Bell Model 47D1 H-13D

História e Desenvolvimento. 
O emprego de aeronaves militares de asas rotativas na Segunda Guerra Mundial remonta a meados do ano de 1940, quando o modelo alemão Flettner FL 282 “Kolibri”, um aparelho de cockpit aberto e rotores entrelaçados e assento único,  seria liberado pela Força Aérea Alema (Luftwaffe) para produção. Inicialmente pretendia-se usar esta aeronave para realizar o transbordo de cargas e passageiros entre os navios da Marinha Alemã (Kriegsmarine). Em seguida seria desenvolvida a versão  FL 282 B-2,  equipada com um segundo assento, para ser ocupado por um observador, que deveria ser encarregado de prover o reconhecimento avançado do campo de batalha.  A cada fase do programa de ensaios em voo, este conceito de aeronave se mostrava cada vez mais promissor, levando o governo a encomendar a produção de mil células a empresa Bayerische Motoren Werke AG - BMW. Porém a forte campanha de bombardeio aliado a máquina industrial nazista, arrasaria grande parte do parque fabril aeronáutico alemão, levando assim a priorização de recursos para a produção de aeronaves de combate, resultando em apenas vinte e quatro helicóptero efetivamente entregues. Já no lado dos Aliados, o desenvolvimento de aeronaves de asas rotativas apresentaria grandes avanços perto do final do conflito, com os primeiros helicópteros realmente funcionais os Sikorsky R-4, sendo destacados para operação no teatro de operações do Pacífico em junho de 1945. Mesmo neste curto espaço de tempo, ficaria claro o potencial operacional deste tipo de aeronave nos conflitos futuros. Neste momento, outros fabricantes norte-americanos ensaiavam sua participação neste novo nicho mercadológico, entre estes a Bell Aircraft Company, que passaria a investir recursos, em um projeto liderado pelo engenheiro aeronáutico Arthur Young. Oficialmente apresentado ao comando da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) no dia 03 de setembro de 1941, este projeto visava o desenvolvimento de uma aeronave de asas rotativas de pequeno porte. Este programa receberia um pujante financiamento governamental, que envolvia inicialmente a produção de dois protótipos da aeronave agora designada como Bell Model 30. Seu primeiro voo ocorreria em 26 de junho de 1943, e logo seria submetido a um extenso programa de ensaios e testes de voo. Deste processo emergiria uma nova versão aprimorada, o  Bell Model 47. 

As expectativas a cerca deste novo modelo de aeronave, levariam a empresa a criar um divisão industrial especializada a Bell Helicopter Company, com suas instalações sediadas no Forte Worth no estado do Texas. O primeiro Bell Model 47 alçaria voo no dia  8 de junho de 1945, apresentando um sistema de rotor simples com duas hélices de madeira, motor convencional, uma seção tubular de aço soldado desprovida de carenagem e com o cockpit coberto com uma bolha em de plexiglass.  Esta seção superior poderia ainda ser removida transformando a aeronave em um helicóptero conversível, posteriormente esta bolha em plexiglass passaria a ser moldada em uma peça só, se tornando visualmente a marca registrada do modelo. Este design de cabine de comando, apresentaria uma ampla e excelente visibilidade, oque tornava mais seguro sua condução. Sua versão inicial de produção o Bell Helicopter Model 47A, receberia sua homologação para o mercado civil (classificação H1) no dia 08 de março de 1946, oficialmente se tornaria a primeira aeronave comercial de asas rotativas do mundo. Sua capacidade de transporte de um piloto e mais dois passageiros e sua confiabilidade mecânica,  tornariam o modelo rapidamente um sucesso comercial no mercado civil e governamental. Neste meio tempo, encontrava-se em curso o desenvolvimento da versão militar, com via a atender as demandas das forças armadas norte-americanas que buscavam a incorporação de uma aeronave de  leve de asas rotativas para o emprego em  missões de ligação e observação. Baseado no modelo civil, esta versão se distinguia visualmente pela adoção de um cone de cauda coberto com tecido e trem de pouso com quatro rodas. Em termos de conjunto mecânico, a nova aeronave estaca equipada com um motor mais potente o Franklin 6V4-178-B3 de 178 hp. O primeiro protótipo seria entregue para avaliação em abril de 1946, e deste programa de ensaios em voo emergiria a versão militar inicial  de produção o Bell H-13 Sioux. Um primeiro contrato envolvendo  vinte e oito helicópteros seria celebrado, com as primeiras células sendo entregues ao Exército dos Estados Unidos (US Army) em dezembro do mesmo ano.
Após definida sua doutrina operacional, os primeiros Bell H-13 seriam colocados em serviço ativo atuando em tarefas de ligação e observação, e seus excelentes resultados em açao despertariam a atenção do comando da aviação naval da  Marinha dos Estados Unidos (US Navy) e da Guarda Costeira dos Estados Unidos (US Coast Guard). Após tratativas seriam firmados os primeiros contratos de produção para estes ramos das forças armadas, inicialmente se limitando a um pequeno número de aeronaves, com estas sendo idênticas a versão empregada pelo Exército dos Estados Unidos (US Army). As primeiras aeronaves destinadas a aviação naval seriam entregues no início do ano de 1948, e após o início das operações verificaria-se a necessidade de customização do modelo para atendimento aos parâmetros de operação naval. Suas missões geralmente compreendiam voos de longa duração sobre o mar aberto sem possibilidade de pousos de emergência, e neste contexto deveria-se priorizar o desempenho e consequente segurança. Com base nestas exigências a equipe de projeto da  Bell Helicopter Company desenvolveria a versão Bell 47D1, que passava a ser equipada com o novo motor Franklin O-335-3 que apresentava agora 200 hp de potência nominal. Apesar de manter sua capacidade de transporte de duas pessoas, teria sua carga útil aumentada para 225 kg e voltava a equipado com trem de pouso do tipo esqui, dispensando ainda a cobertura de lona na fuselagem.  As hastes horizontais de suporte dos esquis eram retas formando ângulos retos entre as hastes e os esquis, o que permitiria a colocação de uma maca em cada lado externo da aeronave para o transporte de feridos, agregando as tarefas originais de treinamento e emprego geral, a missão de evacuação aero médica o que potencializaria o valor militar da nova aeronave. Este novo modelo logo conquistaria novos contratos de produção, elevando rapidamente o número de células em serviço militar ativo nos anos seguintes. 

Seu batismo de fogo ocorreria na Guerra da Coreia (1950 a 1953), quando os novos Bell H-13D  das três forças armadas norte-americanas, seriam empregados em larga escala no conflito atuando em missoes de ligação, observação e principalmente no transporte de feridos da linha de frente diretamente para os centros médicos de campanha, recebendo esta tarefa a denominação de MEDEVAC (Medical Evacuation – Evacuação Aero médica).  Este novo escopo operacional demandaria o aumento de aeronaves de asas rotativas naquele teatro de operações, levando assim a celebração de novos contratos de aquisição envolvendo centenas de células. A grande disponibilidade destas aeronaves de asas rotativas aliadas ao desenvolvimento de uma doutrina operacional de socorro aero médico resultaria em um enorme registro de resgates de feridos, transporte e salvamento, atingindo a impressionante cifra de mais de quinze mil soldados norte-americanos salvos durante este conflito. Em seu país de origem o Bell H-13D viria a se tornar o primeiro treinador padrão primário de aeronaves de asas rotativas desempenhando esta missão junto a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), Exército dos Estados Unidos (US Army), Marinha dos Estados Unidos (US Navy) e Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps). Além da formação de uma geração inteira de pilotos estas aeronaves seriam vitais no desenvolvimento da doutrina operacional de emprego de helicópteros. A fabricação do Bell 47D em suas versões militares e civis, alcançaria a cifra de mil células produzidas até o ano 1953, quando começaram a ser desenvolvidas e fabricadas novas variantes para o atendimento de demandas de clientes internacionais nos mercados civil e militar. Dentre estes destacamos os modelos Bell 47E, Bell 47F, Bell 47G, Bell 47G2 e Bell 47H, esta última desenvolvida para o transporte de até três pessoas contando com  o canopy totalmente fechado. As oportunidades internacionais levariam no transcorrer das décadas de 1950 e 1960 a empresa a licenciar a produção dos modelos da família Bell Model 47. Um total de mil e duzentas aeronaves das versões Bell 47G e Bell 47J seriam entregues pela empresa italiana Augusta SpA e mais quatrocentos e vinte e dois helicópteros produzidos pela inglesa Westland Aircraft Company. 
Em 1952 um acordo de produção sob licença seria celebrado entre a Bell Helicopter Company e a empresa japonesa Kawasaki Aircraft Enginnering, envolvendo principalmente as versões Model 47D e do Model 47G, com sua produção sendo efetivamente iniciada somente no início do ano de 1954. Este acordo contemplava as  versões militares e civis, tanto para o mercado doméstico quanto para exportação. Este programa seria descontinuado no Japão somente em meados do ano de 1976 com quatrocentos e quarenta e sete helicópteros produzidos. Esta família de aeronaves de asas rotativas se manteria em produção ininterrupta por vinte e sete anos, com a última linha sendo descontinuada somente no ano 1977. O Bell Model 47 pode ser considerado o modelo pioneiro de aeronave de asas rotativas de alta produção e operação. Sua imagem seria eternizada no imaginário popular na série de TV Mash que retratava o dia a dia do serviço médico militar norte-americano durante a Guerra da Coréia. Ao todo até fins da década de 1970 seriam entregues entre versões civis e militares mais de cinco mil células, com muitas destas se mantendo operacionais até o ano de 1998. Seriam empregadas no serviço militar na  Alemanha Ocidental, Argentina, Austrália, Brasil, Canada, Colômbia, Dinamarca, Espanha, Cuba, El Salvador, Egito, Sudão, Senegal, Bolívia, Estados Unidos, Franca, Grécia, Israel, Itália, México, Noruega, Nova Zelândia, Paquistão, Paraguai, Peru, Reino Unido, Brasil, Suécia, Tailândia, Turquia e Vietnã do Sul. 

