Helibras HB-350B/BA UH-12 Esquilo

História e Desenvolvimento. 
Após a queda da França em 10 de maio de 1940, e a consequente ocupação alemã, toda a pujante indústria de defesa nacional francesa, seria reduzida meramente a plantas fornecedores de componentes básicos para a produção de equipamentos e armamentos nazistas. Seu renascimento viria a ocorrer logo após o término do conflito,  durante o processo de reconstrução da indústria de manufatura nacional. Este movimento levaria além do restabelecimento das tradicionais empresas, o surgimento de novos conglomerados industriais e produtos que nos anos seguintes conquistariam grande renome mundial, com destaque no segmento aeronáutico, onde destacamos a produção de aeronaves de asas rotativas. Neste último segmento em especifico, além de  grandes incentivos e investimentos por parte do governo francês, grande parte da tecnologia (know how) seria transferido a partir da produção de aeronaves sob licença de origem norte-americana e britânica. Com estas iniciativas sendo capitaneadas pelas empresas Société Nationale de Constructions Aéronautiques du Sud-Quest  (SNCASE) e Société Nationale de Constructions Aéronautiques du Sud-Ouest  (SNCASO). Com base nestes acordos de produção sob licença, logo a indústria aeronáutica francesa atingiria um estado de plena independência, com este se materializando no desenvolvimento de diversos projetos nacionais. Desses, de longe o de maior sucesso culminaria no modelo Alouette II, um helicóptero projetado pela Société Nationale de Constructions Aéronautiques du Sud-Quest  (SNCASE), equipado com motor turbo eixo, que faria sua estreia operacional em março de 1955. Esta aeronave de asas rotativas e suas versões posteriores se manteriam em produção até o ano de 1975, levando os franceses a conquistar uma significativa parcela do mercado internacional de helicópteros de pequeno porte. Em 1 de março de 1957 estas duas empresas pioneiras, dariam inicio a um processo de fusão, formando assim o  grupo  Sud Aviation (Société Nationale de Constructions Aéronautiques du Sud-Est). Um novo movimento neste sentido ocorreria em meados do ano de 1970, quando a Nord Aviation passaria a integrar a Sud Aviation, nascendo assim a Société Nationale Industrielle Aérospatiale  - Aérospatiale. Apesar da atuação deste grupo de indústria de defesa e tecnologia em campos tão dispares como satélites, mísseis e jatos executivos, o desenvolvimento e a produção de helicópteros ainda permaneceria como o principal sustentáculo financeiro da empresa. De fato, a empresa empenharia consideráveis recursos para desenvolver uma variada família de aeronaves de asas rotativas, principalmente na missão de se desenvolver um sucessor para os consagrados modelos Alouette II e III.

No início do ano de 1965, uma parceria anglo-francesa seria estabelecida para o desenvolvimento de um substituto ao modelo militar do Aérospatiale Alouette III, com este resultando da criação do exitoso Aérospatiale Gazelle, que passaria a equipar as forças armadas francesas e britânicas. Apesar deste sucesso no mercado militar, seu alto custo de aquisição e operação seria um fator inibidor para sua penetração no meio civil internacional. Assim desta forma, munidos de toda a experiencia obtida no desenvolvimento do Aérospatiale Gazelle, a equipe de projetos da empresa se debruçaria sobre a prancheta de projetos, com o objetivo de conceber uma nova uma nova aeronave de asas rotativas. Seus principais parâmetros seriam desenvolvidos com base em pesquisas de mercado realizadas junto a seus potenciais usuários, que elencariam exigentes especificações. Entre estes se destacavam reduzidos índices de ruido e vibrações, capacidade de transporte e baixo custo operacional. O atendimento a estes anseios dos operadores seria fundamental, pois almejava-se que a nova aeronave fosse extremamente competitiva quando comparado ao seu principal concorrente internacional, o norte-americano Bell 206 Jet Ranger. Desta maneira o projeto concebido apresentava um helicóptero mono turbo eixo com capacidade para transportar até cinco passageiros e tripulantes, empregando alta tecnologia em termos de avionica e ainda assim apresentar custos de aquisição e operação significativamente mais baixos que o Aérospatiale Gazelle. Ao adaptar os processos de produção empregados na indústria automotiva, incluindo até o uso de componentes comuns em carros da linha Citroen e Renault,o fabricante lançaria mão do novíssimo sistema Starflex para seu rotor principal, resultando assim em um eficiente e econômico helicóptero de porte leve capaz de atender as múltiplas tarefas e missões típicas dos setores civil e militar. O primeiro protótipo da aeronave designado como Aérospatiale AS350-001, realizaria seu voo inaugural em 27 junho de 1974, sendo conduzido pelo piloto de testes Daniel Bernard Certain Bauchart, estando equipado com um moderno motor turbo eixo Lycoming Avco LTS -101 com 592 shp de potência. Após sua apresentação oficial, o modelo seria submetido a um intensivo programa de ensaio e testes em voo, com seus resultados iniciais apontando para a baixa potência dos motores norte-americanos. Como solução decidiria-se substituir este conjunto original pelo modelo francês  Turbomeca Arriel 1B que entregava 641 shp , que fora desenvolvido anteriormente para o emprego em aeronaves rotativas de pequeno porte.   
O segundo protótipo já equipado com este novo motor alçaria voo em 14 de fevereiro de 1975, com este sendo extensamente ensaiado em voo, com a escolha do novo motor se mostrando uma decisão acertada, neste programa seriam implementadas ainda uma série de melhorias de ordem técnica. Deste estágio resultaria a versão final de produção, com três células sendo produzidas com o intuito de serem submetidas aos processos de certificação internacional. Em 1977 após a obtenção das devidas certificações, o agora denominado Aérospatiale AS350B Écureuil (Esquilo), seria lançado nos mercados europeu e norte-americano, passando rapidamente a receber uma curva crescente de pedidos de operadores particulares. Em seguida a partir de 1978 começariam a ser celebrados nos dois continentes grande contratos governamentais para emprego no segmento policial e de socorro aero médico. O sucesso observado do mercado civil e paramilitar, motivaria a empresa francesa a desenvolver uma versão para o mercado militar, tendo como foco primordial, o treinamento e conversão de pilotos, apresentando como missões secundarias transporte VIP (Very Important Person), ligação e observação. Visando a atender parâmetros mínimos de desempenho para uma aeronave militar, esta nova versão inicialmente passaria a contar com o motor Turbomeca Arriel 1D que entregava uma potência nominal de 684 shp, resultando em um perfil de desempenho ligeiramente superior a versão civil. Os primeiros contratos da versão agora designada como AS350 BB, seriam celebrados 3m 1979 com a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) e com Aviação Leve do Exército Francês (ALATP), sendo empregados no treinamento e formação de pilotos de asas rotativas passando a substituir as primeiras versões do Aérospatiale Gazelle. No entanto seu contrato mais representativo seria firmado com o governo britânico, com a compra de sessenta aeronaves para emprego junto a Defence Helicopter Flying School (Escola de Voo de Helicópteros de Defesa), organização militar destinada a formação conjunta dos pilotos de asas rotativas da Força Aérea Real (Royal Air Force), Exército Real (Royal Army) e Marinha Real (Royal Navy). Logo em seguida a Marinha do Brasil se tornaria o quarto cliente militar da aeronave, mediante o estabelecimento de uma parceria entre a empresa francesa e o governo para a fundação de uma empresa para produção destas aeronaves no país.   Posteriormente um grande número de helicópteros desta família seriam exportados para emprego em tarefas de treinamento e transporte na Argentina, Arabia Saudita, Botswana, Benin, Burkina Faso, Burundi, Austrália, Canadá, Chile, Camarões, Gabão, Camboja, Paquistão e República Centro-Africana. 

Ao final década de 1980, a família de helicópteros Aérospatiale AS350B e AS355B Écureuil (Esquilo) já era um grande sucesso comercial, operando em vários países tanto no mercado civil como no militar, e o grande número de aeronaves disponíveis cada vez mais impactava positivamente na cadeia de custos de peças de reposiçao e processos de manutenção, o que valorizava cada vez mais o emprego do modelo. Neste momento a diretoria da empresa vislumbraria um grande mercado potencial para o uso militar da aeronave, agora passando a ser dedicada a missões mais especializadas, entre elas ataque a solo, apoio aproximado, patrulha marítima, guerra antissubmarino (ASW), ataque anti-superficie (ASM) e busca e salvamento de combate (Combat-SAR). Duas células das versões civis das aeronaves mono e bi turbina seriam empregadas para o desenvolvimento, sendo acrescidos reforços estruturais, blindagem para o grupo motriz e para os tripulantes (piso e assentos blindados), nova avionica embarcada mais adequada a missões de combate, preparação para instalação de sistemas de imageamento diurno e noturno, óculos de visão noturna (OVN/NVG) e dispositivos de defesa passiva, porém  uma das melhorias mais importantes seria a troca da motorização original por um novo motor Turbomeca Arriel 2B turboshaft com 847 hp. Em termo de pacotes de armas ambas as versões poderiam ser equipadas com um canhão automático de 20 mm Giat M621, casulos com metralhadoras FN Herstal de calibre 7,62 mm ou 12,7 mm, lançadores de foguetes não guiados com sete de 70 mm ou doze de 68 mm e misseis anti tanque norte-americanos TOW BGM-71. Durante o ano de 1989, estes protótipos seriam testados e ensaiados em voo apresentando grandes perspectivas operacionais.
Em 1 de janeiro de 1990, a Aérospatiale mudaria o sistema de designação de produção, com aeronaves militares passando a ser identificadas pelo número, assim o modelo monomotor AS350 tornar-se-ia o AS550, e o bimotor AS355 se tornaria o AS555, com estas aeronaves passando a ser oferecidas no mercado internacional de defesa. Em 1992 um processo de fusão englobaria as divisões de produção de aeronaves de asas rotativas das empresas Aérospatiale e Messerschmitt-Bölkow-Blohm, nascendo assim a European Aeronautic Defence and Space Company (EADS), que renomearia esta família de helicópteros militares como Fennec, distinguindo assim da versão civil Écureuil (Esquilo). Os modelos militares estariam dispostos nas versões AS50 C2 Fennec, AS550 U2 Fennec e AS550 C3 Fennec. Os primeiros contratos de exportação seriam celebrados ainda no ano de 1990, envolvendo entregas para as forças armadas da França, Argentina, Brasil, Colômbia, Argélia, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Malásia, México, Singapura, Paquistao, Uberquistao e China (versão produzida localmente do Z-11). Esta família de aeronaves designada comercialmente em 2005 como H125, permanece em produção contínua pela Airbus Helicopters até os dias atuais, acumulando mais de três mil e setecentas células entregues ao mercado civil forças de segurança e também mais de quarenta forças armadas militares ao redor do mundo. Apesar da idade das aeronaves, constantes programas de retrofit estrutural e modernizações garantem que esta família  de aeronaves de asas rotativas ainda se manterá na ativa por mais pelo menos  vinte e cinco anos neste século.

