HB-350L1 Esquilo e AS-550 A2 Fennec

História e Desenvolvimento. 
O renascer da indústria de defesa francesa que fora dizimada pela ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial, viria começar a ocorrer logo após o término do conflito, durante o processo de reconstrução da indústria de manufatura nacional. Este movimento levaria além do restabelecimento das tradicionais empresas, o surgimento de novos conglomerados industriais e principalmente produtos de renome mundial, com grande destaque no segmento aeronáutico, onde destacamos a produção de aeronaves de asas rotativas. Além de grandes incentivos e investimentos por parte do governo francês, grande parte do know how foi transferido a partir da produção de aeronaves sob licença de origem norte-americana e britânica, com estes projetos sendo capitaneados pelas empresas Société Nationale de Constructions Aéronautiques du Sud-Quest  (SNCASE) e Société Nationale de Constructions Aéronautiques du Sud-Ouest  (SNCASO). Assim logo em pouco tempo a capacidade da indústria aeronáutica francesa se materializaria no desenvolvimento de diversos projetos nacionais. Desses, de longe o de maior sucesso culminaria no modelo Alouette II, um helicóptero projetado pela Société Nationale de Constructions Aéronautiques du Sud-Quest  (SNCASE), equipado com motor turbo eixo, que faria sua estreia operacional em março de 1955. Este helicoptero e suas versões posteriores se manteriam em produção até o ano de 1975, levando os franceses a conquistar uma significativa parcela do mercado internacional de aeronaves de asas rotativas. Em 1 de março de 1957 estas duas empresas pioneiras, seriam fundidas, formando o grupo  Sud Aviation, um novo movimento deste ocorreria em 1970 quando uma nova fusão de empresas estatais de defesa resultaria na criação da Société Nationale Industrielle Aérospatiale  - Aérospatiale. Apesar da atuação da empresa em campos tão dispares como satélites, mísseis e jatos executivos, o desenvolvimento e a produção de helicópteros ainda permaneceria como o principal sustentáculo financeiro da empresa. De fato, a empresa empenharia consideráveis recursos para desenvolver uma variada família de aeronaves de asas rotativas, principalmente na missão de se desenvolver um sucessor para os consagrados modelos Alouette II e III.

A primeira resposta a esta demanda seria materializada em 1965 na concepção do projeto do modelo anglo-francês Aérospatiale Gazelle, porém o alto custo de aquisição deste helicóptero iria inibir neste momento sua penetração no mercado civil internacional. Assim desta forma, munidos de toda a experiencia obtida no desenvolvimento do Aérospatiale Gazelle, a equipe de projetos da empresa se debruçaria sobre a prancheta de projetos, com o objetivo de conceber uma nova uma nova aeronave de asas rotativas, voltada ao atendimento de exigentes especificações relatadas pelos potenciais usuários, entre estas destacavam reduzidos índices de ruido e vibrações, capacidade de transporte e baixo custo operacional.  Estas premissas seriam fundamentais, pois almejava-se que a nova aeronave fosse extremamente competitiva quando comparado ao seu principal concorrente internacional, o norte-americano Bell 206 Jet Ranger. Assim o projeto final compreendia um helicóptero mono turbo eixo com capacidade para transportar até cinco passageiros e tripulantes, empregando alta tecnologia em termos de avionica e ainda assim apresentar custos de aquisição e operação significativamente mais baixos que o Aérospatiale Gazelle. Ao adaptar os processos de produção empregados na indústria automotiva, incluindo até o uso de componentes comuns em carros da linha Citroen e Renault, o fabricante lançaria mão do novíssimo sistema Starflex para o rotor principal, resultando assim em um eficiente e econômico helicóptero de porte leve capaz de atender as múltiplas tarefas e missões típicas dos setores civil e militar. O primeiro protótipo da aeronave designado como Aérospatiale AS350-001, estava equipado com um motor turbo eixo Lycoming Avco LTS -101 com 592 shp de potência, e realizaria seu  voo inaugural em 27 junho de 1974, sendo conduzido pelo piloto de testes Daniel Bernard Certain Bauchart. Os primeiros ensaios em voo seriam realizados e os resultados iniciais apontavam para a baixa potência dos motores norte-americanos, optando assim pela substituição, fazendo uso para isso do motor nacional Turbomeca Arriel 1B que entregava 641 shp desenvolvido especialmente para helicópteros de pequeno porte . O segundo protótipo já equipado com este novo motor alçaria voo em 14 de fevereiro de 1975.
Este protótipo seria extensamente ensaiado em voo, com o projeto passando a receber melhorias, e após a finalização deste programa passaria a ser submetido aos processos de certificação internacional. Em 1977 após a obtenção das devidas certificações, o agora denominado Aérospatiale AS350B Écureuil (Esquilo), seria lançado nos europeus e norte-americanos, passando rapidamente a receber grandes pedidos de compra no final deste mesmo ano. Além de vendas as empresas a Aérospatiale conquistaria grande pedidos governamentais para emprego no segmento policial e de socorro aero médico. O sucesso observado do mercado civil e paramilitar, motivou a empresa francesa a desenvolver uma versão para o mercado militar, tendo como foco primordial o treinamento e conversão de pilotos, apresentando como missões secundarias transporte VIP (Very Important Person), ligação e observação. Este novo modelo inicialmente passaria a contar com o motor Turbomeca Arriel 1D que entregava uma potência nominal de 684 shp, resultando em um perfil de desempenho ligeiramente superior a versão civil. Os primeiros contratos da versão militar AS350 BB, seriam celebrados com a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) e  com Aviação Leve do Exército Francês (ALATP), sendo empregados no treinamento e formação de pilotos de asas rotativas passando a substituir as primeiras versões do Aérospatiale Gazelle. No entanto seu contrato mais representativo seria firmado com o governo britânico, com a compra de sessenta aeronaves para emprego junto a Defence Helicopter Flying School (Escola de Voo de Helicópteros de Defesa), organização militar destinada a formação conjunta dos pilotos de asas rotativas da Força Aérea Real (Royal Air Force), Exército Real (Royal Army) e Marinha Real (Royal Navy). O quarto cliente militar seria a Marinha do Brasil, com um contrato para a produção sob licença no pais, com um contrato sendo celebrado em 1978. Posteriormente um grande número de helicópteros desta família seriam exportados para emprego em tarefas de treinamento e transporte na Argentina, Arabia Saudita, Botswana, Benin, Burkina Faso, Burundi, Austrália, Canadá, Chile, Camarões, Gabão, Camboja, Paquistão e República Centro-Africana.

Ao final década de 1980, a família de helicópteros Aérospatiale AS350B e AS355B Écureuil (Esquilo) já era um grande sucesso comercial, operando em vários países tanto no mercado civil como no militar, e o grande número de aeronaves disponíveis cada vez mais impactava positivamente na cadeia de custos de peças de reposiçao e processos de manutenção, o que valorizava cada vez mais o emprego do modelo. Neste momento a diretoria da empresa vislumbraria um grande mercado potencial para o uso militar da aeronave, agora passando a ser dedicada a missões mais especializadas, entre elas ataque a solo, apoio aproximado, patrulha marítima, guerra antissubmarino (ASW), ataque anti-superficie (ASM) e busca e salvamento de combate (Combat-SAR). Duas células das versões civis das aeronaves mono e bi turbina seriam empregadas para o desenvolvimento, sendo acrescidos reforços estruturais, blindagem para o grupo motriz e para os tripulantes (piso e assentos blindados), nova avionica embarcada mais adequada a missões de combate, preparação para instalação de sistemas de imageamento diurno e noturno, óculos de visão noturna (OVN/NVG) e dispositivos de defesa passiva, porém  uma das melhorias mais importantes seria a troca da motorização original por um novo motor Turbomeca Arriel 2B turboshaft com 847 hp. Em termo de pacotes de armas ambas as versões poderiam ser equipadas com um canhão automático de 20 mm Giat M621, casulos com metralhadoras FN Herstal de calibre 7,62 mm ou 12,7 mm, lançadores de foguetes não guiados com sete de 70 mm ou doze de 68 mm e misseis anti tanque norte-americanos TOW BGM-71. Durante o ano de 1989, estes protótipos seriam testados e ensaiados em voo apresentando grandes perspectivas operacionais.
Em 1 de janeiro de 1990, a Aérospatiale mudaria o sistema de designação de produção, com aeronaves militares passando a ser identificadas pelo número, assim o modelo monomotor AS350 tornar-se-ia o AS550, e o bimotor AS355 se tornaria o AS555, com estas aeronaves passando a ser oferecidas no mercado internacional de defesa. Em 1992 um processo de fusão englobaria as divisões de produção de aeronaves de asas rotativas das empresas Aérospatiale e Messerschmitt-Bölkow-Blohm, nascendo assim a European Aeronautic Defence and Space Company (EADS), que renomearia esta família de helicópteros militares como Fennec, distinguindo assim da versão civil Écureuil (Esquilo). Os modelos militares estariam dispostos nas versões AS50 C2 Fennec, AS550 U2 Fennec e AS550 C3 Fennec. Os primeiros contratos de exportação seriam celebrados ainda no ano de 1990, envolvendo entregas para as forças armadas da França, Argentina, Brasil, Colômbia, Argélia, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Malásia, México, Singapura, Paquistão, Uzbequistão e China (versão produzida localmente do Z-11). Esta família de aeronaves designada comercialmente em 2005 como H125, permanece em produção contínua pela Airbus Helicopters até os dias atuais, acumulando mais de três mil e setecentas células entregues ao mercado civil forças de segurança e também mais de quarenta forças armadas militares ao redor do mundo. Apesar da idade das aeronaves, constantes programas de retrofit estrutural e modernizações garantem que esta família de aeronaves de asas rotativas ainda se manterá na ativa por mais pelo menos vinte e cinco anos neste século.

