VBTP - MR 6X6 Iveco Guarani

História e Desenvolvimento.
A operação de veículos blindados sobre rodas no Exército Brasileiro, teve seu início durante a Segunda Guerra Mundial, quando foram recebidos os primeiros carros T-17 Deerhound e M-8  Greyhound, cabendo a este último a experiência de operação em combate real pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a campanha da Itália na Segunda Guerra Mundial. Logo no pós-guerra o emprego deste tipo de blindado sobre rodas seria ampliado nas unidades mecanizadas brasileiras, devido ao recebimento de mais viaturas blindadas sobre rodas dos modelos Ford M-8 e M-20. A necessidade de manutenção da operacionalidade e extensão da vida útil desta frota resultaria durante a década de 1960, nos primeiros esforços de modernização a atualização destas viaturas que gerariam o primeiro embrião da indústria de defesa nacional.  Neste contexto o desenvolvimento dos projetos das viaturas blindadas CRR (Carro de Reconhecimento sobre Rodas) e CTRA (Carro de Transporte sobre Rodas Anfíbio) durante a década de 1970 seriam potencializadas pelo movimento de reorganização promovido pelo Exército Brasileiro, que ensejaria na criação da "nova cavalaria mecanizada". De acordo com esta sistemática todas as brigadas deveriam ter ao menos um esquadrão de cavalaria mecanizada para emprego em tarefas reconhecimento e segurança, também seriam formados regimentos inteiros de cavalaria mecanizada formando, juntamente com a cavalaria blindada, suas próprias brigadas de cavalaria mecanizada. Por característica de missão a cavalaria mecanizada "leve" deveria operar de forma descentralizada em grandes distâncias, operando principalmente em estradas pavimentadas ou não, trafegando primordialmente em alta velocidade. Para isto seriam necessários veículos leves e ágeis que renunciariam ao grande poder de fogo e blindagem em detrimento a mobilidade.  Neste contexto seriam incorporados nos novos veículos blindados Engesa EE-9 Cascavel e EE-11 Urutu, com estes dois modelos operando em conjunto nos pelotões de cavalaria mecanizada, complementando um ao outro. Suas semelhanças de projeto e alta compatibilidade de componentes (muitos deles oriundos da indústria automotiva) facilitariam a cadeia logística e processos de manutenção. A introdução destes dois modelos de produção nacional traria a Força Terrestre uma capacidade de mobilidade do campo de batalha jamais atingida, representando regionalmente no contexto da América do Sul, uma ferramenta de projeção de poder e dissuasão. No entanto o passar dos anos logo traria o eminente desgaste operacional, levando ao registro de baixos indícios de disponibilidade, com este cenário sendo agravado pela decretação de falência da Engesa S/A em 1994. Neste momento se fazia necessário tomar ações que pudessem restabelecer a capacidade operativa dos Regimentos de Cavalaria Mecanizada (RCC) e Esquadrões de Cavalaria Blindada (EsqdCMec), sendo descartado inicialmente a substituição destes blindados por modelos mais modernos importados. 