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea Brasileira contava com mais de mil e quinhentas modernas aeronaves militares, com quase a sua totalidade sendo recebida a partir de 1942, nos termos do programa Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Em termos de capacidade ofensiva dispunha-se de um grande número de células de aeronaves de primeira linha, como os famosos caças bombardeiros Republic P-47D Thunderbolt, Curtiss P-40 Warhawk e aeronaves de ataque Douglas A-20 Havoc e North American B-25 Mitchel. Esta combinação de aeronaves de combate combinada com modelos de transporte e patrulha marítima e guerra antissubmarino (ASW), tornavam está a segunda maior força aérea das Américas, e a maior arma aérea do hemisfério sul do planeta. Apesar deste cenário se mostrar aceitável de imediato, as perspectivas futuras de médio prazo, seriam drasticamente alteradas pela evolução tecnológica aeronáutica observada no fim desta mesma década. Além da crescente participação de aeronaves movidas com motores de reação, começava a se destacar a introdução e operação dos primeiros modelos de aeronaves de asas rotativas, principalmente nas forças armadas norte-americanas, com o emprego dos primeiros Sikorsky R-4 e Bell 47D Sioux . Inclusive com sua versatilidade sendo testada e aprovada em cenários de conflitos reais em missões de transporte de pessoal, ligação, observação de campo de batalha e evacuação aero médica , como observado no transcorrer da Guerra da Coreia (1950 – 1953). Atento a estas mudanças, no início da década de 1950, o comando do Ministério da Aeronáutica (MAer) empreenderia estudos envolvendo o planejamento e estruturação do seu primeiro grande plano de modernização. Entre os pontos focais deste processo estava a aquisição vetores, e a criação e operação de um núcleo destinados ao emprego de aeronaves de asas rotativas. Seria definido neste estudo, que a primeira missão deste grupo seria focada principalmente para prestar serviços de transporte  aéreo especial (VIP – Very Important Person) aos mais altos escalões do governo federal.

O programa de aquisição de aeronaves de asas rotativas, seria deflagrado pelo Ministério da Aeronáutica (MAer)  em fins do ano de 1951, e após análises técnicas, a escolha recaindo sobre o fabricante Bell Helicopter Company através do seu modelo Bell 47D1. Esta versão estava equipada com motor Franklin O-335 de 178 HP de potência, representando neste momento o modelo militar mais atualizado em produção, equipando o braço aéreo de todas as forças armadas norte-americanas. Após tratativas comerciais, em 25 de março de 1952, seria celebrado com o representante da marca no país, um contrato para a aquisição de quatro aeronaves novas de fábrica, englobando neste pacote os serviços de treinamento e fornecimento de peças de reposição. Como se tratava do modelo de série sem customizações, estas células seriam retiradas da linha de produção, acelerando assim sua montagem para o atendimento da demanda brasileira. Em novembro do mesmo ano seria concluída a produção da última aeronave, sendo estas oficialmente inspecionadas por oficiais da Aeronáutica nas instalações da Bell Helicopter Company,  em Fort Worth no estado do  Texas. Em seguida seriam desmontados e preparados para o transporte ao Brasil por via marítima, sendo recebidos no porto do Rio de Janeiro nos primeiros dias do ano de 1953. Após serem descarregadas, seriam transportadas por via terrestre até o aeroporto do Galeão, onde passariam a ser montadas nas instalações da Fábrica do Galeão (FGL) por técnicos do fabricante em conjunto com o pessoal técnico da empresa estatal brasileira. Porém neste processo observou-se que uma das células infelizmente havia sido extremamente danificada na operação de transporte ao Brasil. Análises mais aprofundadas dos danos sofridos, classificariam a recuperação da célula como economicamente inviável. Desta maneira este aeronave não chegaria a ser montada, com seus componentes sendo separados e armazenados para servirem de suprimento as demais células operacionais. 
Este helicóptero passaria a ser designado na Força Aérea Brasileira como H-13D, recebendo as matrículas 8500 a 8502. Suas operações seriam iniciadas a partir do Aeroporto Santos Dumont, onde ficavam concentradas as estruturas e aeronaves pertencentes a Seção de Aeronaves de Comando (SAC), que era subordinada ao Quartel General da III Zona Aérea, organização esta criada para uso exclusivo no transporte das autoridades do governo brasileiro. Esta unidade evoluiria no futuro, se tornando o Esquadrão de Transporte Especial (ETE) e que posteriormente seria o embrião para a formação do Grupo de Transporte Especial (GTE), com a operação de aeronaves de asas rotativas destinadas ao 2º Esquadrão. Vale salientar que estes helicópteros  foram recebidos com a provisão para emprego de kits flutuadores intercambiáveis (equipamento até então inédito no país) com os tradicionais esquis de pouso. Poderiam ainda ser empregados em tarefas de Evacuação Aero médica (MEDEVAC), pois eram equipadas com suporte laterais para instalação de um par de macas externos, destinados ao transporte de feridos. Este pacote de equipamentos especiais, possibilitaria o emprego destes helicópteros no processo de desenvolvimento inicial da doutrina operacional de missões de busca e salvamento (SALVAEREO). Visando garantir maior conforto no transporte especial, o Ministério da Aeronáutica (MAer) efetivaria no ano de 1955 a compra de aeronaves do modelo Bell 47J, versão especializada para as tarefas de transporte VIP (Very Important Person). O recebimento destas aeronaves em 1956, possibilitaria concentração dos Bell H-13D em missões de busca e salvamento SAR (Searching and Rescue). Neste momento estas aeronaves seriam transferidas para o Quartel General da 3º Zona Aérea no Rio de Janeiro (QG3ºZAé), onde operariam até março de 1958, quando foram distribuídos para a 2º Esquadrilha de Ligação e Observação (2ºELO), sediada na Base Aérea do Galeão.

A criação do 2º/10º Grupo de Aviação (2º/10ºGAv) - Esquadrão “Pelicano” em 1957, com sede na Base Aérea de Cumbica na cidade de Guarulhos, determinaria que todo o processo de formação dos pilotos de asas rotativas da Força Aérea Brasileira passaria a ficar sob responsabilidade desta nova unidade. Desta maneira, durante o transcorrer do ano de 1958, as três células remanescentes dos Bell H-13D seriam transferidos para este novo grupo de aviação. Seguindo no processo de formação, estas aeronaves seriam empregadas exaustivamente, porém infelizmente em maio de 1959 o Bell H-13D  "FAB 8500" sofreria um acidente com perda total e vítimas fatais, reduzindo a frota do modelo para somente duas aeronaves. Com a crescente demanda por mais aeronaves de asas rotativas de treinamento, formação de pilotos e também para a realização de missões em apoio ao Exército Brasileiro e a Marinha do Brasil, o Ministério da Aeronáutica (MAer) verificaria a necessidade de aumento de sua frota. Assim em meados do ano de 1959 seria negociado junto a Bell Helicopter Company a aquisição de treze novas aeronaves agora dispostas na versão mais atual o Bell H-13G2.  Estes helicópteros começariam a ser entregues em lotes, a partir do início do ano seguinte, passando a ser distribuídos incialmente ao 2º/10º Grupo de Aviação (2º/10ºGAv) - Esquadrão “Pelicano” para o emprego em tarefas de treinamento e busca e salvamento (SAR). Posteriormente seriam distribuídos a 1 º e 3 º Esquadrilhas de Ligação e Observação (ELO) operando em proveito do Exército Brasileiro e também a 2º Esquadrilha de Ligação e Observação (ELO) que apoiava as atividades operacionais da Marinha do Brasil. Duas aeronaves operariam temporariamente junto 1º Grupo de Aviação Embarcada (GAE).
Visando padronizar os processos de manutenção e cadeia logística de peças de reposição pertinentes ao parque apoiador da aeronave (PqAerAF), a Diretoria de Material da Aeronáutica (DIRMA) decidiria por elevar as duas últimas células remanescentes do Bell H-13D para a versão atualizada Bell H-13H. Este processo se daria através da implementação de um amplo programa de  modernização, retrofit estrutural e sistema de comunicação. No entanto a principal mudança estaria pautada na substituição do motor original  Franklin O-335-5 com 178 hp, pelo novo  Lycoming VO-435 A1A de 200 hp, muito superior em termos de performance e segurança de voo. Este processo seria conduzido durante o início do ano de 1962 junto as próprias instalações do Parque de Aeronáutica dos Afonsos (PqAerAF) no Rio de Janeiro, com estas aeronaves sendo devolvidas para o 2º/10º Grupo de Aviação (2º/10ºGAv) - Esquadrão “Pelicano” no início do ano seguinte. Estas células emergiriam deste processo, ostentando a designação de  H-13H, seguindo em operação até o mês de setembro de 1982, quando seriam finalmente  retiradas do serviço ativo e alienadas para venda como matéria prima.

Em Escala.
Para representarmos o  Bell 47D1 - H-13D " FAB 8502 " empregamos o kit da Italeri na escala 1/48, para compormos a versão utilizada neste período e necessário promover algumas alterações, mais notadamente nos tanques de combustível. Optamos por apresentar uma aeronave  equipada com o kit de flutuação,  pertencente aos efetivos SALVAERO da 3º Zona Aérea - Rio de Janeiro. Fizemos uso de decais confeccionados pela FCM Decais, oriundos de diversos sets.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura empregado nos Bell  H-13D, pois foram originalmente recebidos na cor azul,  que era mais adequada as missões de transporte especial VIP (Very Important Person). Posteriormente receberiam este padrão tático em verde oliva (olive drab) , mantendo em uso este esquema até  implementação do processo de modernização, quando passariam a ostentar o padrão de pintura em amarelo das demais versões deste helicóptero em uso na Força Aérea Brasileira.


