 Bandeirante, seria um vetor bem menos capaz de realizar as missões  que seu antecessor norte-americano,  o Lockheed P-15 Netuno, principalmente no que tange a parâmetros de desempenho como alcance, autonomia, perfil de missão e capacidade de transporte de armamentos, o Ministério da Aeronáutica (MAer) concedeu sinal verde para a produção do protótipo, visando assim manter o estimulo da indústria aeroespacial  nacional de defesa. O roll out da primeira aeronave produzida ocorreu em 30 de junho de 1977, com seu primeiro voo ocorrendo em 01 de agosto do mesmo ano, nas instalações da Embraer S/A na cidade São José dos Campos. Imediatamente o modelo seria submetido a um amplo programa de ensaios e voo e aceitação, realizados em conjunto por oficiais da Força Área Brasileira e técnicos do fabricante.  Após a implementação de pequenas modificações o projeto do Embraer P-95 foi aprovado para a produção em série, culminado esta decisão com a assinatura de contrato de doze células iniciais. As primeiras três aeronaves foram entregues a 1º/7º Grupo de Aviação (1º/7º GAv) – Esquadrão “Orugan” em 11 de abril de 1978, iniciando assim o processo de recebimento e aceitação operacional da nova aeronave. Apesar de como citado anteriormente o Bandeirante Patrulha estava muito aquém do perfil operacional dos veteranos Lockheed P-15 Neptune, a adoção da nova aeronave viria a contribuir em muito para a modernização da aviação de patrulha no Brasil.

Grande parte desta evolução estava fundamentada na operação e nas funcionalidades do moderno radar de busca marítima compacto Eaton (ex-Cuttler-Hammer) AN/APS-128 Super Searcher que possuía um alcance de 160 quilômetros de alcance operando na faixa X e com sua taxa de varredura oscilando entre 15 e 60 rpm. Este sistema podia ser empregado em missões de vigilância costeira, busca, salvamento, navegação, e apoio na elaboração de carta meteorológica, sendo este sistema capaz de detectar um alvo de 150 m² a cerca de 100 quilômetros de distância, mesmo em mares agitados. Diferente da maioria dos radares este modelo usa um display de tipo televisão com 8x8 polegadas para exibir a sua imagem sendo plenamente integrado com o inercial, Omega e demais sistemas de navegação.  Contava ainda com um transceptor Collins 618T-3B em HF/AM/SSB/CW, dois transceptores VHF Collins 618M-3, duas bússolas giromagnéticas Sperry C-14, dois receptores de ADF Bendix DFA-74A, dois receptores VOR/ILS/Marker Beacon Collins VIR-31A, um transponder de IFF Collins AN/APX-92, um VHF/DF Collins DF-301E, um rádio-altímetro Bendix ALA-51, um sistema de navegação inercial Litton LN-33 e Piloto automático Bendix M4-C,representando assim um salto tecnológico em avionica quando comparado ao seu antecessor americano. As antenas do ADF estavam localizadas duas sobre a fuselagem e uma embutida dentro da extensão da empenagem vertical. O cabo que liga a cabine ao topo da empenagem é a antena de comunicações de HF.  A grande antena em forma de barbatana na parte superior da fuselagem é a de VHF. As antenas do VOR apontam para trás e estão presente dos dois lados no topo da cauda. Neste momento além de contar com a possibilidade de operar com foguetes não guiados como sistema de armas ofensivo, seus cabides subalares foram modificados para portar cargas de profundidade.
Neste período toda a frota de Embraer P-95 Bandeirulha estava concentrada na Base Aérea de Salvador, com a exceção de quatro células que foram emprestadas ao 2º/10º Grupo de Aviação Esquadrão Pelicano entre os anos de 1980 e 1981, para serem empregados em missões de busca e salvamento, no aguardo da chegada da versão especializada o SC-95 Bandeirante SAR. Em 1982 a disponibilidade das células permitiu criar um novo esquadrão de patrulha que seria designado como 2º/7º Grupo de Aviação – Esquadrão “Phoenix” que deveria ser baseado na cidade de Florianópolis, permitindo assim uma maior cobertura do litoral brasileiro. A implementação desta iniciativa motivaria em 1987 o estudo para a aquisição de mais células das aeronaves atendendo assim ao anseio da força em suas capacidades de patrulha e esclarecimento marítimo. A fim de atender a esta demanda a Embraer ofereceria uma versão melhorada que teria como base o Bandeirante C-95C que visualmente diferiria dos primeiros P-95 por possuir os estabilizadores horizontais com diedro de 10 graus, esta nova variante receberia a designação do fabricante de EMB-111A(C) e militar como P-95B. Em termos de sistemas esta nova versão representava uma nova classe de aeronave, o  radar AN/APS-128 Super Searcher foi substituído  por um moderno radar THORN EMI Super Searcher que fora lançado no mercado internacional em 1986. Este novo sistema apresentava a capacidade Track While Scan (TWS - acompanhando o alvo sem ter de interromper a buscar no restante do espaço aéreo), contava ainda com uma nova suíte avionica dispondo de sistemas Thomson-CSF DR 2000A Mk II /Dalia 1000A Mk II (MAGE - Medidas de Apoio à Guerra Eletrônica), Collins EFIS-74, ADI-84, Piloto-automático APS-65 e o Sistema de navegação Omega Canadian Marconi CMA 771 Mk III. Esta proposta seria plenamente aceita pela Força Aérea Brasileira gerando assim a encomenda de 10 células desta versão que passaram a ser entregues partir de 06 de novembro de 1989, quando o Embraer P-95B FAB 7101 foi oficialmente incorporado ao 1º/7º Grupo de Aviação.