A solução lógica derivaria para a implementação de um grande processo de repotenciamento e modernização, com esta missão sendo capitaneada pelo Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP), localizado na cidade de Osasco - SP, que buscaria parceria com empresas privadas. Em 1996, este programa receberia a denominação oficial de "Manutenção de 5º Escalão de Viaturas Blindadas sobre Rodas" ou Projeto Fênix, e abrangeria a implementação em 204 EE-9 Cascavel e um número similar de veículos do modelo de transporte de tropas Engesa EE-12 Urutu. Apesar do êxito, fica claro que este processo apresentava uma solução temporária, pois a concepção destes carros remontava a década de 1970, sendo formatados em um cenário completamente diferente da atualidade, demonstrando um preocupante grau de obsolescência face os novos hipotéticos cenários de combate assimétricos. Estas impressões seriam confirmadas durante o emprego real em zonas de conflagração, quando sem serviços de forças multinacionais de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), em Moçambique e Congo nos anos de 1990 e no Haiti na década seguinte. Nestes cenários de emprego urbano, seriam expostas falhas e deficiências operacionais dos blindados da Engesa, se destacando principalmente um baixo nível de proteção a seus ocupantes. A solução para esta problemática passaria a ser inclusa nas diretrizes da Política Nacional de Defesa (PND) e da Estratégia Nacional de Defesa (END), o Exército Brasileiro implementou projetos de modernização e transformação, que envolveriam diversos aspectos da Defesa, tanto em material, quanto em pessoal e de mentalidade. O Programa Estratégico do Exército (Prog EE) seria organizado em um Portfólio Estratégico do Exército (Port EE) com projetos de execução de médio e longo prazo, que possibilitam a modernização da Força Terrestre a fim de cumprir suas missões constitucionais. Dentro deste programa estava incluindo o desenvolvimento de uma nova família de veículos blindados sobre rodas. Este programa herdaria em sua concepção os ensinamentos colhidos nas operações multinacionais de paz da Organização das Nações Unidas (ONU). Assim em fins do mesmo ano o Exército Brasileiro emitiu um pedido (ROB # 09/99) para uma nova família de veículos blindados de combate com capacidade anfíbia, capaz de substituir os Engesa EE-9 Cascavel e EE-11. A principal característica desta nova família, seria o de apresentar um design modular, permitindo a incorporação de diferentes torres, armas, sensores e sistemas de comunicações para o mesmo carro. Prevendo versões para transporte de tropa, comando e controle, ambulância, socorro e apoio de fogo, com possibilidade de emprego de morteiros de grosso calibre, canhões de 30 mm e obuses, todos empregando o mesmo chassi, componentes eletrônicos e capacidades, como defesa química, carroceria antiminas, proteção balística, entre outros.   
O desenho conceitual do veículo seria apresentado na feira Inovatec 2007, na cidade de São Paulo – SP , no dia 12 de abril do mesmo ano, seria realizada uma reunião no Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), no Rio de Janeiro, para a solicitação formal às empresas Agrale S/A, Avibras S/A, EDAG Ltda, Fiat - Iveco do Brasil S/A e IESA que elaborassem propostas financeiras. As empresas tiveram um prazo máximo de oitenta dias para a entrega de informações e documentações necessárias à elaboração da proposta financeira, de onde sairia um vencedor com o objetivo de elaborar um protótipo de veículo blindado de transporte de tropas médio sobre rodas (VBTP-MSR). Em meados do ano 2007, seria lançada uma licitação para o atendimento desta demanda, com este programa recebendo a designação de NFMBR (Nova Família de Blindados Médios de Rodas). Em 21 de dezembro deste mesmo ano, seria assinado em Brasília um acordo entre o Exército Brasileiro e a divisão da Fiat - Iveco S/A no Brasil, para o início da construção de um protótipo, tendo em vista que a proposta apresentada por esta multinacional representava a melhor solução do ponto vista técnico e econômico, pesando também a experiencia da empresa na produção em série do blindado sobre rodas italiano Iveco Super AV 8x8. No dia 18 de dezembro de 2009, no Quartel-General do Exército, o General de Exército Fernando Sérgio Galvão, Chefe do Estado-Maior do Exército, e o Presidente da Iveco do Brasil S/A , Marco Mazzu, assinaram o contrato de produção do Projeto Viatura Blindada de Transporte de Pessoal - Médio sobre Rodas (VBTP-MSR), prevendo a fabricação no Brasil de 2.044 unidades, em um período de vinte anos. Em 2011 o protótipo do Veículo Blindado de Transporte Médio sobre Rodas Guarani 6X6, seria apresentado na edição anual da feira internacional LAAD Latin American Aero & Defence, no Rio de Janeiro (RJ). Em meados do ano de 2013, a recém-criada Iveco Defense Brasil S/A inauguraria na cidade mineira de Sete Lagoas, uma planta industrial dedicada a produção anual de 60 viaturas deste modelo. Esta nova viatura apresentaria um monobloco formado por duas longarinas na base do veículo, que abriga toda a suspensão, os elementos de transmissão com sua respectiva caixa e dois diferenciais, um dianteiro e outro traseiro. Sobre este conjunto foi montado a estrutura blindada do veículo, em forma de V capaz de resistir a minas terrestres de até 6 kg de carga explosiva. Com pouco mais de 7,0 metros de comprimento por 2,4 metros de altura, esse blindado com capacidade anfíbia possuiu tração 6X6, com possibilidade de trafegar tanto em terreno arenoso como em asfalto. Sua blindagem apesar de leve, seria capaz de proteger ele contra disparos de todos os tipos de projéteis em calibre 7,62X51 mm, inclusive AP (perfurantes de blindagem) e fragmentos de granadas.  