Bibliografia :

- Esquadrao Pelicano 50 anos de Historia - Mauro Lins Barros & Oswaldo Cruz
- Sikorsky H-19 Chicksaw - Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/Sikorsky_H-19_Chickasaw
Sikorsky H-19D Na FAB, por Aparecido Camazano Alamino - Revista Asas Nº 32
- Historia da Força Aérea Brasileira – Prof Rudnei Dias Cunha
- Historia da Força Aérea Brasileira por :  Prof. Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html

Kawasaki 47G3B e Bell HTL5 (47D1)

História e Desenvolvimento. 
O emprego de aeronaves militares de asas rotativas na Segunda Guerra Mundial remonta a meados do ano de 1940, quando o modelo alemão Flettner FL 282 “Kolibri”, um aparelho de cockpit aberto e rotores entrelaçados e assento único,  seria liberado pela Força Aérea Alema (Luftwaffe) para produção. Inicialmente pretendia-se usar esta aeronave para realizar o transbordo de cargas e passageiros entre os navios da Marinha Alemã (Kriegsmarine). Em seguida seria desenvolvida a versão  FL 282 B-2,  equipada com um segundo assento, para ser ocupado por um observador, que deveria ser encarregado de prover o reconhecimento avançado do campo de batalha.  A cada fase do programa de ensaios em voo, este conceito de aeronave se mostrava cada vez mais promissor, levando o governo a encomendar a produção de mil células a empresa Bayerische Motoren Werke AG - BMW. Porém a forte campanha de bombardeio aliado a máquina industrial nazista, arrasaria grande parte do parque fabril aeronáutico alemão, levando assim a priorização de recursos para a produção de aeronaves de combate, resultando em apenas vinte e quatro helicóptero efetivamente entregues. Já no lado dos Aliados, o desenvolvimento de aeronaves de asas rotativas apresentaria grandes avanços perto do final do conflito, com os primeiros helicópteros realmente funcionais os Sikorsky R-4, sendo destacados para operação no teatro de operações do Pacífico em junho de 1945. Mesmo neste curto espaço de tempo, ficaria claro o potencial operacional deste tipo de aeronave nos conflitos futuros. Neste momento, outros fabricantes norte-americanos ensaiavam sua participação neste novo nicho mercadológico, entre estes a Bell Aircraft Company, que passaria a investir recursos, em um projeto liderado pelo engenheiro aeronáutico Arthur Young. Oficialmente apresentado ao comando da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) no dia 03 de setembro de 1941, este projeto visava o desenvolvimento de uma aeronave de asas rotativas de pequeno porte. Este programa receberia um pujante financiamento governamental, que envolvia inicialmente a produção de dois protótipos da aeronave agora designada como Bell Model 30. Seu primeiro voo ocorreria em 26 de junho de 1943, e logo seria submetido a um extenso programa de ensaios e testes de voo. Deste processo emergiria uma nova versão aprimorada, o  Bell Model 47. 

As expectativas a cerca deste novo modelo de aeronave, levariam a empresa a criar um divisão industrial especializada a Bell Helicopter Company, com suas instalações sediadas no Forte Worth no estado do Texas. O primeiro Bell Model 47 alçaria voo no dia  8 de junho de 1945, apresentando um sistema de rotor simples com duas hélices de madeira, motor convencional, uma seção tubular de aço soldado desprovida de carenagem e com o cockpit coberto com uma bolha em de plexiglass.  Esta seção superior poderia ainda ser removida transformando a aeronave em um helicóptero conversível, posteriormente esta bolha em plexiglass passaria a ser moldada em uma peça só, se tornando visualmente a marca registrada do modelo. Este design de cabine de comando, apresentaria uma ampla e excelente visibilidade, oque tornava mais seguro sua condução. Sua versão inicial de produção o Bell Helicopter Model 47A, receberia sua homologação para o mercado civil (classificação H1) no dia 08 de março de 1946, oficialmente se tornaria a primeira aeronave comercial de asas rotativas do mundo. Sua capacidade de transporte de um piloto e mais dois passageiros e sua confiabilidade mecânica,  tornariam o modelo rapidamente um sucesso comercial no mercado civil e governamental. Neste meio tempo, encontrava-se em curso o desenvolvimento da versão militar, com via a atender as demandas das forças armadas norte-americanas que buscavam a incorporação de uma aeronave de  leve de asas rotativas para o emprego em  missões de ligação e observação. Baseado no modelo civil, esta versão se distinguia visualmente pela adoção de um cone de cauda coberto com tecido e trem de pouso com quatro rodas. Em termos de conjunto mecânico, a nova aeronave estaca equipada com um motor mais potente o Franklin 6V4-178-B3 de 178 hp. O primeiro protótipo seria entregue para avaliação em abril de 1946, e deste programa de ensaios em voo emergiria a versão militar inicial  de produção o Bell H-13 Sioux. Um primeiro contrato envolvendo  vinte e oito helicópteros seria celebrado, com as primeiras células sendo entregues ao Exército dos Estados Unidos (US Army) em dezembro do mesmo ano.
Após definida sua doutrina operacional, os primeiros Bell H-13 seriam colocados em serviço ativo atuando em tarefas de ligação e observação, e seus excelentes resultados em açao despertariam a atenção do comando da aviação naval da  Marinha dos Estados Unidos (US Navy) e da Guarda Costeira dos Estados Unidos (US Coast Guard). Após tratativas seriam firmados os primeiros contratos de produção para estes ramos das forças armadas, inicialmente se limitando a um pequeno número de aeronaves, com estas sendo idênticas a versão empregada pelo Exército dos Estados Unidos (US Army). As primeiras aeronaves destinadas a aviação naval seriam entregues no início do ano de 1948, e após o início das operações verificaria-se a necessidade de customização do modelo para atendimento aos parâmetros de operação naval. Suas missões geralmente compreendiam voos de longa duração sobre o mar aberto sem possibilidade de pousos de emergência, e neste contexto deveria-se priorizar o desempenho e consequente segurança. Com base nestas exigências a equipe de projeto da  Bell Helicopter Company desenvolveria a versão Bell 47D1, que passava a ser equipada com o novo motor Franklin O-335-3 que apresentava agora 200 hp de potência nominal. Apesar de manter sua capacidade de transporte de duas pessoas, teria sua carga útil aumentada para 225 kg e voltava a equipado com trem de pouso do tipo esqui, dispensando ainda a cobertura de lona na fuselagem.  As hastes horizontais de suporte dos esquis eram retas formando ângulos retos entre as hastes e os esquis, o que permitiria a colocação de uma maca em cada lado externo da aeronave para o transporte de feridos, agregando as tarefas originais de treinamento e emprego geral, a missão de evacuação aero médica o que potencializaria o valor militar da nova aeronave. Este novo modelo logo conquistaria novos contratos de produção, elevando rapidamente o número de células em serviço militar ativo nos anos seguintes. 

Seu batismo de fogo ocorreria na Guerra da Coreia (1950 a 1953), quando os novos Bell H-13D  das três forças armadas norte-americanas, seriam empregados em larga escala no conflito atuando em missoes de ligação, observação e principalmente no transporte de feridos da linha de frente diretamente para os centros médicos de campanha, recebendo esta tarefa a denominação de MEDEVAC (Medical Evacuation – Evacuação Aero médica).  Este novo escopo operacional demandaria o aumento de aeronaves de asas rotativas naquele teatro de operações, levando assim a celebração de novos contratos de aquisição envolvendo centenas de células. A grande disponibilidade destas aeronaves de asas rotativas aliadas ao desenvolvimento de uma doutrina operacional de socorro aero médico resultaria em um enorme registro de resgates de feridos, transporte e salvamento, atingindo a impressionante cifra de mais de quinze mil soldados norte-americanos salvos durante este conflito. Em seu país de origem o Bell H-13D viria a se tornar o primeiro treinador padrão primário de aeronaves de asas rotativas desempenhando esta missão junto a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), Exército dos Estados Unidos (US Army), Marinha dos Estados Unidos (US Navy) e Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps). Além da formação de uma geração inteira de pilotos estas aeronaves seriam vitais no desenvolvimento da doutrina operacional de emprego de helicópteros. A fabricação do Bell 47D em suas versões militares e civis, alcançaria a cifra de mil células produzidas até o ano 1953, quando começaram a ser desenvolvidas e fabricadas novas variantes para o atendimento de demandas de clientes internacionais nos mercados civil e militar. Dentre estes destacamos os modelos Bell 47E, Bell 47F, Bell 47G, Bell 47G2 e Bell 47H, esta última desenvolvida para o transporte de até três pessoas contando com  o canopy totalmente fechado. As oportunidades internacionais levariam no transcorrer das décadas de 1950 e 1960 a empresa a licenciar a produção dos modelos da família Bell Model 47. Um total de mil e duzentas aeronaves das versões Bell 47G e Bell 47J seriam entregues pela empresa italiana Augusta SpA e mais quatrocentos e vinte e dois helicópteros produzidos pela inglesa Westland Aircraft Company. 
Em 1952 um acordo de produção sob licença seria celebrado entre a Bell Helicopter Company e a empresa japonesa Kawasaki Aircraft Enginnering, envolvendo principalmente as versões Model 47D e do Model 47G, com sua produção sendo efetivamente iniciada somente no início do ano de 1954. Este acordo contemplava as  versões militares e civis, tanto para o mercado doméstico quanto para exportação. Este programa seria descontinuado no Japão somente em meados do ano de 1976 com quatrocentos e quarenta e sete helicópteros produzidos. Esta família de aeronaves de asas rotativas se manteria em produção ininterrupta por vinte e sete anos, com a última linha sendo descontinuada somente no ano 1977. O Bell Model 47 pode ser considerado o modelo pioneiro de aeronave de asas rotativas de alta produção e operação. Sua imagem seria eternizada no imaginário popular na série de TV Mash que retratava o dia a dia do serviço médico militar norte-americano durante a Guerra da Coréia. Ao todo até fins da década de 1970 seriam entregues entre versões civis e militares mais de cinco mil células, com muitas destas se mantendo operacionais até o ano de 1998. Seriam empregadas no serviço militar na  Alemanha Ocidental, Argentina, Austrália, Brasil, Canada, Colômbia, Dinamarca, Espanha, Cuba, El Salvador, Egito, Sudão, Senegal, Bolívia, Estados Unidos, Franca, Grécia, Israel, Itália, México, Noruega, Nova Zelândia, Paquistão, Paraguai, Peru, Reino Unido, Brasil, Suécia, Tailândia, Turquia e Vietnã do Sul. 

