Studebaker US6 G-630

História e Desenvolvimento.
A Studebaker Brothers Manufacturing Company uma das mais antigas montadoras norte-americanas, teve a sua gênese no ano de 1852, sendo fundada na cidade de South Bend, no estado de Indiana. Neste momento seu foco seria centrado na produção de carroças, carruagens e posteriormente implementos ferroviários e vagões. Nesta fase inicial a empresa cresceria e se desenvolveria muito em virtude da onda de expansão da malha ferroviária nos Estados Unidos. Em 1895 a pedido do genro de John M. Studebaker, seriam iniciados os primeiros estudos visando o desenvolvimento de uma "prática carruagem sem cavalos". Este processo culminaria na decisão de se produzir veículos elétricos ao invés de modelos com motores a gasolina, com a empresa lançando sua linha Studebaker Electric em produção entre os anos de  1902 a 1911. Posteriormente seriam firmados acordos de fabricação e distribuição com as empresas Garford de Elyria, Ohio, e a Everitt-Metzger-Flanders (E-M-F) Company de Detroit e Walkerville, Ontário, fabricantes de veículos movidos a gasolina. No ano de 1904, a empresa começaria a fabricar carros com motor a gasolina em parceria com Garford, com a companhia sendo nomeada neste período como  Studebaker Automobile Company.  Nos anos seguintes a montadora atravessaria uma série de crises de ordem técnica, levando muito tempo para aprimorar seus modelos até que atendessem os anseios do mercado consumidor norte-americano. Seu crescimento seria impulsionado com o início da Primeira Guerra Mundial, quando a empresa passou a receber encomendas das forças armadas britânicas, envolvendo a compra de 3.000 vagões de transporte, 20.000 conjuntos de arnês de artilharia, 60.000 selas de artilharia e ambulâncias, bem como centenas de carros comprados através do escritório de Londres. As receitas provenientes destes contratos não só ingleses, mas também franceses e russos na época do conflito, transformariam a empresa em uma das líderes no mercado automotivo mundial. No ano de 1918, suas plantas industriais apresentavam a capacidade de produção de até 100.000 automóveis por ano, algo notável para a época. Para complementar sua gama de produtos, em 1919 a empresa decidiria entrar no segmento de caminhões, e rapidamente seus produtos conquistariam um bom espaço neste segmento, gerando mais lucratividade para a montadora.

Poucos empresários do segmento industrial de manufatura norte-americana estavam preparados para a quebra da bolsa de valores de Wall Street em outubro de 1929. Embora a produção e as vendas da Studebaker Automobile Company. estivessem crescendo, o mercado entraria em colapso, com a empresa norteando seus esforços no desenvolvimento e lançamento de um novo modelo de carro de passeio, pequeno e de baixo custo - o Rockne. No entanto, os tempos eram ruins demais para vender até carros baratos, levando a empresa a repensar seu plano de negócios, passando a reduzir salários e cortar postos de trabalho. Conflitos de ordem interna com a diretoria provocariam a demissão do seu presidente Albert R. Erskine, deixando a gestão da empresa para executivos com visão menos ousada e mais focados em redução de custos. Esta mudança de estratégia levaria a um processo de recuperação econômica da organização, conquistando os primeiros resultados positivos em meados de 1933, o que tornaria viável a reativação de todas as suas plantas industriais e o lançamento de novos produtos como os modelos de passeio Champion, Land Cruiser e o Starlight que logo se tonariam sucessos e vendas. A partir do ano de fins do ano 1937, ficava cada vez mais evidente que o aumento das tensões políticas motivadas pelos interesses expansionistas da Alemanha Nazista e do Império do Japão, poderiam os principais potenciais mundiais a ingressarem em larga escala em um novo conflito de ordem mundial. Neste hipotético cenário o governo norte-americano decidiria promover em regime de urgência, uma série de estudos que culminaram na elaboração e execução de um amplo programa de modernização e reequipamento de suas forças armadas. Entre as principais demandas estava o aumento da mobilidade da força terrestre, com uma grande parcela dos investimentos sendo destinados ao desenvolvimento de uma variada gama de veículos de transporte. Neste contexto o principal objetivo era o de prover a substituição de de antigos modelos de caminhões militarizados com tração 4X2 e 4X4 produzidos pela Ford Motors Company e General Motors Corporation, que se encontravam em uso desde o início da década de 1920. O objetivo inicial era o de ampliar a capacidade de transporte do Exército dos Estados Unidos (US Army) em terrenos adversos, levando ao lançamento de uma concorrência nacional visando o desenvolvimento e produção em larga escala de um caminhão tático com tração 6X6 com capacidade de transporte de 2 1/2-toneladas (2,238 kg) para operação em ambientes fora de estrada. 
Montadoras como a International Harvester Company, Studebaker Automobile Company e Yellow Coach Corporation (uma subsidiaria da General Motors) apresentariam aos militares em junho de 1939 seus projetos técnicos e propostas comerciais. Devido ao agravar das tensões da Europa, com o início da anexação de territórios pelo regime nazista o que denotava o possível deflagrar de um conflito,  em agosto deste mesmo ano o governo norte-americano decidiria por aprovar todos os projetos e propostas comerciais apresentados, apresentando apenas como ressalva que os maiores contratos de aquisição fossem direcionados a Yellow Coach Corporation, visando a produção da família GMC CCKW e a Studebaker Automobile Company para a produção da linha de caminhões  US6 6X6. Este segundo modelo fora concebido originalmente visando a robustez e confiabilidade de operação em terrenos adversos, podendo ser facilmente mantenido no campo de batalha, nao dependendo assim de grande infraestrutura técnica. Estava equipado com um novo motor a gasolina Hercules JXD de 6 cilindros em linha desenvolvendo 86 hp (64 kW)  de potência nominal a 2800 rpm e 271 nm de torque a 1150 Rpm. Se tratava de um grupo propulsor de configuração conservadora e altamente confiável, com uma taxa de compressão de apenas 5,82. A escolha deste modelo de motor em específico estava relacionada a comunalidade, pois o mesmo era empregado família de blindados meia lagarta White M-3, veículos blindados leves como o Ford M-8 Greyhound e o M-20 Command Car, criando assim uma padronização no fluxo de peças de reposição. Salientado que esta variada gama de viaturas comporia o esteio das força mecanizada norte-americana. Seu chassi estava disposto forma de escada com três eixos de feixe, com sistema de molas semi elípticas na parte frontal e na parte traseira um sistema também elíptico em tandem.  Este caminhão seria apresentado com duas distancias entre eixos, que podiam ser usadass nas versões basculante, carga seca ou semi reboque. Ainda podiam ser divididos na versão fora de estrada com tração integral 6X6 e na versão básica 6X4 para o modelo rodoviário, com carrocerias destinadas a tarefas de transporte de cargas, tropas, cisterna de água, tanque de combustível, veículo socorro e basculante. 

Para reduzir os custos e otimizar a produção nas linhas de montagem, os engenheiros da Studebaker Automobile Company optariam por empregar a cabine do modelo civil com tração 4X4 comercializado pela montadora. A exemplo dos caminhões GMC CCKW, esta previsto também a produção de uma versão fazendo uso do sistema de cabine aberta com sistema rebatível em lona (soft top). No entanto este modelo não seria posto em produção em larga escala, pois segundo decisão do governo norte americano grande parte da produção do Studebaker US6 deveria atender aos contratos de Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), firmados com a União Soviética, onde as condições climáticas no inverno eram  muito rigorosas e inviabilizam a operação com o modelo de cabine aberta, com todas as demandas sendo solicitas para a cessão de caminhões com  a cabine civil convencional. Mesmo assim cerca de 10.000 caminhões destinados as forças armadas norte-americanas (principalmente para o exército) seriam produzidas na versão de cabine aberta, com estes caminhões sendo empregados em teatros de operações com clima moderado. Os primeiros caminhões Studebaker US6 seriam transportados por navio até o Ira, se deslocando por terra em uma longa jornada rodoviária pelo famoso "Corredor Persa", com os primeiros caminhões sendo recebidos na fronteira da União Soviética no outono de 1941. Seu emprego junto ao Exército Vermelho, que se tornaria o maior operador mundial do modelo teria grande importância, atuando desde  missões de transporte de carga e tropas, reboque de artilharia, até como plataforma convertida para os veículos lançadores múltiplos de foguetes nao guiados Katyusha. O Studebaker US6 tornou-se carinhosamente conhecido como “Studer” pelas tropas soviéticas, e seu nível de colaboração no esforço de guerra junto a este país seria publicamente reconhecido pelo seu ditador Joseph Stalin, que chegou a enviar ao governo norte-americano e a montadora uma carta de agradecimento reforçando sua participação na Grande Guerra Patriótica contra a Alemanha Nazista.   
Ao todo entre os anos de 1940 e 1945 seriam produzidos 219.882 caminhões, dispostos em treze versões (chassis e carrocerias especializadas), com 197.678 caminhões montados nas linhas de produção da Studebaker Automobile Company e   22.204 caminhões fabricados pela R.E. Olds Motor Car Company em sua planta industrial na cidade de Lansing no estado do Michigan. Os caminhões produzidos sob licenças eram muito similares aos montados na Studebaker Automobile Company, visualmente se diferenciando por não dispor do gancho hidráulico frontal de carga. O Exército dos Estados Unidos (US Army) acabaria empregando o modelo em menor número, quando se comparado ao nível de emprego dos modelos GMC CCKW 352 - 353, porém deixariam sua marca na força, principalmente por  registraram grande participação no esforço de construção da Estrada da Birmânia (1939 - 1941), o que possibilitou a  ligação rodoviária  entre China à Índia e à Birmânia (atual Mianmar), com o objetivo de levar suprimentos dos Aliados da Segunda Guerra Mundial para a resistência chinesa à ocupação japonesa. Também seriam empregados pelo Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army Corps of Engineers) na construção da importante Estrada Alcan na América do Norte, transportando todo o equipamento, suprimentos e pessoal destinados a esta empreitada. Logo após final do conflito começariam a ser desmobilizados dos efetivos do Exército dos Estados Unidos (US Army) sendo armazenados aos milhares, para posteriormente serem cedidos a "nações amigas" nos temos dos programas de ajuda e cooperação militar. Na maioria destes paises se manteriam em serviço até pelo menos o final da década de 1960, quando começariam substituídos por caminhões militares dos modelos REO M-34 e REO M-35. 