Emprego no Exército Brasileiro
A origem da Aviação do Exército Brasileiro tem como cenário os campos de batalha de Humaitá e Curupaiti, durante a  Guerra da Tríplice Aliança em 1867. Ao patrono do exército Luiz Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias, coube o pioneirismo de empregar balões cativos em operações militares na América do Sul, com a finalidade de observar as linhas inimigas. Seria o chefe militar que já estava atento a importância da terceira dimensão do campo de batalha para o desdobramento das manobras. Legaria ao Exército Brasileiro a honra de ter sido a primeira força a utilizar balões para observação e busca de informações, o que possibilitaria as forças aliadas observar as formidáveis fortificações paraguaias de Curupaiti e Humaitá, e assim auxiliar de maneira decisiva no planejamento e a montagem da ofensiva de grande porte. Após o término deste conflito, seria criado o Serviço de Aerostação Militar, cujas atividades balonísticas se desenvolveriam por mais quarenta e sete anos. Em 1913, seria criada a Escola Brasileira de Aviação (EsBAv) no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro (RJ), ocasião em que seriam adquiridos os primeiros aviões do exército de fabricação italiana. Com o término da Primeira Guerra Mundial, o Exército Brasileiro resolveria retomar as atividades da aviação. Para isso deu início à sua escola de formação de aviadores militares – 1919, precursora do atual Centro de Instrução de Aviação do Exército (CIAvEx). O ano de 1931 marcaria o início das atividades do Correio Aéreo Militar (CAM), que junto com o Correio Aéreo Naval (CAM), formariam um sistema postal aero em âmbito nacional. O Correio Aéreo Militar (CAM) traria repercussões profundas na evolução da aviação militar e no desenvolvimento do próprio país. Por fim permitiria a Aviação Militar a descobrir aeronauticamente o Brasil interior. Por decreto presidencial, em 20 de janeiro de 1941, seria criado o Ministério da Aeronáutica (MAer), atribuindo-se à Força Aérea Brasileira a exclusividade na operação e trabalhos relativos à atividade aérea nacional, extinguindo-se neste momento a Aviação Naval Brasileira e a Aviação Militar, encerrando assim a fase inicial da aviação do Exército Brasileiro.

Em meados da década de 1980, o Ministério do Exército se encontrava empenhado em um audacioso plano de modernização do Exército Brasileiro denominado como programa FT-90 (Força Terrestre 90). Umas das vertentes deste projeto enfatizava a necessidade de se implantar uma aviação própria de asas rotativas, pois cada vez mais as experiências e constatações colhidas dos conflitos bélicos, após a Segunda Guerra Mundial mostravam a necessidade da força militar terrestre dominar e utilizar a faixa inferior do espaço aéreo, buscando mobilidade tática e o aumento do poder de combate. Acompanhando a evolução de outras forças terrestres, o comando do Exército Brasileiro conscientizou-se da necessidade de implantar uma aviação própria e, com isso, propiciar um maior poder, mobilidade e flexibilidade à força terrestre. Buscando a modernização e a adequação da força ao novo cenário, na década de 1980, o Estado-Maior do Exército iniciaria os estudos doutrinários para o  emprego de aeronaves de asas rotativas em proveito das forças de superfície de infantaria e cavalaria. Em 1986, estes estudos culminariam na criação da Diretoria de Material de Aviação do Exército (DMAvEx) e do 1º Batalhão de Aviação do Exército (1º BAvEx). Fisicamente, a “nova” Aviação Militar passaria realmente  a tomar forma com a instalação do 1º Base de Aviação do Exército (BAvEx )na cidade de Taubaté no interior do estado de São Paulo, em janeiro de 1988. Esta localidade seria escolhida, dentre outras, principalmente por sua posição estratégica no eixo Rio - São Paulo – Minas Gerians e por sua proximidade junto aos importantes centros industriais e de pesquisa na áreas da aviação, como a Embraer, Helibras (Helicópteros do Brasil S/A)  e o Centro Técnico Aeroespacial (CTA), além de industrias estratégicas  para a produção de munições  e sistemas de armas como a Avibras S/A e Imbel S/A. 
Definida a estrutura conceitual e organizacional, faltava agora definir os vetores, desta maneira em 1987 seria lançada Diretoria de Material de Aviação do Exército (DMAvEx) uma concorrência internacional para a aquisição de pelo menos cinquenta helicópteros de  porte leve e médio, que deveriam ser fornecidos em dois lotes distintos.  Diversas empresas apresentariam suas propostas comerciais, com a escolha recaindo sobre a oferta realizada pelo consorcio formado entre a empresa francesa Aeroespatiale e sua subsidiaria brasileira a Helibras S/A. Além das excelentes condições técnicas e comerciais apresentadas, pesava positivamente a adoção e emprego de uma grande quantidade de helicópteros produzidos por esta empresa por parte da Marinha do Brasil e da Força Aérea Brasileira. Negociaçoes seriam conduzidas resultando em 1988 na celebração de um contrato prevendo a aquisição de dezesseis helicópteros de porte leve Helibras HB350 L1 – Esquilo, e trinta e seis helicópteros de porte médio do modelo Aérospatiale AS365 K Pantera. Ao contrário dos Aérospatiale AS365 K Pantera, que seriam fabricados nas instalações da empesa na França, os Helibras HB350L1 seriam  montados em Itajubá – MG, na fábrica da Helibras S/A. Estas aeronaves receberiam a designação militar de HA-1 (Helicóptero de Ataque 1), passando a portar as matrículas de “EB 1001 a EB 1016”. O cronograma contratual previa a entrega das aeronaves entre os anos de 1989 e 1991, com a primeira aeronave o Helibras HA-1 EB 1001 sendo oficialmente entregue no dia 21 de abril de 1989, em cerimônia militar na sede do 1º Batalhão de Aviação do Exército (1º BAvEx), na cidade de Taubaté – SP. Os bons resultados operacionais aferidos nos anos iniciais levariam a necessidade de ampliação da frota, gerando assim um aditivo contratual que permitiria  a compra de mais vinte células, da versão AS 550 A2 Fennec, para o emprego em  missões de escolta e reconhecimento armado. Estas novas células seriam entregues entre os anos de 1992 e 1992, com estas aeronaves mantendo a designação HA-1 e recebendo as matriculas de “EB 1017 a EB 1037.

Estas novas aeronaves seriam alocadas nos recém-criados 1º, 2º e 3º Batalhões de Aviação do Exército (BAvEx) sediados respectivamente nas cidades de Taubaté no estado de São Paulo e Campo Grande no estado do Mato Grosso do Sul. Estas unidades e seus vetores apresentam por premissa a missão de executar tarefas de transporte, emprego geral, ligação, reconhecimento e ataque leve. Para estas tarefas o Helibras HA-1 Esquilo – Fennec  pode ser equipado com um gancho hidráulico externo com capacidade para 750 kg e guincho lateral para 136 kg. Em termos de armamento, os Helibras HA-1 Fennec podem ser equipados com lançadores de foguetes não guiados Avibras SBAT de 70 mm e metralhadoras axiais FN MAG de calibre 7,62 mm e M3P calibre .50 polegadas. Em 2005, os Helibras HA-1 Esquilo - Fennec passariam a contar com o sistema de visão térmica  FLIR (Forward Looking Infra-Red)  Star Safire I, passando a conceder uma nova capacidade operacional para estes esquadrões posteriormente mais sistemas de FLIR agora do modelo Safire III seriam adquiridos. Em setembro de 2009, o Exército Brasileiro realizaria a aquisição de quatorze sistemas de visão noturna, e a adoção destes dois sistemas distintos comporiam o sistema “Olhos da Águia”, exigindo a instalação de antenas na parte inferior das aeronaves limitando assim seu pouso terrenos não preparados. Este sistema pode ser empregado em missões de Reconhecimento ou Comando e Controle, permitindo ao Comandante e seu Estado Maior receberem, em tempo real, informações através de imagens de vídeo ou infravermelho (FLIR), retransmitindo-as se necessário ao Escalão Superior. Além disso, a aeronave pode servir de plataforma para retransmissão de mensagens do comandante para a sua tropa que opera na superfície, aumentando assim o alcance dos meios de comunicações. Da mesma forma, nas operações aeromóveis, este sistema permite a coordenação das frações de helicópteros envolvidas, quer retransmitindo mensagens, quer informando aos comandantes a posição de suas aeronaves. Em operações noturnas, a utilização do sistema está restrita a áreas previamente reconhecidas e que atendam aos requisitos operacionais para o vôo visual noturno, tendo em vista o helicóptero ainda não ser dotado com iluminação que permita o vôo com óculos de visão noturna.
Além de cumprirem as mesmas missões e empregarem os mesmos armamentos e sensores dos Fennecs, os  HA-1 Esquilos também são empregados no programa na formação de novos pilotos no CIAvEx (Centro de Instrução de Aviação do Exército), sediado também na cidade de Taubaté.  Entre os anos de 2010 e 2011, três Helibras HÁ-1 Esquilo – Fennec com as matriculas "EB 1011", "EB 1016" e “EB 1029” seriam perdidos em acidentes. Em operação há mais de vinte anos, ficava clara a necessidade de atualização destas aeronaves, levando o Comando de Aviação do Exército (CAvEx) a iniciar estudos visando a implementação de um abrangente processo de revisão estrutural e modernização, com este programa sendo desenvolvido em parceria com a Helibras S/A. Definidos os parâmetros básico deste programa, em 30 de dezembro de 2007 seria assinado no Quartel General do Exército, em Brasília um contrato no valor de US$ 92 milhões, visando a modernização de trinta e três aeronaves HÁ-1 Fennec – Esquilo que se encontravam em operação neste momento, e também a recuperação e modernização de três células que se encontravam armazenadas. Este projeto contemplaria a instalação de sistemas aviônicos modernos e adaptados ao emprego de visão noturna (OVN), configuração do painel de instrumentos no padrão "glass cockpit, piloto automático, novos rádios Nav-Com seguros e equipamentos de missão, tais como bancos, proteção balística, defesa passiva e novos suportes para armamento, prevendo a adoção de misseis ar solo e canhão de 20 mm. O primeiro protótipo da versão modernizada o HÁ-1 EB 1019 alçaria voo em 13 de março de 2014, com as primeiras aeronaves retornando os seus esquadrões de origem no ano de 2015, com a última célula modernizada o HA-1 Fennec “EB 1022” sendo entregue em 03 de dezembro de 2021. Este programa permitira a estas aeronaves estender sua vida útil por mais 25 anos.

Em Escala.
Para representarmos o Helibras HA-1 Esquilo "EB 1017" empregamos o antigo kit  Heller embalado pela empresa brasileira HTC Modelismo na escala 1/48. Implementamos uma série de modificações necessárias para representar a versão  em uso pela Aviação do Exército Brasileiro , contemplando a alteração do exaustor da turbina, inclusão de corta fios e sistema de FLIR Safire I com seus sensores e antenas confeccionados em scratch build. Fizemos uso de decais do fabricante FCM Decais presentes no set 48 / 08.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura empregado nas aeronaves HA-1 Esquilo e Fennec , sendo este implementado em todas as aeronaves da força a partir do ano de 2002, acreditamos que as células modernizadas devam continuar ostentando este mesmo padrão.