Seu assoalho seria projetado com forma em “V” para dissipar detonações de minas terrestres e IEDs (explosivos improvisados) que já causaram centenas de mortes e muita destruição em blindados convencionais no Iraque e Afeganistão. A capacidade de proteção NBC (nuclear, bacteriológico e químico) seria um opcional, podendo ser facilmente incorporado ao projeto. Como o projeto do Guarani seguiria a tendência de praticamente todos os novos projetos em blindados, apresentaria uma modularidade que lhe seria muito útil para adaptação de placas de blindagem extra, reforçando sua capacidade a níveis bem mais resistentes, caso seja necessário, além de se poder integrar diversos armamentos de vários tipos. Em sua configuração básica a viatura seria equipada com uma metralhadora M-2 em calibre.50 (12,7 mm), porém diversas torres controladas remotamente e armadas com metralhadoras 7,62 X 51 mm, lança granadas de 40 mm, e metralhadora pesada em calibre 12,7 mm, também poderiam instaladas facilmente no Guarani. O modelo seria habilitado para operar com uma torre UT-30BR, desenvolvida pela empresa israelense Elbit System Ltd,  que possuía um canhão de ATK de 30 mm, uma metralhadora coaxial de 7,62X51 mm e um sensor óptico para uso do comandante do veículo e outro para o artilheiro. Além disso, há sistemas de defesas como um alerta de laser LWS que avisa o comandante quando o veículo estiver sendo iluminado por um designador de alvos a laser.  Com a finalidade de atender às exigências do Exército Brasileiro, e também em função dos custos, optou-se por incorporar ao projeto o maior número possível de componentes que já existissem no mercado automotivo de caminhões (com modelo atingindo um índice de nacionalização de 90%), como forma de baratear a manutenção e ao mesmo tempo manter um veículo moderno. Devido a isto, foram utilizados os elementos mecânicos dos caminhões comerciais da série Trakker 410T44 / 410T48 – 6x4, produzidos e comercializados pela Iveco do Brasil S/A. O monobloco também faria uso de componentes comuns a este caminhão, empregando ainda o mesmo motor FPT Industrial Cursor 9F2C de 383 cv fabricado na Argentina, operando acoplado a uma transmissão automática ZF Friedrichshafen 6HP602S. Para propulsão aquática seria escolhido o conjunto Bosch Rexroth A2FM80 com duas hélices navais. Faria uso também de conjuntos pneumáticos centrais Téléflow, sistema de proteção QBN (química, biológica e nuclear) Aero Sekur, sensor de fogo automático e supressão Martec, painel digital do motorista, sistema elétrico CANBUS tipo 24V, assentos com absorção de choque, câmeras de motorista da Orlaco Products, sistema de ar-condicionado da Euroar, sistema de pneus runflat Hutchinson, eixos motrizes Dana, e caixa de transferência e suspensão da Iveco. O sistema de comando e controle seria composto por dois rádios Harris Falcon III com GPS integrado, um intercomunicador Thales SOTAS, um computador Geocontrol CTM1-EB e software GCB (Gerenciador do Campo de Batalha), desenvolvido pelo Centro de Desenvolvimento de Sistemas do Exército Brasileiro. 