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário demandaria logo sem seguida a um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência tanto em termos de equipamentos, armamentos e principalmente doutrina operacional militar. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil e militar que se apresentavam no vasto litoral do país. 

Naquele período tanto o Exército Brasileiro quanto a  Marinha do Brasil apresentavam como principal carência, a total falta de caminhões militares com tração integral 6X6 e normal 6X4, com os modelos existentes nao se apresentando em quantidade suficiente para o atendimento de suas demandas. Suas fileiras estavam neste momento equipadas com antigos caminhões civis leves militarizados, como os Chevrolet Gigante (Flatbed Truck) e Tigre, Dodge T-203 e Ford V8, que eram sendo complementados por poucos veículos de transporte genuinamente militares como   alemães 6X6 Henschel & Son e norte-americanos Thornycroft Tartar 6X4. Nos termos do programa de Leand & Lease estava prevista a cessão inicial de mil quatrocentos e quarenta e cinco caminhões da família GMC CCKW A1 e B2 (cabine aberta e fechada) que seriam complementados nos anos seguintes por centenas de caminhões com tração 4X4 do modelo Chevrolet G-617.  Nos meses seguintes seriam recebidos mais caminhões agora dispostos em versões especializadas como cisterna de água, tanque de combustível, oficina, veículo socorro sob rodas, compressor de ar, telemetro, holofote, guindaste e cavalo de mecânico, produzidos por vária montadoras norte-americanas. Devido a priorização da produção das linhas de montagem da Studebaker Automobile Company, para o atendimento das demandas do Exército Vermelho da União Soviética, os primeiros caminhões da Studebaker  US6 G-630 2½-Ton com tração 6×4, , começariam a ser recebidos no Brasil somente no primeiro bimestre do ano de 1943. Seriam recebidos no porto do Rio de Janeiro em lotes em sucessivos lotes até meados do ano de 1945, vindo a totalizar 808 ou 830 unidades (existem divergências no número oficial segundo registros de época).  Após seu recebimento no porto do Rio de Janeiro, os caminhões recebiam as marcações do Exército Brasileiro e eram destinados inicialmente as maiores unidades militares dispostas no Rio de Janeiro e São Paulo, com a missão primordial formar motoristas e pessoal de manutenção para a frota. 
Após a finalização deste processo, estes novos caminhões começariam a ser alocados a outras unidades principalmente de infantaria motorizada, dispostas no território nacional. Em serviço no Exército Brasileiro os Studebaker G-630 US-6 receberiam a denominação de VTNE Carga Emprego Geral 2 ½ ton 6x4 cabine fechada, e gradativamente passariam a seremr destinados a grupamentos que operavam longe das principais capitais estaduais. Esta decisão seria tomada pois este modelo de caminhão estava equipado o robusto motor Hercules a gasolina com seis cilindros em linha, quatro tempos 5240 cc, que gerava 95 CV de potência a 2400 RPM, que podia ser alimentado com gasolina de baixa qualidade, tipo este combustível encontrado principalmente no interior do país naquela época, sendo menos suscetível a problema de ordens mecânica do que os demais modelos em uso na Força Terrestre naquele momento.  A exemplo do que ocorrido na União Soviética a serviço do Exército Vermelho, os caminhões US6 G-630 brasileiros se adaptariam perfeitamente a total falta de infraestrutura da malha viária do interior brasileiro naquele período, operando neste terreno irregular com desempenho satisfatório, atingindo uma velocidade máxima de 70 km/h podendo percorrer uma distância de até 400 km sem abastecimento. O advento do recebimento dos Studebaker G-630 US-6 em conjunto com os caminhões da família  General Motors  CCKW 352 e CCKW 353 com tração integral 6X6 viriam a trazer uma nova realidade no potencial de motomecanização nas unidades de logistica e infantaria motorizada do Exército Brasileiro aumentando consideravelmente a capacidade de mobilização, pois até então o mesmo estava equipado com os obsoletos e insuficientes caminhões  militarizados com apenas tração 4X4  como os Chevrolet 6000, 6500 e G-617, Diamond T-614, Citroen 1930 e outros. 

Esta incorporação de uma variada gama de caminhões de transporte possibilitaria a modernização das doutrinas operacionais nas unidades de apoio e logística, se adequando a nova realidade da guerra altamente móvel que se apresentava no conflito europeu. Seriam empregados em missões de transporte de cargas, transporte de tropas, reboque de peças de artilharia e tração de sistemas de busca e orientação antiaérea. Com o término da Segunda Guerra Mundial os Studebaker US6 G-630 continuariam a desempenhar a contento suas missões no Brasil. Porém em meados da década de 1960, esta frota começaria a apresentar altos índices de indisponibilidade ocasionados principalmente por problemas no fornecimento de peças de reposição dos motores a gasolina Hercules JXD de 6 cilindros em linha (que haviam sido descontinuados há mais de vinte anos). Esta dificuldade afligia também a frota dos blindados leves sobre rodas Ford M-8 Greyhound que faziam uso do mesmo grupo motriz destes caminhões, gerando assim um problema comum na Força Terrestre. Apesar do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar ( PqRMM/2) de São Paulo, ter consigo lograr êxito neste carro blindado, na substituição deste motor a gasolina por um nacional a diesel produzido pela Mercedes Benz OM 321 com seis cilindros em linha e potência de 121 cv a 2.800 rpm, o comando do Exército Brasileiro não se interessaria em replicar tal programa na frota residual de caminhões Studebaker US6 G-630. Esta decisão seria respaldada pela alegação de que além possuir tração 6X4, a quantidade ainda disponível em carga destes caminhões era pequena quando comparada grande frota de caminhões General Motors CCKW 352 e CCKW 353 que haviam sido recebidos em um número muito superior durante a década de 1940. Assim desta maneira optar-se-ia por concentrar os recursos em um programa de retifica e revisão dos motores de pelo menos seiscentos caminhões destes modelos, que após serem submetidos a este processo se manteriam em serviço ativo até pelo menos o início da década de 1980. 
Mediante esta decisão, seria definido um gradual processo de desativação da já combalida frota de caminhões Studebaker US-6 G-630, prevendo neste contexto sua substituição pelos "novos" caminhões militares REO M-34 e M-35, que começaria a ser recebidos entre os anos de 1958 e 1965 e também por modelos militarizados de produção nacional como os Mercedes-Benz L-1111, L-1113 e L-1114, Chevrolet C-60 e D-60 e Ford F-600. Os últimos caminhões Studebaker US-6 G-630 se manteriam em operação junto a Academia Militar das Agulhas Negras  (AMAN) no Rio de Janeiro, até pelo menos o final da década de 1960, encerrando assim sua carreira militar no Brasil. Após serem retirados seriam leiloadas as centenas, tendo como destino o sucateamento para aproveitamento de matéria prima. Felizmente alguns veículos sobreviveriam até os dias atuais sendo preservados por entusiastas e colecionadores. 

Em Escala.
Para representarmos o Studebaker G-630 US-6 fizemos uso do antigo kit da ICM na escala 1/35, modelo este de detalhamento médio e fácil montagem.  Como opção alternativa sugerimos o uso do  novo kit da Italeri na mesma escala. Para se compor a versão utilizada pelo Exército Brasileiro não é necessário proceder nenhuma mudança. Fizemos  uso de decais confeccionados pela decais Eletric Products pertencentes ao set  "Exército Brasileiro  1942/1982".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático empregado pelo Exército dos Estados Unidos (US Army) durante a Segunda Guerra Mundial, com os quais estes caminhões foram recebidos. Seriam aplicados apenas o escudo nacional e registros de matricula de frota, com este esquema sendo  mantido durante toda sua carreira operacional no Brasil.

Bibliografia :
- Studebaker US6 – Wikipedia -  https://en.wikipedia.org/wiki/Studebaker_US6
- FEB na Segunda Guerra Mundial - Luciano Barbosa Monteiro - Decals e Books
- Blindados no Brasil - Volume I, por Expedito Carlos Stephani Bastos
- Manual Técnico – Exército Brasileiro 1976

Embraer EMB-111 P-95 Bandeirulha

História e Desenvolvimento. 
A gênese da criação da Embraer S/A tem início em 1953, quando o Marechal-do-Ar, Casimiro Montenegro Filho, convidou o engenheiro aeroespacial e fundador da Focke-Wulf em Bremen, o alemão Henrich Focke e seus engenheiros, para compor a equipe do recém fundado Centro Tecnológico Aeroespacial (CTA), esta iniciativa criaria as primeiras expectativas para o estabelecimento de uma futura indústria aeronáutica nacional. Os anos seguintes começariam a criar um cenário propício para que estas expectativas se mostrassem possíveis de se realizar, pois no início da década de 1960, a Força Aérea Brasileira estava em pleno processo de integração nacional, empregando quase sua totalidade de sua frota de aeronaves Douglas C-47 e  Beechcraft C-45 nas linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN), e também em missões assistência nas regiões mais longínquas do pais. Apesar destes modelos oriundos de projetos da década de 1940, ainda atenderem a estas demandas, carregavam o peso da idade, desgaste das células e consequente obsolescência e necessitariam ser substituídas a curto prazo. Paralelamente neste mesmo período vislumbravam se possibilidades, mesmos que remotas se desenvolver uma indústria aeronáutica nacional. Desta maneira em 1964, o Ministério da Aeronáutica encomendou ao Centro e Tecnologia da Aeronáutica (CTA), estudos sobre a viabilidade para a possível criação de uma linha de produção para aeronaves de passageiros de médio porte. Este esforço culminaria em junho de 1965 na assinatura do documento básico de aprovação do projeto do IPD-6504, que tinha por finalidade o desenvolvimento de uma aeronave regional de transporte, adequada as necessidades brasileiras. O primeiro protótipo foi construído em três anos e quatro meses, consumindo 110 mil horas de trabalho envolvendo cerca de trezentas pessoas sob a coordenação do engenheiro francês Max Holste e do Cel. Ozires Silva.  Este protótipo  apresentava uma aeronave de asa baixa, metálica, com 12,74 m de comprimento, janelas em forma de bolha, equipado com dois motores turbo hélice Pratt & Whitney PT6-A20 com 580 hp e capacidade para oito passageiros.