Bibliografia :

-  Eurocoppter AS550 FENNEC - http://en.wikipedia.org/wiki/Eurocopter_Fennec 
-  Modenização HÁ-1 - E-Blog do Exército Brasileiro, outubro 2014 via CECOMSEx 26
- HA-1 Fennec HM-1 Pantera - Revista Força Aérea Edição 22 - 2002 
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 Jackson Flores Jr

M-3 e M-3A1 Stuart CCL

História e Desenvolvimento. 
A Europa, a partir da segunda metade da década de 1930, presenciaria um forte programa de rearmamento por parte Alemanha, que apesar das limitações impostas pelo Tratado de Versalhes (assinado após o término da Primeira Guerra Mundial) avançava em escaramuças a largos passos. O governo alemão, que era regido partido nacional socialista (Partido Nazista) e liderado pelo chanceler Adolf Hitler, começava a esboçar preocupantes ambições em termos de expansão territorial na Europa. O plano secreto de fortalecimento militar alemão, estava focado no desenvolvimento de novos conceitos e doutrinas militares, que acabariam resultando na tática de combate "Blitzkrieg" (Guerra Relâmpago), um revolucionário método de guerra ofensiva projetado para desferir um golpe rápido e focado em um empregar em conjunto forças móveis e manobráveis, incluindo tanques blindados e apoio aéreo. Este conceito apresentava como um de seus principais pilares o desenvolvimento de carros de combate blindados, que deveriam apresentar como principal característica a combinação de velocidade, mobilidade, blindagem, controle de tiro e poder de fogo. Assim seus modelos deveriam ser desenvolvidos para serem superiores em todos os aspectos aos seus pares disponíveis na época. Do outro lado do oceano atlântico, estas ameaças não passariam desapercebidas aos olhos do comando do Exército dos Estados Unidos (US Army), que deflagaria um abrangente programa de estudos, que visava o desenvolvimento novos carros de combate que teriam por objetivo principal substituir os já obsoletos carros de combate leves dos modelos M-1 e M-2. Estes novos carros de combate deveriam ainda em hipotéticos cenários de conflagração, poder rivalizar com os novos carros de combate alemães e japoneses que se encontravam em fase inicial de operação. Esta importante demanda resultaria em julho de 1940, no estabelecimento de um programa dedicado a criar uma nova família de carros de combate, que receberia a designação militar oficial de  M-3 Light Tank. Este programa ficaria inicialmente sob a gestão do U.S. Army Ordnance Department (Departamento de Artilharia do Exército dos Estados Unidos), com seu projeto conceitual sendo baseado no emprego de uma nova arma principal de 37 mm, o canhão M-22. 

Seu sistema de blindagem seria projetado para poder oferecer resistência a tiros de armas antitanque do mesmo calibre de sua arma principal. Esta premissa levaria ao emprego de um novo sistema de suspensão muito diferente do utilizado no M-2 Light Tank, sendo dimensionado para assim suportar o peso excedente proveniente da nova blindagem. Para melhoria da equalização do peso total do veiculo, seria adicionado nas lagartas uma polia extensora traseira de maior diâmetro, aumentando assim a superfície de contato com o solo. A fim de se abrigar a nova peça de artilharia, uma nova torre com potencial de giro de 360º seria desenvolvida, sendo inicialmente soldada e rebitada em formato oitavado. No intuito de se acelerar a produção, seria decidido modificar novamente a torre, utilizando agora uma única chapa laminada moldada de espessura de 31,75 mm na frente e lateral. No entanto ao longo dos anos seguintes a torre do canhão  seria , alvo de diversas alterações ao longo de sua produção.  Este novo carro de combate leve seria projetado para operar com uma tripulação reduzida de quatro homens, composta por motorista, comandante, municiador e auxiliar. Nos primeiros modelos concebidos, o comandante do carro , desempenharia também a tarefa de artilheiro do canhão de 37 mm. Já nos modelos mais modernos, após a adoção do conjunto de periscópicos para uso dos dois tripulantes da torre, a posição do comando do carro seria posicionada ao lado direito, passando a atuar também na  função de municiador. O modelo seria testado em campo, e apesar de um certo ceticismo por parte de um grupo de analistas mais críticos que avaliavam que quando comparado a seus adversários, o modelo apresentava uma duvidosa capacidade de proteção, devido sua fina blindagem, e questionava-se também a real eficácia da arma de 37 mm frente a couraça dos carros de combate alemães de nova geração. Apesar destas importantes ressalvas, a necessidade de se atender rapidamente as demandas norte-americanas de de seu possíveis aliados levaria a decisão de se iniciar imediatamente a produção em larga escala junto as  linhas de montagem da empresa Baldwin Locomotive Works  American Locomotive Company. Ao ser introduzido em serviço a partir maio de 1941, o M-3 Light Tank passaria a ser o mais moderno carro de combate do Exército dos Estados Unidos (US Army).
Neste momento o novo carro de combate leve, receberia o nome de batismo de M-3 'Stuart", em homenagem a James Ewell Brown “Jeb” Stuart, um renomado oficial das Forças Confederadas dos Estados Unidos. Este nome de batismo seria também adotado pela Grã-Bretanha, que logo se tornaria o primeiro cliente de exportação do modelo, com uma grande encomenda sendo firmada nos termos do programa de Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Neste contexto a produçao de exportação seria priorizada em detrimento as necessidades norte-americanas, muito em função de dotar o Exército Real (Royal Army) de uma capacidade numérica capaz de enfrentar as unidades blindadas do África Korps, pertencentes ao Exército Alemão (Wehrmacht), no teatro de operações da África do Norte. Ao todo seriam entregues aos britânicos um total 5.532 destes carros de combate, dispostos em diversas versões. Dentro deste mesmo programa, um total de 1.676 carros de combate leve M-3 Stuart seriam cedidos a União Soviética, tornando o Exército Vermelho de Trabalhadores e Camponeses o segundo maior operador do modelo. Apesar de apresentar uma série de deficiências face a seus adversários, o M-3 Stuart teria destacado papel nesta fase inicial do conflito, vindo a reforçar provisoriamente as debilitadas forças blindadas aliadas, ganhando tempo para a aceleração da capacidade industrial norte-americana. Os temores identificados por parte dos oficiais do Exército dos Estados Unidos (US Army), sobre as reais capacidades da força blindadas inimigas, seriam totalmente confirmados ao eclodir da Segunda Guerra Mundial em setembro de 1939, durante a invasão da Polônia. Esta tese seria reforçada no ano seguinte, durante a campanha da França, quando os novos carros blindados alemães dos modelos Panzer III e Panzer IV obtiveram esmagadoras vitorias em enfrentamentos com os melhores carros de combate franceses e ingleses disponíveis até então. O batismo de fogo em mãos norte-americanas se daria a partir de 8  de dezembro de 1941, quando dos enfrentamentos decorrentes da invasão japonesa a Filipinas. Porém estes estavam disponíveis em um número inferior ao necessário e pouco contribuiriam no esforço de defesa das ilhas, com os veículos remanescentes sendo capturados após a rendição das forças norte-americanas em março do ano seguinte. 

Já seu emprego contra os carros de combate alemães e italianos ocorreria em meados do ano de 1943 no deserto da Tunísia, quando viriam a sofrer pesadas perdas. Estes resultados negativos não podiam ser creditados apenas a inferioridade do equipamento, mas de maneira fundamental proporcionados pela inexperiência de suas tripulações, que se defrontariam com oponentes detentores de vasta experiência. Os ensinamentos adquiridos em combate, obrigariam os projetistas a proceder uma série de melhorias e modificações, entre estas destacava-se a alteração do motor, pois a escassez de motores radiais a gasolina (que eram destinados com prioridade a indústria aeronáutica), obrigariam o fabricante a empregar motores a diesel. A insegurança sobre a efetividade operacional desta mudança de motor, definiria o emprego de grande parte destes carros somente no continente norte-americano, sendo destacados para o treinamento de tripulações. Muitos destes carros seriam ainda exportados para nações aliadas, com sua produção atingindo um total de 1.285 veículos com esta motorização. Sendo considerado nas fases iniciais do conflito o principal carro de combate leve das forças aliadas, a grande quantidade de veículos em campo levaria a oportunidade de se aproveitar a possível comunalidade da plataforma, criando versões de serviço que fariam uso do mesmo fluxo logística de peças de reposição, facilitando ainda a manutenção em campo. Este cenário proporcionaria o campo para desenvolvimento de versões especializadas (viaturas novas ou modificadas), resultando na criação dos modelos M-3 e M-5 Command Tank (Carro Comando), T-8 Reconnaissance Vehicle – (Carro de Reconhecimento Leve sob Esteiras), M-5 Dozer (Veículo de Engenharia), M-8 e M-8A1 Scott (Obuseiro Autopropulsado de 75 mm), M-3 e M-3A1 Flame Gun (Lança Chamas), Stuart Race (versão britânica para reconhecimento). Estas versões especializadas começaram a entrar em serviço no início de 1942 e estima-se que um total de 2.450 veículos foram produzidos ou convertidos durante a Segunda Guerra Mundial. Estas versões especializadas proporcionaram um novo alento na contribuição da família de carros de combate blindados leves M-3 e M-5 Stuart no esforço de guerra aliado se desdobrando em diversas tarefas de apoio. 
Já durante a segunda fase da campanha do Pacífico, esses carros blindados leves dominariam o campo de batalha. pois quando operados por tripulações experientes, passariam a exercer superioridade perante qualquer blindado japonês, e seu perfil leve facilitava em muito seu deslocamento nas ilhas tropicais. Apesar de todas as modernizações implementadas no projeto, o veículo havia chegado ao limite de sua capacidade blindada, com seu projeto não permitindo a adoção de um canhão de maior calibre, com suas versões posteriores, passando a ser substituídas pelos novos carros de combate leves  M-24 Chaffe. Sua produção seria encerrada em junho do ano de 1944, totalizando  13.859 unidades dispostas nas versões M-3, M-3A1 e M-3A3. Após o término da Segunda Guerra Mundial, os carros remanescentes agora presentes em unidades da reserva e da Guarda Nacional, seriam retirados do serviço ativo do Exército dos Estados Unidos (US Army), passando  compor o portfolio dos programas de ajuda militar. Assim passaria a ser  cedidos aos milhares a nações amigas, como  Austrália, Bélgica, Bolívia, Canada, Chile, China, Colômbia, Cuba, Republica Dominicana, Equador, El Salvador, França, Haiti, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Holanda, Nova Zelândia, Nicarágua, Filipinas, Polônia, Portugal Romênia,  Rodésia do Sul, Turquia, Venezuela, Iugoslávia, Uruguai , Venezuela e por fim o Paraguai que ainda mantem pelo menos dez  M-3 Stuart em operação até os dias atuais. 