Emprego na Marinha do Brasil.
Desde a segunda metade da década de 1960, o comando da Aviação Naval da Marinha do Brasil, concluiria que a melhor solução para muitos problemas de ordem logistica para a manutenção de sua frota de helicópteros passava pela implantação no país de uma fábrica de aeronaves de asas rotativas. Essa possibilidade começaria a despontar no horizonte com a criação da Embraer S/A e, em 1973, com a gestão do Instituto de Fomento Industrial do Centro Técnico Aerospacial (IFI - CTA) para organizar a fundação de uma empresa dedicada a produção de helicópteros. No que tange as demandas da Marinha do Brasil, os primeiros esforços concentraram-se na Embraer S/A, que analisaria a possibilidade de se produzir sob licença no país o Aérospatiale - Westland Gazelle.  No entanto avaliações de ordem técnica indicavam que as linhas de montagem do fabricante estatal e seus processos não seriam adequadas a produção de helicópteros. Neste interim o Instituto de Fomento Industrial do Centro de Tecnologia da Aeronáutica (CTA) em conjunto com a Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM) passariam a estabelecer contatos com diversos fabricantes de helicópteros, solicitando-os a apresentar propostas para produção no Brasil. Entres as empresas interessadas a francesa Aérospatiale demonstraria maior iniciativa, propondo inicialmente a produção de uma versão customizada do AS-315B Lama, que seria logo descartada em detrimento a escolha do modelo mais recente o AS-350 Écureuil. Negociações seriam conduzidas entre o governo federal, o governo do estado de Minas Gerais, a empresa Serviços Aerofogametricos Cruzeiro do Sul e o fabricante francês. Este processo em abril de 1978, resultaria em um acordo para a formação de uma estatal de capital misto para produção de helicópteros no país, seria assim então constituída a Helicópteros do Brasil S/A - Helibras , uma empresa formada com 45% de capital da Aérospatiale e 55% de capital brasileiro divididos entre a Companhia de Distritos Industriais de Minas Gerais,  Serviços Aerofogametricos Cruzeiro do Sul e Minas Gerais Participações. Estrategicamente sua planta fabril seria estabelecida na cidade de Itajubá no interior do estado de Minas Gerais. Como apoiara o desenvolvimento desta iniciativa, seria lógico que a  Marinha do Brasil figurasse entre os primeiros clientes da recém-criada empresa estatal de capital misto, a Helicópteros do Brasil S/A - Helibras. Assim em 30 de março de 1979 seria celebrado um contrato para a produção de seis células do modelo Aerospatiale AS350B Écuriel, que no Brasil receberia a designação comercial no país de Helibras HB-350B Esquilo. 

Este contrato previa que a primeira célula deveria ser produzida nas instalações da Aérospatiale na cidade de Marignane, na França, mesmo em virtude que a linha de produção da Helibras S/A ainda não havia sido finalizada. A primeira aeronave, agora designada militarmente com UH-12 e portando a matricula N-7051, após testes de voo seria entregue oficialmente a representantes  Marinha do Brasil maio de 1979. Esta aeronave seria desmontada e transportada por via aérea ao Brasil em junho de 1979, sendo recebida por oficiais do Grupo de Fiscalização e Recebimento de Helicópteros (GFRH) no aeroporto de Viracopos, em Campinas no interior do estado de São Paulo. Deste local, a aeronave seria transportada por via terrestre até o Centro de Tecnologia da Aeronáutica (CTA) em São José dos Campos (onde funcionavam as instalações provisórias da Helibras), sendo então montada por técnicos da Helibras S/A e da Aérospatiale. Após a conclusão desta fase a aeronave seria submetida a um intenso programa de ensaios que estavam planejados sob a supervisão da Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM) para sua aceitação e liberação para emprego operacional. Este processo se alongaria por cinco meses, e o helicóptero somente seria incorporado ao 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (EsqdHU-1) baseado na base aérea de São Pedro de Aldeia – RJ no final do ano de 1979. As demais aeronaves já montadas no país, receberiam as matriculas N-7052, 7053, 7054 e 7055 e seriam incorporadas a frota da Aviação Naval da Marinha do Brasil até março de 1980. Neste período, esta unidade era comandada pelo Capitão de Fragata Lynch, oficial este que teve como principal missão qualificar em apenas sessenta dias, todos os trinta e tres pilotos aeronavais que iriam operar os novos HB350B UH-12 Esquilo, ressaltando que este oficial militar, era o único instrutor de voo da aeronave qualificado pela Helibrás S/A no Brasil.
Dotados de esqui baixos, os Helibras  UH-12 Esquilos do 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (UH1) gradativamente entrariam na exigente rotina daquela unidade aérea. Porém, pequenos problemas de ordem material acompanhariam a sua entrada em serviço, causando a sua parcela de dor de cabeça. Quando o fabricante francês entregou a 125ª célula produzida nas instalações da empresa na cidade Marignane no ano de 1980, estes fatores negativos afetavam todo o ciclo de produção da aeronave, se fazendo assim necessário implementar uma série de melhorias de ordem técnica. Entre os fatores analisados estavam a proteção contra a corrosão provocada pela maresia e a melhoria na robustez de componentes sujeitos a um alto índice de esforço, principalmente quando de sua operação embarcada. Tais demandas seriam plenamente atendidas pela equipe de engenharia da Aérospatiale em seus modelos produzidos a partir desta data, levando também a Helibras S/A  a aplicar estas alterações nas aeronaves já entregues a Aviação Naval.  Ao substituir os Bell UH-6 Jet Ranger II pertencentes á dotação do 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (EsqdUH1), os novos Helibras UH-12 Esquilo passariam a realizar, nos anos seguintes, todas as tarefas previstas para aquela unidade área. Entre os trabalhos prioritários deste esquadrao estavam as missões descritas como hidrográficas, em apoio a Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN).  Além da missão de transporte e ligação os UH-12 Esquilo passariam a operar embarcados nas fragatas, contratorpedeiros, navios faroleiros, substituindo também os Whirlwind S-55 na função de “Pedro” (Guarda de Aeronaves) no navio aeródromo ligeiro Minas Gerais (A-11). O UH-12 também seria inicialmente empregado nas missões na Antártida (PROANTAR), operando em conjunto com os Westlands SH-2 Wasp e depois os substituindo, sendo embarcados no navio de apoio oceanográfico H-42 Barão de Teffé.

Os bons resultados apresentados nos primeiros anos de operação levariam o comando da Aviação Naval da Marinha do Brasil a aumentar sua frota de helicópteros Helibras UH-12 Esquilo, assinando em 4 de novembro de 1983 um contrato para o fornecimento de mais três células, que apresentariam uma serie de melhoramentos quando comparadas as primeiras aeronaves incorporadas, tais como uma apresentavam uma suíte de comunicação e a navegação atualizada, esquis altos e guincho de carga externo. Nesta oportunidade as seis aeronaves originais seriam remetidas as instalações da Helibras S/A a fim de serem revisadas e atualizadas neste novo padrão, gerando assim uma melhor padronização na frota. A partir de 1985 os Helibras UH-12 passariam por um amplo processo de ensaios e adaptação para o emprego de armamentos para assim poder proporcionar suporte aéreo em operações de desembarque do Corpo de fuzileiros Navais (CFN). Para isto foi homologado o emprego de lançadores de foguetes de produção nacional  Avibras SBAT-7, casulos TMP com duas metralhadoras FN Herstal de calibre 7,62mm e uma metralhadora para tiro lateral MAG58M de calibre 7,62mm. Em 1987 a frota da aviação naval seria incrementada com a encomenda de onze aeronaves da versão bi turbina Helibras AS355 F2 Esquilo, que seriam adquiridas principalmente para operação no ambiente antártico, passando a ser designadas como UH-13. Em 1991 uma décima célula da versão monomotora seria incorporada, sendo a mesma convertida a partir de uma aeronave Helibras AS355 F2 biturbina  (UH-13) que estava armazenada no fabricante após um acidente de média monta. Em 1992, todas as células seriam novamente remetidas ao fabricante a fim de serem revisadas e elevadas para a versão HB350 BA. A criação das unidade operacionais distritais, como o  3º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (EsqdHU-3) – Tucano , 4º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (EsqdHU-3) – Gavião Pantaneiro e o  5º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (EsqdHU-3) – Albatroz , levariam a Marinha do Brasil a adquirir mais quatro aeronaves da versão HB-350B (matriculas N-7078 a 7081) e sete da versão HB350BA (matriculas N-7082 a 7088). Desta maneira todos os esquadrões de emprego geral passariam a operar o mesmo modelo de aeronave de norte a sul do país. 
No final de maio de 2004, o 4º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (EsqdHU-3) – Gaviao Pantaneiro, substituiria seus Helibras UH-12 por três  Bell IH-6B Jet Ranger III, provenientes do 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução (HI-1), por estes apresentarem dimensões mais apropriadas para operar a bordo do Monitor Parnaíba U-19. Durante mais de quarenta anos as aeronaves da famila Helibras UH-12 e UH-13 desempenhariam um variado leque missões deste apoio às operações anfíbias e especiais, esclarecimento por radar e visual, patrulha naval, transporte de tropa, apoio logístico, busca e salvamento, guarda de aeronave (navio aeródromo), evacuação aero médica e ataque. Este intenso emprego operacional, aliado as agressivas condições de operação no ambiente marinho impactariam diretamente no  desgaste estrutural das células, não sendo aconselhável a aplicação de nenhum programa de modernização nos moldes do projetos  realizados pelo Exército Brasileiro em seus HA-2 Fennec ou  pela Força Aérea Brasileira em seus H-55 Esquilo. Desta maneira se faz necessário a curto prazo  a substituição total da frota desta família de aeronaves, com este processo denominado como programa de Helicópteros de Emprego Geral de Pequeno Porte (UHP), sendo lançado no ano de 2015 pela Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM). Entre os principais concorrente figura o novo modelo Helibras H-145, como provável sucessor dos veneráveis UH-12 Esquilo na Aviação Naval da Marinha do Brasil.

Em Escala.
Para representarmos o Helibras UH-12 Esquilo "MB 7055 " empregamos o kit HTC / Heller na escala 1/48 (apesar que as dimensões do mesmo aparentam pertencer a escala 1/50). Para se representar a versão empregada pela Aviação Naval da Marinha do Brasil é necessário remover o farol de busca original localizado no nariz das aeronaves, acrescendo o mesmo com uma peça confeccionada em scratch na parte inferior da fuselagem. Utilizamos decais confeccionados pela FCM Decais que estão presentes no antigo Set 48/07B.

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o terceiro de pintura empregado nas aeronaves Helibras UH-12 Esquilo, em operação na Marinha Brasileira inicialmente as aeronaves foram recebidas em cinza claro e branco. Sendo padronizadas no tom mais escuro de cinza a partir da modernização de 1992 , este padrão atual deve este ser mantido até sua desativação final prevista entre os anos de 2023 e 2028.