Emprego na Marinha do Brasil.
A operação de aeronaves de asas rotativas para emprego militar teve início no Brasil na primeira metade da década de 1950 com a aquisição pela Força Aérea Brasileira de quatro células do modelo Bell 47D1 - H-13D. Esta movimentação seria observada de perto pela Marinha do Brasil, que já ambicionava a implementação de sua aviação naval desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Após estudos, alocação de recursos e definição do plano estratégico, seria iniciado o programa de reativação da Aviação Naval, com o primeiro passo sendo dado em 1952 pela criação a Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM),  que teria por missão criar a doutrina de emprego deste novo braço militar aeronaval. Como segundo estágio deste processo, em 1955 seria formado o Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN), passando a ser baseado no km 11 da Avenida Brasil, na cidade do Rio de Janeiro – RJ (onde atualmente se encontra o Centro Recreativo da Casa do Marinheiro), sendo esta organização focada no treinamento e formação e todo o pessoal aero navegante da Marinha do Brasil. As primeiras aeronaves de instrução a serem recebidas foram três Bell 47J, aeronaves estas que foram adquiridas por intermédio da Missão Naval Americana, com estas células sendo recebidas desmontadas e acondicionadas em caixotes de madeira. O processo de montagem seria iniciado em 1957, com todos os trabalhos sendo realizados no Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN), com este processo marcando o início da era da aviação de asas rotativas na Marinha do Brasil. Neste mesmo período o governo brasileiro viria a assinar um contrato com o estaleiro japonês Ishikawajima Heavy Industries, para a construção de dois navios hidrográficos, que após incorporados seriam batizados como H-21 Sirius e o H-22 Canopus.  Este acordo originalmente contemplava ainda que estes navios deveriam ser entregues com duas aeronaves orgânicas para a realização das operações de apoio as tarefas de levantamento hidrográfico. Estas embarcações por possuíram pequeno espaço para operação e hangaragem as aeronaves de asas rotativas, deveriam obrigatoriamente empregas aeronaves de asas rotativas de pequeno porte, com a escolha pendendo pela aquisição de aeronaves da família Bell 47, que apresentava por diferencial já estarem em operação nas Forças Armadas Brasileiras

Para atender a estes parâmetros técnicos e operacionais, seria definido pela Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM) a adoção do modelo Kawasaki Bell 47G-3B como aeronave orgânica a ser operada junto a estes dois novos navios hidrográficos, com a aquisição de duas células novas de fábrica. Ao se aproximar da data de entrega dos navios H-21 Sirius e o H-22 Canopus, o comando da Aviação Naval enviaria ao Japão dois  oficiais aviadores e três  técnicos em manutenção,  para participação no programa de instrução de voo e manutenção das novas aeronaves, sendo este treinamento realizado nas instalações da Kawasaki Aircraft Enginnering, tendo estes militares a responsabilidade de atuarem como multiplicadores em seu retorno ao Brasil. Estas embarcações seriam oficialmente entregues pelo estaleiro japonês entre fevereiro e abril de 1958, partindo de Tóquio com destino ao Rio de Janeiro, trazendo a bordo os dois Kawasaki Bell 47G-3B que passaram a ser designados como HTL-6 e matriculados N-7006 e N-7007. Quando de sua chegada no pais e consequente incorporação, receberiam o carinhoso apelido de “ Sakura “, em alusão a sua origem oriental. Após a finalização do processo de adaptação da tripulação aos novos navios, seria determinado em julho de 1958 ao H-22 Canopus a missão de proceder um extenso programa de levantamento hidrográfico junto a Baia de Todos os Santos, na costa do estado da Bahia, , levando assim a ativação do Bell HTL-6 como aeronave orgânica embarcada. Em setembro do mesmo ano o H-21 Sirius recebeu a incumbência de realizar um trabalho semelhante ao do seu irmão gêmeo na foz do Rio Amazonas. Essas duas operações marcariam o primeiro registro de um destacamento aéreo embarcado na Região Amazônica e primeira vez no Brasil em que um helicóptero seria empregado como instrumento de apoio ao levantamento hidrográfico.
Apesar do grande êxito inicial nas operações de apoio as missões de levantamento hidrográfico, em 4 de junho de 1959 o Bell HTL-6 N-7006 sofreu uma perda de potência no motor quando regressava ao Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN) no Rio de Janeiro, sendo assim obrigado a fazer um pouso forçado no mar vindo a afundar. Apesar de ser recuperado do fundo do raso leito marinho horas depois, constatou se perda total da célula em função da exposição prolongada na água do mar. Este acidente viria de desmobilizar o conceito de operação como aeronave orgânica dos navios hidrográficos, pois como restaria somente restara uma unidade do modelo em serviço na Aviação Naval. Deste maneira decidiu-se que a mesma deveria ser incorporada a dotação do 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução (HI-1) destacado agora na Base Aeronaval de São Pedro D'Aldeia, onde passaria a atuar nas tarefas de formação de pilotos em conjunto com os demais  Bell 47J. Mesmo assim com a adoção do HTL-6 Sakura a este esquadrão, o mesmo pouco contribuiria com as atividades de treinamento e formação, pois o 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução (HI-1), se ressentia da falta de mais aeronaves de asas rotativas para realizar com proficiência suas atividades. Esta necessidade seria atendida a partir de 1960, quando a Comissão Naval Brasileira em Washington começaria a buscar por aeronaves de treinamento de asas fixas e rotativas, sendo esta última demanda contemplada com a cessão de seis células do Bell HTL-5 (versão militar do Bell 47D1) que se encontravam estocados em uma base da aviação naval da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) no estado do Arizona. Estas células seria empregadas na marinha daquele país inicialmente na instrução e formação de pilotos de asas rotativas e posteriormente quando foram substituídas por aeronaves mais modernas, acabariam sendo relegadas a tarefas de ligação.

Estes novos helicópteros eram bastante similares aos modelos japoneses adquiridos anteriormente, diferindo apenas em algumas características e como forma de diferenciá-los dos Bell 47G, foram designados IH-1A pela Marinha Brasileira. Apesar de serem aeronaves fabricadas entre os anos de  1951 e 1952 as células selecionadas ainda eram confiáveis e viáveis como plataforma para instrução básica, atendendo assim plenamente as necessidades do 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução (HI-1). Inspeções realizadas por uma comissão brasileira enviada aos Estados Unidos atestariam a necessidade da efetivação de pequenos reparos e a aplicação de uma revisão básica, atividades estas contratadas e executas nas instalações de manutenção no Naval Air Station (Estação Área Naval) da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) na cidade de  Litchfield Park. Todas as células seriam transportadas para este centro até novembro de 1960, paralelamente foi dado início aos os preparativos da formalização da compra e o despacho ao Brasil dos helicópteros, com o acordo sendo 14 de março de 1961. Ocasião está em que já células já se encontravam em território brasileiro, estando inclusive em estavam em processo de montagem pela equipe do Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN). As duas aeronaves restantes receberam pequenas avarias no transporte e necessitavam de cuidados especiais de manutenção corretiva e preventiva que foram executados pela empresa Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul em sua oficina que já detinha o ferramental e experiência no suporte a aeronaves civis deste modelo. As primeiras aeronaves operacionais foram formalmente incorporadas ao 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução (HI-1) em 22 de fevereiro de 196, melhorando assim sua capacidade de operação.
Infelizmente em 1961, dois acidentes reduziram a frota para quatro Bell HTL-5 e um Kawasaki HTL-6, no ano seguinte mais um HTL-5 seria perdido em uma ocorrência de média monta. Assim a reduzida frota desta família de aeronaves continuaria a desenvolver as tarefas de formação de pilotos, sendo uma aeronave esporadicamente convocada para participar das missões de levantamento hidrográfico a bordo dos navios H-21 Sirius e o H-22 Canopus. A partir de 1966 o recebimento das novas aeronaves de instrução Hughes 269A permitiria a gradativa substituição das células remanescentes dos Bell HTL-5 e um Kawasaki HTL-6. Em fins do ano seguinte seria definida a série desativação imediata dos Bell HTL-5 que ainda estavam em condições de voo, salientando que neste momento o Kawasaki HTL-6 já se encontrava fora do serviço ativo e permanecia armazenado. No início do ano de 1970, todas as aeronaves seriam baixadas do inventário da Aviação Naval, sendo alienadas para venda a operadores civis. Uma célula do Bell HTL-5 seria vendida, revisada passando a operar com a matrícula PT-FAJ, este processo se repetiria com o Kawasaki HTL-6 que passaria a operar sob a matricula PP-FAK.

Em Escala.
Para representarmos o Kawasaki-Bell 47G-3B IH-1 "N 7007" fizemos uso do excelente kit da Italeri na escala 1/48, modelo de fácil montem e  que não necessita de alterações para se compor a versão usada pela Aviação Nava da Marinha do Brasil. Empregamos decais confeccionados pelo fabricante FCM Decais  presentes no antigo e descontinuado set 48/11.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura quando do recebimento dos Kawasaki-Bell 47G-3B em 1958, mantendo este esquema até sua desativação, já os Bell HTL-5 receberam este padrão de pintura quando do processo de montagem



Bibliografia :

- Revista Força Aérea " Apoiando o Bode Verde " - Luciano Melo Ribeiro
- Revista ASAS nº 64 " Bell 47 na Aviação Naval Brasileira “ - Aparecido Camazano Alamino
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 Jackson Flores Jr


Aérospatiale SA330L Puma no Brasil

História e Desenvolvimento. 
No início da década de 1960 a França decidiu manter sua política de independência militar, ficando assim fora do alinhamento militar com a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), em detrimento das demais nações da Europa Ocidental que o fizeram. No entanto esta decisão, levaria ao repensar sua estratégia militar, pois desde o final da Segunda Guerra Mundial, as forças armadas francesas estavam equipadas principalmente com equipamento militar de origem norte-americana, o que denotava uma grande dependência externa. Este cenário seria agravado, principalmente pelo fato do grande nível de obsolescência apresentado. Buscando meios de solucionar este problema no curto prazo e buscar uma independência a médio e longo prazo, o governo Frances, passaria a investir recursos e esforços em um amplo processo de fortalecimento da indústria de defesa do país. No aspecto da aviação de asas rotativas, havia a premente necessidade em se substituir as aeronaves norte-americanas como os modelos Sikorsky c H-19D e Sikorsky SH-34, empregados principalmente pela Aviação do Exército Frances (Aviation Légère de L'armée de Terre – ALAT), nas s tarefas de transporte de carga e tropas. A fim de anteder a esta demanda, no início do ano de 1963, o Ministério da Defesa da França emitiu a fabricante de aeronaves estatal francesa Sud Aviation, detalhadas especificações para o desenvolvimento de um helicóptero de médio porte para o transporte de tropas com capacidade para até vinte soldados totalmente equipados, para operação em quaisquer condições meteorológicas. Sua linha conceitual e o consequente projeto seriam apresentados, despertando grande interesse por parte dos militares franceses, gerando assim a assinatura de um grande contrato para o desenvolvimento deste helicóptero. Apesar de contar com considerável know how na produção de aeronaves de asas rotativas equipadas com motores turbo eixo (conquistada nos programas Alouette II e Alouette III), sua experiência em aeronaves de grande porte se limitava a produção sob licença de mais de uma centena de células do modelo Sikorsky S-58 (H-34), que foram destinados a atender as demandas das forças armadas daquele país.