Emprego no Exército Brasileiro.
A carreira dos carros de combate leves M-3 e M-3A1 Stuart no Brasil, tem seu início durante as primeiras fases da Segunda Guerra Mundial, quando o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Após a capitulação da França em junho de 1940, a ameaça nazista a América se tornaria real, se este país passasse a estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano, que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral brasileiro se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste. Isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano, se tornando fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário demandaria logo sem seguida a um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência tanto em termos de equipamentos, armamentos e principalmente doutrina operacional militar. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate.  Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil e militar que se apresentavam no vasto litoral do país. A participação brasileira no esforço de guerra aliado seria ampliada em breve, pois Getúlio Vargas afirmou que o país não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos para os países aliados, e que que “o dever de zelar pela vida dos brasileiros obrigados a medir as responsabilidades de uma possível ação fora do continente. De qualquer modo, não deveremos cingir-nos à simples expedição de contingentes simbólicos”.

O cronograma de recebimento de grande parte dos veículos destinados ao pais previstos neste acordo estava programado para ocorrer entre os meses de novembro e dezembro de 1941, porém para fins de divulgação o governo brasileiro procederia a aquisição de um lote inicial de dez carros de combate da versão  M-3 Stuart, com sua compra sendo custeada a vista pelo Ministério da Guerra.  Estas viaturas seriam recebidas a tempo de participar do desfile da Independência no dia 7 de setembro do mesmo, reforçando assim as ações de propaganda positiva do governo do presidente Getúlio Vargas, sobre a participação brasileira no esforço de guerra. A introdução deste modelo provocaria a geração de um novo ciclo operacional em termos do emprego carros de combate blindados, abandonando assim a doutrina militar francesa da qual o Brasil era signatário. Conceitos operacionais militares estes, que já estavam há ultrapassados, pois eram oriundos da experiência daquele país na Primeira Guerra Mundial. Os novos tanques substituíram nas tarefas de linha frente os carros leves italianos Fiat Ansalvo CV3-35 e alguns remanescentes franceses tanques Renault FT-17, que até então representavam o sustentáculo da força motomecanizada de blindados no Brasil.  A partir de fins do ano de 1941 começaram a ser recebidos no país primeiros os lotes de veículos militares destinados as forças armadas brasileiras constantes neste programa de ajuda militar, entre estes caminhões, utilitários leves, médios e veículos blindados sobre rodas e meia lagarta. No inicio do mês de fevereiro do ano seguinte seriam entregues mais vinte carros de combate leves do modelo M-3 Stuart, que seriam complementados por mais duzentos carros desta família, divididos em lotes recebidos até fins do ano de 1944. Até o término do conflito,  o Exército Brasileiro viria a receber um total de 437 carros desta família, sendo sendo dispostos em várias versões, entre elas, M-3 Type 2 Stuart MK I, M-3 Type 4/5 Stuart MK I/II, M-3 Type 6/7 Stuart Hybrid, M-3 Type 8/9 Stuart Hybrid e  M-3A1 Stuart MK III/IV.  Como esperado, o país tomaria parte em um esforço maior junto aos aliados, com está intensão sendo concretizada no dia 09 de agosto de 1943, quando através da Portaria Ministerial nº 4.744, publicada em boletim reservado de 13 do mesmo mês, seria estruturada a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Apesar deste contexto este contingente nacional não iria operar com unidades blindadas de combate. 
Inicialmente os carros de combate leve  M-3 Stuart seriam  deslocados para a região nordeste, visando assim guarnecer as novas instalações militares edificadas ou ampliadas pelos norte-americanos, sendo então  destinados a 1º e 2º Companhias Independentes de Carros de Combate Leve, que posteriormente passaria a ter sua denominação alterada para  1º e 2º Batalhão de Carros de Combate (BCC), sendo sediados em Recife e Natal. Outras unidades de carros e combate sediadas nas regiões sudeste e sul, também receberiam algumas unidades dos modelos M-3 e M-3A1 Stuart . Em agosto de 1945, o Brasil tornar-se-ia signatário do programa de reorganização militar com os Estados Unidos. Sob a denominação de "Inter American Cooperation Program" (Programa de Cooperação Inter Americana), o Exército Brasileiro passaria a apresentar uma organização nos moldes norte-americanos, já recebendo neste processo a implementação de treinamentos com os equipamentos recém recebidos. Embora antes mesmo, durante o período inicial da Segunda Guerra Mundial, as unidades de combate brasileiras já haviam sido implantadas em regime de urgência, espelhando assim a doutrina operacional empregada no Exército dos Estados Unidos (US Army). Nestes moldes, seria criada uma divisão motomecanizada, composta por seis batalhões,  sendo três de carros de combate (BCC) e três de carros de combate leve (BCCL),  dispostas em seis unidades que seriam baseadas nas regiões sudeste, sul e nordeste, se atendo ainda as limitações de infraestrutura ferroviária e rodoviária existentes naquele momento e necessárias ao deslocamento de blindados no território nacional.  Os Batalhões de Carros de Combate (BCC) seriam operados pela Cavalaria e os Batalhões de Carros de Combate Leve (BCCL) pela Infantaria, seguindo este o padrão norte-americano implementado a partir de 1942, onde os primeiros se equivaliam aos Mediuns Tanks Batallion (batalhões de tanques médios) e os segundos aos Light Tank Batalion (batalhões de tanques leves)

Apesar de nunca ter entrado em combate no Exército Brasileiro, os carros de combate da família M-3 Stuart, se fizeram presentes como agentes de dissuasão em vários momentos de crise políticas na vida nacional.  Entre estes o primeiro de destaque ocorrido em outubro de 1945, quando a fim de forçar o fim da ditadura Vargas, conhecida como “Estado Novo”, carros de combate M-3 Stuart dos 1º e 2º Batalhões de Carros de Combate (BCC), sob ordens do comandante da Divisão Motomecanizada , ocuparam as ruas do Rio de Janeiro. Em agosto de 1954, logo após o suicídio do presidente Getúlio Vargas , os M-3A1 do 6º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado (EsqRecMec), seriam acionados para reprimir manifestantes na cidade de Porto Alegre no estado do Rio Grande do Sul. Em novembro de 1955 os M-3 Stuart seriam novamente empregados quando do estabelecimento de garantia de condições, para que o recém-eleito presidente Juscelino Kubitschek fosse oficialmente empossado, assim carros de combate M-3A1 Stuart do 3º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado (EsqRecMec) foram colocados nas ruas do Rio de Janeiro. Entre setembro de 1957 e julho de 1962 os M-3 Stuart participariam de mais crises políticas internas, entre elas a “Caravana da Liberdade”, “Renúncia do Presidente Jânio Quadros”, movimento “Cadeia da Legalidade” e por fim o “Plano de Manutenção da Ordem Pública” em julho de 1962. Porém talvez o período mais importante de sua  participação na Historia politica do pais, ocorreria  entre março e abril de 1964 durante os eventos resultantes da contra revolução deflagrada contra a ascensão da esquerda comunista, onde os M-3 Stuart seriam empregados em várias frentes, como São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Sul.  O registro  mais emblemático desta participação durante esta crise, caberia a um  M-3 Stuart pertencente ao 1º Batalhão de Carros de Combate Leve (BCCL), fotografado em posição de guarda junto a entrada do Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (USP) em dezembro de 1968.
Desde os primeiros anos de operação, os  M-3 e M-3A1 Stuart conquistariam  a simpatia e preferência dos militares brasileiros,  mais notadamente por sua simplicidade de operação,  manutenção e por sua agilidade e velocidade, recebendo o apelido carinhoso de “Perereca”. Em fins da década de 1960, a frota de carros de combate leves M-3 e M-3A1 Stuart completava quase vinte anos de operação no Exército Brasileiro, tendo a marca de ter sido o percursor dos modernos carros de combate a entrar em serviço na força terrestre nacional, sendo empregado inclusive em uma grande quantidade de viaturas. No entanto esta considerável frota já vinha há alguns anos apresentando índices críticos de disponibilidade, resultado este ocasionado principalmente por problemas de obtenção de peças de reposição no mercado internacional. Com este fato mais notadamente concentrado nos antigos e obsoletos motores pela falta de um fluxo adequado logístico de peças de reposição, mais notadamente aquelas destinadas aos antigos e obsoletos motores a gasolina Continental AOS 895-3 e Guiberson T-1020A , que haviam tido sua produção descontinuada há mais de vinte anos. Sua sobrevida operacional seria proporcionada pela implementação do Plano Impere”, porém representaria apenas uma  solução paliativa apesar da recuperação de quase 300 carros. A adoção de grandes lotes dos novos carros de combate M-41 Walker Buldog selaria o destino dos M-3 e M-3A1 Stuart no país, sendo que na metade da década de 1970 muitos carros foram recolhidos ao Parque Regional de Motomecanização da Terceira Região Militar de Santa Maria (PqRMM/3) no Estado do Rio Grande do Sul. Este processo visava proceder uma triagem para assim se identificar  oas viaturas em melhores condições de conservação que seriam empregados no processo de produção do Carro Combate Leve Nacional MB-1. O 16° Regimento de Cavalaria Mecanizado, (16ºRCMec) baseado na cidade Bayeux (Paraíba), seria o ultimo grupamento a operar os o M-3 Stuart, com sua dotação de dezesseis carro sendo retirados de serviço somente em  fins de 1987, encerrando assim uma carreira de 46 anos junto ao Exército Brasileiro.

Em Escala.
Para representarmos o M-3 Stuart “EB11-464” fizemos uso do excelente kit da Academy na escala 1/35, lembrando que na caixa o mesmo o modelo se apresenta como M-3A1, o que na verdade não é, pois refere-se a versão M-3 Type 6/7/8/9. Empregamos decais confeccionados pela  Eletric Products pertencentes ao set  "Exército Brasileiro 1942 - 1982".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura empregados em todos os modelos dos M-3 e M-3A1 Stuart operados pelo Exército Brasileiro, sendo as cores originais do fabricante denominadas “ Vitrolack Cor 7043-P-12 ” (padrão do Exército dos Estados Unidps - US Army), sendo este esquema mantido durante toda a sua carreira.