O primeiro voo de demonstração ocorreria em 22 de outubro de 1968, a partir do aeroporto de São José dos Campos, sob o comando do Major Mariotto Ferreira e do Engenheiro Michel Cury. Quatro dias depois o agora já designado YC-95 fez seu segundo voo, considerado seu voo oficial de demonstração para um público de quinze mil pessoas. O próximo passo seria prover os meios necessários para a produção em série desta nova aeronave, assim em 19 de agosto de 1969, o Ministério da Aeronáutica (MAer) recebeu do presidente da república a autorização para a criação de uma empresa aeronáutica de capital misto com controle estatal que receberia o nome de a Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. Esta nova empresa seria inicialmente destinada a fabricação seriada do avião C-95, agora batizado de Bandeirante. No dia 02 de janeiro de 1970 a Embraer S/A começou a operar assumindo a produção da aeronave que seria designada comercialmente  como EMB-100 Bandeirante, neste contexto os dois protótipos produzidos, passaram a ser alvo de um amplo programa de ensaios de voo a fim de se implementar melhorias e ajustes no projeto e processo de produção. Os resultados deste programa se materializariam no terceiro protótipo, que receberia a matrícula PP-ZCN, realizando seu primeiro voo no dia 29 de junho de 1970.  Apesar do bom desempenho, verificou-se que as condições e parâmetros de mercado original com as quais o projeto fora baseado, haviam evoluído, ou seja, sua capacidade de transporte de até oito passageiros, já não eram mais adequadas as novas demandas do mercado comercial de aviação regional. Assim desta maneira a equipe de projetistas da Embraer S/A, decidiu, então, reformular o projeto, criando o Embraer EMB-110 Bandeirante, maior com doze lugares, que ganharia também a versão militar e que contaria também com alguns avanços técnicos em relação aos primeiros protótipos construídos. Definida estas etapas, logo seriam estabelecidos os cronogramas para a produção em série.
Definidos todos os ajustes no projeto, finalmente em novembro 1971 seria iniciada a produção em série, com o primeiro voo da aeronave Embraer EMB-110 Bandeirante “pré-serie” com a matrícula militar C-95 “FAB 2133”, ocorrendo em 9 de agosto de 1972. Esta nova aeronave teve sua fuselagem alongada para 14,23 metros, ampliando assim como planejado a capacidade de transporte de oito para doze passageiros, e passava ao contrário das células dos  YC-95 iniciais a apresentar novas janelas retangulares, estabilizador vertical, naceles dos motores redesenhadas e novos motores turboélices Pratt & Whitney PT6A-27 com 680 hp. Finalizado o processo de ensaios e voo a empresa passaria a se dedicar a produção referente a encomenda de oitenta unidades destinadas a Força Aérea Brasileira, atendendo ao contrato celebrado em maio do ano anterior com o Ministério da Aeronáutica. As primeiras unidades de produção em série começaram a ser entregues a Força Aérea Brasileira a partir de fevereiro de 1973.  Apesar da origem militar o Embraer EMB-110 Bandeirante também demonstrava vocação civil, e sua primeira versão de transporte regional para doze passageiros, designada pelo fabricante como Embraer EMB-110C passou a conquistar seus primeiros clientes civis, entre eles a empresa regional Transbrasil que veio a receber em 11 de abril de 1973 sua primeira aeronave matriculada PT-TBA. O emprego operacional desta versão inicial, motivou a Embraer S/A a estudar novas modificações no projeto, visando assim melhorar o a performance do modelo tanto no requisito de desempenho, quanto em capacidade de carga.  O fruto deste estudo se concretizaria em 1975 no desenvolvimento da versão Embraer EMB 110K1 Bandeirante, que tinha como principal alvo mercado de transporte militar, esta aeronave teve sua fuselagem alongada em 0,87 cm, permitindo assim a inclusão de uma porta traseira de carga e uma porta extra para a tripulação e passageiros.

Esta nova variante passou a contar com o novo modelo mais potente do motor Pratt & Whitney PT6A-34 com 750 shp e aprimoramentos na avionica, trens de pouso e sistemas elétricos e de combustível, esta versão receberia a designação de Embraer C-95A. Duas versões civis derivaram do modelo militar, sendo o Embraer EMB-110P1 para até dezenove passageiros ou carga e o Embraer EMB-110P2 para transporte exclusivo de até vinte e um passageiros, que ao invés da porta de carga dispunha uma porta de serviço. Em fins da década de 1970, surgia a versão militar Embraer EMB 110P1(K) que passou a ser conhecida como Embraer C-95B, tratava-se de um modelo com aprimoramentos sobre seu antecessor, entre estes destaca-se a adoção de uma porta de serviço de 1,42 X 0,63m, embutida na porta de carga, que podia ser aberta em voo para o lançamento de cargas ou paraquedistas. Dispondo de uma capacidade de transporte de carga de até 1.700 kg, o Embraer C-95B se tornaria o esteio das unidades de transporte da Força Aérea Brasileira que operaram o Bandeirante. Neste mesmo período os Lockheed P-15 Neptune alocados junto ao 1º/7º Grupo de Aviação - Esquadrão “Orugan”, chegavam no limiar de suas vidas úteis, gerando assim a necessidade de uma substituição urgente, como sucessor natural despontava no mercado a opção do Lockheed P-3 Orion, porém infelizmente os altos custo de aquisição e operação tornavam esta opção proibitiva para a Força Aérea Brasileira. Como alternativa viável do ponto de vista econômico, o Ministério da Aeronáutica (MAer) solicitou a Embraer S/A o desenvolvimento de uma aeronave de patrulha baseada na consagrada plataforma do EMB-110 Bandeirante, que já contava com quase cento e sessenta células entregues a Força Aérea Brasileira e a diversos operadores civis.
A proposta da empresa foi apresentada ao Ministério da Aeronáutica (MAer) em 1975, com a designação de Embraer EMB-111A(A) Bandeirante Patrulha, basicamente as modificações incluíam a instalação de um radar de busca Eaton AN/APS-128 Super Searcher, em um nariz alongado construído em fibra de vidro, contava com uma nova suíte de comunicações, sistemas de navegação inercial Litton LN-33, piloto automático Bendix M-4 e um sistema de contramedidas eletrônicas Thomson CF. As asas eram reforçadas para permitiram a instalação de tanques suplementares de 318 litros cada nas pontas (os mesmos empregados nos jatos Embraer AT-26 Xavante), este reforço estrutural podia conceder a opção de se operar com quatro cabides subalares para o lançamento de foguetes não guiados de 127 mm e casulos de foguetes de 70 mm de fabricação nacional. A aeronave ainda dispunha ainda de equipamentos na fuselagem para o lançamento de marcadores navais, granadas fumigenas e botes salva vidas infláveis. A exemplo dos demais aviões de patrulha naval, o modelo seria dotado ainda com um farol de busca de cinquenta milhões de candelas do tipo HIVA (High Intensyty Aircraft Searchlight) instalado no bordo de ataque da asa direita.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Com base no projeto apresentado, a Força Aérea Brasileira aprofundou estudos sobre a viabilidade da aeronave de transporte customizada para missões de esclarecimento marítimo e patrulha e apesar dos relatórios finais apresentarem ressalvas técnicas fundamentadas no conceito que o Embraer EMB-111 P-95 Bandeirante, seria um vetor bem menos capaz de realizar as missões  que seu antecessor norte-americano,  o Lockheed P-15 Netuno, principalmente no que tange a parâmetros de desempenho como alcance, autonomia, perfil de missão e capacidade de transporte de armamentos, o Ministério da Aeronáutica (MAer) concedeu sinal verde para a produção do protótipo, visando assim manter o estimulo da indústria aeroespacial  nacional de defesa. O roll out da primeira aeronave produzida ocorreu em 30 de junho de 1977, com seu primeiro voo ocorrendo em 01 de agosto do mesmo ano, nas instalações da Embraer S/A na cidade São José dos Campos. Imediatamente o modelo seria submetido a um amplo programa de ensaios e voo e aceitação, realizados em conjunto por oficiais da Força Área Brasileira e técnicos do fabricante.  Após a implementação de pequenas modificações o projeto do Embraer P-95 foi aprovado para a produção em série, culminado esta decisão com a assinatura de contrato de doze células iniciais. As primeiras três aeronaves foram entregues a 1º/7º Grupo de Aviação (1º/7º GAv) – Esquadrão “Orugan” em 11 de abril de 1978, iniciando assim o processo de recebimento e aceitação operacional da nova aeronave. Apesar de como citado anteriormente o Bandeirante Patrulha estava muito aquém do perfil operacional dos veteranos Lockheed P-15 Neptune, a adoção da nova aeronave viria a contribuir em muito para a modernização da aviação de patrulha no Brasil.