A guarnição militar, em sua versão básica de transporte seria composta por um Grupo de Combate (GC) com nove homens, incluindo o sargento, comandante de carro, além do motorista e o atirador da metralhadora ou canhão, totalizando onze homens. Uma das versões que chegou a ser considerada para o Guarani foi a de um veículo de reconhecimento, que substituiria os atuais veículos EE-9 Cascavel, e seria armado com um canhão de 105 mm, porém, depois de várias mudanças e atrasos, esta alternativa seria abandonada pelo projeto de obtenção da Viatura Blindada de combate de Cavalaria (VBC-Cav), que resultaria em 2023 na aquisição dos carros Iveco – OTO Melara (CIO) Centauro II 8X8. Em 2016 o contrato original seria alterado prevendo agora a aquisição pelo Exército Brasileiro até o ano de 2035, de apenas 1.580 unidades a um custo total de R$ 5.939.679,29. Apesar deste pequeno revés o Iveco Guarani passaria a despertar o interesse de outras nações, com o primeiro contrato de exportação sendo celebrado em 2015 entre a Iveco Defence Vehicles e o governo do Líbano. Dez viaturas seriam encomendadas, sendo entregues em dois lotes no ano de 2017, com estes veículos sendo incorporados as Forças de Segurança do Líbano (ISF), passando a ser empregados em missões de Garantia da Lei e da Ordem em Beirute, capital do Líbano.  Em dezembro de 2020 o Iveco Guarani por intermédio da empresa israelense Elbit Systems Ltd, venceria uma concorrência na Filipinas, para a venda de 28 VBTP-MSR Guarani, com este modelo customizado para as necessidades locais, estando equipado com sistemas de controle de fogo, sistemas de controle de combate TORCH-X, rádios E-LynX específicos de software e avistamentos para o artilheiro e comandante. Em julho de 2021 a República de Gana. ser tornaria o terceiro cliente de exportação do blindado brasileiro, sendo negociado pelo Elbit Systems Ltd, a venda de lote de dezenove unidades ao Exército de Gana para serem utilizadas no transporte de tropas, missões de reconhecimento e combate ao terrorismo, bem como outras ameaças que incidem na fronteira com o Burkina Faso. Estes carros blindados seriam fornecidos com a estação de controle remoto de armas REMAX, projetada e fabricada pela empresa brasileira Ares Aeroespacial e Defesa Ltda. Neste cenário a Argentina e a Malásia se enquadrariam como prováveis novos clientes de exportação, confirmando assim o grande potencial comercial do modelo ao longo dos próximos anos. Infelizmente em 2023 o governo brasileiro negaria por fatores ideológicos a exportação no valor de R$ 3,5 bilhões, de carros blindados 450 Iveco Guarani 6X6 configurados em uma versão ambulância, para emprego no teatro de conflagração contra a Rússia. 

Emprego no Exército Brasileiro.
Todo o processo de desenvolvimento e produção dos primeiros protótipos seria coordenada por militares do Exército Brasileiro em parceria com a equipe técnica da Iveco Defense Brasil S/A. Assim em 2010 o Estado-Maior do Exército (EME) escolheu a então 15 ª Brigada de Infantaria Motorizada para ser a grande unidade (GU) precursora do processo de experimentação doutrinaria, transformando-a na 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada (15º Bda Inf Mec). O contrato para a produção do primeiro Lote de Experimentação Doutrinária (LED) seria assinado em dezembro de 2012, envolvendo 86 Guarani VBTP-MRs 6×6. Neste processo o primeiro carro seria entregue no dia 26 de junho de 2013, ao Centro de Instrução de Blindados “General Walter Pires” (CIBld), devendo ser utilizado para especializar oficiais e sargentos na operação e manutenção do moderno material de emprego militar. Em agosto do mesmo ano o 2º Batalhão de Engenharia de Combate apoiaria a realização de testes na Viatura Blindada de Transporte de Pessoal – Guarani, executado pelo Centro de Avaliação do Exército (CAEx) e por representantes da montadora. Além do teste de transposição de curso d´água, realizado na alça do Rio Paraíba do Sul, seria efetuado um teste de Navegação em Lago, com duração de 1h30min, durante o qual puderam ser observados o desempenho na transposição, a navegação, o sistema de arrefecimento e a aceleração, entre outros. Neste meio tempo começariam a ser formados as primeiras turmas de motoristas e equipe de manutenção, prenunciando assim o breve início da operação do blindado na Força Terrestre.  