Bibliografia :

-  Eurocoppter AS350 Écureuil  - Wikipédia http://fr.wikipedia.org/wiki/Eurocopter_AS350_%C3%89cureuil
-  HU-3 ASAS DA MARINHA NA AMAZONIA - Revista Asas Volume 2
-  Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 Jackson Flores Jr
- Helicóptero UH-12 Esquilo: 30 anos de serviço ativo na Marinha do Brasil – Poder Naval
- Aviação Naval Brasileira por :  Prof. Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/Asas%20sobre%20os%20mares/index.html

Helibras HB350B B1 UH-50

História e Desenvolvimento. 
Após a queda da França em 10 de maio de 1940, e a consequente ocupação alemã, toda a pujante indústria de defesa nacional francesa, seria reduzida meramente a plantas fornecedores de componentes básicos para a produção de equipamentos e armamentos nazistas. Seu renascimento viria a ocorrer logo após o término do conflito,  durante o processo de reconstrução da indústria de manufatura nacional. Este movimento levaria além do restabelecimento das tradicionais empresas, o surgimento de novos conglomerados industriais e produtos que nos anos seguintes conquistariam grande renome mundial, com destaque no segmento aeronáutico, onde destacamos a produção de aeronaves de asas rotativas. Neste último segmento em especifico, além de  grandes incentivos e investimentos por parte do governo francês, grande parte da tecnologia (know how) seria transferido a partir da produção de aeronaves sob licença de origem norte-americana e britânica. Com estas iniciativas sendo capitaneadas pelas empresas Société Nationale de Constructions Aéronautiques du Sud-Quest  (SNCASE) e Société Nationale de Constructions Aéronautiques du Sud-Ouest  (SNCASO). Com base nestes acordos de produção sob licença, logo a indústria aeronáutica francesa atingiria um estado de plena independência, com este se materializando no desenvolvimento de diversos projetos nacionais. Desses, de longe o de maior sucesso culminaria no modelo Alouette II, um helicóptero projetado pela Société Nationale de Constructions Aéronautiques du Sud-Quest  (SNCASE), equipado com motor turbo eixo, que faria sua estreia operacional em março de 1955. Esta aeronave de asas rotativas e suas versões posteriores se manteriam em produção até o ano de 1975, levando os franceses a conquistar uma significativa parcela do mercado internacional de helicópteros de pequeno porte. Em 1 de março de 1957 estas duas empresas pioneiras, dariam inicio a um processo de fusão, formando assim o  grupo  Sud Aviation (Société Nationale de Constructions Aéronautiques du Sud-Est). Um novo movimento neste sentido ocorreria em meados do ano de 1970, quando a Nord Aviation passaria a integrar a Sud Aviation, nascendo assim a Société Nationale Industrielle Aérospatiale  - Aérospatiale. Apesar da atuação deste grupo de indústria de defesa e tecnologia em campos tão dispares como satélites, mísseis e jatos executivos, o desenvolvimento e a produção de helicópteros ainda permaneceria como o principal sustentáculo financeiro da empresa. De fato, a empresa empenharia consideráveis recursos para desenvolver uma variada família de aeronaves de asas rotativas, principalmente na missão de se desenvolver um sucessor para os consagrados modelos Alouette II e III.

No início do ano de 1965, uma parceria anglo-francesa seria estabelecida para o desenvolvimento de um substituto ao modelo militar do Aérospatiale Alouette III, com este resultando da criação do exitoso Aérospatiale Gazelle, que passaria a equipar as forças armadas francesas e britânicas. Apesar deste sucesso no mercado militar, seu alto custo de aquisição e operação seria um fator inibidor para sua penetração no meio civil internacional. Assim desta forma, munidos de toda a experiencia obtida no desenvolvimento do Aérospatiale Gazelle, a equipe de projetos da empresa se debruçaria sobre a prancheta de projetos, com o objetivo de conceber uma nova uma nova aeronave de asas rotativas. Seus principais parâmetros seriam desenvolvidos com base em pesquisas de mercado realizadas junto a seus potenciais usuários, que elencariam exigentes especificações. Entre estes se destacavam reduzidos índices de ruido e vibrações, capacidade de transporte e baixo custo operacional. O atendimento a estes anseios dos operadores seria fundamental, pois almejava-se que a nova aeronave fosse extremamente competitiva quando comparado ao seu principal concorrente internacional, o norte-americano Bell 206 Jet Ranger. Desta maneira o projeto concebido apresentava um helicóptero mono turbo eixo com capacidade para transportar até cinco passageiros e tripulantes, empregando alta tecnologia em termos de avionica e ainda assim apresentar custos de aquisição e operação significativamente mais baixos que o Aérospatiale Gazelle. Ao adaptar os processos de produção empregados na indústria automotiva, incluindo até o uso de componentes comuns em carros da linha Citroen e Renault,o fabricante lançaria mão do novíssimo sistema Starflex para seu rotor principal, resultando assim em um eficiente e econômico helicóptero de porte leve capaz de atender as múltiplas tarefas e missões típicas dos setores civil e militar. O primeiro protótipo da aeronave designado como Aérospatiale AS350-001, realizaria seu voo inaugural em 27 junho de 1974, sendo conduzido pelo piloto de testes Daniel Bernard Certain Bauchart, estando equipado com um moderno motor turbo eixo Lycoming Avco LTS -101 com 592 shp de potência. Após sua apresentação oficial, o modelo seria submetido a um intensivo programa de ensaio e testes em voo, com seus resultados iniciais apontando para a baixa potência dos motores norte-americanos. Como solução decidiria-se substituir este conjunto original pelo modelo francês  Turbomeca Arriel 1B que entregava 641 shp , que fora desenvolvido anteriormente para o emprego em aeronaves rotativas de pequeno porte.   
O segundo protótipo já equipado com este novo motor alçaria voo em 14 de fevereiro de 1975, com este sendo extensamente ensaiado em voo, com a escolha do novo motor se mostrando uma decisão acertada, neste programa seriam implementadas ainda uma série de melhorias de ordem técnica. Deste estágio resultaria a versão final de produção, com três células sendo produzidas com o intuito de serem submetidas aos processos de certificação internacional. Em 1977 após a obtenção das devidas certificações, o agora denominado Aérospatiale AS350B Écureuil (Esquilo), seria lançado nos mercados europeu e norte-americano, passando rapidamente a receber uma curva crescente de pedidos de operadores particulares. Em seguida a partir de 1978 começariam a ser celebrados nos dois continentes grande contratos governamentais para emprego no segmento policial e de socorro aero médico. O sucesso observado do mercado civil e paramilitar, motivaria a empresa francesa a desenvolver uma versão para o mercado militar, tendo como foco primordial, o treinamento e conversão de pilotos, apresentando como missões secundarias transporte VIP (Very Important Person), ligação e observação. Visando a atender parâmetros mínimos de desempenho para uma aeronave militar, esta nova versão inicialmente passaria a contar com o motor Turbomeca Arriel 1D que entregava uma potência nominal de 684 shp, resultando em um perfil de desempenho ligeiramente superior a versão civil. Os primeiros contratos da versão agora designada como AS350 BB, seriam celebrados 3m 1979 com a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) e com Aviação Leve do Exército Francês (ALATP), sendo empregados no treinamento e formação de pilotos de asas rotativas passando a substituir as primeiras versões do Aérospatiale Gazelle. No entanto seu contrato mais representativo seria firmado com o governo britânico, com a compra de sessenta aeronaves para emprego junto a Defence Helicopter Flying School (Escola de Voo de Helicópteros de Defesa), organização militar destinada a formação conjunta dos pilotos de asas rotativas da Força Aérea Real (Royal Air Force), Exército Real (Royal Army) e Marinha Real (Royal Navy). Logo em seguida a Marinha do Brasil se tornaria o quarto cliente militar da aeronave, mediante o estabelecimento de uma parceria entre a empresa francesa e o governo para a fundação de uma empresa para produção destas aeronaves no país.   Posteriormente um grande número de helicópteros desta família seriam exportados para emprego em tarefas de treinamento e transporte na Argentina, Arabia Saudita, Botswana, Benin, Burkina Faso, Burundi, Austrália, Canadá, Chile, Camarões, Gabão, Camboja, Paquistão e República Centro-Africana. 

Ao final década de 1980, a família de helicópteros Aérospatiale AS350B e AS355B Écureuil (Esquilo) já era um grande sucesso comercial, operando em vários países tanto no mercado civil como no militar, e o grande número de aeronaves disponíveis cada vez mais impactava positivamente na cadeia de custos de peças de reposiçao e processos de manutenção, o que valorizava cada vez mais o emprego do modelo. Neste momento a diretoria da empresa vislumbraria um grande mercado potencial para o uso militar da aeronave, agora passando a ser dedicada a missões mais especializadas, entre elas ataque a solo, apoio aproximado, patrulha marítima, guerra antissubmarino (ASW), ataque anti-superficie (ASM) e busca e salvamento de combate (Combat-SAR). Duas células das versões civis das aeronaves mono e bi turbina seriam empregadas para o desenvolvimento, sendo acrescidos reforços estruturais, blindagem para o grupo motriz e para os tripulantes (piso e assentos blindados), nova avionica embarcada mais adequada a missões de combate, preparação para instalação de sistemas de imageamento diurno e noturno, óculos de visão noturna (OVN/NVG) e dispositivos de defesa passiva, porém  uma das melhorias mais importantes seria a troca da motorização original por um novo motor Turbomeca Arriel 2B turboshaft com 847 hp. Em termo de pacotes de armas ambas as versões poderiam ser equipadas com um canhão automático de 20 mm Giat M621, casulos com metralhadoras FN Herstal de calibre 7,62 mm ou 12,7 mm, lançadores de foguetes não guiados com sete de 70 mm ou doze de 68 mm e misseis anti tanque norte-americanos TOW BGM-71. Durante o ano de 1989, estes protótipos seriam testados e ensaiados em voo apresentando grandes perspectivas operacionais.
Em 1 de janeiro de 1990, a Aérospatiale mudaria o sistema de designação de produção, com aeronaves militares passando a ser identificadas pelo número, assim o modelo monomotor AS350 tornar-se-ia o AS550, e o bimotor AS355 se tornaria o AS555, com estas aeronaves passando a ser oferecidas no mercado internacional de defesa. Em 1992 um processo de fusão englobaria as divisões de produção de aeronaves de asas rotativas das empresas Aérospatiale e Messerschmitt-Bölkow-Blohm, nascendo assim a European Aeronautic Defence and Space Company (EADS), que renomearia esta família de helicópteros militares como Fennec, distinguindo assim da versão civil Écureuil (Esquilo). Os modelos militares estariam dispostos nas versões AS50 C2 Fennec, AS550 U2 Fennec e AS550 C3 Fennec. Os primeiros contratos de exportação seriam celebrados ainda no ano de 1990, envolvendo entregas para as forças armadas da França, Argentina, Brasil, Colômbia, Argélia, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Malásia, México, Singapura, Paquistao, Uberquistao e China (versão produzida localmente do Z-11). Esta família de aeronaves designada comercialmente em 2005 como H125, permanece em produção contínua pela Airbus Helicopters até os dias atuais, acumulando mais de três mil e setecentas células entregues ao mercado civil forças de segurança e também mais de quarenta forças armadas militares ao redor do mundo. Apesar da idade das aeronaves, constantes programas de retrofit estrutural e modernizações garantem que esta família  de aeronaves de asas rotativas ainda se manterá na ativa por mais pelo menos  vinte e cinco anos neste século.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Desde a segunda metade da década de 1960, o comando da Aviação Naval da Marinha do Brasil, concluiria que a melhor solução para muitos problemas de ordem logistica para a manutenção de sua frota de helicópteros passava pela implantação no país de uma fábrica de aeronaves de asas rotativas. Essa possibilidade começaria a despontar no horizonte com a criação da Embraer S/A e, em 1973, com a gestão do Instituto de Fomento Industrial do Centro Técnico Aerospacial (IFI - CTA) para organizar a fundação de uma empresa dedicada a produção de helicópteros. No que tange as demandas da Marinha do Brasil, os primeiros esforços concentraram-se na Embraer S/A, que analisaria a possibilidade de se produzir sob licença no país o Aérospatiale - Westland Gazelle.  No entanto avaliações de ordem técnica indicavam que as linhas de montagem do fabricante estatal e seus processos não seriam adequadas a produção de helicópteros. Neste interim o Instituto de Fomento Industrial do Centro de Tecnologia da Aeronáutica (CTA) em conjunto com a Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM) passariam a estabelecer contatos com diversos fabricantes de helicópteros, solicitando-os a apresentar propostas para produção no Brasil. Entres as empresas interessadas a francesa Aérospatiale demonstraria maior iniciativa, propondo inicialmente a produção de uma versão customizada do AS-315B Lama, que seria logo descartada em detrimento a escolha do modelo mais recente o AS-350 Écureuil. Negociações seriam conduzidas entre o governo federal, o governo do estado de Minas Gerais, a empresa Serviços Aerofogametricos Cruzeiro do Sul e o fabricante francês. Este processo em abril de 1978, resultaria em um acordo para a formação de uma estatal de capital misto para produção de helicópteros no país, seria assim então constituída a Helicópteros do Brasil S/A - Helibras , uma empresa formada com 45% de capital da Aérospatiale e 55% de capital brasileiro divididos entre a Companhia de Distritos Industriais de Minas Gerais,  Serviços Aerofogametricos Cruzeiro do Sul e Minas Gerais Participações. Estrategicamente sua planta fabril seria estabelecida na cidade de Itajubá no interior do estado de Minas Gerais. Como apoiara o desenvolvimento desta iniciativa, seria lógico que a  Marinha do Brasil figurasse entre os primeiros clientes da recém-criada empresa estatal de capital misto, a Helicópteros do Brasil S/A - Helibras. Assim em 30 de março de 1979 seria celebrado um contrato para a produção de seis células do modelo Aerospatiale AS350B Écuriel, que no Brasil receberia a designação comercial no país de Helibras HB-350B Esquilo. 