Grande parte desta evolução estava fundamentada na operação e nas funcionalidades do moderno radar de busca marítima compacto Eaton (ex-Cuttler-Hammer) AN/APS-128 Super Searcher que possuía um alcance de 160 quilômetros de alcance operando na faixa X e com sua taxa de varredura oscilando entre 15 e 60 rpm. Este sistema podia ser empregado em missões de vigilância costeira, busca, salvamento, navegação, e apoio na elaboração de carta meteorológica, sendo este sistema capaz de detectar um alvo de 150 m² a cerca de 100 quilômetros de distância, mesmo em mares agitados. Diferente da maioria dos radares este modelo usa um display de tipo televisão com 8x8 polegadas para exibir a sua imagem sendo plenamente integrado com o inercial, Omega e demais sistemas de navegação.  Contava ainda com um transceptor Collins 618T-3B em HF/AM/SSB/CW, dois transceptores VHF Collins 618M-3, duas bússolas giromagnéticas Sperry C-14, dois receptores de ADF Bendix DFA-74A, dois receptores VOR/ILS/Marker Beacon Collins VIR-31A, um transponder de IFF Collins AN/APX-92, um VHF/DF Collins DF-301E, um rádio-altímetro Bendix ALA-51, um sistema de navegação inercial Litton LN-33 e Piloto automático Bendix M4-C,representando assim um salto tecnológico em avionica quando comparado ao seu antecessor americano. As antenas do ADF estavam localizadas duas sobre a fuselagem e uma embutida dentro da extensão da empenagem vertical. O cabo que liga a cabine ao topo da empenagem é a antena de comunicações de HF.  A grande antena em forma de barbatana na parte superior da fuselagem é a de VHF. As antenas do VOR apontam para trás e estão presente dos dois lados no topo da cauda. Neste momento além de contar com a possibilidade de operar com foguetes não guiados como sistema de armas ofensivo, seus cabides subalares foram modificados para portar cargas de profundidade.
Neste período toda a frota de Embraer P-95 Bandeirulha estava concentrada na Base Aérea de Salvador, com a exceção de quatro células que foram emprestadas ao 2º/10º Grupo de Aviação Esquadrão Pelicano entre os anos de 1980 e 1981, para serem empregados em missões de busca e salvamento, no aguardo da chegada da versão especializada o SC-95 Bandeirante SAR. Em 1982 a disponibilidade das células permitiu criar um novo esquadrão de patrulha que seria designado como 2º/7º Grupo de Aviação – Esquadrão “Phoenix” que deveria ser baseado na cidade de Florianópolis, permitindo assim uma maior cobertura do litoral brasileiro. A implementação desta iniciativa motivaria em 1987 o estudo para a aquisição de mais células das aeronaves atendendo assim ao anseio da força em suas capacidades de patrulha e esclarecimento marítimo. A fim de atender a esta demanda a Embraer ofereceria uma versão melhorada que teria como base o Bandeirante C-95C que visualmente diferiria dos primeiros P-95 por possuir os estabilizadores horizontais com diedro de 10 graus, esta nova variante receberia a designação do fabricante de EMB-111A(C) e militar como P-95B. Em termos de sistemas esta nova versão representava uma nova classe de aeronave, o  radar AN/APS-128 Super Searcher foi substituído  por um moderno radar THORN EMI Super Searcher que fora lançado no mercado internacional em 1986. Este novo sistema apresentava a capacidade Track While Scan (TWS - acompanhando o alvo sem ter de interromper a buscar no restante do espaço aéreo), contava ainda com uma nova suíte avionica dispondo de sistemas Thomson-CSF DR 2000A Mk II /Dalia 1000A Mk II (MAGE - Medidas de Apoio à Guerra Eletrônica), Collins EFIS-74, ADI-84, Piloto-automático APS-65 e o Sistema de navegação Omega Canadian Marconi CMA 771 Mk III. Esta proposta seria plenamente aceita pela Força Aérea Brasileira gerando assim a encomenda de 10 células desta versão que passaram a ser entregues partir de 06 de novembro de 1989, quando o Embraer P-95B FAB 7101 foi oficialmente incorporado ao 1º/7º Grupo de Aviação.

Até setembro de 1991, todos os novos Embraer P-95B haviam sido entregues, tendo cada unidade de patrulha recebido cinco exemplares. Em paralelo a compra destas novas células, a Força Área Brasileira procedeu um retrofit dos 10 P-95 originais a partir de 1989. Este processo foi implementado pela área técnica da TAM (que era um dos grandes operadores da versão civil), culminando assim na versão Embraer P-95A que representava o casamento das células dos P-95 originais com a eletrônica moderna do Bandeirulha “Bravo”. Tanto a fiação quanto as canbagens tiveram de ser refeitas e os novos módulos aviônicos foram inseridos nas estantes internas pré-existentes nos P-95. A adoção do sistema de Guerra Eletrônica ESM Thomson-CSF (hoje Thales) DR2000/Dalia no modelo P-95B modificou o emprego da aeronave e deu um novo fôlego ao Bandeirulha, agora como plataforma ELINT/SIGINT (Electronic - Signals Intelligence – Monitoramento de emissões eletromagnéticas). O aumento de aeronaves disponíveis levaria em 27 de setembro de 1990 a ativação do o 3°/7° Grupo de Aviação - Esquadrão “Netuno”, com base em Belém, e com  a chegada dos Embraer  P-95B muito mais capazes em Salvador e Florianópolis, os Embraer P-95A foram deslocados para sua nova casa em Belém , melhorando a cobertura de patrulha na região norte do pais.  A última unidade a receber o Bandeirante Patrulha foi o 2º/1º Grupo de Aviação Embarcada (GAE) que recebeu em 1992 quatro aeronaves Embraer  P-95A, inicialmente para complementar e, eventualmente posteriormente substituir os Grummam UP-16 e P-16 Tracker. Com a desativação dos Grumman P-16 Tracker em dezembro de 1996, o 1º GAE passou a operar apenas com os P-95A, até que a portaria R-452/GM3 em 31 de julho 1998 desativou esta unidade, ativando o  4º/7º Grupo de Aviação (4º/7ºGAv) – Esquadrão Cardeal, permanecendo em operação até novembro de 2011, quando a unidade foi desativada com suas aeronaves distribuídas as demais unidades operacionais.
Anteriormente entre o os anos de 2007 e 2008 o Comando da Aeronáutica (COMAER) iniciou estudos para modernização de uma parte de sua frota de aeronaves Embraer C-95 Bandeirante e P-95 Bandeirulha buscando assim estender a vida útil das aeronaves por até vinte anos. Este programa deveria envolver não só um amplo processo de revitalização estrutural, mas também troca de toda suíte avionica incluindo a instalação de painel glass cockpit. Este processo foi executado no Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMA AF) tendo início em janeiro de 2012, para implementação da modernização da eletrônica embarcada foi celebrado com a empresa israelense AEL Sistemas um contrato no valor de R$ 89,9 milhões abrangendo um total de 50 células a serem implementadas por sua subsidiaria brasileira. Inicialmente a previsão de modernização deveria abranger doze aeronaves do modelo Embraer P-95. Em 2013 foi decidido apenas modernizar nove células dos Embraer P-95B Bandeirulha , no ano seguinte um acidente com o FAB 7107 reduziria para somente oito aeronaves a serem modernizadas. O primeiro voo ocorreu em 18 de dezembro de 2013, com a certificação ocorrendo em outubro de 2014, com a primeira entrega sendo realizada para o 2º/7º GAv em 2015. A principal modificação inclui a instalação de um novo radar de Selex Seaspray 5000E de abertura sintética (AESA Active Electronically Scanned Array) e sistemas de navegação e comunicação.

Em Escala.
Para representarmos o Embraer P-95B Bandeirulha "FAB 7106", empregamos o excelente kit em resina na escala 1/72  produzido pela Liberty Quality Kits, modelo que prima pela qualidade de acabamento em suas peças. Empregamos decais originais do modelo confeccionados pela FCM Decais .

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura empregados nas aeronaves Embraer  EMB -111 - P-95  em todas as  versões em operação na Força Aérea Brasileira, entre os anos de 1978 e 2015. As células modernizadas designadas como Embraer P-95BM passam a ostentar um novo padrão de cinza empregando marcações de baixa visibilidade.


Bibliografia :

- Aviação Militar Brasileira 1916 – 2016 por Jackson Flores Jr
- História da Força Aérea Brasileira , Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Bandeirulha o Patrulheiro da Embraer – Alide http://www.alide.com.br/artigos/emb111/index.htm
- Os Cardeais 1º Grupo de Avião Embarcada e 4º/7º Grupo de Aviação - Mauro Lins de Barros - Editora Adler

Canhões Krupp 75 mm no Brasil

História e Desenvolvimento.
A história da empresa alemã Friedrich Krupp AG começou no início do século XIX no segmento de fundição, iniciando a produção de aço fundido na cidade de Essen, localizada na então província da Reno Prussiana. Neste local o empreendedor Friedrich Krupp fundou em 20 de novembro de 1811, juntamente com os irmãos Georg Karl Gottfried e Wilhelm Georg Ludwig von Kechel, a empresa Friedrich Krupp para a produção de aço fundido inglês e todas as manufaturas resultantes das quais a fábrica de aço fundido Krupp se originou. Após a morte de Friedrich Krupp em 1826, seu filho Alfred Krupp começaria a expandir a empresa por volta do ano de 1830 para se tornar a maior empresa industrial da Europa naquele período. A empresa inventou o aro de roda inteiriço para os trens, o que representaria um considerável progresso para as ferrovias em todo o mundo. Aperfeiçoaria, também, um método para fundir canhões de aço, o que auxiliaria a Prússia a derrotar a Áustria em 1866 e a França em 1870. Neste momento a família Krupp assumiria a liderança e o controle da indústria de armas do Império Alemão. Os canhões da Krupp seriam fornecidos aos exércitos russo, austríaco e principalmente do Império Otomano durante a década de 1860. Na década seguinte, seus canhões seriam comercializados com a maioria dos países do mundo moderno, reafirmando a liderança da empresa neste segmento. O setor de armamento naval também seria explorado pela empresa, e partir do ano de 1863, seus canhões seriam fabricados sobre encomenda para várias marinhas, incluindo as da Áustria-Hungria, Império Otomano e Prússia, entre outras. Em 1897 surgiria o modelo Krupp 75 mm Field Gun (canhão de campo), projeto este que seria a base para o desenvolvimento de toda uma família de canhões que estariam nos campos de batalha do próximo século. 