Bibliografia :
- O Stuart no Brasil – Helio Higuchi, Reginaldo Bachi e Paulo R. Bastos Jr.
- M-3 Stuart Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/M3_Stuart
- Blindados no Brasil Volume I, por Expedito Carlos S. Bastos


Bell 47G2 H-13H e OH-13H

História e Desenvolvimento. 
O emprego de aeronaves militares de asas rotativas na Segunda Guerra Mundial remonta a meados do ano de 1940, quando o modelo alemão Flettner FL 282 “Kolibri”, um aparelho de cockpit aberto e rotores entrelaçados e assento único,  seria liberado pela Força Aérea Alema (Luftwaffe) para produção. Inicialmente pretendia-se usar esta aeronave para realizar o transbordo de cargas e passageiros entre os navios da Marinha Alemã (Kriegsmarine). Em seguida seria desenvolvida a versão  FL 282 B-2,  equipada com um segundo assento, para ser ocupado por um observador, que deveria ser encarregado de prover o reconhecimento avançado do campo de batalha.  A cada fase do programa de ensaios em voo, este conceito de aeronave se mostrava cada vez mais promissor, levando o governo a encomendar a produção de mil células a empresa Bayerische Motoren Werke AG - BMW. Porém a forte campanha de bombardeio aliado a máquina industrial nazista, arrasaria grande parte do parque fabril aeronáutico alemão, levando assim a priorização de recursos para a produção de aeronaves de combate, resultando em apenas vinte e quatro helicóptero efetivamente entregues. Já no lado dos Aliados, o desenvolvimento de aeronaves de asas rotativas apresentaria grandes avanços perto do final do conflito, com os primeiros helicópteros realmente funcionais os Sikorsky R-4, sendo destacados para operação no teatro de operações do Pacífico em junho de 1945. Mesmo neste curto espaço de tempo, ficaria claro o potencial operacional deste tipo de aeronave nos conflitos futuros. Neste momento, outros fabricantes norte-americanos ensaiavam sua participação neste novo nicho mercadológico, entre estes a Bell Aircraft Company, que passaria a investir recursos, em um projeto liderado pelo engenheiro aeronáutico Arthur Young. Oficialmente apresentado ao comando da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) no dia 03 de setembro de 1941, este projeto visava o desenvolvimento de uma aeronave de asas rotativas de pequeno porte. Este programa receberia um pujante financiamento governamental, que envolvia inicialmente a produção de dois protótipos da aeronave agora designada como Bell Model 30. Seu primeiro voo ocorreria em 26 de junho de 1943, e logo seria submetido a um extenso programa de ensaios e testes de voo. Deste processo emergiria uma nova versão aprimorada, o  Bell Model 47. 

As expectativas a cerca deste novo modelo de aeronave, levariam a empresa a criar um divisão industrial especializada a Bell Helicopter Company, com suas instalações sediadas no Forte Worth no estado do Texas. O primeiro Bell Model 47 alçaria voo no dia  8 de junho de 1945, apresentando um sistema de rotor simples com duas hélices de madeira, motor convencional, uma seção tubular de aço soldado desprovida de carenagem e com o cockpit coberto com uma bolha em de plexiglass.  Esta seção superior poderia ainda ser removida transformando a aeronave em um helicóptero conversível, posteriormente esta bolha em plexiglass passaria a ser moldada em uma peça só, se tornando visualmente a marca registrada do modelo. Este design de cabine de comando, apresentaria uma ampla e excelente visibilidade, oque tornava mais seguro sua condução. Sua versão inicial de produção o Bell Helicopter Model 47A, receberia sua homologação para o mercado civil (classificação H1) no dia 08 de março de 1946, oficialmente se tornaria a primeira aeronave comercial de asas rotativas do mundo. Sua capacidade de transporte de um piloto e mais dois passageiros e sua confiabilidade mecânica,  tornariam o modelo rapidamente um sucesso comercial no mercado civil e governamental. Neste meio tempo, encontrava-se em curso o desenvolvimento da versão militar, com via a atender as demandas das forças armadas norte-americanas que buscavam a incorporação de uma aeronave de  leve de asas rotativas para o emprego em  missões de ligação e observação. Baseado no modelo civil, esta versão se distinguia visualmente pela adoção de um cone de cauda coberto com tecido e trem de pouso com quatro rodas. Em termos de conjunto mecânico, a nova aeronave estaca equipada com um motor mais potente o Franklin 6V4-178-B3 de 178 hp. O primeiro protótipo seria entregue para avaliação em abril de 1946, e deste programa de ensaios em voo emergiria a versão militar inicial  de produção o Bell H-13 Sioux. Um primeiro contrato envolvendo  vinte e oito helicópteros seria celebrado, com as primeiras células sendo entregues ao Exército dos Estados Unidos (US Army) em dezembro do mesmo ano.
Após definida sua doutrina operacional, os primeiros Bell H-13 seriam colocados em serviço ativo atuando em tarefas de ligação e observação, e seus excelentes resultados em açao despertariam a atenção do comando da aviação naval da  Marinha dos Estados Unidos (US Navy) e da Guarda Costeira dos Estados Unidos (US Coast Guard). Após tratativas seriam firmados os primeiros contratos de produção para estes ramos das forças armadas, inicialmente se limitando a um pequeno número de aeronaves, com estas sendo idênticas a versão empregada pelo Exército dos Estados Unidos (US Army). As primeiras aeronaves destinadas a aviação naval seriam entregues no início do ano de 1948, e após o início das operações verificaria-se a necessidade de customização do modelo para atendimento aos parâmetros de operação naval. Suas missões geralmente compreendiam voos de longa duração sobre o mar aberto sem possibilidade de pousos de emergência, e neste contexto deveria-se priorizar o desempenho e consequente segurança. Com base nestas exigências a equipe de projeto da  Bell Helicopter Company desenvolveria a versão Bell 47D1, que passava a ser equipada com o novo motor Franklin O-335-3 que apresentava agora 200 hp de potência nominal. Apesar de manter sua capacidade de transporte de duas pessoas, teria sua carga útil aumentada para 225 kg e voltava a equipado com trem de pouso do tipo esqui, dispensando ainda a cobertura de lona na fuselagem.  As hastes horizontais de suporte dos esquis eram retas formando ângulos retos entre as hastes e os esquis, o que permitiria a colocação de uma maca em cada lado externo da aeronave para o transporte de feridos, agregando as tarefas originais de treinamento e emprego geral, a missão de evacuação aero médica o que potencializaria o valor militar da nova aeronave. Este novo modelo logo conquistaria novos contratos de produção, elevando rapidamente o número de células em serviço militar ativo nos anos seguintes. 

Seu batismo de fogo ocorreria na Guerra da Coreia (1950 a 1953), quando os novos Bell H-13D  das três forças armadas norte-americanas, seriam empregados em larga escala no conflito atuando em missoes de ligação, observação e principalmente no transporte de feridos da linha de frente diretamente para os centros médicos de campanha, recebendo esta tarefa a denominação de MEDEVAC (Medical Evacuation – Evacuação Aero médica).  Este novo escopo operacional demandaria o aumento de aeronaves de asas rotativas naquele teatro de operações, levando assim a celebração de novos contratos de aquisição envolvendo centenas de células. A grande disponibilidade destas aeronaves de asas rotativas aliadas ao desenvolvimento de uma doutrina operacional de socorro aero médico resultaria em um enorme registro de resgates de feridos, transporte e salvamento, atingindo a impressionante cifra de mais de quinze mil soldados norte-americanos salvos durante este conflito. Em seu país de origem o Bell H-13D viria a se tornar o primeiro treinador padrão primário de aeronaves de asas rotativas desempenhando esta missão junto a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), Exército dos Estados Unidos (US Army), Marinha dos Estados Unidos (US Navy) e Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps). Além da formação de uma geração inteira de pilotos estas aeronaves seriam vitais no desenvolvimento da doutrina operacional de emprego de helicópteros. A fabricação do Bell 47D em suas versões militares e civis, alcançaria a cifra de mil células produzidas até o ano 1953, quando começaram a ser desenvolvidas e fabricadas novas variantes para o atendimento de demandas de clientes internacionais nos mercados civil e militar. Dentre estes destacamos os modelos Bell 47E, Bell 47F, Bell 47G, Bell 47G2 e Bell 47H, esta última desenvolvida para o transporte de até três pessoas contando com  o canopy totalmente fechado. As oportunidades internacionais levariam no transcorrer das décadas de 1950 e 1960 a empresa a licenciar a produção dos modelos da família Bell Model 47. Um total de mil e duzentas aeronaves das versões Bell 47G e Bell 47J seriam entregues pela empresa italiana Augusta SpA e mais quatrocentos e vinte e dois helicópteros produzidos pela inglesa Westland Aircraft Company. 
Em 1952 um acordo de produção sob licença seria celebrado entre a Bell Helicopter Company e a empresa japonesa Kawasaki Aircraft Enginnering, envolvendo principalmente as versões Model 47D e do Model 47G, com sua produção sendo efetivamente iniciada somente no início do ano de 1954. Este acordo contemplava as  versões militares e civis, tanto para o mercado doméstico quanto para exportação. Este programa seria descontinuado no Japão somente em meados do ano de 1976 com quatrocentos e quarenta e sete helicópteros produzidos. Esta família de aeronaves de asas rotativas se manteria em produção ininterrupta por vinte e sete anos, com a última linha sendo descontinuada somente no ano 1977. O Bell Model 47 pode ser considerado o modelo pioneiro de aeronave de asas rotativas de alta produção e operação. Sua imagem seria eternizada no imaginário popular na série de TV Mash que retratava o dia a dia do serviço médico militar norte-americano durante a Guerra da Coréia. Ao todo até fins da década de 1970 seriam entregues entre versões civis e militares mais de cinco mil células, com muitas destas se mantendo operacionais até o ano de 1998. Seriam empregadas no serviço militar na  Alemanha Ocidental, Argentina, Austrália, Brasil, Canada, Colômbia, Dinamarca, Espanha, Cuba, El Salvador, Egito, Sudão, Senegal, Bolívia, Estados Unidos, Franca, Grécia, Israel, Itália, México, Noruega, Nova Zelândia, Paquistão, Paraguai, Peru, Reino Unido, Brasil, Suécia, Tailândia, Turquia e Vietnã do Sul. 