Paralelamente neste mesmo período, no final da década de 1970, ficava claro ao Ministério da Aeronáutica (MAer) a necessidade de renovação e ampliação de sua frota de aeronaves de asas rotativas. Além de se contar com uma frota subdimensionada para cobrir áreas importantes do território nacional, era notório que a obsolescência e o baixo desempenho operacional prejudicava em muito os índices de disponibilidade de voo, principalmente nas tarefas dedicadas a formação e treinamento de pilotos de asas rotativas. Isto ocorria muito em função de problemas no fluxo de suprimento de peças de reposição para os já veteranos Bell 47D e Bell 47G H-13, que já tinham sua produção descontinuada há alguns anos em seu país de origem. Assim se fazia emergencial a necessidade de incorporar um novo vetor que pudesse realizar as tarefas de treinamento básico e avançado e complementar em missões operacionais os recém incorporados Bell UH-1H Huey. Apesar de contar com provável fornecedor nacional, a Diretoria de Material Aeronáutico e Bélico (DIRMAB) em atendimento as normativas de licitação governamental, decidiria pela abertura de uma concorrência internacional para aquisição de até quarenta helicópteros de pequeno porte para o emprego em tarefas de treinamento e transporte. Este processo passaria a receber proposta de diversos fabricante entre este a Bell Helicopter Co, Boeing Company e da própria Helibras S/A, no entanto devido a restrições orçamentarias este processo seria cancelado meses depois. No final de 1985, o Ministério da Aeronáutica (MAer) estaria envolvendo em negociações junto a empresa francesa Aérospatiale visando a aquisição de um dez helicópteros AS332M Super Puma e dez HB355 F2 Esquilo Biturbina. Em algum momento surgiria a oportunidade de se incluir como forma parcial de pagamento a devolução dos seis CH-33 Puma, abrindo espaço no orçamento para compra de trinta células do modelo HB-350B1 Esquilo, com estes dois últimos modelos sendo montados na fábrica da Helibras na cidade de Itajubá em Minas Gerais. Vale salientar que esta versão era muito semelhante as aeronaves produzidas anteriormente para a Marinha do Brasil, se diferenciando apenas pelo motor, sendo equipado com o Turbomeca Arriel 1B com potência nominal de de 650hp.
Designados na Força Aérea Brasileira como UH-50, os HB-350B1 Esquilos receberiam as matriculas de “FAB 8760 a 8789”, com as primeiras aeronaves sendo entregues no dia  10 de outubro de 1986 para compor a dotação do 1º/11º Grupo de Aviação - Esquadrão Gavião sediado na base aérea de  Santos (SP).  Este esquadrão é popularmente conhecido como berço da aviação de asas rotativas, sendo esta unidade é a responsável por formar todos os pilotos de helicópteros da aeronáutica. Neste momento seria iniciado um processo de transição operacional no Esquadrão Gavião, com a primeira fase envolvendo a operação conjunta dos novos Helibras UH-50 Esquilo com os Bel H-13H e Bell UH-1H Huey, com este processo perdurando até julho de 1987. A partir deste momento coube ao Bell H-13H ser empregado na fase de instrução básica e o UH-50 na avançada. A partir do final do ano de 1989 com desativação dos últimos Bell H-13 remanescentes, o helicóptero da Helibras S/A assumiria integralmente a formação destes pilotos,  processo e vetores que se mantém até hoje. Caberia ainda aos UH-50 Esquilo do 1º/11º GAv - Esquadrão Gavião serem responsáveis pela formação do primeiro grupo de pilotos de helicópteros do Exército Brasileiro nos anos de 1987 e 1988. A próxima unidade a receber o modelo seria o 2º/8º - Grupo de Aviação – Esquadrão Poti, sediado na Base Aérea de Recife, e neste contexto os UH-50 Esquilo seriam empregados nas tarefas de formar e treinar equipagens para as tarefas operacionais de Busca e Salvamento SAR (Searching and Rescue), ligação e observação, transporte aéreo e operações especiais. O plano original do Estado Maior da Aeronáutica (EMAer) determinava que estes helicópteros fossem distribuídos como aeronaves orgânicas as bases aéreas de Santa Cruz, Canoas e Anápolis e a Academia da Força Aérea (AFA), que receberia duas células destinadas ao cumprimento de missões de busca e salvamento – SAR.  Em 1987 esta diretiva seria alterada, com as aeronaves sendo distribuídas apenas a Base Aérea de Anápolis (BAAN) e a Academia da Força Aérea (AFA), e atualmente somente uma aeronave permanece em operação junto a academia, operando em apoio as atividades dos dois grupos de instrução e do clube de voo a vela.

A adoção do Helibras UH-50 Esquilo (que teria sua designação militar alterada posteriormente para H-50 em 2006), traria inúmeros benefícios a Força Aérea Brasileira, entre estes na própria área de instrução básica, principalmente por se tratar de um vetor moderno, tanto em termos de mecânica quando de avionica, que passaria  a facilitar a transição para as aeronaves rotativas de primeira linha, de forma mais suave e rápida, reduzindo neste contexto os custos operacionais. Vale citar ainda que emprego deste modelo na aeronáutica possibilitaria a formação da doutrina de operações de combate com aeronaves de asas rotativas no Brasil, sejam em atividades de ataque, resgate ou missões de C-SAR (Combat SAR). Dentro do escopo de tarefas do 2º/8º GAv - Esquadrão Poti, seriam desenvolvidas e aprimoradas as técnicas para o combate dissimilar ar ar contra aeronaves de asa fixa, onde os H-50 Esquilo armados com casulos de metralhadoras FN Herstal de calibre .50,  eram empregados contra aeronaves de ataque leve, primeiramente contra os Neiva AT-25 Universal e depois contra os Embraer AT-27 Tucano. Esta doutrina seria fundamental como parte do emprego de helicópteros como aeronave de escolta em missões C-SAR (Combat SAR). Esta fundamentação da doutrina de missões especiais seria tão solidificada dentro do Esquadrão Poti, motivando o Comando da Aeronáutica (COMAER) a reequipar a unidade com os novos helicópteros AH-2 Sabre (Mi-35M de fabricação russa), transformando assim esta unidade em um grupo de combate de primeira linha no ano de 2006. Este esquadrão operaria o H-50 Esquilo até 14 de dezembro de 2009, com suas aeronaves sendo repassadas então para o 1º/11º Grupo de Aviação - Esquadrão Gavião, encerrando um ciclo que recém completara cinquenta e cinco mil horas voadas com este modelo de helicóptero.
Seu intenso emprego operacional ao longo do anos cobraria um alto preço em termos de desgaste estrutural e acidentes, sendo retiradas do serviço ativo as células com as matriculas FAB 8760, FAB 8761, FAB 8762, FAB 8763 , FAB 8764, FAB 8765 , FAB 8766, FAB 8767, FAB 8770, FAB 8771, FAB 8773, FAB 8774, FAB 8776, FAB 8780, FAB 8781, FAB 8782, 8 FAB 783, e FAB 8786. Um destes acidentes ocorridos em 6 de maio de 1999, em Santa Cruz das Palmeiras (SP) foi determinante para que o FAB 8772 ser tornasse o primeiro UH-50 Esquilo a ser preservado na forma de monumento o que ocorreria na base aérea de Natal em 2011. Atualmente os Helibras UH-50 Esquilo se encontram concentrados junto ao 1°/11° Grupo de Aviação – Esquadrão Gavião com sede agora na Base Aérea de Natal (BANT), onde além de desempenharem as missões de treinamento operam em regime de rodízio células para atuação no papel de aeronaves orgânicas em missões de alerta 24 horas de buscas e salvamento, sendo destacadas a servir em diversos esquadrões espalhados pelo território nacional.  No ano de 2012 seriam iniciados estudos visando aplicar as dezoito células remanescentes um processo de modernização semelhante ao planejado para os helicópteros HA-1 Esquilo e Fennec da Aviação do Exército Brasileiro (AvEx), incluindo neste pacote a substituição dos instrumentos analógicos do painel de instrumentos por três telas multifuncionais coloridas de cristal líquido e instalação de piloto automático, que trabalha em dois eixos, instalação de sistemas de defesa passiva, retrofit da células e  os ajustes finos de motor e transmissão. No entanto restrições orçamentaria levaria a postergação deste programa, com o direcionamento sendo alterado para uma possível substituição ao invés da aplicação de investimentos em modernização. Este processo começaria a tomar com o lançamento do Projeto TX-H, com um contrato sendo assinado no dia 15 de setembro de 2022 para a compra inicial de doze células do modelo Helibras - Airbus H-125, que devem começar a ser recebidas a partir do ano de 2024, iniciando assim o gradual processo de desativação dos H-50 Esquilo.