Em 1903 a empresaEm 1903 a empresa lançaria no mercado europeu o canhão modelo Krupp 1903 mantendo o calibre de 75 mm, conquistando rapidamente um grande contrato governamental em seu pais. O emprego exitoso em campo pelo Exército Alemão (Reichswehr) levaria a um rápido sucesso comercial deste tipo de canhão de campo, conquistando inúmeros contratos de exportação, entre eles vendas de grande vulto.  Como a realizada pela Romênia, que adquiriria 636 dessas peças de artilharia, que passariam a fazer uso de um dispositivo de mira mais sofisticado (do que o oferecido pelos alemães), quer era fabricado localmente, conhecido como mira Ghenea-Korodi. Em número de armas, essa foi a maior importação de um único tipo de canhão já feito pela Romênia, formaria assim a base da artilharia de campo romena na Primeira Guerra Mundial, equipando todos os regimentos de artilharia das divisões de infantaria. O atrito e as perdas em combate reduziriam em 1926 este acervo para apenas 321 peças, porém apesar de já ser considerado obsoleto, seriam mantidos em serviço ativo até o ano de 1942. Durante a Primeira Guerra dos Balcãs, 126 canhões deste modelo pertencentes as forças armadas do Império Otomano, seriam   capturados pelo Exército Real Sérvio, sendo  posteriormente utilizados na Primeira Guerra Mundial. O modelo Krupp 1903 também foi incorporado as forças armadas da  Dinamarca e  Holanda, tendo sido empregado nas fases iniciais da Segunda Guerra Mundial. O exército holandês além de ter adquirido 120 peças compraria os direitos de produção do modelo, sendo submetidos a programas de modernização, inclusive para serem tracionados por veículos automotores. Seu projeto original seria vendido para o governo japonês, servindo de base para o desenvolvimento do canhão de campo Tipo 38 de  75 mm, usado extensamente pelo Exército Imperial do Japão durante a guerra contra a China Nacionalista. 
Na primeira década do século XX , quando a grande corrida armamentista europeia teve seu início, o governo belga fecharia um grande contrato de compra diretamente junto ao fabricante alemão, envolvendo mais especificamente o Modelo Krupp 1905, arma essa de artilharia que já era usada por vários exércitos europeus. Este canhão de campanha apresentava um design padrão, que poderia ser customizado de várias maneiras para se adequar as demandas de diferentes compradores. As primeiras unidades deste canhão foram fornecidas com seu conjunto, com estas peças de artilharia sendo montadas localmente por empresas belgas, com um pequeno percentual de componentes produzidos por empresa belgas, posteriormente o índice de nacionalização de quase 90% excetuando apenas o barril que ainda era produzido pela Friedrich Krupp AG. Tratava-se de um projeto convencional para a época , fazendo uso de  um sistema de recolhimento de mola hidráulica e uma culatra horizontal do tipo bloco deslizante. A pistola pesava 1.070 kg quando utilizada, uma elevação de –8 ° a + 16 ° e poderia disparar um projétil de estilhaço de 6,5 kg a um alcance máximo impressionante de 8.000 metros. Em 1914, o Exército Belga (Armée belge) possuía dezoito brigadas de artilharia de campanha , e cada uma delas composta por três baterias de 75 mm, equipadas com o Modelo  Krupp 1905. A maioria dessas armas acabaria sendo perdida durante o avanço inicial das forças armadas alemães. A parir deste momento o esteio da artilharia de campo da Bélgica passaria a ser composta por canhões de calibre de 75 mm produzidos na França. 

A equipe de projetos da Friedrich Krupp AG, sempre se dispunha livremente a customizar o desing de seus produtos destinados ao mercado de exportação, visando assim atender a necessidades especificada de cada novo cliente. A exemplo podemos citar o Modelo 1908, que teve seu projeto fundamentalmente alterado para atender aos requisitos apresentados pelo Exército Imperial do Japão. Esta versão japonesa M-1908 apresentava um cano mais longo do que o existente nos canhoes de campanha produzidos anteriormente por esta empresa, presumivelmente para proporcionar o máximo alcance, embora a arma fosse um pouco mais pesada que as armas anteriores. Sua carruagem de transporte seria completamente redesenhada em comparação com as armas artilharia  de montanha anteriores, a seção típica da caixa, ou caixa aberta na trilha  do modelo M-1904, seria substituída por elementos tubulares. A carruagem parecia um grande diapasão no plano. A parte traseira da trilha que carregava a pá, podia ser dobrada sobre os tubos dianteiros. O design da trilha era mais parecido com o das armas produzidas pela  Ehrhardt Rheinmetall AG,  do que o design empregado rotineiramente pela  Friedrich Krupp AG. Adquiridos as centenas pelo governo do Império do Japão , muitas destas peças capturadas em combate contra os japoneses, seriam empregadas pelo exército da China Nacionalista até o final da década de 1940 . Este modelo seria considerado para exportação há outros países mantendo o calibre 75mm L/30, se tornando um grande sucesso comercial na primeira década do século vinte. 
Após o término da Primeira Guerra Mundial, a celebração do Tratado de Versalhes em 28 de junho de 1919, imporia uma série de indenizações e restrições a Alemanha. Entre estas cotas máximas para a produção de aço para diversas indústrias, entre elas a Friedrich Krupp AG, que seria inclusive proibida de atuar no segmento de armas e munições. A fim de se adequar a este novo cenário de tempos de paz, Gustav Krupp reconstruiria a companhia, passando a produzir ferramentas e materiais para a indústria de base. Mas a partir de 1934, o processo de Ascenção do Chanceler Adolf Hitler seria concluído, levando o país a iniciar um grande processo de rearmamento, levando a companhia a voltar a produzir armas e munições. O destaque seria dado para o desenvolvimento e produção dos grandes canhões Schwerer Gustav, porém grande parte do volume de negócios neste programa seria concentrado em peças de artilharia de médio e leve calibre, entre eles os canhões de campo de 75 mm com destaque para os modelos Krupp 75 C-26 M e C-28 M. Destinados a produção em larga escala estas armas eram de construção simplificada e equipados com rodas de madeira para tração animal. Estes apresentariam grande eficiência no campo de batalha sendo seu sistema testado e aprovado em inúmeros conflitos deste o século.  Parte desta produção seria ainda destinada a exportação com a América Latina se tornando um dos grandes mercados da empresa neste período. 

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
O emprego de canhões de campanha pelo Exército Brasileiro produzidos pela empresa alemã Friedrich Krupp AG, data do ano 1872, quando foram recebidos os primeiros modelos de peças de artilharia de calibre de 75 mm que passariam a ser empregados pelos Regimentos de Artilharia a Cavalo. No início da década seguinte seriam recebidas mais três dezenas destes canhões de 75 mm agora do modelo Krupp M-1895, que apresentavam como principal melhoria seu alcance operacional, podendo agora atingir alvos a 12.000 metros de distância. Esta aquisição sendo recomendada pelo Conde d’Eu que desempenhava as funções de Comandante Geral da Artilharia do Exército Imperial e Presidente da Comissão de Melhoramento de Material do Exército, e era o principal conselheiro militar de seu sogro, o Imperador Dom Pedro II. Entre movimento levaria a uma decisão de que a toda a artilharia Brasileira fosse atualizada com canhões alemães Krupp, que demonstravam ser superiores aos canhões de origem, francesa La Hitte, que até então faziam parte do arsenal Brasileiro. A incorporação em larga escala destas peças de artilharia alemães recuperaria o potencial militar do Exército Brasileiro, com estas armas sendo empregadas diversas vezes em cenários de conflagração real. Ironicamente os canhões Krupp recomendados pelo genro do Imperador seriam usados contra uma rebelião monarquista anos depois, em 1897 durante a Guerra de Canudos. No entanto o descortinar de um novo século, traria grandes avanços tecnológicos neste segmento, relegando grande parte dos equipamentos a natural obsolescência, levando assim a necessidade de substituição por armamentos mais modernos. Esta demanda que evolveria principalmente a adoção de modernos canhões no Exército Brasileiro teve início no princípio do século XX, quando o Marechal Hermes da Fonseca, passaria a empreender uma ampla reforma estrutural na força militar terrestre. Este movimento tinha o propósito de superar as deficiências técnicas e operacionais instaladas desde o fim da Guerra do Paraguai (1864 - 1870) e evidenciadas por ocasião da Campanha de Canudos (1896 - 1897). 

A estagnação no Exército Brasileiro somente seria rompida com as transformações iniciadas pelos Ministros da Guerra Marechais, João Nepomuceno de Medeiros Mallet, Francisco de Paula Argolo e Hermes da Fonseca, entre os anos de 1900 e 1908. Com o apoio de José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, que intercederia junto ao Presidente da República Afonso Pena, Hermes da Fonseca, conseguindo assim pavimentar o caminho para a implementação de um amplo processo de revitalização e modernização das Forças Armadas Brasileiras. Este programa que seria popularmente conhecido com a “Reforma Hermes” envolveria além de uma reestruturação organizacional da força terrestre, uma profunda revisão do sistema de ensino militar, criação e a regulamentação do Estado-Maior, aquisição de modernos armamentos e estabelecimento de novas unidades operacionais. Um capítulo deste programava esta dedicado principalmente ao fortalecimento da defesa de costa da cidade do Rio de Janeiro, então Capital Federal. A partir de 1908, seria fixada uma nova organização de comando para o Exército Brasileiro, ficando o território nacional dividido em vinte e uma regiões para alistamento militar e treze para inspeção. O Marechal Hermes da Fonseca, era um grande admirador do Exército Prussiano e dizia publicamente que a força terrestre brasileira precisava atingir o nível dos germânicos, onde se destacava o Estado-Maior, criado por Helmuth von Moltke e o emprego de tecnologia de ponta na produção de armamentos. Assim, motivado também pela inexistência de uma indústria bélica nacional, realizaria uma viagem a Alemanha em agosto do mesmo ano a fim buscar novos conhecimentos técnico profissionais e fornecedores de material bélico moderno. Como resultado da viagem, seriam celebrados diversos contratos com empresas alemães, com estes evolvendo a aquisição de uma variada gama de armamentos pessoais em grandes quantidades como 400.000 fuzis Mauser calibre 7 mm para a infantaria, 10.000 lanças Ehradt, 20.000 espadas e 10.000 mosquetões para a cavalaria. Já a artilharia de campanha seria servida com vinte e sete baterias de canhões Krupp 75 mm Modelo 1908, seis de canhões Krupp 75 mm de montanha e cinco de obuses Krupp 105 mm. Seriam encomendados também imensos canhões Krupp de 305 mm, destinados a equipar a torres que proveriam a proteção ao Forte de Copacabana que se encontrava em construção.    
Em fins do ano de 1909 seriam recebidos no porto do Rio de Janeiro, um total de cento e setenta canhões  Krupp 75 mm C-26 e C-28 dos modelos 1908 e 1909, sendo logo colocados em imediatamente em serviço. Estas armas de calibre 75mm/L28 apresentavam um alcance de 6.000 metros, disparando projeteis de 5,5 kg (estilhaços 245 balas de 11 gramas) a uma velocidade de 490m/s. Sua guarnição era de nove homens, com o conjunto sendo geralmente tracionados por nove cavalos ou mulas, sua munição composta de 36 granadas era transportada em um um "carro de munição" também fabricado pela Friedrich Krupp AG. O canhão apresentava um peso total de 1.436 kg, o o carro de transporte de munição pesava 1.415 kg totalmente carregado e 792 kg quando vazio. A robustez da construção da arma e sua facilidade de operação e manutenção, agradaria muito os comandantes das unidades de artilharia de campanha. O primeiro emprego real dos novos canhões Krupp 75 mm ocorreria durante a Guerra do Contestado (1912 - 1916), em uma localidade situada entre os estados do Paraná e Santa Catarina. Esta região seria marcada por essas disputas em razão da presença de uma rica floresta e uma grande região dedicada à plantação de erva-mate. Este conflito teria como partes beligerantes posseiros e pequenos proprietários de terras contra os governos dos estados de Santa Catarina e Paraná, além do Governo Federal brasileiro. O palco foi uma região rica em erva-mate e madeira, disputada por ambos os estados e que ficou conhecida como Contestado. Preocupados com a formação de rebeliões, os governos estadual e federal passaram a partir de 1912 a enviar expedições militares contra a população do Quadrado Santo, com unidades de artilharia de campanha sendo muito empregadas em ataques decisivos, com este conflito se estendendo pelo menos o mês de agosto de 1916.   