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea Brasileira contava com mais de mil e quinhentas modernas aeronaves militares, com quase a sua totalidade sendo recebida a partir de 1942, nos termos do programa Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Em termos de capacidade ofensiva dispunha-se de um grande número de células de aeronaves de primeira linha, como os famosos caças bombardeiros Republic P-47D Thunderbolt, Curtiss P-40 Warhawk e aeronaves de ataque Douglas A-20 Havoc e North American B-25 Mitchel. Esta combinação de aeronaves de combate combinada com modelos de transporte e patrulha marítima e guerra antissubmarino (ASW), tornavam está a segunda maior força aérea das Américas, e a maior arma aérea do hemisfério sul do planeta. Apesar deste cenário se mostrar aceitável de imediato, as perspectivas futuras de médio prazo, seriam drasticamente alteradas pela evolução tecnológica aeronáutica observada no fim desta mesma década. Além da crescente participação de aeronaves movidas com motores de reação, começava a se destacar a introdução e operação dos primeiros modelos de aeronaves de asas rotativas, principalmente nas forças armadas norte-americanas, com o emprego dos primeiros Sikorsky R-4 e Bell 47D Sioux . Inclusive com sua versatilidade sendo testada e aprovada em cenários de conflitos reais em missões de transporte de pessoal, ligação, observação de campo de batalha e evacuação aero médica , como observado no transcorrer da Guerra da Coreia (1950 – 1953). Atento a estas mudanças, no início da década de 1950, o comando do Ministério da Aeronáutica (MAer) empreenderia estudos envolvendo o planejamento e estruturação do seu primeiro grande plano de modernização. Entre os pontos focais deste processo estava a aquisição vetores, e a criação e operação de um núcleo destinados ao emprego de aeronaves de asas rotativas. Seria definido neste estudo, que a primeira missão deste grupo seria focada principalmente para prestar serviços de transporte  aéreo especial (VIP – Very Important Person) aos mais altos escalões do governo federal. O programa de aquisição de aeronaves de asas rotativas, seria deflagrado pelo Ministério da Aeronáutica (MAer)  em fins do ano de 1951, e após análises técnicas, a escolha recaindo sobre o fabricante Bell Helicopter Company através do seu modelo Bell 47D1. 

Esta versão estava equipada com motor Franklin O-335 de 178 HP de potência, representando neste momento o modelo militar mais atualizado em produção, equipando o braço aéreo de todas as forças armadas norte-americanas. Após tratativas comerciais, em 25 de março de 1952, seria celebrado com o representante da marca no país, um contrato para a aquisição de quatro aeronaves novas de fábrica, englobando neste pacote os serviços de treinamento e fornecimento de peças de reposição. Em novembro do mesmo ano seria concluída a produção da última aeronave, sendo estas oficialmente inspecionadas por oficiais da Aeronáutica nas instalações da Bell Helicopter Company,  em Fort Worth no estado do  Texas. Em seguida seriam desmontados e preparados para o transporte ao Brasil por via marítima, sendo recebidos no porto do Rio de Janeiro nos primeiros dias do ano de 1953. Após serem descarregadas, seriam transportadas por via terrestre até o aeroporto do Galeão, onde passariam a ser montadas nas instalações da Fábrica do Galeão (FGL) por técnicos do fabricante em conjunto com o pessoal técnico da empresa estatal brasileira. Porém neste processo observou-se que uma das células infelizmente havia sido extremamente danificada na operação de transporte ao Brasil. Este helicóptero passaria a ser designado na Força Aérea Brasileira como H-13D, recebendo as matrículas 8500 a 8502. Suas operações seriam iniciadas a partir do Aeroporto Santos Dumont, onde ficavam concentradas as estruturas e aeronaves pertencentes a Seção de Aeronaves de Comando (SAC), que era subordinada ao Quartel General da III Zona Aérea, organização esta criada para uso exclusivo no transporte das autoridades do governo brasileiro. Esta unidade evoluiria no futuro, se tornando o Esquadrão de Transporte Especial (ETE) e que posteriormente seria o embrião para a formação do Grupo de Transporte Especial (GTE), com a operação de aeronaves de asas rotativas destinadas ao 2º Esquadrão. Vale salientar que estes helicópteros  foram recebidos com a provisão para emprego de kits flutuadores intercambiáveis (equipamento até então inédito no país) com os tradicionais esquis de pouso. 
Poderiam ainda ser empregados em tarefas de Evacuação Aero médica (MEDEVAC), pois eram equipadas com suporte laterais para instalação de um par de macas externos, destinados ao transporte de feridos. Este pacote de equipamentos especiais, possibilitaria o emprego destes helicópteros no processo de desenvolvimento inicial da doutrina operacional de missões de busca e salvamento (SALVAEREO). Visando garantir maior conforto no transporte especial, o Ministério da Aeronáutica (MAer) efetivaria no ano de 1955 a compra de aeronaves do modelo Bell 47J, versão especializada para as tarefas de transporte VIP (Very Important Person). O recebimento destas aeronaves em 1956, possibilitaria concentração dos Bell H-13D em missões de busca e salvamento SAR (Searching and Rescue). Neste momento estas aeronaves seriam transferidas para o Quartel General da 3º Zona Aérea no Rio de Janeiro (QG3ºZAé), onde operariam até março de 1958, quando foram distribuídos para a 2º Esquadrilha de Ligação e Observação (2ºELO), sediada na Base Aérea do Galeão.A criação do 2º/10º Grupo de Aviação (2º/10ºGAv) - Esquadrão “Pelicano” em 1957, com sede na Base Aérea de Cumbica na cidade de Guarulhos, determinaria que todo o processo de formação dos pilotos de asas rotativas da Força Aérea Brasileira passaria a ficar sob responsabilidade desta nova unidade. Desta maneira, durante o transcorrer do ano de 1958, as três células remanescentes dos Bell H-13D seriam transferidos para este novo grupo de aviação. Seguindo no processo de formação, estas aeronaves seriam empregadas exaustivamente, porém infelizmente em maio de 1959 o Bell H-13D  "FAB 8500" sofreria um acidente com perda total e vítimas fatais, reduzindo a frota do modelo para somente duas aeronaves. Com a crescente demanda por mais aeronaves de asas rotativas de treinamento, formação de pilotos e também para a realização de missões em apoio ao Exército Brasileiro e a Marinha do Brasil, o Ministério da Aeronáutica (MAer) verificaria a necessidade de aumento de sua frota. Assim em meados do ano de 1959 seria negociado junto a Bell Helicopter Company a aquisição de treze novas aeronaves agora dispostas na versão mais atual o Bell H-13G2.  

Estes helicópteros começariam a ser entregues em lotes, a partir do início do ano seguinte, passando a ser distribuídos incialmente ao 2º/10º Grupo de Aviação (2º/10ºGAv) - Esquadrão “Pelicano” para o emprego em tarefas de treinamento e busca e salvamento (SAR). Posteriormente seriam distribuídos a 1 º e 3 º Esquadrilhas de Ligação e Observação (ELO) operando em proveito do Exército Brasileiro e também a 2º Esquadrilha de Ligação e Observação (ELO) que apoiava as atividades operacionais da Marinha do Brasil. Duas aeronaves operariam temporariamente junto 1º Grupo de Aviação Embarcada (GAE). A partir de 1967 todas as células voltariam a ser concentradas no 2º/10º GAv - Esquadrão “Pelicano” na Base Aérea de Cumbica em Guarulhos em São Paulo. Neste mesmo ano decidiu se que esta unidade focaria todo seu escopo operacional em missões de busca e salvamento – SAR (Searching and Rescue), operando principalmente o elemento de asas rotativas com o Sikorsky H-19, modelo este de porte médio que eram indiscutivelmente mais adequados a este tipo de missão. Para a formação de novos pilotos neste mesmo ano, em 8 de setembro foi criado o Centro de Instrução e Emprego de Helicópteros (CIEH) baseado na cidade de Santos SP. Com vistas a reforçar a frota de Bell H-13H e recompor as perdas operacionais, em 6 de maio de 1971 seriam adquiridas trinta e seis células usados do modelo Bell H-13H que eram oriundas dos estoques do Exército Americano (US Army) e se encontravam até pouco tempo em operação junto as unidades daquela força terrestre baseadas na Alemanha Ocidental. Após vistoriadas as células seriam desmontadas e transportadas por aeronaves Lockheed C-130E Hercules da Força Aérea Brasileira. Estas aeronaves passariam a ser montadas e revisadas nos primeiros meses de 1972 junto as instalações do Parque de Aeronáutica dos Afonsos (PqAerAF), passando a ser disponibilizadas para operação entre os meses de abril e maio do mesmo ano. Este processo abrangeria ainda a conversão de algumas aeronaves para a versão de instrução com a adoção de duplo comando onde mantiveram a designação de Bell H-13H, já as aeronaves originais dotadas com um único comando receberam a designação de Bell OH-13H.
Além de serem destinadas operar junto ao  Centro de Instrução de Helicópteros (CIEH) no programa de formação de pilotos de aeronaves de asas rotativas, uma parte destas “novas” células atuariam em missões de busca e resgate e emprego geral, sendo distribuídas ao Centro de Formação de Pilotos Militares (CFPM), a Academia da Forca Aérea (AFA) , 1º Ala de Defesa Aérea (ALADA), Base Aérea de Fortaleza (BAFZ) e  a Base Aérea de Canoas (BACO).  Em 1973, o Centro de Instrução de Helicópteros (CIEH) seria renomeado como Centro de Instrução de Helicópteros (CIH), e em 1973 teria sua denominação alterada para ALA-435 e finalmente em julho de 1979 receberia o nome de 1º/11º Grupo de Aviação (1º/11º GAv), mantendo como seu principal vetor o Bell OH-13H. Em 1981 uma aeronave seria foi transferida para o Centro Técnico Aeroespacial (CTA) na cidade de São José do Campos, a fim de apoiar o Curso de Pilotos de Ensaios de Helicóptero. A partir de 1980, mais células dos novos Helibras HB-350 Esquilo UH-12, passariam a ser incorporadas na Força Aérea Brasileira, sendo distribuídas a diversas unidades aérea para atuação como aeronave orgânica, permitindo assim concentrar novamente as células remanescentes dos Bell  OH-13H e H-13H no 1º/11º Grupo de Aviação (1º/11º GAv) – Esquadrão Gavião. Neste contexto seriam mantidas no programa de formação e treinamento de pilotos, sendo desativadas  no dia 12 de setembro de 1990, perfazendo em Santos um total de 47.500 horas de voo, formando cerca de quinhentos pilotos e novecentos mecânicos especializados em aeronaves de asas rotativas.