Desta maneira as primeiras treze viaturas seriam entregues em uma cerimônia oficial realizada no dia 24 de março de 2014, com presença do Ministro da Defesa e do comandante do Exército Brasileiro. Estes veículos seriam incorporados a 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada, sediada em Cascavel/PR, para mobiliar uma das Companhias de Fuzileiros do 33º Batalhão de Infantaria Motorizado (BI Mec), Unidade orgânica da Brigada, que se encontrava em processo de transformação para o 33º Batalhão de Infantaria Mecanizado. Deste lote onze viaturas estariam equipadas com a torre manual Platt MR550 Bi-Metal, produzida pela empresa australiana W&E Platt Pty LTD, armada com uma metralhadora Browning calibre.50, com os dois demais carros apresentando uma tampa provisória, sendo logo apelidados de “mulas-sem-cabeça “. Estes receberiam em seguida os protótipos das torres nacionais Reman que se encontravam em desenvolvimento pela Ares Aeroespacial e Defesa Ltda em parceria com a empresa israelense Elbit Systens Ltd. Em atendimento ao cronograma original, mais oitenta e seis viaturas seriam entregues até o final do ano de 2014, sendo distribuídos aos batalhões de infantaria de Foz do Iguaçu (PR), Apucarana (PR), Francisco Beltrão (PR) e ao Centro de Instrução de Blindados em Santa Maria (RS). 

Neste período os VBTP-MR Guarani pertencentes ao 33º Batalhão de Infantaria Motorizado (BI Mec), seriam utilizados intensamente, aplicados em missões no oeste do Paraná, tendo sido levados ao teatro de operações rodando pelos próprios meios, mesmo em distâncias superiores a 200 km, para avaliar o desempenho e cuidados para manutenção. Como teste de resistência, estes blindados têm sido armazenados ao relento, sendo constatado pelo seu alto índice de operacionalidade, que corresponderia às expectativas iniciais do projeto. Em operação os   integrantes do pelotão de combate da companhia de infantaria mecanizada ficariam surpresos com o emprego de diversos recursos tecnológicos de primeira linha. Dentre eles encontram-se o sistema automatizado de pressurização dos pneus, as suspensões independentes em cada uma das seis rodas, ar-condicionado com sistema de filtros contra armas químicas, biológicas e nucleares, sistema de Gerenciamento de Campo de Batalha, sistema de Consciência Situacional. Destacava-se também a presença de cinto de segurança de cinco pontos, assentos estofados e o interior verde-claro, ao invés da tradicional cor branca (estabelecido através de estudos de Cromologia), têm possibilitado viagens com mais de três horas de duração sem causar fadiga ao pessoal embarcado. O programa, Veículo Blindado de Transporte de Tropas Médio Sobre Rodas (VBTP-MSR) inicialmente previa o desenvolvimento de até dezessete versões do Iveco Guarani, como Viatura Blindada de Combate de Fuzileiro (VBC Fuz), Viatura Blindada de Reconhecimento (VBR), Viatura Blindada de Combate Morteiro Médio (VBC Mrt Me), Viatura Blindada de Combate Morteiro Pesado (VBC Mrt P), Viatura Blindada Especial de Central de Direção de Tiro (VBECDT), Viatura Blindada Especial Posto de Comando (VBEPC), Viatura Blindada Especial de Comunicações (VBE Com), Viatura Blindada Especial Socorro (VBE Soc), Viatura Blindada Especial Oficina (VBE Ofn), Viatura Blindada de Transporte Especializado Ambulância (VBTE Amb), Viatura Blindada de Reconhecimento Leve (VBR L), Viatura Blindada de Combate Anticarro - Leve de Rodas (VBC AC LR), Viatura Blindada Especial Observador Avançado - Leve de Rodas (VBE OA LR), Viatura Blindada de Combate Morteiro - Leve de Rodas (VBC Mrt LR), Viatura Blindada Especial Radar - Leve de Rodas (VBE Rdr LR) e Viatura Blindada Especial Posto de Comando - Leve de Rodas (VBEPC LR). Posteriormente seria definido o desenvolvimento final de apenas sete versões especializadas. Em seguida seria apresentada a segunda versão, agora equipada com um canhão de 30 mm, que compunha o Sistema de Armas Remotamente Controlado (SARC) UT30BR (Unmanned Turret 30mm Brazil), produzido pela empresa israelense Elbit Systems Ltd. 