Satisfeitos com os resultados do emprego desta família de canhões, o comando do Exército Brasileiro decidiria por adquirir mais armas de artilharia desta família, assim negociações bilaterais seriam conduzidas entre os governos brasileiro e a alemão. Em agosto de 1913, o seria celebrado um contrato junto a Friedrich Krupp AG, prevendo a aquisição imediata de duzentos canhões de campo de 75 mm, que deveriam ser entregues em até dez meses a partir da assinatura do acordo. A primeira remessa seria realizada dentro do cronograma previsto, pertencendo ao modelo Krupp C-28 1911, e apresentavam como diferença básica em relação à pistola Modelo 1909 ser representada pela maior espessura da culatra com o mecanismo semelhante ao modelo FK 96. Nesta mesma remessa seriam entregues também recebidos canhões de montanha Krupp de  Modelo 24 C14 de 75 mm. No entanto em julho de 1914 ao eclodir da Primeira Guerra Mundial, pelo menos cento e oito peças destinadas ao contrato brasileiro se encontravam prontas nas instalações do fabricante na cidade de Essen. Porém estas seriam confiscadas arbitrariamente pelo governo alemão, e possivelmente seriam destinadas a equipar as divisões de artilharia no front oriental. Os registros do fabricante classificavam estas peças como pertencentes a versão  Feldkanonen C-30 de 75 mm, um modelo aprimorado, podendo ser este o motivo que levaria a esta decisão de confisco. Durante a segunda metade da década de 1930, o Exército Brasileiro se encontrava em uma situação complicada, pois este era um período sacudido por inúmeros conflitos de ordem regional espalhados no mundo. Olhando o cenário sul-americano, muitos países vizinhos ao Brasil dispunham de equipamentos bélicos superiores, chegando a preocupante definição que nosso país estava completamente despreparado para enfrentar possíveis ameaças externas. Para resolver esta deficiência em 1936 o general Eurico Gaspar Dutra, então Ministro da Guerra, determinou que uma comissão de compras, visitasse na Europa principalmente, vários fabricantes de armamentos, visando assim iniciar um processo de reaparelhamento das Forças Armadas Brasileiras. 
Em atendimento a estas demandas, em 25 de março de 1938, seriam assinados diversos contratos com a empresas alemães como a Daimler Benz, Kraus Maffei, Fried Krupp AG. AG Matra Werke, Bussing-NAG, Henschel & Sohn, Car Zeiss e Eletroacoustic GmBh, resultando na compra de uma quantidade substancial de material militar. O fornecedor principal nesta fase, novamente, seria a Fried Krupp AG, se destacando pelo volume de negócios celebrados com esta, assim por este motivo este acordo passaria a ser conhecido como “O Grande Contrato Krupp. Em setembro de 1939 o início da Segunda Guerra Mundial implicaria em bloqueios nas rotas comerciais entre a Alemanha e os demais países, atrasando a entrega dos materiais pertencentes ao contrato brasileiro. O intensificar do conflito na Europa iria interromper de vez o fornecimento de materiais militares previstos neste contrato, com o restante do material estocado sendo absorvido pelas forças armadas alemães. Somente 64 canhões Krupp dos modelos C-26 e C-28 seriam recebidos, incluindo equipamentos de apoio e reboque de munição. Durante o conflito estas armas em conjuntos com outros modelos fabricados pela Fried Krupp AG seriam empregados em diversas manobras e exercícios de defesa equipando os regimentos de artilharia a cavalo. Os canhões Krupp de 75 mm estiveram em ação em quase todos os grandes conflitos regionais ocorridos no país no início do século vinte incluindo as revoluções de 1930, a Constitucionalista de 1932, curiosamente os canhões de 75 mm Krupp (e também Schneider) foram empregados como arma orgânica dos seis trens blindados (TB) denominados TB-1 a TB-6, construídos na Oficinas Ferroviárias. Com a ampliação da motorização do exército, a partir de 1954 uma parte destes canhões mais novos, seriam modernizados nos arsenais de guerra no Rio de Janeiro (RJ) e General Câmara (RS) recebendo novas rodas com pneus no lugar das rodas de madeira passando a dotar vários Grupos de Artilharia de Campanha (GAC) permanecendo em operação até a primeira metade da década de 1980.   

Em Escala:
Diversos modelos e versões dos canhões Krupp 75 mm seriam empregados no Exército Brasileiro  e na Força Publica de São Paulo ao longo dos anos, desta maneira optamos por representar o modelo Krupp 1895 calibre 75 mm do tipo retrocarga. O kit produzido pela empresa Artesania Latina é composto por peças produzidas em madeira, latão e metal, e apresenta nível de detalhamento e acabamento aceitável.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura que pode ter sido empregado nos canhões Krupp 75 mm e demais peças de artilharia de origem alemã, se baseando no esquema adotado no Exército Alemão (Reichswehr) durante a década de 1910. Presume-se desta maneira  que as peças de artilharia pertencentes ao Exército Brasileiro neste período foram repintados neste esquema. Esta tonalidade de pintura representa também as peças preservadas atualmente em museus militares.

Bibliografia: 
- História Militar - http://darozhistoriamilitar.blogspot.com/
- Canhões antiaéreos Krupp 88 mm no EB – Helio Higuchi e Paulo R. Bastos Jr – Tecnologia & Defesa
- Arquivos do Museu Militar de Conde de Linhares – Rio de Janeiro
- Krupp Gun – Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Krupp_gun
- Arquivos do Museu Militar do Comando Sul – Porto Alegre

AS555 F2 Esquilo VH-55 e CH-55

História e Desenvolvimento.
O renascer da indústria de defesa francesa que fora dizimada pela ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial, viria começar a ocorrer logo após o término do conflito, durante o processo de reconstrução da indústria de manufatura nacional. Este movimento levaria além do restabelecimento das tradicionais empresas, o surgimento de novos conglomerados industriais e principalmente produtos de renome mundial, com grande destaque no segmento aeronáutico, onde destacamos a produção de aeronaves de asas rotativas. Além de grandes incentivos e investimentos por parte do governo francês, grande parte do know how foi transferido a partir da produção de aeronaves sob licença de origem norte-americana e britânica, com estes projetos sendo capitaneados pelas empresas Société Nationale de Constructions Aéronautiques du Sud-Quest  (SNCASE) e Société Nationale de Constructions Aéronautiques du Sud-Ouest  (SNCASO). Assim logo em pouco tempo a capacidade da indústria aeronáutica francesa se materializaria no desenvolvimento de diversos projetos nacionais. Desses, de longe o de maior sucesso culminaria no modelo Alouette II, um helicóptero projetado pela Société Nationale de Constructions Aéronautiques du Sud-Quest  (SNCASE), equipado com motor turbo eixo, que faria sua estreia operacional em março de 1955. Este helicoptero e suas versões posteriores se manteriam em produção até o ano de 1975, levando os franceses a conquistar uma significativa parcela do mercado internacional de aeronaves de asas rotativas. Em 1 de março de 1957 estas duas empresas pioneiras, seriam fundidas, formando o grupo  Sud Aviation, um novo movimento deste ocorreria em 1970 quando uma nova fusão de empresas estatais de defesa resultaria na criação da Société Nationale Industrielle Aérospatiale  - Aérospatiale. Apesar da atuação da empresa em campos tão dispares como satélites, mísseis e jatos executivos, o desenvolvimento e a produção de helicópteros ainda permaneceria como o principal sustentáculo financeiro da empresa. De fato, a empresa empenharia consideráveis recursos para desenvolver uma variada família de aeronaves de asas rotativas, principalmente na missão de se desenvolver um sucessor para os consagrados modelos Alouette II e III.