Em Escala.
Para representarmos o Bell 47 H-13H "FAB 8612" fizemos uso do excelente kit da Italeri na escala 1/48, para se compor a versão empregada na Força Aérea Brasileira não é necessário proceder nenhuma alteração.   Optamos por apresentar uma aeronave  pertencente ao 1º/11º Grupo de Aviação (1º/11º GAv), fazendo uso assim de decais confeccionados pela FCM Decais, oriundos de diversos sets.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura empregado, sendo adotado após a primeira revisão em âmbito de parque IRAN (Inspection And Repair as Necessary). Originalmente os helicópteros foram recebidos em 1972 na cor verde oliva padrão do Exército dos Estados Unidos (US Army). A aplicação da cor amarelo ouro com combinações esporádicas da cabine em vermelho e azul se mostrariam tradicionais neste tipo de aeronave durante sua operação na Força Aérea Brasileira, com este esquema permanecendo até sua desativação em 1990.


Bibliografia :

- Esquadrao Pelicano 50 anos de Historia - Mauro Lins Barros & Oswaldo Cruz
- Sikorsky H-19 Chicksaw - Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/Sikorsky_H-19_Chickasaw
Sikorsky H-19D Na FAB, por Aparecido Camazano Alamino - Revista Asas Nº 32
- Historia da Força Aérea Brasileira – Prof Rudnei Dias Cunha
- Historia da Força Aérea Brasileira por :  Prof. Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html

Engesa EE-3 Jararaca no Brasil

História e Desenvolvimento.
A definição dos conceitos que resultariam nos esforços iniciais  para o desenvolvimento e produção de um veiculo leve blindado com tração integral  4X4 para o emprego na Força Terrestre Brasileira, remete inicialmente a década de 1970, quando seriam apresentadas as primeiras ideias pela equipe técnica de projetos do  Parque Regional de Motomecanização da 2ª Região Militar de São Paulo (PqRMM/2). O principal objetivo na concepção deste novo blindado, seria o de substituir na tarefa de veículo de exploração, os velhos jipe norte-americanos Willys MB e Ford GPW empregados nos Regimentos de Cavalaria Mecanizada (RC Mec). Plataformas essa que apresentavam grande vulnerabilidade  para seus ocupantes, por não apresentar nenhum nível de blindagem.  Dessa forma neste período, surgiria logo em seguida o primeiro conceito deste tipo de viatura, que seria designado inicialmente como “Autometralhadora 4X4”. Este programa seria desenvolvido em conjunto com o projeto da Viatura Blindada Brasileira (V.B.B), um projeto que tinha por objetivo principal substituir os antigos blindados sobre rodas norte-americanos Ford M-8 Greyhound, recebidos durante a Segunda Guerra Mundial e empregados na Itália pelo 1º Esquadrão de Reconhecimento na Campanha pertencente a Força Expedicionária Brasileira (FEB). No entanto estes dois programas não avançariam além das fases de mock up e protótipos, pois neste momento o interesse do comando do Exército Brasileiro estaria voltado na aquisição de um veiculo blindado sobre rodas com tração 6X6, ao invés das duas soluções com tração 4X4 apresentadas. Esta demanda levaria ao reprojeto da Viatura Blindada Brasileira (V.B.B), que ao final do projeto culminaria no blindado leve de maior sucesso da indústria de material de defesa nacional, o Engesa EE-9 Cascavel. A introdução deste novo modelo e seu consequente sucesso operacional no Exército Brasileiro como viatura de combate, reconhecimento e exploração, inibiriam qualquer possibilidade de sucesso para implementação de um novo veículo com tração 4X4 a ser destinado a neste escopo de missão na Força Terrestre Brasileira.

O retumbante sucesso comercial em exportações de defesa para dezenas de nações, representado não só pelo Engesa EE-9 Cascavel, mas também do blindado de transporte de tropas EE-11 Urutu, proporcionariam a empresa, os recursos necessários para o desenvolvimento de uma variada gama de novos produtos militares. Apesar do negativo interesse do Ministério do Exército pela aquisição de um veículo blindado com tração integral  4X4, neste momento, a diretoria comercial da empresa, vislumbrava no mercado de exportação, um grande oportunidade para viaturas com esta configuração de emprego operacional. Os parâmetros iniciais para a criação deste novo projeto visavam o desenvolvimento de um veículo leve blindado, que deveria contar com uma tripulação composta por um motorista, um comandante e um atirador. Devia ainda apresentar um sistema de tração integral 4X4, direção hidráulica integral (permitindo acionamento mecânico em caso de emergência), já seu grupo motriz a diesel, deveria ser posicionado na parte traseira da viatura, sendo acoplado a transmissão mecânica de cinco velocidades à frente e uma à ré. Deveria ser equipado com  um sistema elétrico de 24 volts, prevendo circuitos de iluminação civil e militar. O veículo proposto em sua configuração padrão, poderia ser armado para autodefesa com uma metralhadora externa de calibre 7,62 mm, ou 12,7 mm, instalada numa torreta giratória blindada, operando em conjunto com quatro lançadores de granadas fumígenas. Curiosamente o modelo poderia ser empregado como plataforma anticarro, podendo ser integrado ao sistema de misseis MBDA Milan 1A2. Visando otimizar o custo benefício operacional, a nova viatura apresentaria um alto grau de comunalidade com os demais veículos blindados produzidos pela empresa, empregando ainda rodas de aço estampado idênticas ao usadas no Engesa EE-9 Cascavel, pneus à “prova de balas” com sistema automático de enchimento, dispunha ainda de um sofisticado conjunto ótico de periscópios para observação além como item opcional dispor de um sistema passivo de visão noturna.
Visando a agilidade e velocidade no campo de batalha, o modelo seria concebido como de porte  extremamente compacto, apresentando um peso máximo era da ordem de apenas 5.800 kg, com uma autonomia projetada de 700 km, com baixo consumo de diesel (na ordem de 6 km/l). Deveria ainda alcançar uma velocidade máxima de 100 km/h, podendo subir rampas de 60% e inclinação máxima lateral de 30%, superando obstáculos verticais na ordem de 400 mm, podendo transpor vãos de até 800 mm. Conforme citado anteriormente a busca pela melhor relação de custo-benefício, levaria ao emprego de grande parte de seus componentes mecânicos oriundos da indústria automotiva nacional, principalmente utilizados em caminhões comerciais, o que facilitava a logística de peças de reposição. Foi escolhido o comprovado motor turbo diesel Mercedes Benz OM-314A de quatro cilindros em linha acoplado a uma caixa de mudanças Clark Equipamentos M240V operando com uma caixa de redução Engesa de engrenagens helicoidais, engrenamento constante e relação 1,0:1. Seu sistema de direção hidráulica Modelo 8058 era produzido pela ZF do Brasil e sua suspensão de tipo eixo rígido, flutuante, com molas semielípticas e amortecedores de dupla ação, sistema de freio Bendix a tambor com acionamento a ar sobre o hidráulico e freio de estacionamento mecânico. Os primeiros dois protótipos, seriam construídos com recursos próprios da empresa e concluídos em fins de 1979, e apenas por questão protocolar seriam apresentados ao comando do Exército Brasileiro no ano seguinte, e apesar da falta de interesse da Força Terrestre, receberia uma série de elogios por parte dos oficiais presentes nesta solenidade. Neste mesmo período a área comercial da Engesa S/A iniciaria uma ampla campanha de divulgação internacional de seu novo produto, agora designado como EE-3, recebendo o nome de batismo de  “Jararaca” dando continuidade em dar a seus veículos o nome de cobras venenosas da fauna brasileira.

Pesquisas de mercado realizadas pela diretoria de marketing da empresa elencavam o Exército Iraquiano ( القوات البرية العراقية), como o principal cliente em potencial para o novo Engesa EE-3 Jararaca. Negociações seriam conduzidas sendo concretizadas em um contrato para a exportação de duzentos e oitenta viaturas, gerando excelentes perspectivas para seu novo blindado, e estimativas iniciais de mercado, o projetavam como um dos principais produtos do portifólio da empresa a longa prazo. Infelizmente nenhum Engesa EE-3 Jararaca seria efetivamente entregue, pois nesse mesmo momento o degringolar das condições de inadimplência daquele país em relação a contratos anteriores firmados com a Engesa S/A, levariam a empresa a abortar qualquer entrega futura. Este fato representaria um grande baque para o projeto, no entanto a empresa continuaria a acreditar no projeto, e logo o modelo celebraria seu primeiro êxito comercial. Em 1983 um contrato seria firmado para a exportação de quinze EE-3 Jararaca para o Chipre, estas viaturas seriam adquiridas para compor um parte de um grande plano de modernização das forças armadas do pais, demandado em meio a tensões desencadeadas pela declaração de independência do norte de Chipre. Estes blindados seriam intensamente empregados pela Guarda Nacional Cipriota (Εθνική Φρουρά, Ethnikí Frourá), mas não no papel de veículos de reconhecimento e exploração e sim em missões antitanque, sendo integrados com misseis guiados MDBA Milan, operando em conjunto com os Engesa EE-9 Cascavel. Novas negociações seriam agora conduzidas junto ao governo da Líbia, e neste contexto este possível cliente exigiria que estes veículos fossem equipados com um completo sistema de proteção que os permitissem operar proporcionando efetiva segurança para seus tripulantes em ambientes de guerra nuclear, química e biológica (NBC). Desta maneira a equipe de engenharia da empresa rapidamente atenderia a esta demanda fazendo o uso de kits especiais de origem norte-americana atendendo a contento assim a especificações apresentadas pelo Alto Comando das Forças Armadas (al-Qiyada al-ulya lil-quwwat al-musallaha). Novamente esta venda seria concluída, pois esta negociação seria vetada pelo governo norte-americano que avaliou que a Líbia seria apenas um intermediário, com estes blindados sendo destinados a outros países que no momento apresentavam embargos internacionais.
Apesar das grandes expectativas iniciais (e algumas críticas internas de sua equipe de desenvolvimento), o final da década de 1980 traria inúmeras mudanças no cenario geopolítico internacional, com eventos de drástica redução de investimento internacional em defesa, muito em função do arrefecer da Guerra Fria. Com base neste cenário a diretoria da empresa Engesa S/A, passaria a observar que o EE-3 Jararaca já não podia mais apresentar as mínimas com condições competitivas para poder disputar grandes concorrências internacionais, com este fato sendo potencializado pela grande proliferação de concorrentes nos segmentos de blindados sobre rodas com tração integral 6X6 e 8X8. Esta realidade reduziria ainda mais as possibilidades de exportação do modelo. Assim, ao todos somente sessenta e três carros seriam produzidos, sendo exportados na ordem de dezesseis veículos para o Uruguai, doze para o Gabão, dez para o Guiné Bissau, dez para o Equador e quinze para o Chipre. Destas viaturas, muitas ainda continuam e operação, com destaque para os Engesa EE-3 Jararaca pertencentes ao Exército Nacional do Uruguai que tiveram amplo emprego junto as forças internacionais de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), durante a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH).