Em Escala.
Para representarmos o  Helibras UH-50 Esquilo "FAB 8773" pertencente ao  2º/8º GAv -  Esquadrão Poti, empregamos o kit Heller /HTC na escala 1/48, (apesar que as dimensões do mesmo aparentam pertencer a escala 1/50). Trata-se de um modelo básico desprovido de detalhamentos, porém de fácil montagem, para se representar a versão empregada pela Força Aérea Brasileira,  deve-se proceder a inclusão em scratch de antenas de rádio na parte frontal da aeronave . Empregamos decais originais do modelo que foram confeccionados pela FCM Decais.

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura empregado nas aeronaves UH-50, sendo este implementado a partir do ano de 1994 que representa uma modificação do estilo Southest Asia. O novo esquema tático de camuflagem com marcações de baixa visibilidade passou a ser implementado nas células dos Esquilos a partir de março de 2013 com a entrega pelo Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMAAF) do H-50 matrícula 8783, sendo este o padrão aplicado nos demais vetores da Força Aérea Brasileira.


Bibliografia : 

- A Flecha de Poti - Revista Força Aérea - Nº 3 Action Editora
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 Jackson Flores Jr
- História da Força Aérea Brasileira, Professor Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Sentando a Lenha em Maxaranguape - Revista Força Aérea - Nº 19 Action Editora

M-578 Recovery Vehicle no Brasil

História e Desenvolvimento.
Em meados da década de 1950, a principal arma de artilharia autopropulsada do Exército Americano (US Army) era constituída principalmente pelo modelo M-55 de 203,2 mm (montado sobre o chassi do carro de combate M-48 Patton), sendo complementadas pelos obuseiros autopropulsados M-53 de 155 mm (fazendo uso da mesma plataforma). Apesar destes dois sistemas de armas proporcionarem um excelente poder de fogo de saturação no campo de batalha, seu peso bruto total de quarenta toneladas, inviabilizada a capacidade de transporte aéreo naquele período. Outro ponto negativo estava baseado na baixa autonomia destes carros, pois ao estarem equipados com motores a gasolina, podiam no melhor cenário ter um alcance de 260 km, além do que este tipo de combustível apresentava sérios riscos de explosão em função da temperatura do chassis do veículo, quando em operação de disparo. Estas graves deficiências levariam o comando do Exército Americano (US Army) a iniciar em fins desta mesma década, estudos objetivando criar os parâmetros básicos para o desenvolvimento de uma nova série de veículos de artilharia autopropulsada.  Uma das primícias básicas era apresentar um peso bruto final compatível, que lhe permitisse ser aerotransportado pelas novas aeronaves de transporte de carga da Força Aérea Americana (USAF), como nos novos Lockheed C-130 Hercules. Outra exigência era que a plataforma básica pudesse ser aproveitada para o desenvolvimento de uma série de versões especializadas, visando assim otimizar custos de manutenção, fluxo logístico de peças de reposição, proporcionando ainda um processo de treinamento facilitado e muito mais rápido para os futuros usuários do sistema de artilharia de campanha.

Dentre as propostas apresentadas por inúmeros fabricantes, a empresa Pacific Car and Foundry (Paccar) disponibilizaria para estudos, uma série de protótipos conceituais de obuseiros autopropulsados, entre eles o T-235 de 175 mm e T-236 de 203 mm, montados em plataformas movidas por motores a diesel. Estes projetos, tinham ainda como vantagem técnica a intercambialidade para serem armados com diversas peças de artilharia. Estes projetos em muito agradaram ao comando do Exército Americano (Us Army), garantindo assim a esta empresa a celebração de um contrato de desenvolvimento, com uma grande alocação de recursos, com estes modelos recebendo as designações de M-107 e M-110. Ao término da fase de desenvolvimento, sua produção seria subcontratada junto ao Arsenal de Detroit, que nesta época era detentor da patente do "sistema de balenceador a gás) dos sistemas de artilharia, que melhoravam o equilíbrio do cano, permitindo ainda que a arma fosse elevada mais facilmente durante a operação. Passava a incorporar também ao projeto original, um novo design do mecanismo de recuo hidráulico e suporte da suspensão do chassi, que passava a ser controlado hidraulicamente quando em uso de tiro.  As primeiras entregas do M-107 aos regimentos de artilharia do Exército Americano (US Army), tiveram início em meados do ano de 1962, com o M-110 passando a ser disponibilizado em fins do ano seguinte. Seu batismo de fogo ocorreria durante os primeiros estágios da Guerra do Vietnã (1965-1975), atendendo a contendo as expectativas iniciais, o que os levariam a serem adotados também pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha dos Estados Unidos (USMC). Contratos de exportação seriam celebrados com Israel, Jordânia, Irã, Turquia, Japão, levando assim sua produçao também para as linhas de montagem das empresas FMC Corporation, Bowen-McLaughlin-York e General Motors Corp.
Tanto o M-107 quanto o M-110 estavam baseados em um chassi comum, que possuía cinco rodas em ambos os lados da estrutura, equipados com braços intermediários conectados a barras de torção com trilhos.  Esta viatura, estava equipada com um motor a diesel General Motors 8V71T com 8 cilindros de dois ciclos com turbo supercharged, proporcionado 450 hp de potência máxima. Tanto o motor, quanto a transmissão semiautomática, estavam montados a frente, com o motorista localizado a esquerda do conjunto. O motor possuía uma bomba hidráulica acoplada usada para atravessar a torre com uma manivela manual de backup, este mesmo sistema era esporadicamente empregado de forma inadequada para cavar a pá traseira, resultando em danos aos cilindros hidráulicos da pá depois que a primeira rodada de disparos fosse efetuada. O objetivo principal da bomba hidráulica, era o de colocar o cano na bateria, carregar munição e cargas, elevar ou abaixar a pá traseira, proporcionando assim um ajuste rápido de deflexão pelo artilheiro e ajustes de elevação rápida pelo artilheiro assistente. Apesar do conjunto mecânico ser robusto e de fácil operação, o que lhe concedia grandes intervalos entre as paradas para manutenção preventiva, já não podia se tecer os mesmos elogios aos canhões (devido a sua baixa durabilidade). Críticas eram feitas também aos sistemas de operação e tiro, gerando uma série de reclamações por parte de seus operadores aos longos dos anos. Uma das maiores dificuldades, era prover a troca do tubo do canhão em campo, sendo necessário o apoio de pelo menos duas viaturas de socorro equipadas com guinchos hidráulicos.

A fim de atender a esta demanda operacional, estudou-se desenvolver uma variante específica para operar em conjunto com os batalhões de artilharia autopropulsados para assim realizar de forma segura a troca dos tubos dos canhões em campo. Partindo das primícias de projeto de se empregar o mesmo chassi para visando assim otimizar custos de manutenção, fluxo logístico de peças de reposição, seria desenvolvida uma destinada operar nesta tarefa de apoio na manutenção dos M-107 e M-110, além de poder ser também empregada na missão de recuperar veículos blindados leves danificados do campo de batalha. Nascia assim em 1963 o M-578 Light Recovery Vehicle, basicamente empregava-se o mesmo chassi e conjunto mecânico operando em conjunto com um guindaste mecânico e hidráulico com capacidade para 30.000 lb (13.600 kg), que estava instalado em uma cabine blindada que podia girar 360 °. Um segundo guincho com capacidade de 27.000 kg (60.000 lb)  foi montado na frente da cabine, possibilitando assim arrastar diversos veículos leves e médios empregados até então pelo Exército Americano (US Army). O acesso do operador dos sistemas de socorro era feito através de uma porta de cada lado e por portas duplas na traseira, enquanto o operador de guindaste e o rigger tinham cúpulas de visão no teto da cabine. Empregando o mesmo conjunto mecânico das versões de artilharia autopropulsadas os M-578 possuíam uma autonomia de 724 km a uma velocidade máxima de 60 km/h o que lhe permitia operar satisfatoriamente com os M-107 e M-110 no campo de batalha.
As primeiras unidades do M-578 começaram ser entregues ao Exército Americano (US Army) em 1964 sendo disponibilizados as unidades que empregavam os M-107 e M-110, em campo percebeu-se que os tubos e barris do sistema de armas não podiam ser substituídos usando um único M-578 devido ao peso e à necessidade de posicionamento preciso do barril no berço para evitar danos aos corredores de latão de barril, assim sendo passaram se a empregar dois M-578 para serem posicionados um em cada extremidade do cano. Além das forças armadas norte americanas os M-578 seriam exportados a várias nações, entre elas Áustria, Dinamarca, Brasil, Egito, Grécia, Israel, Jordânia, Líbano, Marrocos, Turquia, Grã-Bretanha, Vietnã do Sul, Yemen e Arábia Saudita. Ao todo entre 1963 e 1979 foram produzidos 350 veículos, o Exército Americano os empregou até fins da década de 1990, sendo inclusive muito utilizados na Operação Tempestade no Desert (Desert Storm) no Iraque. Apesar da idade do projeto, muitos dos M-578 permanecem em uso em muitos países até a atualidade.

Emprego no Exército Brasileiro.
O período compreendido entre 1942 e 1955 no Exército Brasileiro, foi marcado por um processo de modernização de carros blindados de transporte, combate e reconhecimento sem precedentes na história militar brasileira. Notadamente em termos de carros de combate, foram recebidos centenas de M-3, M-3A1 Stuarts, M-3A3 e M-3A5 Lees e M-4 e M-4A1 Shermans, no entanto curiosamente em termos de veículos de recuperação de campo, não seriam cedidos veículos sob esteiras como os M-32 Recovery  e  M-31 Grant ARV I. Assim esta atividade no Brasil, passou a ser exercida precariamente por poucos caminhões pesados especializados, como os Chevrolet G-506, Diamond T-969, M-27 LWB CCKW-353 , Ward La France M-1/A1 G-116 Mod, Kenworth Motor Truck Corp model 570/571/572/573 e Diamond T 968 G-509, fornecidos ainda na década de 1940 dentro dos termos do programa Leand & Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos).  Nesta mesma década, o índice de veículos que porventura ficavam imobilizados em campo durante exercícios práticos, se apresentava em índices muito baixos, principalmente pelo fato de se tratar de carros de combate e blindados de apoio relativamente novos, que contavam ainda neste período com um amplo estoque de peças de reposição a disposição. Porém com o avançar dos anos, o gradual envelhecimento desta frota começaria a cobrar seu preço em termos de indisponibilidade, aliando esta problemática ao fato da escassez de peças de reposição, muito em virtude que a maioria dos componentes críticos teve sua produção descontinuada logo após o término da Segunda Guerra Mundial.