A primeira resposta a esta demanda seria materializada em 1965 na concepção do projeto do modelo anglo-francês Aérospatiale Gazelle, porém o alto custo de aquisição deste helicóptero iria inibir neste momento sua penetração no mercado civil internacional. Assim desta forma, munidos de toda a experiencia obtida no desenvolvimento do Aérospatiale Gazelle, a equipe de projetos da empresa se debruçaria sobre a prancheta de projetos, com o objetivo de conceber uma nova uma nova aeronave de asas rotativas, voltada ao atendimento de exigentes especificações relatadas pelos potenciais usuários, entre estas destacavam reduzidos índices de ruido e vibrações, capacidade de transporte e baixo custo operacional.  Estas premissas seriam fundamentais, pois almejava-se que a nova aeronave fosse extremamente competitiva quando comparado ao seu principal concorrente internacional, o norte-americano Bell 206 Jet Ranger. Assim o projeto final compreendia um helicóptero mono turbo eixo com capacidade para transportar até cinco passageiros e tripulantes, empregando alta tecnologia em termos de avionica e ainda assim apresentar custos de aquisição e operação significativamente mais baixos que o Aérospatiale Gazelle. Ao adaptar os processos de produção empregados na indústria automotiva, incluindo até o uso de componentes comuns em carros da linha Citroen e Renault, o fabricante lançaria mão do novíssimo sistema Starflex para o rotor principal, resultando assim em um eficiente e econômico helicóptero de porte leve capaz de atender as múltiplas tarefas e missões típicas dos setores civil e militar. O primeiro protótipo da aeronave designado como Aérospatiale AS350-001, estava equipado com um motor turbo eixo Lycoming Avco LTS -101 com 592 shp de potência, e realizaria seu voo inaugural em 27 junho de 1974, sendo conduzido pelo piloto de testes Daniel Bernard Certain Bauchart. Os primeiros ensaios em voo seriam realizados e os resultados iniciais apontavam para a baixa potência dos motores norte-americanos, optando assim pela substituição, fazendo uso para isso do motor nacional Turbomeca Arriel 1B que entregava 641 shp desenvolvido especialmente para helicópteros de pequeno porte . O segundo protótipo já equipado com este novo motor alçaria voo em 14 de fevereiro de 1975.
Este protótipo seria extensamente ensaiado em voo, com o projeto passando a receber melhorias, e após a finalização deste programa passaria a ser submetido aos processos de certificação internacional. Em 1977 após a obtenção das devidas certificações, o agora denominado Aérospatiale AS350B Écureuil (Esquilo), seria lançado nos europeus e norte-americanos, passando rapidamente a receber grandes pedidos de compra no final deste mesmo ano. Além de vendas as empresas a Aérospatiale conquistaria grande pedidos governamentais para emprego no segmento policial e de socorro aero médico. O sucesso observado do mercado civil e paramilitar,  motivou a empresa francesa a desenvolver uma versão para o mercado militar, tendo como foco primordial o treinamento e conversão de pilotos, apresentando como missões secundarias transporte VIP (Very Important Person), ligação e observação. Este novo modelo inicialmente passaria a contar com o motor Turbomeca Arriel 1D que entregava uma potência nominal de 684 shp, resultando em um perfil de desempenho ligeiramente superior a versão civil. Os primeiros contratos da versão militar AS350 BB, seriam celebrados com a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) e  com Aviação Leve do Exército Francês (ALATP), sendo empregados no treinamento e formação de pilotos de asas rotativas passando a substituir as primeiras versões do Aérospatiale Gazelle. No entanto seu contrato mais representativo seria firmado com o governo britânico, com a compra de sessenta aeronaves para emprego junto a Defence Helicopter Flying School (Escola de Voo de Helicópteros de Defesa), organização militar destinada a formação conjunta dos pilotos de asas rotativas da Força Aérea Real (Royal Air Force), Exército Real (Royal Army) e Marinha Real (Royal Navy). O quarto cliente militar seria a Marinha do Brasil, com um contrato para a produção sob licença no pais , com um contrato sendo celebrado em  1978. Posteriormente um grande número de helicópteros desta família seriam exportados para emprego em tarefas de treinamento e transporte na Argentina, Arabia Saudita, Botswana, Benin, Burkina Faso, Burundi, Austrália, Canadá, Chile, Camarões, Gabão, Camboja, Paquistão e República Centro-Africana.

Tao logos os protótipos do Aérospatiale AS 350 Ecuriel (Esquilo) iniciariam seu programa de ensaios em voo e certificação, a equipe de projetos do fabricante francês começaria a esboçar o conceito de uma versão desta aeronave de asas rotativas a ser propulsionado por dois motores turbo eixo. O objetivo seria o de atingir este importante nicho de mercado que além um melhor desempenho buscava oferecer a segurança que só uma aeronave bimotora poderia proporcionar. Partindo da célula básica da versão monomotora a nova aeronave seria concebida, com seu primeiro protótipo alçando voo no dia 28 de setembro de 1979. Logo em seguida esta aeronave seria imersa em um amplo programa de ensaios em voo para validação do projeto, resultando assim em pequenas melhorias que seriam logo implementadas. A primeira versão de produção denominada como AS-355E Ecureuil 2 ou Twin Squirrel (nome comercial para o mercado norte-americano), estava equipada com dois motores turbo eixo Allison 250-C20F desenvolvendo 420 shp cada, e fazia uso de um sistema hidráulico de controle simples. A segunda versão de produção em série designada como AS-355F passava a apresentar um duplo sistema hidráulico de controle, no intuito de melhorar o desempenho e segurança em voo. Ao final década de 1980, a família de helicópteros AS350B e AS355B já era um grande sucesso comercial, operando em vários países tanto no mercado civil como no militar, e o grande número de aeronaves disponíveis cada vez mais impactava positivamente na cadeia de custos de peças de reposiçao e processos de manutenção, o que valorizava cada vez mais o emprego do modelo. Neste momento a diretoria da empresa vislumbraria um grande mercado potencial para o uso militar da aeronave, agora passando a ser dedicada a missões mais especializadas, entre elas ataque a solo, apoio aproximado, patrulha marítima, guerra antissubmarino (ASW), ataque anti-superficie (ASM) e busca e salvamento de combate (Combat-SAR). Duas células das versões civis das aeronaves mono e bi turbina seriam empregadas para o desenvolvimento, sendo acrescidos reforços estruturais, blindagem para o grupo motriz e para os tripulantes (piso e assentos blindados), nova avionica embarcada mais adequada a missões de combate, preparação para instalação de sistemas de imageamento diurno e noturno, óculos de visão noturna (OVN/NVG) e dispositivos de defesa passiva, porém  uma das melhorias mais importantes seria a troca da motorização original por um novo motor Turbomeca Arriel 2B turboshaft com 847 hp. Em termo de pacotes de armas ambas as versões poderiam ser equipadas com um canhão automático de 20 mm Giat M621, casulos com metralhadoras FN Herstal de calibre 7,62 mm ou 12,7 mm, lançadores de foguetes não guiados com sete de 70 mm ou doze de 68 mm e misseis antitanque norte-americanos TOW BGM-71. 
Em termos de performance a versão bimotora, tornaria a aeronave ideal  para o emprego em missões de busca e salvamento, patrulha e esclarecimento marítimo, entre outras que necessitassem exigir um maior nível confiabilidade em termos de operacionalidade , porém este modelo nunca conseguiu desenvolver um volume de vendas semelhante a versão monomotora. Em 1 de janeiro de 1990, a Aérospatiale mudaria o sistema de designação de produção, com aeronaves militares passando a ser identificadas pelo número, assim o modelo monomotor AS350 tornar-se-ia o AS550, e o bimotor AS355 se tornaria o AS555, com estas aeronaves passando a ser oferecidas no mercado internacional de defesa. Em 1992 um processo de fusão englobaria as divisões de produção de aeronaves de asas rotativas das empresas Aérospatiale e Messerschmitt-Bölkow-Blohm, nascendo assim a European Aeronautic Defence and Space Company (EADS), que renomearia esta família de helicópteros militares como Fennec, distinguindo assim da versão civil Écureuil (Esquilo). Os modelos militares estariam dispostos nas versões AS50 C2 Fennec, AS550 U2 Fennec e AS550 C3 Fennec. Os primeiros contratos de exportação seriam celebrados ainda no ano de 1990, envolvendo entregas para as forças armadas da França, Argentina, Brasil, Colômbia, Argélia, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Malásia, México, Singapura, Paquistao, Uberquistao e China (versão produzida localmente do Z-11). Esta família de aeronaves designada comercialmente em 2005 como H125, permanece em produção contínua pela Airbus Helicopters até os dias atuais, acumulando mais de três mil e setecentas células entregues ao mercado civil forças de segurança e também mais de quarenta forças armadas militares ao redor do mundo. Apesar da idade das aeronaves, constantes programas de retrofit estrutural e modernizações garantem que esta família de aeronaves de asas rotativas ainda se manterá na ativa por mais pelo menos  vinte e cinco anos neste século.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras
A carreira dos helicópteros Helibras Esquilo,  nas forças armadas brasileiras, tem início em fins da década de 1970 quando o comando da Aviaçao Naval da Marinha do Brasil iniciou estudos visando a aquisição de aeronaves rotativas de porte leve para emprego em tarefas utilitárias, visando assim aumentar sua frota que neste momento era composta pelos modelos Westland SH-2 Wasp e Bell UH-6 e IH6 Jet Ranger. Uma concorrência internacional seria lançada no início do ano de 1978, com diversas propostas sendo apresentadas, curiosamente o uma das mais interessantes se baseava na produção sob licença pela Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A - Embraer do modelo Aérospatiale Gazelle. No entanto avaliações de ordem técnica indicavam que as linhas de montagem do fabricante estatal e seus processos não seriam adequadas a produção de helicópteros. Neste interim o Instituto de Fomento Industrial do Centro de Tecnologia da Aeronáutica (CTA) em conjunto com a Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM) passariam a estabelecer contatos com diversos fabricantes de helicópteros, solicitando-os a apresentar propostas para produção no Brasil, formando assim uma parceria com o governo brasileiro para o estabelecimento de uma planta industrial no pais. Entres as empresas interessadas a francesa Aérospatiale demonstraria maior iniciativa, propondo inicialmente a produção de uma versão customizada do AS-315B Lama, que seria logo descartada em detrimento a escolha do modelo mais recente o AS-350 Écureuil. Negociações seriam conduzidas entre o governo federal e a empresa, resultando em abril do ano de 1978 em um acordo para a formação de uma estatal de capital misto para produção de helicópteros no pais, seria assim então constituída a Helicópteros do Brasil S/A - Helibras , uma empresa formada com 45% de capital da Aérospatiale e 55% de capital brasileiro, tendo sua planta fabril se estabelecido na cidade de Itajubá no interior do estado de Minas Gerais. Assim podemos considerar que o Ministério da Marinha do Brasil foi um dos principais impulsionadores da iniciativa de estabelecimento da produção nacional de helicópteros, representando assim um dos primeiros clientes de peso da empesa. Este apoio seria concretizado, com a assinatura em 30 de março de 1979, de um contrato de fornecimento de seis células do modelo Aerospatiale AS350B Écuriel, que no Brasil receberia a designação comercial de Helibras HB-350B Esquilo.

