História e Desenvolvimento.
Na Europa, na segunda metade da década de 1930, o plano de rearmamento do governo nacional socialista que se encontrava em plena implementação passava a focar também o desenvolvimento de conceitos e doutrinas militares, que seriam no campo de batalha combinados com novas tecnologias em equipamentos e armas destinadas ao combate terrestre com apoio aéreo. Esta iniciativa culminaria na criação do conceito da "Guerra Relâmpago" ou Blitzkrieg, esta tática tinha, como um dos principais pilares, o desenvolvimento de carros de combate blindados, que se caracterizavam pela combinação de velocidade, mobilidade, blindagem, controle de tiro e poder de fogo. Neste contexto os novos carros de combate alemães seriam desenvolvidos para serem superiores em todos os aspectos aos seus pares disponíveis na época. Apesar das limitações impostas pelo Tratado de Versalhes a Alemanha (assinado após o término da Primeira Guerra Mundial) este e demais programas de reaparelhamento das forças armadas nazistas avançava a passos largos. Do outro lado do oceano atlântico, o serviço de inteligência norte-americano transmitia ao comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) todos os informes relativos a estes avanços e suas eminentes ameaças futuras. Análise preliminares destes relatórios apontavam que estes novos carros blindados alemães facilmente superariam os modelos em uso até então. A fim de se solucionar esta problemática, em abril do ano de 1939 seria iniciado um abrangente programa de estudos, que visava o desenvolvimento novos carros de combate que teriam por objetivo principal substituir os já obsoletos modelos M-1 e M-2 que representavam o esteio da força de blindada daquela nação. O principal objetivo deste plano era conceber carros de combate que em hipotéticos cenários de conflagração, poder rivalizar com os novos carros de combate alemães e japoneses que se encontravam em fase inicial de operação. Assim em julho maio de 1939 seria deflagrado um programa de desenvolvimento, que ficaria a cargo das equipes de projeto de veículos blindados do Departamento de Artilharia do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army Ordnance Department) com sede em Fort Lee, Virgínia.De imediato os trabalhos conceituais seriam iniciados, sendo estabelecidos diversos parâmetros iniciais de projeto que partiriam do projeto do carro de combate M-2, entre estes se destacava a a adoção do novo canhão M-22 de calibre 37 mm e de um sistema de blindagem que seria dimensionado para resistir a impactos de munições antitanque do mesmo calibre de sua arma principal. Apesar desta iniciativa, pairava no ar a dúvida sobre a real capacidade de proteção que o nível de blindagem proporcionaria ao "M-3 Light Tank" , bem como a efetividade de seu poder fogo face ao poder de fogo dos novos carros de combate alemães e japoneses em desenvolvimento naquele momento.
Estes temores identificados por uma grande parcela dos oficiais de comando do Exército dos Estados Unidos (US Army), seriam durante confirmados a partir do junho de 1940 no eclodir da campanha da França, quando os novos carros blindados alemães Panzer III e Panzer IV operando no conceito da guerra relâmpago (Blitzkrieg), obteriam esmagadoras vitorias em combate contra os melhores carros de combate franceses e ingleses disponíveis. Ficava evidente que o canhão M-22 de 37 mm seria completamente ineficiente, sendo necessário dotar novos carros de combate norte-americanos com um canhão de calibre 75 mm. No entanto nem os antigos M-2 quanto os novos M-3 não poderiam ser equipados com esta arma, pois seu maior peso maior demandaria o desenvolvimento de uma nova torre giratória. Apesar de ser tomado este caminho, paralelamente uma solução provisória seria buscada, envolvendo uma modificação experimental de um M-2, criando o obuseiro autopropulsado 75 mm, com canhão sendo projetado pelo Watervliet Arsenal. Durante os testes de campo deste protótipo chegaria-se a conclusão de que o casco M-2 existente poderia ser usado com uma superestrutura redesenhada, mantendo ainda a arma de 37 mm instalada em uma torre giratória. O novo carro de combate M-3 apresentaria assim um design incomum, pois a arma principal o canhão M-2 de 75 mm não estava instalado em uma torre giratória, e sim no chassi. Esta configuração seria resultante falta de experiência da indústria norte-americana para a concepção de uma torre giratória capaz de abrigar uma arma deste calibre. Salienta-se ainda que solução de emprego de dois canhões foi baseada nos modelos europeus Char B1 e Churchill Mark I. No caso do carro de combate francês, este seria projetado como um canhão autopropulsado para atacar fortificações e uma capacidade antitanque foi adicionada por meio de um segundo canhão em uma pequena torre; já modelo inglês carregava uma arma no casco dianteiro para disparar principalmente projéteis de fumaça. O novo M-3 diferia ligeiramente desse padrão, tendo um canhão principal de dupla finalidade que poderia disparar um projétil perfurante a uma velocidade alta o suficiente para perfurar efetivamente a armadura, bem como lançar um projétil altamente explosivo que era grande o suficiente para ser eficaz. Apesar disto a disposição do canhão de 75 mm prejudicava em muito o deslocamento lateral da peça forçando o veículo a se movimentar para melhor o ângulo de tiro, já o canhão de 37 mm que estava montado na torre principal era de pouca utilidade contra as blindagens mais elaboradas. Apesar destas preocupantes ressalvas o M-3 poderia produzido em larga escala mais rápido do que um carro de combate convencional, podendo atender as demandas emergenciais não só dos Estados Unidos, mas também da Grã-Bretanha, levando assim a decisão para a celebração os contratos de fornecimento totalizavam aproximadamente US$ 240 milhões, sendo divididos entre a Baldwin Locomotive Works, Pullman Company e Pressed Steel Car Company.