O modelo de helicóptero Sud Aviation SA 330, que seria inicialmente batizado como Alouette IV, estava equipado com dois novos motores turbo eixo Turbomeca Bi Bastan VII com 1.065 hp de potência cada. E esta nova aeronave seria conceitualmente projetada para ser capaz de atingir velocidades elevadas, apresentando grande capacidade de manobra, com um bom desempenho hot-and-high; os turbos eixos possuíam um nível constante de alta de energia de reserva, a fim permitir que a aeronave voasse efetivamente em peso máximo com apenas um motor de funcionamento, para assim poder prosseguir com a sua missão, se as circunstâncias assim exigissem. Seu cockpit possuía dois controles convencionais, um para o piloto e outro para o copiloto, existiria ainda a disposição de um terceiro assento para ser utilizado por um membro da tripulação de reserva ou comandante. O novo helicóptero dispunha ainda de um sistema de piloto automático eletro-hidráulico do tipo SFIM-Newmark 127; sendo capaz de controle de ângulo (roll e pitch) para estabilização da aeronave. Havia ainda a possibilidade de o operador gancho de carga poder inserir ajustes corretivos da posição do helicóptero a partir de sua estação, fazendo uso do piloto automático. Durante os estágios finais do projeto, seria adicionado a possibilidade de adoção dos novos motores Turbomeca Turmo, que ofereceriam muito mais potência que os originais escolhidos do modelo Turbomeca Bi Bastan VII. O primeiro protótipo seria completado em janeiro de 1965, com seu voo inicial ocorrendo em 15 de abril do mesmo ano. As primeiras avaliações levantadas sobre a aeronave eram extremamente positivas, levando assim o Ministério da Defesa Frances a autorizar a produção de seis células "pré-série". Estas aeronaves seriam destinadas a atender as demandas de um auspicioso programa de ensaios em voo, com as células sendo disponibilizadas pela  Sud Aviation, entre janeiro de 12 de janeiro de 1966 e 30 de julho de 1968.
O programa de testes, demandariam ao fabricante a aplicação de uma série de alterações e melhorias no projeto original, com a aeronave recebendo a homologação final para produção em série a partir de setembro de 1968. As primeiras células operacionais do agora denominado SA-330 Puma, seriam entregues oficialmente a Aviação do Exército Frances (Aviation Légère de L'armée de Terre – ALAT) em maio de 1969. As qualidades inerentes do projeto não passariam desapercebidas internacionalmente, e mesmo durante a fase de ensaios de voo, o modelo despertaria o interesse do comando da Força Aérea Real (RAF), que buscava neste mesmo período uma nova aeronave de transporte médio de asas rotativas. Esta oportunidade de negócios, motivaria a Société Nationale Industriell Aérospatiale, a adquirir o conglomerado de operações da Sud Aviation, com o objetivo principal de buscar o atendimento desta possível demanda das forças armadas britânicas. Feito isso um acordo de associação seria celebrado junto a Westland Helicopters, visando apresentar uma proposta para a produção conjunta da aeronave. Essa proposta logo seria aprovada pelo governo britânico, gerando um contrato de aquisição de quarenta e oito aeronaves. As primeiras duas células da versão Puma HC Mk 1, seriam entregues a Força Aérea Real (RAF) em 29 de janeiro de 1971, com Esquadrão 33º sendo declarado operacional em 14 de junho do mesmo ano. O sucesso operacional despertaria a atenção de forças armadas de diversos países, que se materializariam logo em seguida nos primeiros contratos de exportação, primeiramente para as forças armadas do Líbano, Marrocos, Portugal.

Novas versões seriam produzidas ao longo dos anos, sendo destinadas não só as forças armadas da França e Reino Unido, mas também a diversos países através de novos contratos de exportações como Argentina, Brasil, Paquistão, Chile, Camarões, Congo, Equador, Guiné, Indonésia, Costa do Marfim, Kuwait, Nepal, Omã, Romênia Malavi e Espanha. O grande porte e o perfil estável de voo, tornariam o SA-330 Puma uma excelente plataforma para o emprego de armas em de tarefas de suporte de fogo ao solo, com as primeiras iniciativas sendo desenvolvidas na Romênia, onde o modelo seria construído sobre licença pela empresa IAR Brașov, recebendo a designação de IAR-330 e posteriormente IAR-330 Puma Socat dedicadas ao combate antitanque. Na África do Sul, o modelo ganharia também uma versão armada, passando a ser designada localmente como Atlas Oryx. Já a versão básica de transporte de tropas e carga também seria fabricada sobre licença na Indonésia, pela empresa Indonesian Aerospace (IPTN). O batismo de fogo do Aerospatiale  SA-330 Puma, ocorreria pela primeira vez em 1974, quando aeronaves pertencentes a  Aviação do Exército Frances (Aviation Légère de L'armée de Terre – ALAT) foram empregas durante a Operação Barracuda, transportando uma equipe de assalto diretamente sobre a sede do governo do Império Central Africano. Estas aeronaves estiveram presentes também nos conflitos ocorridos no Líbano, Angola, Paquistão, Marrocos, Falklands Malvinas e Tempestade no Deserto. Vale salientar que em anos recentes, o SA 330 Puma seria ativamente empregado em missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) como no Haiti (Minustah) e no Sudão (Unamid), entre outras campanhas.
Em 1974, a Société Nationale Industriell Aérospatiale, buscando se antecipar as necessidades do mercado militar de transporte de asas rotativas, iniciou o desenvolvimento de um novo helicóptero de porte médio com base em seu consagrado modelo SA-330 Puma. Se projeto conceitual e mock up seriam apresentados na edição de 1975 da Feira Aérea Internacional Paris Air Show, e apesar da nova aeronave compartir o desing e concepção estrutural semelhantes ao seu antecessor, ela passava a incorporar em seu projeto inúmeros melhoramento e inovações. Receberia a adoção dos novos e mais potentes motores turbo eixo Turbomeca Makila com 1.877 hp de potência cada, que iriam propelir o novo rotor principal composto de quatro pás, produzido em materiais compostos, desenvolvidos para aumentar a resistência a danos. Possuía ainda como diferencial uma maior extensão da fuselagem, construída de forma mais robusta para resistir ao choque e danos de batalha, receberia ainda a adoção de uma barbatana ventral sob a cauda e um nariz alongado para acomodar um novo radar meteorológico. Seu primeiro protótipo (modificado a partir de uma célula SA 330), agora designado como AS-330, alçaria voo em 5 de setembro de 1977. O intuito era empregar esta célula como um laboratório de ensaios em voo, para validação do projeto final. Os resultados obtidos neste programa culminariam no projeto final batizado como "Super Puma", com seu protótipo realizando seu primeiro voo em 13 de setembro de 1978. A este seguiria a produção de mais cinco células que seriam utilizadas para avaliação operacional. Em comparação com a geração anterior, o novo Aérospatiale, AS-330 Super Puma, apresentaria um perfil operacional muito superior com melhores índices de manobrabilidade, consumo de combustível e estabilidade em voo, chamando a atenção dos operadores tanto civis quando militares do SA-330 Puma.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
A operação de aeronaves de asas rotativas para emprego militar, teve início no Brasil em 1952 com a aquisição pelo Ministério da Aeronáutica (MAer), de quatro células do modelo leve Bell 47D1, que assumiriam a primeiras missões de transporte e busca e salvamento (SAR). Com o passar dos anos, a construção da doutrina operacional do emprego de helicópteros militares demandaria a aquisição de aeronaves de maior porte e maior potência, visando assim ampliar a participação de helicópteros em operações militares no país. No final da década de 1970, a Força Aérea Brasileira encontrava-se predominantemente equipada com helicópteros de origem norte-americana como os Bell UH-1D e UH-1H , que eram também suas aeronaves de maior porte de asas rotativas. Entre outros trabalhos atribuídos a Aviação e Asas Rotativas na Força Aérea Brasileira, estava o apoio ao Exército Brasileiro em missões como transporte de tropas e operações de heli desembarque. Desta maneira ficava nítida a necessidade de se contar com um helicóptero de maior porte, pois, apesar dos excelentes serviços prestados até aquele momento, as aeronaves disponíveis apresentam uma capacidade limitada de transporte de carga e tropas, podendo transportar no máximo onze combatentes totalmente equipados. Assim operações de grande monta de transporte de tropas demandariam uma expressiva quantidade de surtidas aéreas, o que geraria a estas aeronaves um proibitivo risco de exposição prolongada ao possivel fogo antiaéreo inimigo. Esta percepção seria confirmada durante a realização de diversas operações conjuntas realizadas entre a Força Aérea Brasileira e o Exército Brasileiro nos derradeiros anos da década de 1970. Este fato seria ainda catalisado no começo da década seguinte com a implementação do programa de ampliação dos esquadrões de asas rotativas, transformando neste escopo os atuais  Esquadrões Mistos de Reconhecimento e Ataque – (EMRA), no  8º Grupo de Aviação, que passaria a congregar  todas as unidades operadoras de helicópteros na  Força Aérea Brasileira.