Emprego no Exército Brasileiro.
Em meados da década de 1970, o Exército Brasileiro passava a vivenciar um representativo processo de modernização, envolvendo neste contexto principalmente sua força motomecanizada, que ainda estava baseada em veículos oriundos dos acordos de Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), recebidos durante a Segunda Guerra Mundial. Fazendo uso dos termos de programas de ajuda militar norte-americana, seriam recebidos centenas de caminhões militares, carros de combate e veículos blindados de transporte de tropa. Apesar deste cenário, neste momento a empresa paulista Engesa S/A começava a se consolidar como um dos principais fornecedores das Forças Armadas Brasileiras (e um grande player internacional), recebendo grande contratos para a produção de veículos como os caminhões  EE-15 (4X4) - EE-25 (6X6) e veículos blindados sobre rodas (6X6) como os EE-9 Cascavel e EE-11 Urutu. Apesar das negativas anteriores do Ministério do Exército em adotar blindados sobre rodas com tração integral 4X4, a empresa detinha um excelente relacionamento com os militares brasileiros e faria uso disto para iniciar um programa de cooperação,  envolvendo os planos iniciais referentes ao modelo VBB-1 (Viatura Blindada Brasileira 1) desenvolvido anteriormente. Este projetos   seriam fornecidos pela equipe técnica do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar de São Paulo (PqRMM/2). Além de visar principalmente o mercado de exportação, esta iniciativa objetivava a participação da empresa em uma possível futura concorrência nacional, que se avizinhava prevendo a aquisição de mais de mil e duzentas viaturas blindadas leves sobre rodas, divididas em variantes especializadas como reconhecimento, anticarro, radar, posto de comando, observador avançado e porta-morteiro. E como fator competitivo a alta taxa de comunalidade de componentes básicos e críticos, com os EE-9 Cascavel e EE-11 Urutu, poderia representar uma grande vantagem a favor da empresa nesta possível contenda, gerando assim a Força Terrestre, uma excelente relação de custo-benefício em termos de operação e manutenção.

Apesar da notória falta de interesse do comando do Exército Brasileiro neste momento, a empresa mais uma vez demonstraria sua faceta de ousadia, e fazendo uso de recursos próprios iniciaria a produção de dois protótipos funcionais, que seriam concluídos em fins do ano de 1979. Os primeiros testes de campo realizados internamente pela equipe da avaliação da Engesa S/A, revelariam a existência de inúmeros problemas de ordem técnica, levando assim a uma ampla revisão de seu projeto, com  este processo se arrastando durante todo o ano de 1980. Superada esta fase de redesenho, estes dois protótipos do agora denominado EE-3 e batizado como  Jararaca, seriam entregues ao Exército Brasileiro em abril de 1981, sendo transportados para o Campo de Provas de Marambaia, no Rio de Janeiro para avaliação. Neste momento estes dois veículos blindados sobre rodas,  seriam submetidos a um amplo programa de testes em campo, levando a viatura até seus limites máximos operacionais, com este programa sendo concluído em meados de março do ano seguinte. Por fim, o relatório final de avaliação, acabaria por não recomendar a adoção desta viatura, não em si pelo conceito de um modelo com tração integral 4X4 (em função do processo de implementação dos blindados 6X6 EE-9 Cascavel e EE-11 Urutu), mas por novamente apresentar inúmeras falhas mecânicas, quando da operação do veículo, nos mais diversos tipos de terreno. Especula-se que estas deficiências aparentemente seriam originadas em falhas de engenharia que foram negligenciadas durante o estágio de projeto, muito em função da busca frenética pelo atendimento ao cronograma de conclusão dos protótipos funcionais para apresentação a seus possíveis clientes. Esta decisão negativa por parte do comando do Exército Brasileiro,  sepultaria então possibilidade atual ou futura de aquisição no pais deste tipo de viatura blindada leve com tração integral 4X4.
Estes dois protótipos seriam devolvidos a Engesa S/A em junho do ano de 1981, e apesar da negativa de um dos seus maiores clientes potenciais, a diretoria da empresa decidiria focar seus esforços no mercado de exportação. Porém como explanado anteriormente o mercado internacional de defesa, passava cada vez mais a demonstrar interesse por veículos blindados com tração integral 6X6, limitando em muito assim a consolidação de vendas efetivas em larga escala. Desta maneira até meados da década de 1980,  apenas sessenta e três viaturas seriam produzidas para a exportação representando um grande fracasso comercial. Logo em seguida a Engesa S/A passaria a sofrer com sérios problemas de ordem financeira, apesentando neste momento um grande déficit em termos de capital de giro e fluxo de caixa. Isto se dava muito em face do alto investimento dedicado ao desenvolvimento de seu projeto do Carro Principal de Combate (Main Battle Tank- MBT) EE-T1 Osório, produto este que não chegaria a conquistar nenhum contrato de produção. Este cenário de fragilidade financeira, seria agravado com uma alta inadimplência na  ordem de US$ 200 milhões de dólares junto ao governo iraquiano, originada por contratos anteriores de fornecimento de veículos blindados e caminhões militares. A última esperança da empresa paulista, repousava ainda em uma possível ajuda do Governo Federal, porém em função de demandas de busca governamental de um processo de  busca de equilíbrio fiscal neste mesmo momento, este socorro nunca viria a ocorrer. Infelizmente no dia 21 de março de 1990 a empresa entraria em processo de concordata preventiva (recuperação judicial), e apesar dos esforços, este problema seria agravado ao longo dos meses seguidos. Sua falência seria enfim decretada em outubro de 1993, deixando assim uma dívida de R$ 1,5 bilhão (em valores atualizados), junto ao mercado, com a maior parte destas originadas em empréstimos não pagos junto ao Banco do Brasil e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Entre os muitos credores da massa falida, se destacava o  Governo Federal  como principal, com dividas alicerçadas em empréstimos bancários e impostos,  e assim seria decidido que grande parte dos ativos, veículos e peças de reposiçao deveriam ser incorporados ao Exército Brasileiro por autorização judicial. Neste pacote, se encontravam os dois protótipos originais e funcionais do EE-3 Jararaca. Neste mesmo ano seria definido que estas viaturas deveriam ser alocadas junto ao 13 º Regimento de Cavalaria Mecanizado (13 º RecMec) baseado na cidade de Pirassununga no interior de São Paulo.  Estes blindados seriam antes completamente revisados nas oficinas do Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP). Após serem terem sua capacidade operacional reestabelecida, os dois blindados da Engesa S/A seriam  transladados até a sua unidade destino, onde  passariam a atuar em missões de reconhecimento de campo de batalha em conjunto com os Engesa EE-9 Cascavel.  Uma destas viaturas apresentava uma configuração única, destinada originalmente a operar em cenários de guerra química, e apresentava como missão primordial identificar e marcar a presença de diversas substâncias tóxicas em pontos do território do campo de batalha, fazendo para isso de um sistema de dispenser de bandeirolas coloridas instalado na parte traseira do veículo. Este EE-3 Jararaca estava equipado com sofisticado sistema de proteção para guerra nuclear, química e biológica (NBC), contando com elaborados filtros de ar condicionado e mascaras de proteção química. Infelizmente a existência de apenas duas unidades em serviço no Exército Brasileiro, gerava grande limitação operacional de emprego para este modelo, e no de 2012 seria decidido que um destes deveria ser retirado de serviço sendo incluído no acervo do Museu Blindado do Centro de Instrução de Blindados General Walter Pires (CIBld) no Rio de Janeiro. Já o último Engesa EE-3 Jararaca, permaneceria ainda em serviço restrito junto ao 13º Regimento de Cavalaria Mecanizado (13 º RecMec).
Apesar de todas as críticas e rejeições, sua factível incorporação no Exército Brasileiro naquele período, poderia proporcionar uma excelente ferramenta para emprego urbano como força policial, em  operações que demandavam alto poder ofensivo,  aliado a uma satisfatória proteção blindada a seus tripulantes. Neste contexto, suas pequenas dimensões, o tornariam o veiculo ideal para emprego em áreas urbanas, podendo locomover-se com facilidade, evitando, desta forma, o emprego de veículos blindados com tração integral 6x6 ou ainda sob esteiras, como os modelos empregados recentemente nas áreas de favela na cidade do Rio de Janeiro - RJ durante as operações de Garantia de Lei e de Ordem (GLO). No emprego militar tradicional poderia ser ainda um veículo ideal para uso junto unidades de ataque rápido, podendo ser lançado de aeronaves de carga Lockheed C-130H Hercules da Força Aérea Brasileira. Esta lacuna somente seria preenchida no Exército Brasileiro durante o ano de 2022 quando começariam a ser recebidos os primeiros veículos blindados sob rodas com tração integral 4X4 do modelo Iveco LMV Lince MK2, constantes no programa estratégico denominado como Viatura Blindada Multitarefa, Leve Sobre Rodas (VBMT-LR).

Em Escala.
Para representarmos a versão básica de reconhecimento do Engesa EE-3 Jararaca, fizemos uso da única opção disponível, um modelo em resina de produção artesanal na escala 1/35. Este kit apresenta características rústicas e espartanas devendo ser reparado e corrigido . Este modelo deve ter sido baseado no Cascavel produzido pela mesma empresa (versão encurtada) e por isto necessita de inúmeras correções, mudanças e inclusões para se aproximar da versão real. Iremos abordar o processo de conversão futuramente em um novo artigo na seção de Reviews. Empregamos decais produzidos pela Decal e Books presentes no set " Forças Armadas do Brasil 1983 - 2002 ".
O esquema  de cores  ( FS ) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático em dois tons, empregado em todos  os carros blindados do Exército Brasileiro a partir do ano de 1983. No entanto estas viaturas blindadas foram recebidas ostentando dois distintos esquemas de camuflagem.





Bibliografia : 

- EE-3 Jararaca 4X4 Um Conceito Esquecido, por Expedito Carlos Stephani Bastos
- Engesa EE-3 Jararaca, Wikipedia - http://pt.wikipedia.org/wiki/EE-3_Jararaca
- Uma Realidade Brasileira - por Expedito Carlos Stephani Bastos