Nesta torre não tripulada o atirador permanece protegido dentro do blindado, observa o campo de batalha por um monitor LCD e opera-o através de um punho semelhante a um joystick, não havendo a necessidade de se expor ao meio externo. O conceito deste sistema de “Torreta não Tripulada” faz uso da arma automática 30×173 mm ATK BushMaster MK-44, operando em conjunto uma metralhadora coaxial 7,62×51 mm e lançador de granadas fumígenas de 76 mm.  O canhão dispõe de funcionamento elétrico, tipo Chain Gun, no qual o conjunto ferrolho movimenta-se ciclicamente, sem a necessidade da utilização dos gases oriundos dos disparos, o que proporciona um índice muito baixo de incidentes de tiro, além de fácil manutenção.  Este modo de funcionamento proporciona um índice muito baixo de incidentes de tiro e fácil manutenção. A torre possui dois cofres de munição 30mm, um com capacidade para 50 cartuchos e outro para 150, então, é possível alimentar o canhão com até dois tipos de munição simultaneamente. Sua cadência inicial de tiro é de 200 tiros por minuto e é controlada por uma central eletrônica dedicada ao canhão. Quanto ao seu alcance efetivo, se utilizada munição perfurante, é de 3000 metros e quando empregada a munição explosiva, o alcance efetivo é de 2000 metros. A torre SARC UT30BR apresenta ainda um dispositivo de segurança para a detecção de ameaça a laser chamado Elbit’s Laser Warning System (ELAWS), que alerta quanto a ameaças laser inimiga, informando a direção de origem. Em uma situação de combate, quando detectada a ameaça, o operador pode configurar a torre para apontar automaticamente para a direção ou manualmente, bastando pressionar um botão. Este programa seria lastreado em um acordo firmado para a aquisição de duzentos e dezesseis conjuntos a serem integrados as viaturas operacionais. Uma parte importante deste programa passa pela nacionalização da munição, 30×173 mm de Exercício Traçante (EX-T) e Alto-Explosivo Incendiário (AEI), fabricada pela Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), e por ser um calibre largamente utilizado pelos principais exércitos ao longo do mundo (com o canhão Bushmaster II MK-44), sua possível exportação poderá favorecer a balança comercial brasileira. Esse equipamento foi adquirido para mobiliar as Brigadas de Infantaria Mecanizada (Bda Inf Mec) do EB. Inicialmente, as VBTP-MR 6×6 Guarani, dotadas deste SARC (Sistemas de Armas Remotamente Controlado) serão distribuídas para os Batalhões de Infantaria Mecanizados (BI Mec) e para o Centro de Instrução de Blindados (CI Bld). Nestas unidades operativas os VBTP-MR 6×6 Guarani farão parte dos Pelotões de Apoio de Fogo, das Companhia de Comando e Apoio de cada Batalhão. A partir de meados de 2016, uma parcela da frota dos VBTP-MR 6×6 Guarani receberia a instalação do Sistema de Armas Reparo de Metralhadora Automatizado X (Remax), desenvolvido pelo Centro de Tecnologia do Exército e a empresa ARES Aeroespacial e Defesa S.A, a partir dos requisitos do Exército Brasileiro, implementando sua capacidade de autodefesa. 