Este novo cenário demandava a aquisição de um helicóptero de maior porte, a ser destinado especificadamente para tarefas de transporte de tropas e cargas, assim visando atender a esta demanda em 1979, uma concorrência internacional seria lançada, prevendo a aquisição de seis a dez células de um modelo de helicóptero bimotor turbo eixo de porte médio, que atendesse a diversos requisitos técnicos e de desempenho. Não existem registros oficiais, sobre quais outros modelos aeronaves de asas rotativas chegaram a participar desta concorrência, porém a escolha acabaria recaindo sobre uma proposta apresentada pela empresa francesa Société Nationale Industriell Aérospatiale, que envolvia a versão mais recente SA-330L Puma, modelo este que representava uma evolução da variante SA-330H destinada a exportação. Esta aeronave estava equipada com os novos motores turboeixo Turbomeca Turmo IVC, que geravam cerca de 1.580 hp de potência cada, e apresentavam os rotores e pás do rotor principal confeccionados em materiais compostos. Uma das principais características da versão escolhida pela Força Aérea Brasileira, era a customização do projeto, permitindo assim a operação em regiões de alto calor e umidade, ambiente predominante em nosso país. Comenta-se ainda que tal decisão de compra, tenha sido influenciada pela recente chegada ao Brasil dos primeiros exemplares do modelo Aérospatiale SA-330J Puma, que haviam sido arrendados pela empresa de transporte Cruzeiro do Sul Taxi Aéreo. Um total de nove helicópteros deste modelo seriam empregados por esta empresa, criando assim além das rotinas e infraestrutura de manutenção, uma completa linha de suprimento de peças de reposição no país. Um contrato seria celebrando prevendo a aquisição de seis células a um custo unitário de Cr$ 335.849.646,00, este acordo englobava ainda o treinamento de pilotos, tripulantes e equipes de manutenção, lotes de peças de reposição e apoio logístico e técnico. Estas aeronaves se encontravam entre as últimas produzidas, se distinguindo principalmente pela instalação no nariz de um radar meteorológico Bendix RDR-1400, apresentando a primeira tela em cores a ser empregada em uma aeronave militar brasileira.
Ficaria determinado concentrar os novos Aérospatiale SA-330L Puma no 3º/8º Grupo de Aviação (3º/8º GAv) – Esquadrão Puma, unidade esta que havia sido criada em 9 de setembro de 1980, estando equipada com helicópteros Bell UH-1H oriundos do 3º Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque (EMRA), que estavam sendo empregados provisoriamente para o adestramento das equipagens. Nos meses que se seguiram, esta unidade começou a se preparar para o recebimento das novas aeronaves, com seus pilotos e mecânicos sendo enviados em março de 1981 a cidade de Mariganane, na França, onde foram recebidos nas instalações do fabricante, a fim de realizarem os cursos teóricos e práticos da aeronave SA-330L Puma. Esta etapa seria concluída com sucesso, e em setembro do mesmo todos os envolvidos já estavam de volta ao Brasil. Finalmente, em 17 de outubro do mesmo ano seria recebido no Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMAAF) no Rio de Janeiro, o primeiro dos seis Aérospatiale SA-330L Puma, transportado a bordo de um Lockheed C-130H Hercules do 1º/1º Grupo de Transporte (1º/1º GT). Sob supervisão de representantes da Aerospatiale, o primeiro helicóptero seria prontamente montado e colocado em condições de voo, realizando seu primeiro acionamento no dia 20 do mesmo mês. As demais aeronaves seriam recebidas nas semanas seguintes sempre transportadas por aeronaves da Força Aérea Brasileira. Assim que declarada operacional a aeronave agora designada como CH-33 Puma, passou a ser empregada na missão de formação de multiplicadores para o treinamento dos envolvidos.  Tal como ocorreu nas instalações do fabricante, essa fase seria executada de forma fluida e rápida, o que permitiu ao esquadrão dar início a etapa de treinamento e adestramento operacional. Os planos de atuação deste esquadrão envolviam além das missões de transporte de tropas, a execução de tarefas de busca e salvamento (SAR), infiltração e  exfiltração de forças especiais, transporte aéreo logístico e transporte de cargas externas.

Já em novembro de 1981 duas células do CH-33 Puma participariam da 8º Reunião de Aviação de Transporte de Tropa, que seria realizada na Base Aérea de Campo Grande (MS), apresentando assim as demais unidades de asas rotativas as capacidades operacionais da nova aeronave. Somente vinte semanas após o recebimento da primeira aeronave CH-33, o 3º/8º Grupo de Aviação (3º/8º GAv) - Esquadrão Puma, já estava sendo convocado para realizar tarefas de busca e salvamento (SAR) e missões de transporte presidencial. De fato, ao longo da vida operacional, os CH-33 Puma seriam empregados em incontáveis missões de busca e salvamento (SAR). Isso seria uma consequência natural não somente do enorme potencial como vetor de busca e salvamento, mas do fato de que o Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (PARA-SAR) ser praticamente “vizinho de porta” do 3º/8º Grupo de Aviação (3º/8º GAv). Esse binômio seria repetidamente empregado com sucesso nas mais variadas missões de busca e salvamento (SAR), bem como em missões humanitárias como as realizadas entre os anos de 1983 e 1984, durante as enchentes que varreram o estado de Santa Catarina. A despeito das dificuldades logísticas que assolaram os CH-33 durante toda sua carreira na Força Aérea Brasileira e que determinavam modestíssimos índices de disponibilidade, aqueles helicópteros proporcionaram uma nova dimensão a aviação de asas rotativas. Para melhor aproveitar todo o potencial da aeronave, em 1982 seria realizada por oficiais da Força Aérea Portuguesa uma série de palestras sobre o emprego do Aérospatiale SA-330, em Angola durante o conflito colonial no qual eles haviam se envolvido na década anterior. Em função deste aprendizado, bem como da visível necessidade de ampliar a capacidade de operações especiais, a equipe do esquadrão, passaria a dedicar considerável esforço ao adestramento de missões de infiltração e exfiltração de pessoal de operações especiais do Exército Brasileiro. Estas aeronaves também passariam a ser empregadas em missões de transporte de obuses de artilharia e veículos leves (utilizando seu gancho de carga). Para sua autodefesa as aeronaves eram armadas duas metralhadoras MAG calibre 7,62 mm dispostas na posição lateral.
Em fins de 1985 já se desenhava no horizonte o fim da carreira operacional dos CH-33 Puma, com o Ministério da Aeronáutica (MAer) já iniciando negociações junto a Société Nationale Industriell Aérospatiale visando assim a aquisição de um lote de helicópteros Aerospatiale AS-332 Super Puma, o sucessor maior e mais moderno do SA-330 Puma. Este processo resultaria em um contrato para o fornecimento de dez novos AS-332 Super Puma, trinta AS-350B e dez AS-355F2 Ecureiul (sendo estes últimos dois modelos passando a ser fabricados sob licença no Brasil pela Helibras S/A). Estas negociações consideravam como parte do pagamento, a devolução dos seis SA-330 Puma ao fabricante, com este processo se iniciando no início do ano e 1986, na candência de uma aeronave por mês, comas aeronaves sendo desmontadas e transportadas por aeronaves Lockheed  C-130H Hercules até as instalações do fabricante na França. No entanto apenas cinco  células seriam devolvidas, pois o CH-33 FAB  8701, acabaria sendo perdido no pátio do Terceiro Comando Aéreo Regional (III COMAR), em um acidente registrado no mês de  fevereiro do mesmo, felizmente sem causar vítimas. Assim os Aerospatiale CH-33 Puma encerrariam sua carreira na Força Aérea Brasileira em setembro de 1986,  após terem voado 11.116 horas e 25 minutos sendo substituídos pelos novos Aerospatiale CH-34 Super Puma.

Em Escala.
Para representarmos o CH-33 Puma "FAB 8702" empregamos o antigo kit da Heller na escala 1/50, infelizmente esta é a única opção disponível no mercado, sendo muita raro de encontrar. Para configurarmos a versão brasileira tivemos de proceder uma série de alterações em scratch, entre elas a adoção do radar meteorológico no nariz, modificação dos tanques de combustível suplementares laterais, inclusão de antenas de rádio e detalhamento interior. Fizemos usos de decais confeccionados pela FCM Decais pertencentes a diversos Sets, os numerais e brasões  do 3º/8º Grupo de Aviação foram impressos por nosso amigo Cesar Hares de Curitiba.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão tático norte-americano de pintura denominado como “Southeast Asia”, sendo composto em dois tons de verde, marrom e branco, com este padrão sendo empregado também nas aeronaves Bell UH-1D e UH-1H. Este esquema foi mantido até sua devolução ao fabricante em 1986.



Bibliografia:

- História da Força Aérea Brasileira, por  Prof. Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 , por Jackson Flores Jr
- Aerospatiale SA.330L PUMA CH-33 na FAB, por Aparecido Camazano Alamino - Revista Asas Nº 57
- Nas Garras do Puma – 3º/8º Grupo de Aviação, por Oswaldo Claro Jr.
- Aerospatiale SA.330L – Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/A%C3%A9rospatiale_SA_330_Puma


UH-14 AS 332F1 Super Puma


História e Desenvolvimento. 
Após a derrota da França em 10 de maio de 1940 e a subsequente ocupação alemã, a indústria de defesa nacional francesa, outrora pujante, foi reduzida à condição de fornecedora de componentes elementares para a produção de equipamentos e armamentos das forças nazistas. O renascimento desse setor ocorreu somente após o término da Segunda Guerra Mundial, no contexto da reconstrução da indústria manufatureira nacional. Nesse período, foram criadas duas empresas estatais: a Société Nationale des Constructions Aéronautiques du Sud-Est (SNCASE) e a Société Nationale des Constructions Aéronautiques du Sud-Ouest (SNCASO). Ambas resultaram da nacionalização de pequenas empresas privadas na década de 1930, como parte de um esforço estratégico para consolidar a indústria aeronáutica francesa em centros regionais de desenvolvimento e produção. Esse movimento não apenas restabeleceu empresas tradicionais, mas também propiciou o surgimento de novos conglomerados industriais e produtos que, nas décadas seguintes, alcançariam reconhecimento mundial, especialmente no setor aeronáutico. Destaca-se, nesse contexto, a produção de aeronaves de asas rotativas, que se beneficiou de significativos incentivos e investimentos governamentais. Além disso, parte considerável do conhecimento técnico foi adquirida por meio da fabricação de aeronaves sob licença de origem norte-americana e britânica, processo liderado pela SNCASE e pela SNCASO. Com base nesses acordos de produção licenciada, a indústria aeronáutica francesa alcançou rapidamente um nível de independência tecnológica, materializado no desenvolvimento de projetos nacionais. Entre estes, o mais notável foi o helicóptero Alouette II, projetado pela SNCASE e equipado com um motor turboeixo. Sua estreia operacional ocorreu em março de 1955, e o modelo, juntamente com suas versões subsequentes, permaneceu em produção até 1975. O Alouette II conquistou uma expressiva participação no mercado internacional de helicópteros de pequeno porte, consolidando a posição da França nesse segmento. Em 1º de março de 1957, a SNCASE e a SNCASO iniciaram um processo de fusão, dando origem à Sud Aviation (Société Nationale de Constructions Aéronautiques du Sud). A SNCASE já possuía experiência na fabricação de aeronaves como o avião de passageiros SNCASE Languedoc e o caça De Havilland Vampire, produzido sob licença como SNCASE Mistral. Em 1951, a empresa havia iniciado o desenvolvimento de um novo jato comercial, que se tornaria o emblemático Caravelle. A SNCASO, por sua vez, contribuiu com sua expertise em diversos projetos, complementando as competências da SNCASE. A fusão resultou em uma empresa mais robusta, capaz de competir no cenário aeroespacial global e de impulsionar o desenvolvimento de projetos inovadores que marcaram a história da aviação.