Este contrato previa que a primeira célula deveria ser produzida nas instalações da Aérospatiale na cidade de Marignane, na França, mesmo em virtude que a linha de produção da Helibras S/A ainda não havia sido finalizada. A primeira aeronave, agora designada militarmente com UH-12 e portando a matrícula N-7051, após testes de voo seria entregue oficialmente a representantes da Marinha do Brasil maio de 1979. Esta aeronave seria desmontada e transportada por via aérea ao Brasil em junho de 1979, sendo recebida por oficiais do Grupo de Fiscalização e Recebimento de Helicópteros (GFRH) no aeroporto de Viracopos, em Campinas no interior do estado de São Paulo. Deste local, a aeronave seria transportada por via terrestre até o Centro de Tecnologia da Aeronáutica (CTA) em São José dos Campos (onde funcionavam as instalações provisórias da Helibras), sendo então montada por técnicos da Helibras S/A e da Aérospatiale. Estas aeronaves pertencentes ao  1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (UH1) gradativamente entrariam na exigente rotina daquela unidade aérea. Na primeira metade da década de 1980 apesar de já operar com uma frota razoável destas aeronaves, o comando da Aviação Naval identificaria a necessidade de aquisição de aeronaves de asas rotativas bimotoras, para o uso em tarefas de transporte e emprego geral.  Esta decisão visava sanar as deficiências de potenciais apresentadas pelos Westland UH-2 Wasp e Helibras UH-12 Esquilo, principalmente na execução das missões pertinentes ao Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), onde as inóspitas condições ambientais e meteorológicas exigiam em termos de segurança o emprego de uma  aeronave bimotora. Com base nesta demanda a Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), passaria a examinar as alternativas existentes no mercado, este estudo transcorria em paralelo com um processo de aquisição para um lote de helicópteros de transporte de médio porte, e neste processo seria concedia a preferência pela proposta comercial e técnica que pudesse oferecer um pacote completo de soluções para o atendimento desta demandas.
Em setembro de 1984 seria apresentado pela Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), um relatório final que indicava como preferencial a proposta apresentada pela empresa francesa Aeropastiale, que oferecia o modelo AS332 Super Puma na categoria de transporte médio e o AS355 F2 Ecureuil 2 como a proposta para a aeronave bimotora. As negociações com o fabricante resultariam na assinatura de um contrato em março de 1985 para a aquisição de um lote de helicópteros seis AS332 Super Puma e onze AS355 F2 Ecureuil 2, que deveriam ser entregues equipadas com uma moderna aviônica, incluindo o  radar meteorológico Bendix 1400C e avançados sistemas de rádio VHF/UHF e AM/FM AN/ARC-182. O primeiro AS355 F2 já designado na aviação naval como UH-13 seria recebido nas instalações do fabricante em Marignane (França) em agosto de 1986, e entregues para inspeção pelo Grupo de Fiscalização e Recebimento de Helicópteros (GFRH).  Posteriormente as células seriam enviadas ao Brasil por via naval, onde seriam transportados até a Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia, sendo então montados por técnicos da Helibras e HU-1. Todas as onze aeronaves foram declaradas operacionais em fins de junho de 1987.  Apesar da perda de um UH-13 envolvido em um acidente na lagoa de Ararauma – RJ em agosto do mesmo ano, pode se considerar que o novo modelo se adaptou plenamente as missões da unidade. Sua primeira missão no continente gelado ocorreu durante a Operação Antártica IV, quando os UH-13 operaram embarcados nos navios H-42 Barão de Teffé e H-44 Ary Rangel H. Ao longo de sua carreira os Esquilos birreatores também seriam empregados em missões de apoio a Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) nos mais variados pontos do território nacional. A aeronave passou também a executar tarefas de busca e salvamento, remoção aero médica, transporte logístico. Na década de 1990 em função do programa de modernização dos helicópteros Westland SAH-11 Sea Lynx, os UH-13 foram temporariamente embarcados nas fragatas da classe Niterói atuando em missões de esclarecimento marítimo e a observação de tiro dos navios. Em dezembro de 1989 um segundo UH-13 foi perdido em um acidente, porém anos mais tarde esta célula seria reconstruída nas instalações da Helibras em Itajubá (MG) e entregue ao 1 º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral como um UH-12 (HB350 BA). Uma outra aeronave o UH-13  de matricula MB 7061 seria doada a Armada Nacional Uruguaia em 8 de dezembro de 2005.

Tendo em vista o êxito na operação dos Helibras UH-13 pela Marinha do Brasil, em 1986 o  Ministério da Aeronáutica (MAer) passaria a negociar junto ao fabricante francês Aérospatiale um acordo de aquisição de lote  helicópteros AS355F2 que deveriam ser montados no Brasil pela Helibras S/A. Este processo culminaria em um contrato para a compra de dez células deste modelo, com duas células sendo configuradas na versão de transporte VIP (very Important person) que foram designadas como VH-55 com as matrículas “FAB 8818 a 8819”, já as demais seriam empregadas em tarefas de transporte e emprego geral passando a receber a designação de CH-55 e as matrículas “FAB 8810 a 8817”. Estas últimas aeronaves podiam ser equipadas com uma variada gama sistemas ofensivos e defensivos como casulos de metralhadoras FN Herstal   de calibre 12,7 mm, lançadores de foguetes não guiados de fabricação nacional Avibras SBAT 70/7 e metralhadoras laterais instaladas nas portas. Os oito Helibras CH-55 por contarem com dois motores e com capacidade de voo por instrumentos (IFR) seriam alocados junto ao 7º/8º Grupo de Aviação – Esquadrão Harpia , sediado na Base Aérea de Manaus (AM), onde passariam a cumprir missões de emprego geral na região amazônica, em complemento aos CH-34 Super Puma. Visando ampliar o número de base de aeronaves de asas rotativas, uma esquadrilha do Esquadrão Harpia seria  transferida para a Base Aérea de Belém (PA). Posteriormente estas aeronaves também seria provisoriamente empregadas no processo de reativação do 1º/8º Grupo de Aviação - Esquadrão Falcão, até sua substituição pelos Bell UH-1H em 1997. Infelizmente durante o período de operação na região amazônica, cinco Helibras CH-55 Esquilo seriam perdidos e acidentes aéreos, inviabilizando assim sua permanência como uma unidade aérea operacional. Das três aeronaves restantes, os CH-55 FAB 8811 e 8816 acabariam sendo transferidos para o Grupo de Ensaios e Voo (GEEV) baseado na cidade de São José dos campos, já o CH-55  FAB 8810 que já não apresentava mais condições de voo seria estocado no Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMAAF).
Já as duas células configuradas para transporte executivo – VIP (very Important person) Helibras VH-55 “FAB 8818 a 8819”, seriam alocadas no 3º Esquadrão do Grupo de Transporte Especial (GTE), passando a atender a partir de 12 de dezembro de 1988 ao transporte do Presidente da República de funcionários federais de primeiro escalão em deslocamentos rotineiros nas regiões próximas ao Distrito Federal na capital do país. Porém estas aeronaves teriam uma carreira efêmera neste esquadrão, sendo retiradas desta operação em 4 de março de 1989, sendo substituídos pelos novos Eurocopter EC-135 Colibri – VH-35. Neste momento os dois Helibras VH-55 seriam transferidos para a Base Aérea dos Afonsos (BAAF) se juntado a frota do 3º/8º Grupo de Aviação – Esquadrão Puma, onde se manteriam em operação até o mês de fevereiro de 2010. A seguir estes helicópteros seriam transladados a cidade de São José dos Campos para o emprego junto ao Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV), e novamente apresentariam um leve passagem operacional por esta organização. Em 2012 estas aeronaves passariam a ser estocadas juntamente com outras duas células do mesmo modelo no Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMAAF), onde seriam posteriormente revisadas, colocadas em condições de voo e doadas ao Governo do Estado do Rio de Janeiro para o emprego pela Secretaria de Segurança do Estado, onde continuam em operação até os dias atuais.

Em Escala.
Para representarmos o Helibras UH-13 “MB 7065“ empregamos um modelo artesanal confeccionado em resina (ver review completo) que apresenta uma das versões do AS355  Twin Squirrel na escala 1/48 (ou 1/50 como aparenta ser) sendo o mesmo derivado do kit original da Heller. Para adequação a versão operada pela Aviaçao Naval da Marinha do Brasil,  procedemos a alteração dos exaustores laterais das turbinas incluindo também dois na parte superior da aeronave, também substituímos os esquis de pouso, pelos contidos no modelo original da Heller. Empregamos decais confeccionados pela FCM Decais presentes no set 48/07B, efetuando a alteração dos numerais de matrícula por decais originários de outros sets.

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo e atual padrão de pintura empregado nas aeronaves Helibras UH-13 Esquilo em operação na Marinha Brasileira, porém estas marcações de alta visibilidade em laranja são empregadas ocasionalmente em células destinadas a operação no PROANTAR (Programa Antártico Brasileiro). As células utilizadas pela Força Aérea Brasileira  na versão CH-55 operaram com o padrão de pintura tático em tons de verde, já os  VH-55 empregaram o esquema de pintura das aeronaves executivo  do Grupo de Transporte Especial (GTE).


Bibliografia :

- Eurocopter AS 355  Wikipédia - http://en.wikipedia.org/wiki/Eurocopter_AS355
- O Tudão Esquadrão HU-1 – Revista Força Aérea Nº 70
Aeronaves Militares Brasileiras 1916 / 2015  - Jackson Flores Jr