Esta estação de armas remotamente controlada giro-estabilizada, pode operar com metralhadoras Browning calibre  12,7 mm e 7,62 mm. Este ambicioso programa teve seu previa a produção e integração aos VBTP-MR 6×6 Guarani de trezentos conjuntos do sistema SARC Remax 3 (depois Remax 4), com as demais viaturas podendo ser equipadas com com as torres manuais dos modelos Platt MR 550, Plasan GPK e as nacionais Reman. Ainda partir de 2015, a capacidade de sobrevivência no campo de batalha seria aprimorada com a possibilidade do emprego um sistema de blindagem adicional externa UFF (Ultra Flex Fence), especialmente projetada para oferecer proteção passiva otimizada contra lança-granadas propelidas por foguete do tipo RPG-7 e SPG-9 (ou similares). Este sistema do conceito "add on" seria produzido pela empresa Alltec Materiais Compostos Ltda de São Jose dos Campos (SP), com tecnologia desenvolvida pela companhia israelense Plasan Sasa Ltd. Em 2019 a viatura receberia homologação para o emprego de um conjunto de blindagem adicional em cerâmica ou modular ADD-ON ARMOUR KIT, estas placas podem ser instaladas em várias áreas específicas do blindado, como portas, torre, nas laterais etc. Este opcional oferecia ótima durabilidade em seu ciclo de vida útil, sua instalação não interferindo na dirigibilidade ou velocidade que o blindado pode alcançar, tendo ainda como vantagem sua fácil e rápida integração, remoção e manutenção. Seguindo no desenvolvimento da plataforma, em setembro de 2021, seriam iniciados os primeiros testes de campo com os dois protótipos conceito da viatura blindada especial de engenharia (VBE Eng) 6X6 Guarani, nas instalações do Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP). O projeto do Departamento de Engenharia e Construção (DEC), coordenado pela Diretoria de Material de Engenharia (DME), firmaria parceria com a empresa britânica Pearson Engineering Ltd, que forneceria um conjunto de  Implemento de braço de escavadeira (“excavator manipulator arm” – EMA); um implemento de concha carregadeira (“earth anchor blade” – EAB) e por fim um Implemento de lâmina para remoção obstáculo (“straight obstacle blade” – SOB), para assim constituírem dois protótipos da Viatura Blindada de Combate Engenharia (VBC Eng) Guarani. Estas viaturas pertencem a 15ª Companhia de Engenharia de Combate Mecanizada (15ª Cia E Cmb Mec), localizada em Palmas (PR), orgânica da 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada (15ª Bda Inf Mec), a “Brigada Guarani”, ficando responsável pela criação e doutrina para sua utilização. Após a validação deste programa tenciona-se mobiliar todas as unidades de engenharia das Brigadas Mecanizadas com este tipo de viatura.   Em 2021 seriam iniciados estudos visando o desenvolvimento do VBTP-MR 6×6 Guarani na sua versão porta-morteiros, prevendo sua homologação para o possível emprego do morteiro  suíço RUAG Cobra de 120 mm e do modelo nacional, o Morteiro Médio Antecarga (MrtMeACg) 81 mm AGR desenvolvido pelo Centro de Tecnologia do Exército (CTEx), dentro do Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército Brasileiro. Ao ser integrada a viatura, prevendo quatro carros porta-morteiros por batalhão, o emprego deste tipo de sistema de armas  representa uma arma extremamente letal devido a sua alta mobilidade, profundidade e densidade de tiro (múltiplos impactos de direções diferentes) e capacidade de apoiar por fogos tropas blindadas e mecanizadas durante seu deslocamento, cobrindo os flancos e a linha de frente. 