Este cenário se complicava rapidamente, e nos exercícios de campo, o alto índice de quebra de carros blindados começa a trazer problemas as equipes de manutenção, principalmente nas tarefas de remoção. Porém o atendimento a resolução destas demandas, começaria a ser sanada mesmo que parcialmente no início da década de 1950, quando o governo brasileiro passou a ser signatário do acordo do Programa de Assistência Militar (Military Assistence Program – MAP) patrocinado pelo Departamento de Estado do Governo dos Estados Unidos. Este acordo garantiria ao país, acesso facilitado e excelentes condições comerciais para a aquisição de grandes quantidades de material bélico. Entre os itens fornecidos estavam mais carros de combate médio M-4A1 Sherman, vasto estoque de peças de reposiçao e dois veículos do modelo M-32 Recovery Vehicle (viatura blindada especial de socorro), pertencentes a versão inicial deste veículo especializado. Este modelo recebeu no Exército Brasileiro a designação de M-32 Viatura Blindada de Socorro (VBE SOC), sendo os dois carros, concentrados inicialmente em fins do ano de 1951, junto ao 1º Batalhão de Carros de Combate (BCC), baseado no Rio de Janeiro (RJ).  O implementação em serviço do novo M-32 VBE SOC (apesar de estarem disponíveis apenas dois carros), seria  de suma importância, no Exército Brasileiro, pois foram fundamentais para a criação da doutrina operacional de socorro com veiculos sob esteiras em campo de carros de combate. Posteriormente esta frota seria reforçada pelo recebimento em 1956 de três novos carros de recuperação de veículos, agora do modelo mais recente M-74.   Assim pela primeira vez o Exército Brasileiro conseguiria disponibilizar pelo menos uma Viatura Blindada de Socorro (VBE SOC) em suas principais unidades blindadas.
A partir de 1960 ainda nos termos do Military Assistance Program – MAP (Programa de Assistência Militar) o governo brasileiro firmou a aquisição de mais de cinco centenas veículos blindados, entre estes carros de combate M-41 Walker Buldog e viaturas blindadas de transporte de pessoal do modelo FMC M-113A0. Este grande aumento da frota de veículos blindados geraria a necessidade de se contar com no mínimo uma pequena frota de veículos de recuperação de campo, proporcionando assim fornecer o mínimo de suporte necessário as unidades blindadas. Visando atender a esta nova demanda em meados da mesma década, o comando do Exército Brasileiro iniciou esforços junto ao Departamento de Estado do Governo dos Estados Unidos, no intuito de viabilizar a aquisição de um lote de veículos de recuperação, que pudesse minimamente satisfazer estas necessidades. Dentre as opções analisadas encontrava-se o M-578 Light Recovery Vehicle, um novo modelo que estava em produção desde o ano de 1962. Apesar deste se enquadrar na classificação de veículo "leve" de recuperação, não sendo adequado a assistência aos novos carros de combate M-41 Walker Buldog,  era perfeitamente adequado a atender as demandas da frota de blindados de transporte de tropas FMC M-113A0 que passavam a equipar os Batalhões de Infantaria Blindada (BIB) e aos Regimentos de Carros de Combate (RCC). Assim desta maneira nos termos do acordo do programa de assistência militar, seria celebrado um contrato para aquisição de dezessete veículos do modelo M-578 seminovos, que haviam sido recentemente incorporados aos batalhões de artilharia autopropulsados do Exército Americano (US Army). 

Após definidos os termos, uma comissão de oficiais do Exército Brasileiro, seria formada e enviada ao Fort Bliss em El Paso , Texas nos Estados Unidos, sede da 1ª Divisão Blindada do Exército Americano (US Army), onde seriam escolhidos os dezessete veículos em melhor estado de conservação.  Estes carros se encontravam armazenados como reserva técnica, e para isso seriam submetidos localmente a uma revisão mecânica por uma empresa terceirizada, a fim de serem colocados novamente em serviço operacional. Os M-578 seriam então logo em seguida, despachados por via naval ao Brasil, sendo descarregados no porto do Rio de Janeiro a partir de maio de 1971. Os carros recebidos estavam entre os primeiros produzidos pela FMC Corporation, estando motorizados com o excelente grupo propulsor a diesel General Motors 8V71T Turbo Supercharged  de 8 cilindros de dois ciclos, o que lhes permitia tranquilamente operar em conjunto com os M-113 durante as tarefas de deslocamento em campo. Assim que recebidos foram inicialmente alocados junto ao Centro de Instrução de Blindados (CI Bld), para elaboração dos manuais técnicos de operação e manutenção, bem como a formatação da doutrina operacional. Após a finalização desta fase, os M-578 VBE SOC foram distribuídos aos Batalhões de Infantaria Blindada (BIB) e aos Regimentos de Carros de Combate (RCC). A partir de 1972 o recebimento de setenta e dois obuseiros autopropulsados M-108AR Howitzer,  iria expandir o leque de missões dos M-578 VBE SOC , com alguns carros sendo transferidos aos Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado (GAC AP), com estes, passando posteriormente a partir de 1991 a suportar as atividades dos novos M-109A3 Howitzer.
A necessidade de se contar com mais veículos de engenharia e recuperação para complementar a frota dos M-578 VBE SOC, levariam em meados da década de 1980, a criação do projeto nacional do Veículo Blindado de Engenharia M-4, desenvolvido em parceria entre a empresa Moto Peça S/A e o Centro Tecnológico do Exército (CTEx), veículo este que poderia também atender ao suporte em operação dos carros de combate M-41 Walker Buldog). A partir de 1996 a incorporação dos novos carros de combate alemães Krauss Maffei Leopard 1A1, que seria acompanhada pelo recebimento de versões especializadas na recuperação destes carros blindados como Leopard A1 Sabiex e Berg Panzer, permitiria ao Exército Brasileiro concentrar os M-578 VBE SOC na tarefa de viaturas orgânicas junto aos Pelotões de Manutenção dos Batalhões e Logística e Batalhões de Infantaria Blindada, prestando apoio manutenção e reboque principalmente a frota de veículos blindados de transporte de tropas M-113 VBTP.  Atualmente existem quatorze carros operacionais dos dezessete recebidos, passando a ser complementados em suas atividades cotidianas por dezesseis veículos norte-americanos M-88A1 Recovery Vehicle. Os contínuos processos de modernização da frota dos M-113 VBTP e aquisição dos novos obuseiros autopropulsados M-109A5 Paladin, sinalizam que os M-578 VBE SOC ainda terão muitos anos a serviço do Exército Brasileiro.

Em Escala.
Para representarmos o M-578 Light Recovery Vehicle "EB 13-2259" utilizamos como base o kit da Italeri do modelo M-110 A2 Self Propelded Gun, na escala 1/35.  Para compormos o M-578 brasileiro temos de fazer uso do excelente set de conversão em resina e photo etched da Verlinden na mesma escala. Empregamos decais confeccionados pela Eletric Products pertencentes ao set “Exército Brasileiro 1942 - 1982".

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático norte-americano, que seria adotado pelo Exército Brasileiro,  em todos seus veículos militares desde a Segunda Guerra Mundial até a o final do ano de 1982. A partir do anos seguinte os M-578 passaram a receber um esquema de camuflagem em dois tons, se mantendo este esquema tático até os dias atuais.

FMC LVTP-7A1 CLANF

História e Desenvolvimento.
Durante a Segunda Guerra Mundial seriam desenvolvidas e implementada diversas estratégias e doutrinas operacionais, com destaque para as grandes invasões de territórios por meio anfíbio, tanto no teatro de operações europeu como no pacífico. Neste contexto seria descortinada a necessidade de se desenvolver os meios específicos para operações anfíbias, resultado destes esforços grandes ícones como os LCVP "Higgins Boats", caminhões GMC Duwk e veículos blindados anfíbios para o transporte e desembarque de tropas. O conceito em se empregar um veículo militar específico para esta missão, nasceria de um projeto civil, conhecido como o "Alligator", desenvolvido em 1938, pelo engenheiro norte-americano Donald Roebling. Este veículo seria projetado especificamente como um veículo de resgate, para ser utilizado nas vastas áreas pantanosas no estado da Flórida (como os Everglades), assim sua natureza robusta excelente navegabilidade o tornaria ideal para este propósito. Este modelo despertaria o interesse do comando da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), que ao se reunirem com Donald Roebling apresentaria uma série de modificações para o atendimento de suas demandas. Este projeto começaria a tomar forma no início de 1940, com o primeiro protótipo sendo entregue em maio do mesmo ano, estando inicialmente equipado com o motor a MK94K produzido pela Marine Engine Manufacturer. Após ser submetidos a testes iniciais seriam aferidos resultados promissores, levando a liberação de recursos para a construção de um segundo protótipo, agora equipado com o motor a gasolina Lincoln-Zephyr, muito mais potente, com este apresentando uma performance superior. Desta maneira em fevereiro de 1941 o modelo agora designado como LVT-1 Alligator seria oficialmente aceito pelo comando do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (U.S Marine Corps), recebendo um primeiro contrato de produção junto FMC Corporation,   para duzentas unidades. Seu batismo de fogo ocorreria em 1942, quando carros da 1ª Divisão do Corpo de Fuzileiros Navais, foram empregados em tarefas de reabastecimento em Guadalcanal até o outono de 1943, resultando da conquista total da ilha. Nos combates que se seguiram os LVT-1 Aligator, teriam destacada participação, principalmente nas operações de conquista de “ilha a ilha”, com citação especial na invasão do arquipélago de Tarawa, quando mais de duzentos e sessenta destes veículos, foram comprometidos em ação, na primeira, segunda e terceira ondas de desembarques, atuando continuamente no transporte de soldados, munição e remoção de feridos. 