Até setembro de 1991, todos os novos Embraer P-95B haviam sido entregues, tendo cada unidade de patrulha recebido cinco exemplares. Em paralelo a compra destas novas células, a Força Área Brasileira procedeu um retrofit dos 10 P-95 originais a partir de 1989. Este processo foi implementado pela área técnica da TAM (que era um dos grandes operadores da versão civil), culminando assim na versão Embraer P-95A que representava o casamento das células dos P-95 originais com a eletrônica moderna do Bandeirulha “Bravo”. Tanto a fiação quanto as canbagens tiveram de ser refeitas e os novos módulos aviônicos foram inseridos nas estantes internas pré-existentes nos P-95. A adoção do sistema de Guerra Eletrônica ESM Thomson-CSF (hoje Thales) DR2000/Dalia no modelo P-95B modificou o emprego da aeronave e deu um novo fôlego ao Bandeirulha, agora como plataforma ELINT/SIGINT (Electronic - Signals Intelligence – Monitoramento de emissões eletromagnéticas). O aumento de aeronaves disponíveis levaria em 27 de setembro de 1990 a ativação do o 3°/7° Grupo de Aviação - Esquadrão “Netuno”, com base em Belém, e com  a chegada dos Embraer  P-95B muito mais capazes em Salvador e Florianópolis, os Embraer P-95A foram deslocados para sua nova casa em Belém , melhorando a cobertura de patrulha na região norte do pais.  A última unidade a receber o Bandeirante Patrulha foi o 2º/1º Grupo de Aviação Embarcada (GAE) que recebeu em 1992 quatro aeronaves Embraer  P-95A, inicialmente para complementar e, eventualmente posteriormente substituir os Grummam UP-16 e P-16 Tracker. Com a desativação dos Grumman P-16 Tracker em dezembro de 1996, o 1º GAE passou a operar apenas com os P-95A, até que a portaria R-452/GM3 em 31 de julho 1998 desativou esta unidade, ativando o  4º/7º Grupo de Aviação (4º/7ºGAv) – Esquadrão Cardeal, permanecendo em operação até novembro de 2011, quando a unidade foi desativada com suas aeronaves distribuídas as demais unidades operacionais.
Anteriormente entre o os anos de 2007 e 2008 o Comando da Aeronáutica (COMAER) iniciou estudos para modernização de uma parte de sua frota de aeronaves Embraer C-95 Bandeirante e P-95 Bandeirulha buscando assim estender a vida útil das aeronaves por até vinte anos. Este programa deveria envolver não só um amplo processo de revitalização estrutural, mas também troca de toda suíte avionica incluindo a instalação de painel glass cockpit. Este processo foi executado no Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMA AF) tendo início em janeiro de 2012, para implementação da modernização da eletrônica embarcada foi celebrado com a empresa israelense AEL Sistemas um contrato no valor de R$ 89,9 milhões abrangendo um total de 50 células a serem implementadas por sua subsidiaria brasileira. Inicialmente a previsão de modernização deveria abranger doze aeronaves do modelo Embraer P-95. Em 2013 foi decidido apenas modernizar nove células dos Embraer P-95B Bandeirulha , no ano seguinte um acidente com o FAB 7107 reduziria para somente oito aeronaves a serem modernizadas. O primeiro voo ocorreu em 18 de dezembro de 2013, com a certificação ocorrendo em outubro de 2014, com a primeira entrega sendo realizada para o 2º/7º GAv em 2015. A principal modificação inclui a instalação de um novo radar de Selex Seaspray 5000E de abertura sintética (AESA Active Electronically Scanned Array) e sistemas de navegação e comunicação.

Em Escala.
Para representarmos o Embraer P-95B Bandeirulha "FAB 7106", empregamos o excelente kit em resina na escala 1/72  produzido pela Liberty Quality Kits, modelo que prima pela qualidade de acabamento em suas peças. Empregamos decais originais do modelo confeccionados pela FCM Decais .

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura empregados nas aeronaves Embraer  EMB -111 - P-95  em todas as  versões em operação na Força Aérea Brasileira, entre os anos de 1978 e 2015. As células modernizadas designadas como Embraer P-95BM passam a ostentar um novo padrão de cinza empregando marcações de baixa visibilidade.


Bibliografia :

- Aviação Militar Brasileira 1916 – 2016 por Jackson Flores Jr
- História da Força Aérea Brasileira , Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Bandeirulha o Patrulheiro da Embraer – Alide http://www.alide.com.br/artigos/emb111/index.htm
- Os Cardeais 1º Grupo de Avião Embarcada e 4º/7º Grupo de Aviação - Mauro Lins de Barros - Editora Adler