Neste contexto seria definido pelo emprego da arma nacional, e em março de 2023 seria apresentado o protótipo da viatura blindado de transporte pessoal (VBTP) 6X6 Guarani com o kit para de transporte de morteiro 81 mm. Estes carros estavam equipado com o Acessório para Transporte do Morteiro e Munições - ATMM, desenvolvido pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), a partir de experiências realizadas pelo 1º Regimento de Cavalaria Mecanizado (1º RC Mec), de Itaqui (RS). Foi totalmente fabricado pelo AGR, com componentes da indústria nacional, e tem como finalidade dotar as frações de tropa responsáveis por prover o apoio de fogo indireto com o morteiro de 81 mm nas brigadas mecanizadas, as “Brigadas Guarani”, em nível de pelotões ou companhias/esquadrões, com a mesma mobilidade e proteção da tropa apoiada. Estas viaturas transportaram um morteiro AGR de 81 mm (Mrt Me Acg 81 mm) e 63 granadas (todas acondicionadas de forma segura), bem como toda a sua guarnição, composta pelo comandante, motorista, atirador, auxiliar do atirador e municiador. Um dos requisitos do projeto foi que a viatura não deveria ter que passar por modificações em sua estrutura (cortes, furos, soldas, etc.), sendo aproveitados os pontos de fixação e ancoragem já existentes (pontos de fixação dos assentos da guarnição embarcada), o que permitirá que sua conversão (e “desconversão”) seja feita nos Parques Regionais de Manutenção ou Batalhões Logísticos, após a capacitação para montagem  desmontagem de seus militares pelo AGR, que será o responsável por sua fabricação. Por conta da distribuição de peso, o kit foi desenvolvido para ser utilizado nas VBTP 6X6 Guarani dotadas de torre blindada manual Platt MR550, não influindo em sua flutuabilidade. A demanda do Exército Brasileiro para este tipo de viatura é de 180 unidades, com uma previsão anual de 50 kits. É importante ressaltar que esta versão não é um substituto para o projeto da viatura blindada de combate – morteiro (VBC Mrt) 6X6 Guarani, cuja Consulta Pública para aquisição (“request for quote” – RFQ) está prevista para este ano, que objetiva atender a demanda das brigadas Guarani para uma viatura de combate dotada de um morteiro de 120 mm, a serem empregadas em nível de batalhão/regimento. Em dezembro de 2024 a Iveco Defense Brasil S/A e Exército Brasileiro, por meio do Centro Tecnológico do Exército (CTEx), assinaram um contrato de encomenda tecnológica para o desenvolvimento das viaturas blindadas VBE PC-MSR 6X6 (Viatura Blindada Especial Posto de Comando Média Sobre Rodas) e VBTE AMB-MSR 6X6 (Viatura Blindada de Transporte Especializado Ambulância Média Sobre Rodas). Atualmente mais de 700 viaturas desta família já foram entregues ao Exército Brasileiro, provocando não só uma imensa revolução tecnológica, bem como operacional pois os carros entregues já representam quase o dobro dos blindados EE-11 Urutu em serviço, possibilitando assim ampliar o número de unidades existentes na Força Terrestres, melhorando em muita sua capacidade operacional. 

Em Escala.
Para representarmos o Iveco VBTP-MR 6×6 Guarani do Exército Brasileiro, fizemos uso kit em resina na escala 1/35 fabricado pela Oficina do Aquino. Este modelo representa a primeira geração de modelos em escala desta viatura sendo adquirido em 2022, atualmente existem outras opções em injeção 3D que apresentam um nível melhor de acabamento e detalhamento. Para complementar o modelo optamos em adicionar a torre REMAX impressa em 3D, comercializado  a parte como um set de detalhamento. Empregamos decais  originais do modelo que permitem representar diversas unidades operacionais.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de camuflagem tático  em dois tons adotado por todos os veículos blindados em uso no Exército Brasileiro, com este esquema passando a ser empregado a partir do ano de 1983.  Empregamos tintas e vernizes produzidos pela Tom Colors.



Bibliografia : 

- Projeto Guarani, a Retomada do Desenvolvimento de Blindados Militares no Brasil - www.redectidc.com.br 

- Tecnologia e Defesa por Paulo Roberto Bastos Jr - https://tecnodefesa.com.br/ 

- LAAD 2015: Guarani com blindagem passiva UFF por  Roberto Caifa - https://tecnodefesa.com.br/ 

- Guarani Engenharia em testes por Paulo Roberto Bastos Jr - https://tecnodefesa.com.br/ 

- Transporte de morteiro de 81 mm - https://tecnodefesa.com.br/nova-versao-do-guarani-transporte-de-morteiro-de-81-mm/ 

- VBTP-MR Guarani Wikipedia - https://pt.wikipedia.org/wiki/VBTP-MR_Guarani