Provado com louvor em combate, ficava notório sua importância em operações de invasões anfíbias, com recurso sendo destinado a FMC Corporation para a implementação de melhorias e desenvolvimentos novos veículos como os LVT-2 Water Buffalo, LVT-3 Busch Master empregados nos estágios finais do conflito e por fim o LVT-4 Water Buffalo que seria incorporado após a capitulação do Império do Japão em setembro de 1945. Estes blindados passavam a agregar maior capacidade de transporte de tropas, meios para autodefesa e proteção para seus ocupantes. Em 1947 Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (U.S Marine Corps), lançaria as especificações para o desenvolvimento de um veículo blindado de transporte de tropas (APC - Armored Personnel Carrier), devendo apresentar uma carroceria totalmente blindada e fechada.  Neste momento apenas duas empresas apresentariam suas propostas dentro do prazo máximo exigido pela concorrência, sendo elas a Borg Warner Company e a FMC Corporation. Estas empresas lograriam êxito em apresentar seus protótipos funcionais dentro do cronograma preestabelecido, estes veículos seriam exaustivamente testados em diversos programas comparativos, com o modelo da FMC Corporation sendo declarado como vencedor em setembro de 1955. Um primeiro contrato seria firmado, prevendo a entrega de duzentos veículos, com os primeiros sendo entregues as unidades operacionais em meados do ano e 1956, recebendo a designação de LVTP-5 (Landing Vehicle, Tracked, Personnel).  Este novo blindado de transporte de tropas apresentava dimensões e capacidades superiores aos seus antecessores, com seu batismo de fogo ocorrendo durante as primeiras fases da Guerra do Vietnã (1967-1975), obtendo razoável êxito operacional, nas tarefas a ele dedicadas. Porém, os parâmetros almejados no projeto denotavam a necessidade de uma maior capacidade de transporte de tropas ou carga, com alta proteção blindada, gerariam um grave efeito colateral, com o novo LVTP-5, carecendo de agilidade no deslocamento tanto marinho quanto terrestre. Cientes da necessidade de se superar esta deficiência, em 1969 a Marinha dos Estados Unido (US Navy), iniciaria um programa de estudos, visando o desenvolvimento de um sucessor ao LVTP-5 que atendesse aos parâmetros de desempenho almejados. Em abril de 1970, uma concorrência seria lançada, visando a avaliação e aquisição de um substancial lote de um novo veículo de desembarque de pessoal rastreado (Landing Vehicle, Tracked, Personnel - LVTP), capaz de chegar a uma praia a partir de navios off-shore, armados e blindados, e para transportar um complemento completo de vinte e cinco soldados equipados para o combate ou 5.000 kg de carga
Quatro fabricantes atenderiam a este chamado, e as análises iniciais resultariam em "short list" de dois concorrentes, com os protótipos funcionais designados como LVTPX12 sendo apresentados em janeiro de 1972 e testados exaustivamente em campo. Neste contexto a proposta apresentada proposta apresentada pela Divisão de Artilharia da FMC Corporation se mostrando mais atrativa, principalmente por apresentar uma alta comunalidade componentes com o M-113, tornando o  novo veículo mais barato e fácil de manter.  Após definição dos últimos detalhes técnicos, seria celebrado entre United Defense Corporation, uma antiga divisão da FMC Corporation Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (U.S Marine Corps) um contrato no valor de US$ 78,5 milhões prevendo a aquisição de mais de novecentos carros anfíbios com sua produção em série sendo iniciada em julho de 1972. No entanto este acordo não previa as estações de armas que seriam fornecidas a partem elevando o pacote para US$ 129 milhões. Em janeiro do ano seguinte seriam entregues as unidades de avaliação, as primeiras unidades do agora designado LVTP-7, apresentando um design inovador quando comparado ao seu antecessor LVTP-5. Seu porte o favorecia no ambiente marinho, possuindo 7,54 metros de comprimento, 3,14 metros de largura, 3,12 metros de altura, com peso vazio de 18 toneladas, e carregado com 23,5 toneladas.  Estava equipado com um novo motor Detroit Diesel 8V-53T, de 400 hp, com transmissão automática com quatro marchas a frente e uma a ré. Podia desenvolver 65,4 km/h em estradas e até 13,5 km/h na água, graças a seu novo sistema com dois hidrojatos operando em conjunto com as hélices propulsoras. Com este conjunto motriz, seria permitido um alcance de 480 km (300 milhas) e 20 milhas náuticas em mar calmo, poderia operar ainda em mar revolto, porém a uma velocidade muito degradada e com mais consumo. Estava equipado com um sistema primário de blindagem de 45 mm (1,8 polegadas), que o permitia resistir a armas de pequeno e médio calibre, proporcionando a seus ocupantes uma relativa proteção nas operações de desembarque. Em termos de aparência, o LVTP-7 se assemelhava um pouco às versões IFV (infantry fighting vehicle) avançadas do M-113, compartilhando ainda o mesmo trem de rodas e seção traseira inclinada, mas mais longos e volumosos.  Possuía um casco de alumínio totalmente soldado, protegendo a tripulação de fogo de armas pequenas e estilhaços de projéteis. Dispunha de sete blocos de visão diurna, sendo o central trocado por um periscópio de visão noturna, contando com um conjunto de luzes de direção noturna, e por fim um periscópio M-17C. O LVTP-7 podia transportar nada menos que vinte e cinco pessoas totalmente equipadas, muito mais do que o M-113, porem menos do que os trinta e quatro do LVTP-5, se adequando a nova doutrina dos fuzileiros que exigiam esquadrões de infantaria menores. 

Este soldados seriam acomodados em três bancos corridos no compartimento traseiro. Um seria colocado no centro, com posições consecutivas, e um de cada lado. Este banco central poderia ainda ser removido e os laterais dobrados, deixando espaço para cerca de 4.536 kg de carga. A entrada e saída eram feitas pela rampa elétrica traseira do veículo, também ajudando na movimentação de carga, mas essa rampa quando fechada, ainda tinha uma porta no lado esquerdo como backup. O teto do compartimento de tropas também compreendia três pesadas escotilhas de teto de mola de torção para os soldados dispararem na marcha de saída de lá, salientando que devido a essas aberturas, o LVTP7 não possui sistema  de proteção nuclear e química NBC. O compartimento traseiro também pode ser usado como ambulância, com seis macas dentro. Outros kits incluíam uma viseira de navegação e do motorista, além de um kit de inverno com aquecimento especial para os compartimentos internos testados a partir de -54 ° C no exterior. Sua autodefesa seria proporcionada por uma metralhadora M-85 com calibre de 0,50 (12,7 mm), carregando 1.000 cartuchos, dos quais 400 estão prontos, o outro armazenado no casco. Esta arma estava instalada em uma torre automatizada, derivada originalmente do modelo empregado nos carros de combate M-48 e M-60, apresentando uma elevação de + 60 ° e depressão de -15 °  e rotação eletro-hidráulica. Após aceitação oficial,  os  LVTP-7 começaram a ser distribuídas aos Batalhões de Anfíbios de Assalto Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (U.S Marine Corps), onde substituíram de imediato os LVTP-5, provando ser a decisão mais acertada possível, face ao excelente desempenho observado. Nesta primeira fase,  os positivos resultados operacionais aferidos despertariam  a atenção de outras nações, com o modelo passando a receber contratos de exportação, com versões sendo vendidas para as forças armadas da Argentina, Itália, Indonésia e Japão.  No final da década de 1970 o comando da Marinha dos Estados dos Unidos (US Navy), visando aprimorar suas táticas de guerra anfíbia, passaria a estudar melhorias a serem implementadas tanto em doutrina quanto em termos de equipamentos e armamentos. Análise detalhadas revelariam o grande potencial de crescimento operacional dos LVTP-7 para as décadas seguintes, com a empresa FMC Corporation sendo contratada para conduzir o Programa de Extensão da Vida Útil do Modelo LVTP-7 (SLEP). Este processo abrangia basicamente um completo retrofit estrutural e implementação de uma série de modificações, com o objetivo de obter expressiva melhoria em seu desempenho operacional. O motor original Detroit Diesel 8V-53T de 400 hp, seria substituído pelo novo e mais potente Cummins Diesel VT-400 de 525 hp de, operando em conjunto com uma transmissão automática mais eficiente do modelo FMC HS-400-3A1. A suspensão e os amortecedores também foram reforçados. O tanque de combustível tornou-se mais seguro, e um sistema gerador de fumaça de queima de combustível foi adicionado. O acionamento hidráulico da estação de armas foi substituído por motores elétricos eliminando assim o risco de incêndios, oito lançadores de granadas de fumaça também foram colocados ao redor da estação de armamento. 
Os aglomerados de faróis foram alojados em um recesso quadrado em vez do tipo redondo anterior. O motorista receberia um painel de instrumentos melhorado e um dispositivo de visão noturna de última geração, e um novo sistema de ventilação foi instalado. Os carros modernizados passariam a ser designados como LVTP-7A1, passando a partir de 1984 a ser redesignados como AAV-7A1 (Assault Amphibious Vehicle).  Seriam ainda desenvolvidas as versões de comando AAVC-7A1, sem a torre, equipamento de comunicação extra no compartimento de carga, antena de seis chicotes. Dois rádios de tripulação, VIC-2, dois VRC-92s, um VRC-89, um PRC-103 UHF, MRC-83 HF, sistema de interconexão de redes MSQ e socorro AAVR-7A1, também sem torre, equipado com guindaste e unidade de ferramentas para reparos em campo. É composto por uma equipe de três pessoas mais a equipe de reparos. Seu batismo de fogo se daria durante o durante a  Guerra das Falklands - Malvinas (1982), quando quando vinte LVTP-7  operados pelos Fuzileiros Navais da Argentina (Imara), foram empregados com sucesso na operação da invasão das ilhas britânicas. Em serviço no Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (U.S Marine Corps), os LVTP-7A1 seriam postos em um cenário de conflagração real, ao compor a  Força Multinacional de Manutenção da Paz em Beirute, no Líbano (Multinational Force in Lebanon, MNF), durante o período compreendido entre os anos de 1982 e 1984. Participariam ainda da operação Urgent Fury no  desembarque anfíbio em 1985 durante a invasão da   ilha de Granada na América Central. Em 1991 seriam postos a prova novamente durante a primeira Guerra do Golfo e posteriormente em 2003 durante os eventos que se sucederam a operação Unified Task Force (UNITAF) - Restore Hope da Organização das Nações Unidas (ONU) na Somália. Após Segunda Guerra do Golfo em 2003, os agora renomeados como AAV-7A1 seriam seriamente criticados por fornecer pouca proteção para a tripulação e infantes, quando em comparação com outros veículos, como o M-2 Bradley. Neste cenário seriam fustigados por lança foguetes do tipo RPG e morteiros, resultando em oito veículos destruídos durante a Batalha de Nasiriyah (23–29 de março de 2003). Ao longo dos anos, novos equipamentos acessórios e versões seriam desenvolvidos, com modelo se mantendo em produção até os dias atuais, com um total de 1.900 veículos entregues, estando em operação, nos Estados Unidos, Argentina, Brasil, Grécia, Indonésia, Itália, Japão, Filipinas, Taiwan, Espanha, Coréia do Sul e Tailândia.

Emprego na Marinha do Brasil.
O primeiro embrião das operações militares anfíbias no país, seria estruturado a partir de meados do ano de 1950, mediante a  aprovação de uma nova regulamentação para o emprego operacional do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). Este processo caracterizava uma profunda mudança de orientação operacional, preparando assim a força para desempenhar plena capacidade operativa com ênfase em operações anfíbias, criando assim a Força de Fuzileiros de Esquadra ou FFE. Nos anos seguintes começariam a ser recebidos os primeiros navios especializados na missão de transporte de tropas, o G-20 Custodio de Mello, G-16 Barroso Pereira, G-21 Ary Parreiras e G-22 Soares Dutra e também as embarcações de desembarque de pessoal como os famosos LCVP  (landing craft, vehicle, personnel) do modelo Higgins Boats, criando assim as bases materiais  para o lançamento para operações anfíbias em larga escala.  Os primeiros exercícios de desembarque anfíbio de grande porte, começariam a ser realizados no início da década seguinte, e logo se vislumbraria a necessidade de ser dispor de um veículo anfíbio com o objetivo de apoiar as operações de desembarque nas praias. Esta demanda receberia uma solução paliativa a partir de meados de 1970, com o recebimento de trinta e quatro caminhões anfíbios usados norte-americanos GMC DUWK oriundos dos estoques da Marinha Nacional Francesa (Marine Nationale), que seriam complementados posteriormente por veículos similares produzidos no pais. Seu emprego traria resultados extremamente positivos, levando o comando da Marinha do Brasil a estudar a aquisição de veículos blindados especializados neste tipo de operação. Curiosamente este interesse iria tornar o Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), o primeiro cliente do novo veículo blindado de transporte de tropas Engesa EE-11 Urutu. Estes veículos seriam incorporados ao Batalhão de Transporte Motorizado (BtlTrnpMtz), a partir de 1976, e sua operação criaria os alicerces da doutrina de emprego operacional da viatura. No entanto em uso real, o blindado brasileiro, logo se mostraria inadequado para operações de desembarque nas praias, pois neste tipo de terreno veículos com tração por rodas enfrentavam serias dificuldades de deslocamento. A solução lógica demandaria a realocação do Engesa EE-11 Urutu em outras tarefas, e o início de estudos visando a aquisição de um modelo mais adequado a este tipo de operação. Infelizmente neste período, o veículo mais indicado, o FMC LVTP-7, apresentava um custo de aquisição proibitivo, com a decisão recaindo para a escolha de um lote de carros  blindados do modelo FMC M-113A1. Estes apesar de não atenderem a todas as especificações almejadas, poderiam ser adquiridas em condições favoráveis econômicas. Outro fato que apoiaria esta decisão era o emprego deste tipo de blindado em larga escala pelo Exército Brasileiro desde o ano de 1967.