No início da década de 1960, a França, sob a liderança do presidente Charles de Gaulle, adotou uma política de independência militar, desvinculando-se do comando integrado da OTAN. Essa decisão estratégica visava reforçar a soberania nacional, mas trouxe desafios significativos, especialmente devido à dependência de equipamentos militares norte-americanos, muitos dos quais já obsoletos. Para superar essa vulnerabilidade e alcançar maior autonomia, o governo francês priorizou o fortalecimento de sua indústria de defesa, destinando recursos substanciais ao desenvolvimento de tecnologias nacionais. No setor de aviação de asas rotativas, a substituição de helicópteros como os Sikorsky H-19D, SH-34, S-58 e Vertol H-21, utilizados pela Aviação Ligeira do Exército Francês (ALAT), tornou-se uma necessidade urgente. Em 1963, o Ministério da Defesa emitiu à estatal Sud Aviation especificações para o desenvolvimento de um helicóptero de médio porte, capaz de transportar até vinte soldados equipados, operar em condições climáticas adversas, dia ou noite, e atender a missões de transporte de tropas e cargas. Esse projeto, que culminou na concepção do Alouette IV, representou um marco na busca por autossuficiência militar francesa. A Sud Aviation, embora experiente na produção de helicópteros leves como o Alouette II e III, possuía expertise limitada em aeronaves de maior porte, restringindo-se à fabricação licenciada do Sikorsky S-58. O protótipo do Alouette IV, concluído em janeiro de 1964, foi equipado com dois motores turboeixo Turbomeca Bi Bastan VII, cada um com 1.065 hp, e contava com quatro pás de hélice em material composto. O cockpit, projetado com dois controles convencionais (piloto e copiloto) e um assento adicional para um tripulante reserva ou comandante, refletia um design funcional e adaptável. A aeronave foi concebida para atingir altas velocidades, com excelente manobrabilidade e desempenho em condições de alta temperatura e altitude (hot-and-high). Além disso, os motores turboeixo asseguravam reserva de energia suficiente para operar com segurança mesmo em caso de falha de um motor, garantindo a continuidade da missão em cenários críticos. O desenvolvimento do Alouette IV simbolizou o compromisso francês com a inovação tecnológica e a independência estratégica, consolidando a Sud Aviation como um ator central na indústria aeroespacial. Esse projeto não apenas atendeu às necessidades imediatas das Forças Armadas francesas, mas também posicionou a França como um competidor relevante no mercado global de aviação militar.
O primeiro voo da aeronave estava programado para 15 de abril do mesmo ano, com perspectivas promissoras, o que levou o Ministério da Defesa da França a autorizar a fabricação de seis unidades em fase de pré-produção. Essas aeronaves, fornecidas pela Sud Aviation entre 12 de janeiro de 1966 e 30 de julho de 1968, foram destinadas a um abrangente programa de ensaios em voo. Durante os testes, o fabricante realizou diversas modificações e aprimoramentos no projeto original, culminando na homologação para produção em série a partir de setembro de 1968. As primeiras unidades operacionais, designadas SA-330 Puma, foram oficialmente entregues à Aviação Ligeira do Exército Francês (Aviation Légère de l'Armée de Terre – ALAT) em maio de 1969. As qualidades do projeto atraíram atenção internacional, inclusive durante a fase de ensaios, despertando o interesse da Força Aérea Real Britânica (Royal Air Force – RAF), que buscava uma nova aeronave de transporte médio de asas rotativas. Em janeiro de 1970, foi constituída a Société Nationale Industrielle Aérospatiale (SNIAS), uma empresa pública francesa resultante da fusão entre Sud-Aviation, Nord-Aviation e Société d'Étude et de Réalisation d'Engins Balistiques (SEREB). Essa reestruturação ampliou a capacidade industrial da empresa, visando atender à potencial demanda britânica. Nesse contexto, foi firmado um acordo de cooperação com a Westland Helicopters para a produção conjunta da aeronave. A proposta foi prontamente aprovada pelo governo britânico, resultando em um contrato para o fornecimento de 48 unidades. As duas primeiras aeronaves da versão Puma HC Mk 1 foram entregues à RAF em 29 de janeiro de 1971. Posteriormente, novos contratos de exportação foram celebrados com Argentina, Líbano, Marrocos, Portugal, Paquistão, África do Sul e Brasil. Em 1974, a SNIAS, antecipando as necessidades do mercado militar de transporte com asas rotativas, iniciou o desenvolvimento de um novo helicóptero de médio porte, baseado no consagrado SA-330 Puma. O conceito e o modelo em escala (mock-up) foram apresentados na edição de 1975 da Feira Aérea Internacional Paris Air Show. Embora a nova aeronave compartilhasse semelhanças estruturais e conceituais com seu antecessor, incorporava significativas melhorias e inovações em seu projeto.

O novo helicóptero foi equipado com os  motores  franceses turboeixo Turbomeca Makila, cada um com 1.877 hp, que acionavam um rotor principal de quatro pás, fabricado em materiais compósitos para maior resistência a danos. A aeronave apresentava uma fuselagem ampliada e reforçada, projetada para suportar impactos e danos em combate, além de incorporar uma barbatana ventral sob a cauda e um nariz alongado para acomodar um radar meteorológico avançado. O primeiro protótipo, adaptado a partir de uma célula SA-330 e redesignado como AS-330, realizou seu voo inaugural em 5 de setembro de 1977, sendo utilizado como plataforma de ensaios em voo para validação do projeto. Os resultados obtidos culminaram no desenvolvimento do modelo final, denominado AS-332M Super Puma, cujo protótipo voou pela primeira vez em 13 de setembro de 1978. Cinco aeronaves adicionais foram produzidas para avaliações operacionais. Em comparação com seu antecessor, o AS-332 Super Puma exibia desempenho operacional superior, com maior manobrabilidade, eficiência no consumo de combustível e estabilidade em voo, atraindo o interesse de operadores civis e militares do SA-330 Puma. A partir de então, a versão militar foi designada AS-332B, enquanto a versão civil recebeu a designação AS-332C. O primeiro cliente militar foi a Aviação Ligeira do Exército Francês (Aviation Légère de l'Armée de Terre – ALAT), que iniciou a incorporação das primeiras unidades em maio de 1980, promovendo a substituição gradual das aeronaves SA-330 Puma. Paralelamente, a versão civil AS-332C foi finalizada e comercializada a partir de 1981, alcançando êxito comercial em empresas de transporte aéreo e operando em doze países. Entre 1981 e 1987, a Société Nationale Industrielle Aérospatiale (SNIAS) manteve uma taxa média de produção de três helicópteros por mês, atendendo a demandas civis e militares. A partir de 1982, a aeronave passou a ser montada sob licença na Indonésia pela Indonesian Aerospace (IPTN), que já havia produzido o SA-330 Puma. O sucesso da versão de transporte incentivou o desenvolvimento de variantes especializadas, incluindo o projeto "Orchidée", voltado para vigilância aérea no campo de batalha. Essa variante contava com um radar Doppler de pulso instalado na parte inferior da fuselagem, capaz de realizar varreduras de 360 graus e detectar helicópteros em voo baixo e veículos terrestres a até 150 km de distância.

Os dados coletados pelo sistema eram transmitidos em tempo real para estações terrestres móveis por meio de um enlace de dados de canal único, permitindo processamento e análise antes de serem encaminhados aos comandantes no campo de batalha. O sistema foi projetado para operar em todas as condições climáticas e contava com proteção contra contramedidas eletrônicas hostis. Contudo, apesar de ter avançado até a fase de construção do protótipo, o projeto foi cancelado devido a restrições orçamentárias impostas pelo término da Guerra Fria. A variante subsequente foi desenvolvida para missões navais, abrangendo transporte de tropas e carga, além de operações de ataque, com ênfase em guerra anti-superfície (ASM). Essa versão podia ser equipada com mísseis Aerospatiale AM-39 Exocet e configurada para guerra antissubmarino (ASW), utilizando torpedos e bombas de profundidade. No final da década de 1990, a Força Aérea Helênica (HAF) emitiu uma solicitação para aquisição de helicópteros destinados a missões de Busca e Salvamento (SAR), com o objetivo de substituir sua frota de helicópteros Agusta Bell AB-205 SAR, em operação desde 1975. A necessidade de uma aeronave com elevada autonomia, capaz de operar em quaisquer condições meteorológicas, incluindo missões noturnas, resultou no desenvolvimento de uma variante especializada em Busca e Salvamento em Combate (CSAR), adotada por diversas forças militares. A família de helicópteros AS-332 Super Puma foi exportada para 38 nações, incluindo Brasil, China, Chile, Equador, Finlândia, Bolívia, França, Gabão, Geórgia, Grécia, Indonésia, Jordânia, Kuwait, Mali, Nigéria, Omã, Arábia Saudita, Singapura, Espanha, Suíça, Tailândia, Venezuela, Congo, Togo, Turcomenistão e Uzbequistão. Até o final da década de 1990, foram construídas e entregues 536 unidades. Sua versatilidade o tornou uma escolha popular para missões militares e civis, destacando-se em transporte, operações de combate e resgate. A fim de atender a evolução das demandas, a empresa desenvolveria a família AS-532 Cougar é uma evolução direta do AS-332. Projetado para atender a requisitos militares modernos, o AS-532 incorpora melhorias em aviônica, capacidade de carga, proteção e versatilidade, sendo amplamente utilizado em missões táticas, navais e de busca e salvamento em combate (CSAR). Em sua versão básica podia transportar até 25 soldados equipados ou 5.000 kg de carga útil, dispunha de blindagem reforçada, sistemas de contramedidas eletrônicas (ECM), dispensadores de chaff/flare e resistência a impactos para operação em ambientes hostis. Esta família ao longo do início do século 21 passaria a substituir a maioria das aeronaves militares das versões do Aerospatiale AS 332 Super Puma.