O primeiro protótipo do M-3 seria concluído em março de 1941, e os modelos de produção se seguiram, com os primeiros tanques de especificação britânica produzidos em julho, neste momento tanto o modelo doméstico quanto o de exportação apresentavam blindagem mais espessa do que o planejado inicialmente. A versão britânica exigia um tripulante a menos do que a versão norte americana devido a instalação do rádio na torre, solução esta que seria adotada posteriormente também pelo Exército dos Estados Unidos (US Army). Os primeiros M-3 Grants britânicos chegaram ao Norte da África no final de janeiro de 1942, com suas tripulações sendo logo submetidas a treinamento para fazerem frente as forças do Eixo. Como seu canhão M-2 de 75 mm fora desenvolvido a partir de um modelo similar de campo francês, o Exército Real Inglês (Royal Army Corps) detinha em seus paióis um grande estoque de munição (produzidos durante Primeira Guerra Mundial), entre estes o projétil perfurante de tiro sólido que podia penetrar cerca de 2 polegadas (50 mm) de blindagem a 1.000 metros, o que era melhor do que os canhões de 2 libras dos tanques britânicos, porém ainda não atingia os parâmetros ideias exigidos. Felizmente durante os combates muitos projéteis alemães de 75 mm seriam capturados e estes foram combinados com o cartucho norte-americano melhorando assim sua eficácia. Essa conversão melhoraria o desempenho em combate dos M-3 no campo batalha, e logo a introdução no novo projétil norte-americano AP M-61 elevaria este patamar. Seu batismo de fogo seria realizado em 27 maio de 1942 no Norte da África durante a batalha de Gazala, onde sua aparição representou uma surpresa para os alemães, que não estavam preparados para o canhão de 75 mm. Logo eles descobririam que o M-3 poderia enfrentá-los além do alcance efetivo de seu canhão antitanque Pak 38 de 50 mm e o KwK 39 de 50 mm do Panzer III, seu principal tanque médio, também se mostrariam superiores aos carros de combate leves Fiat M13/40 e M14/41 empregados pelas tropas italianas, cujo canhão de 47 mm era eficaz apenas à queima-roupa, enquanto apenas os poucos canhões autopropulsados Semoventi 75/18 seriam capazes de destruí-lo usando cartuchos HEAT. Apesar disto os M-3 Grant não seriam capazes de vencer esta batalha, sendo duramente fustigados na sequência pelos canhões Flak 18/36/37/41 88 mm, sendo que neste contexto seu perfil elevado do chassi, baixa relação de peso e potência se tornariam seus principais pontos fracos. Salienta-se também que sua armadura rebitada, apresentavam a grave tendência de seus rebites a ricochetear internamente quando da ocorrência de impactos externos, ferindo seus tripulantes. Embora se esperasse que os M-3 Lee e Grant representassem ao Exército Real (Royal Army) uma solução temporária até o recebimento dos novos carros de combatem Crusader Mark III, atrasos no programa de produção deste tornariam o M-3 o esteio das forças de combate aliadas no Oriente Médio, até que ao final de 1942 passariam a ser substituídos pelos novos carros de combate médio M-4 Sherman.
No teatro de operações do Pacífico, os M-3 Lee seriam empregados em combate pelo Exército dos Estados Unidos (US Army) contra as forças japonesas ocorreu durante a campanha das Ilhas Gilbert e Marshall em 1943.Após o desembarque mais conhecido em Tarawa, a 27ª Divisão de Infantaria dos EUA fez um ataque anfíbio à Ilha Makin com o apoio blindado de um pelotão de M-3A5 Lees equipados com kits de vadear profundos pertencentes ao 193º Batalhão de Tanque. O Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps) ensaiaria o emprego desta família, porém não o adotaria, migrando diretamente dos M-3 Stuart para o M-4 Sherman. Já os britânicos fariam extensivo uso destes carros combates na Birmânia, onde seriam empregados principalmente pelo Décimo Quarto Exército Britânico até a queda de Rangum. Desempenhariam ainda um papel fundamental durante a Batalha de Imphal, durante a qual o 14º Regimento de Tanques do Exército Imperial Japonês (equipado principalmente com seus próprios tanques leves Type 95 Ha-Go, junto com um punhado de tanques leves M-3 Stuart britânicos capturados anteriormente). Os tanques M-3 britânicos tiveram um bom desempenho ao atravessar as encostas íngremes ao redor de Imphal e derrotar as forças japonesas de assalto. Neste período um total de 900 M-3 Grant seriam fornecidos ao Exército Indiano Britânico (British Indian Army), com alguns destes entrando em em ação contra tropas e tanques japoneses na Campanha da Birmânia. Por fim neste teatro de operações o M-3 seria empregado pelo Corpo Blindado Australiano (RAAC), com suas quatro divisões estando todas equipadas, pelo menos parcialmente, com M-3 Grants disponibilizados a partir de pedidos britânicos excedentes. Durante o transcorrer do conflito o modelo seria localmente considerado inadequado para tarefas de combate no exterior, e as unidades M-3 foram reequipadas com o Matilda II antes de serem implantadas nas Campanhas da Nova Guiné e Bornéu. Junto as forças armadas norte-americanas todos os M-3 Lee e M-3 Grant passariam a ser substituídos nas funções de linha de frente, pelos novos carros de combate médio M-4 Sherman, logo que estes passaram a ser disponibilizados em larga escala. No entanto vários veículos especializados de serviço baseados na plataforma do M-3 seriam posteriormente empregados na Europa até o término do conflito, se destacando o veículo blindado de recuperação M-31 e o Canal Defence Light.