Após a tomada de decisão por esta opção alternativa, visando a incorporação de veículos desta categoria, seriam conduzidas negociações entre o governo brasileiro e o Departamento de Estado (DoD) do governo dos Estados Unidos para esta possível aquisição. Este processo se materializaria em um acordo prevendo o fornecimento de um lote de trinta carros novos de fábrica da família FMC M-113, que seria dividido em quatro modelos, sendo vinte e quatro na versão M-113A1 Transporte de Tropas, dois M-125A1 carro porta morteiro, um M-113A1G oficina e um carro socorro XM-806E1. Os primeiros veículos começariam a ser recebidos em 07 de novembro de 1976, passando a ser incorporadas ao Batalhão de Transporte Motorizado (BtlTrnpMtz).  Neste momento um grande programa de treinamento operacional seria iniciando, sendo ministrado por técnicos e militares norte-americanos em parceira com oficiais do Exército Brasileiro que já detinha grande experiencia no emprego desta viatura. Após a finalização deste processo, estas novas viaturas passariam a operar plenamente em conjunto com os Engesa EE-11 Urutu, acabando por substitui-los. Em 20 de dezembro de 1977, visando adequar a nomenclatura da missão principal da unidade, o Batalhão de Transporte Motorizado (BtlTrnpMtz), seria extinto, sendo criado assim em seu lugar, a Companhia de Viaturas Blindadas (CiaVtrBld).  O advento da introdução deste novo veículo, elevaria em muito a doutrina operacional nos processos de desembarques nas regiões litorâneas. Porém por não se tratar de um legítimo veículo anfíbio, o FMC M-113A1, apresentava como principal restrição operacional, não poder ser operado, como parte da força principal de desembarque, devendo então ser utilizado apenas a partir de navios de desembarque de doca e do embarcações de desembarque de viaturas e pessoal. Desta maneira, o comando do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), ainda se ressentia por não dispor da estratégica capacidade de lançar as tropas longe das praias, potencial este que já era explorado há anos por outras forças militares há muitos anos. Esta necessidade geraria a criação de um grupo de estudos visando a incorporação futura de veículos especializados nestas tarefas. Os parâmetros básicos definidos neste trabalho envolviam uma satisfatória proteção blindada, capacidade de autodefesa e principalmente grande agilidade de deslocamento no mar e na terra, permitindo assim o transporte e desembarque de tropas de forma rápida e segura.
Neste mesmo momento seriam estabelecidas as bases que determinariam a futura operação do novo veículo, sendo criada o embrião de uma unidade que receberiam a designação de Companhia de Carros Lagarta Anfíbios (CiaCLAnf). Estes estudos apontavam que a escolha óbvia, recairia sobre o modelo produzido pela empresa norte-americana FMC Corporation,  o LVTP-7 (Landing Vehicle, Tracked, Personnel), que já era empregado com êxito pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha dos Estados Unidos (USMC) e por outras marinhas. Em termos operacionais, a escolha estava embasada também em experiencias de oficiais brasileiros que já haviam entrado em contato com este modelo, em treinamentos conjuntos com seus pares norte-americanos anteriormente. Somando a este fator, o grande sucesso no emprego deste veiculo, pelos Fuzileiros Navais da Argentina (Imara), durante a invasão das ilhas britânicas durante a guerra das Falklands Malvinas em 1982.  Um acordo para aquisição seria firmado em setembro de 1984,  junto ao Departamento de Estado (Dod) do Governo Norte-Americano, fazendo uso dos vantajosos termos do programa de Vendas Militares a Estrangeiros (FMS - Foreign Military Sales).  Este  contrato envolveria a  obtenção de doze carros do tipo Veículo de Assalto Anfíbio (Assault Amphibian Vehicle), dispostas na versão modernizada do FMC  AAV-7A1, oriundas dos estoques Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados (USMC). Estas viaturas haviam sido recentemente revisadas e retiradas do serviço ativo, passando a compor a  reserva técnica daquela força, apresentando assim um excelente nível de conservação. Este lote seria dividido em dez unidades na versão de transporte de tropas, um carro comando e um veiculo do tipo socorro. Estes "novos" FMC AAV-7A1 seriam recebidos em julho de 1986, sendo desembarcados no píer da Praça Mauá no Rio de Janeiro, e ao serem incorporados ao acervo do Corpo de Fuzileiros Navais, foram classificados e denominados como Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf). Em um breve período de três meses, seriam conduzidos programas envolvendo os cursos de operação e manutenção da nova viatura contando com apoio de militares norte-americanos, e após a conclusão deste estágio, os carros seriam oficialmente, incorporados junto a Companhia de Carros Lagarta Anfíbios (CiaCLAnf). 

O início das operações deste novo veículo, representaria um passo significativo na evolução da doutrina da guerra anfíbia no Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), sendo prioritariamente, utilizados no apoio ao combate, os Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf) Transporte de Pessoal, passariam a ser empregados para realizar o Movimento Navio para a Terra (MNT), aumentando assim  a mobilidade, provendo significativa proteção blindada, proporcionando a ampliação  do poder de fogo das tropas embarcadas, por meio do emprego dos armamentos orgânicos das viaturas. O emprego dessas viaturas permitiu que fossem executados desembarques em trechos do litoral, até então impossíveis de se realizar com as embarcações de desembarque de carros, aumentando assim o poder de choque e a impulsão das vagas de assalto, devido às velocidades desenvolvidas, tanto na água como no terreno e sob proteção blindada.  Extremamente versáteis os blindados FMC AAV-7A1 CLAnf, passariam a ser intensamente empregados em tarefas de transporte de pessoal e carga, operando a partir de navios de desembarque de doca, como o G-30 Ceará ou navios doca multipropósito como o G-40 Bahia. Estas viaturas dispõem de capacidade de transporte de até vinte e cinco militares totalmente equipados para combate (incluídos os três componentes da guarnição). Os FMC AAV-7A1 CLAnf, seriam ainda ser operados como como viatura de apoio logístico, podendo transportar até 4.536 Kg de carga geral, preferencialmente paletizada.  Já o  CLAnf Comando seria destinado as tarefas de comando e controle possuía uma quantidade de equipamentos rádio suficiente para operar um Centro de Operações de Combate (COC), sendo seguido nas operações pelo  CLAnf Socorro que fora desenvolvido para prestar manutenção de até terceiro escalão dos CLAnf avariados em missão. Para isso a viatura é equipada com um guincho (17 toneladas), um guindaste (2,9 toneladas), um compressor de ar, um gerador de corrente alternada, um equipamento de solda e diversas ferramentas especiais. Ao longo dos anos estes veículos apresentariam excelente resultados, com sua versatilidade podendo ainda ser comprovada  em operações de transporte no ambiente urbano, quando alguns destes carros tiveram destacada participação, durante as ações em prol da segurança pública de Garantia da Lei e Ordem (GLO) deflagrada pelo Governo Federal no estado do Rio de Janeiro, no ano de 2010, atuando em ações de invasão das comunidades da zona sul daquela metrópole.
O grande êxito obtido no emprego operacional dos Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf) do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), levaria o comando da Marinha do Brasil a estudar a aquisição de um segundo lote deste modelo, com negociações sendo conduzidas novamente junto ao Departamento de Estado Americano (DoD) para tratar esta  aquisição nos vantajosos termos do  Programa de Vendas Militares a Estrangeiros (FMS - Foreign Military Sales). Em meados de 1986, este processo receberia a autorização oficial do governo daquele país, resultando na celebração de um contrato junto ao fabricante United Defense Limited, para a compra de quatorze carros do modelo de segunda geração, sendo dez da versão de transporte AAVP-7A1, um carro comando AAVC-7A1 e um carro socorro AAVR-7A1.  Estas novas viaturas apresentariam muitas melhorias, estando equipadas com uma nova torre automatizada, armada com uma metralhadora pesada M-2HB de calibre .50 (12,7 mm) e um lançador de granadas de 20 mm MK-19 aumento seu poder de fogo. Visualmente os carros destes dois lotes diferem em alguns detalhes, como por exemplo a alteração da especificação de diversos parafusos de fixação de componentes, podendo fazer uso ainda de kits de blindagem adicional. Este aumento da frota aumentaria em muito a capacidade de operação da Companhia de Carros Lagarta Anfíbios (CiaCLAnf), aumentado o poder de projeção do  Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). No ano de 2018, o Ministério da Defesa negociaria junto ao governo norte-americano a aquisição de vinte e três novos AAVP-7A1 RAM de terceira geração. Estes novos blindados possuíam motor mais potente, uma nova transmissão e um sistema de suspensão mais robusto, oferecendo melhor mobilidade, maior velocidade e melhores condições de conforto e segurança para a tropa embarcada, contribuindo para o aumento da capacidade da Marinha do Brasil em projetar poder sobre terra por meio de Operações Anfíbias.

Em Escala:
Para representarmos o FMC AAVP-7A1 CLAnf de primeira geração, fizemos uso antigo do kit Academy na escala 1/35, modelo muito básico que não apresenta nenhum detalhamento do interior.  Para se configurar a versão operada pelo Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), deve-se alterar o posicionamento dos faróis, pois o modelo original representa a primeira versão de produção o LVTP-7. Felizmente o conjunto ótico do modelo LVP-7A1 é fornecido a parte deste kit, bastando assim proceder uma rápida alteração. Empregamos decais confeccionados pela Eletric Produtcs presentes no Set “Fuzileiros Navais da Marinha Brasileira”.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura adotado pelos AAVP-7A1 CLAnf pertencentes a Companhia de Carros Lagarta Anfíbios (CiaCLAnf), substituindo assim os dois padrões de camuflagem originais do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC) com os quais foram recebidos em 1986. Atualmente um terceiro padrão foi adotado para os veículos blindados da Marinha do Brasil, sendo mantido até os dias atuais.

Bibliografia :

- Assault Amphibious Vehicle - Wikipedia -  http://en.wikipedia.org/wiki/Assault_Amphibious_Vehicle
- Fuzileiros Blindados Parte II - Operacional - http://www.operacional.pt/fuzileiros-blindados-ii/
- Tecnologia e Defesa - Mais Clanfs para a Marinha do Brasil - 
http://www.tecnodefesa.com.br/materia.php?materia=363
- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado - Volume II, por Expedito Carlos Stephani Bastos