Emprego na Marinha do Brasil.
A Força de Fuzileiros de Esquadra (FFE), instituída em 1950, foi estabelecida com o objetivo de desenvolver uma estrutura de combate anfíbio, inspirada no modelo do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC). Nos anos subsequentes, foram implementadas medidas para consolidar uma força anfíbia, com a aquisição de navios especializados em transporte de tropas, incluindo o G-20 Custódio de Mello, G-16 Barroso Pereira, G-21 Ary Parreiras e G-22 Soares Dutra, além de embarcações de desembarque de pessoal, material e viaturas (EDVP e EDVM). Esses recursos estabeleceram as condições necessárias para a execução de operações anfíbias de maior envergadura. Concomitantemente, foram incorporados os primeiros veículos destinados a operações de desembarque anfíbio, como os jipes M-38A1, M-38A1C, Willys CJ-5 e utilitários leves Dodge M-37, operados a partir das Embarcações de Desembarque de Viaturas e Material (EDVM). Nesse período, foram iniciados ciclos de treinamento voltados para desembarques de baixa complexidade, abrangendo tropas, veículos leves, peças de artilharia e cargas. Durante a década de 1960, a consolidação operacional da Força de Fuzileiros de Esquadra (FFE), integrante do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, evidenciou a necessidade de integrar capacidades de assalto aerotransportado para complementar as operações de desembarque anfíbio. Inicialmente, essa função foi desempenhada pelos helicópteros Westland WS-55 Whirlwind Series 1 e Series 3, operados pelo 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1). Contudo, a obsolescência desses modelos e sua baixa disponibilidade operacional levaram à utilização frequente dos helicópteros Sikorsky SH-34J "Baleia", pertencentes ao 1º Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino (EsqdHS-1). A partir do início da década de 1970, a limitada disponibilidade de aeronaves de transporte da Aviação Naval, aliada à crescente demanda por meios aéreos para operações anfíbias, resultou no emprego dos helicópteros Sikorsky SH-3D Sea King, também operados pelo EsqdHS-1. Apesar de serem aeronaves de maior porte, equipadas com motores turboeixo confiáveis, seu uso em missões de transporte apresentava desafios significativos. Para atender a essa função, era necessário remover os complexos equipamentos de guerra antissubmarino, um procedimento laborioso que frequentemente causava danos aos sensíveis sensores eletrônicos. Tal prática comprometia a já limitada capacidade de guerra antissubmarino da Marinha do Brasil, revelando-se ineficiente e impactando diretamente a capacidade de dissuasão da Força Aeronaval.

A solução improvisada adotada até então não atendia às exigências operacionais, em termos de quantidade e adequação, para suprir as necessidades específicas de transporte e desembarque helitransportado de fuzileiros navais. Assim, tornou-se imprescindível dotar a Aviação Naval da Marinha do Brasil com um vetor de asas rotativas especializado em missões de transporte de tropas e cargas, que pudesse ser completamente focado neste escopo de missão. Para atender a essa demanda, foi negociada com o Governo Federal uma alocação orçamentária suplementar, possibilitando ao Ministério da Marinha, em 1984, lançar uma concorrência internacional para a aquisição de seis a dez helicópteros bimotores turboeixo destinados ao transporte de tropas e cargas. Diversas propostas foram apresentadas, e o comando da Força Aeronaval realizou análises detalhadas, priorizando aeronaves de médio porte compatíveis com a dotação orçamentária disponível, eliminando assim de cara os principais vetores norte-americanos especializados neste tipo de emprego.  Esse processo culminou na elaboração de uma lista restritiva, na qual a proposta da empresa francesa Société Nationale Industrielle Aérospatiale (SNIAS) foi selecionada. A escolha foi favorecida pela relação comercial e operacional já estabelecida com a Marinha do Brasil, iniciada com a incorporação dos helicópteros Helibras-Aérospatiale HB-350B BA (UH-12) Esquilo produzidos nacionalmente sob licença. A proposta francesa incluía, além da aquisição de helicópteros de transporte, a venda de onze unidades do modelo AS-355 F2 Twin Ecureuil, configurando-se como a oferta mais vantajosa da concorrência. Em março de 1985, foi formalizado um contrato no valor de US$ 54 milhões, contemplando a aquisição de seis unidades do helicóptero AS-332 F1 Super Puma e onze unidades do AS-355 F2 Twin Ecureuil. Essa aquisição concretizou uma aspiração de longa data do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), que, desde a década de 1970, buscava o suporte de aeronaves de asas rotativas dedicadas ao transporte de tropas. Com a definição do vetor, foi instituída, no âmbito da Força Aeronaval, uma unidade específica para operar essas novas aeronaves. Assim, em 18 de setembro de 1985, por meio de decreto presidencial, foi criado o 2º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral – Esquadrão Pegasus (EsqdHU-2). Essa unidade passou a se dedicar prioritariamente ao apoio às operações anfíbias do Corpo de Fuzileiros Navais, fortalecendo a capacidade operacional da Força de Fuzileiros de Esquadra.
A Marinha Brasileira, seria a primeira operadora da versão naval do modelo, com esta variante sendo praticamente customizada (diferente das demais versões de exportação em uso até então). Este modelo navalizado receberia a designação de AS-332 F1 Super Puma, possuindo a capacidade de dobrar (pentear) as pás do rotor no intuito de favorecer a hangaragem nos navios  de maior porte da esquadra brasileira. Em termos de avionica. a aeronave estava muito bem equipada, contando com o novo radar meteorológico Bendix RDR 1400C, dois rádios Collins VHF/UHF e AM/FM Na/ARC-182, um rádio HS/SSB, um computador de missão Nadir MK II, um sistema de identificação de amigo ou inimigo IFF NA/APX-100 e um rádio altímetro AHV-8, representando o estado da arte em termos de sistemas embarcados de navegação e comunicação. Após a produção das três primeiras células, verificou ainda na fábrica, que mesmo com as pás dos rotores dobrados, o AS-332 F1 ainda excedia as  dimensões máximas permitidas pelos elevadores do navio aeródromo ligeiro A-11 Minas Gerais. A fuselagem da aeronave era demasiada grande, e para como solução buscou-se equipar a aeronave com um  cone da cauda dobrável que, além de facilitar a operação a bordo do porta aviões, que tornaria a Marinha Brasileira a única operadora do AS-332 F1 Super Puma com este recurso. Foi necessário aplicar um retrofit nas primeiras três células concluídas, bem como alterar as últimas três que ainda se encontravam na linha de produção.  As primeiras aeronaves foram recebidas desmontadas em 15 de abril de 1987, na base aérea de São Pedro de Aldeia no Rio de Janeiro, onde foram designadas  como UH-14, recebendo as matriculas de N-7070 á N-7075, passando imediatamente a serem incorporadas ao   recém-criado NUEsqdHU-2 (Núcleo do Segundo Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral), embrião operacional estabelecido para   a estruturação e recebimento das aeronaves. As últimas duas aeronaves foram recebidas em  fevereiro de 1988, ativando assim de fato e direito o 2º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral - Esquadrão Pegasus (EsqdHU-2)

Com sua dotação completa em 1988, o 2º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral - Esquadrão Pegasus (EsqdHU-2),  passou inicialmente a apoiar as operações de desembarque anfíbio da Força de Fuzileiros de Esquadra (FEE). Ao longo dos anos seguintes mais missões como busca e salvamento - SAR (Search And Rescue), lançamento de paraquedistas e mergulhadores de combate, esclarecimento marítimo, e missões de apoio as operações noturnas de pouso e decolagens em porta aviões, passaram a fazer parte do leque de tarefas da aeronave. Originalmente os UH-14 Super Puma, operavam quase que sempre embarcados no  navio aeródromo ligeiro A-11 Minas Gerais, porém ao longo dos anos seguintes, passaram a ser destacados para operar junto aos navios de desembarque e transporte de tropas da esquadra, como  o NDD G-31 Rio de Janeiro, NDD G-30 Ceará, NDCC G-28 Mattoso Maia,  NDCC G-29 Garcia D Avila. Operariam a partir de 2002 também a bordo do novo navio aeródromo A-12 São Paulo. Vale salientar que originalmente dentre o leque de missões planejadas para este modelo na Força Aeronaval, previa-se o emprego do UH-14 Super Puma como plataforma para guerra anti-superfície (ASM), fazendo uso de misseis franceses MBDA AM-39 Exocet. A última célula a ser produzida o UH-14 N-7075, seria a única a receber na na fábrica  a cambagem para a instalação  do radar de missão  Omera Orb-32, no entanto este plano de missão nunca foi operacionalmente empregado.  O único acidente grave com o modelo de aeronave seria registrado em 18 de setembro de 1990, quando o Super Puma UH-14 N-7072 sofreu um sinistro com perda total quando operava a bordo do navio aeródromo ligeiro A-11 Minas Gerais
Em abril de 1992 a Marinha Brasileira assinou o contrato para a aquisição de duas novas aeronaves de fábrica, sendo uma destinada a repor a perda do UH-14 N-7072 ocorrida em setembro de 1990 e a outra para aumento da frota orgânica. Apesar de serem modelos idênticos aos entregues inicialmente, estes receberam do fabricante de acordo com as novas normas europeias a designação AS-532 SC Cougar.  As duas células foram trazidas ao Brasil desmontadas em aviões Lockheed C-130H Hercules da Força Aérea Brasileira, sendo montadas por técnicos da Helibras S/A, na Base Aérea do Galeão no Rio de Janeiro antes de serem transladadas a Base Aeronaval de São Pedro de Aldeia. Estas novas aeronaves receberiam as matriculas de  N-7076 e N-7077. No ano de 2011, a equipe operacional do   2º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral - Esquadrão Pegasus (EsqdHU-2), qualificaria suas aeronaves para o emprego de  metralhadoras FN MAG 7,62mm, operada pelos mecânicos de voo, idêntica a operadas nos recém adquiridos Eurocopter EC-725 UH-15 Caracal, permitindo a aeronave sua  autoproteção e da tropa durante as operações de embarque e desembarque.

Em Escala.
Para representarmos o  AS332 F1 Super Puma UH-14 "7077", fizemos uso do modelo da Italeri na escala 1/72, que originalmente representa a AS 532 Cougar,  idêntica a aeronave operada pela Aviação Naval da Marinha do Brasil. Lamentavelmente não existe no mercado a opção na escala 1/48 desta família de helicópteros. Empregamos decais confeccionados FCM DEcais presentes no antigo e descontinuado Set 72/03.

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o primeiro padrão de pintura em cinza brilhante com marcações em branco, este padrão se manteve até fins da década de 1990 quando foi substituído por outro padrão com o emprego de cinza fosco e marcações em preto.



Bibliografia :

- Aviação Naval Brasileira - Professor Rudnei Dias da Cunha  http://www.rudnei.cunha.nom.br/Asas%20sobre%20os%20mares/index.html
- HU-2 O Esquadrão Pegasus da Marinha - Jackson Flores Jr - Revista Força Aérea Nº 5
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 Jackson Flores Jr