Ao longo do Conflito a União Soviética se tornaria o segundo maior usuário do M-3, sendo em 1941 celebrado nos termos do programa de ajuda militar Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos) a cessão de 1.386 carros de combate, com 417 perdidos quando seus navios de transporte foram afundados por submarinos, ataques navais e aéreos alemães no caminho. Seus operadores no Exército Vermelho tendiam a se referir ao M-3 como o "Grant", embora todos os M-3 enviados para a aquele país fossem variantes "Lee". No entanto oficialmente receberia a designação de М-3 средний (М-3) ou "M-3 Medium", para distinguir assim dos carros de combate leve M-3 Stuart também incorporados em serviço designados como М-3 лёгкий (М-3л) ou "M-3 Light". Em operação logo o modelo se tornaria muito impopular entre as tripulações de carros de combate, recebendo o jocoso apelido de Братская могила на шестерых, que pode ser traduzido como "Um túmulo comum para seis". Sua má fama se dava principalmente ao seu motor radial a gasolina, que apresentava alta tendência a pegar fogo e por sua frágil blindagem facilmente sobrepujada pelos projetis antitanques alemães empregados na Frente Oriental. Em carta enviada a Franklin Roosevelt (18 de julho de 1942), Stalin escreveu: "Considero meu dever avisá-lo de que, de acordo com nossos especialistas no front, os tanques pegam fogo com muita facilidade quando atingidos por trás ou de lado por balas de rifle antitanque. A razão é que a gasolina de alta qualidade usada forma dentro do veículo uma espessa camada de fumaça altamente inflamável". A partir de 1943 com o aumento da produção dos carros de combate T-34, os soviéticos começariam relegar os M-3 em frentes secundárias e menos ativas, como na região do Ártico durante a Ofensiva Petsamo-Kirkenes do Exército Vermelho contra as forças alemãs na Noruega em outubro de 1944, onde os tanques americanos obsoletos enfrentaram principalmente tanques franceses capturados usados pelos alemães, como o SOMUA S35. Apesar das falhas e má fama o M-3 é notabilizado por ter introduzido o novo e eficiente sistema de suspensão VVSS (Vertical Volute Spring Suspension) que permitia o blindado apresentar um melhor desempenho em terrenos acidentados e não favoráveis. Sua produção total entre agosto de 1941 e dezembro 1942 atingiria a cifra de 6.258 unidades, distribuídas em 17 versões. Além dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e União Soviética, os M-3 Lee e M-3 Grant seriam empregados também pela Austrália, Índia, Canada, China, Brasil e Filipinas.
Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário demandaria logo sem seguida a um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência tanto em termos de equipamentos, armamentos e principalmente doutrina operacional militar. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, destinados a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil que estava sendo potencializada pelo comercio exterior com o Estados Unidos, transportando diariamente matérias primas para a indústria de guerra daquele país.
O cronograma de recebimento de grande parte dos veículos destinados as Forças Armadas Brasileiras, estava programado para se iniciar entre os meses de novembro e dezembro de 1941, porém para fins de divulgação o governo brasileiro procederia a aquisição de um lote inicial de dez carros de combate leves M-3 Stuart e dez viaturas blindadas de transporte sobre rodas 4X4 M-3A1 White Car. Esta compra, no entanto, seria efetuada com recursos próprios do orçamento do do Ministério da Guerra, com este processo objetivando reforçar as ações de propaganda positivas do governo do presidente Getúlio Vargas, sobre a participação brasileira no esforço de guerra. Estes veículos seriam recebidos e preparados a tempo de participarem do desfile da Independência na capital federal no dia 7 de setembro do mesmo ano. Com esta incorporação iniciava-se processo de modernização da cavalaria no Brasil, com a criação de unidades de motomecanização compostas de blindados e veículos rápidos para reconhecimento mecanizado, similar a sistemática empregada pelo Exército dos Estados Unidos (US Army), abandonando efetivamente a doutrina militar francesa, a qual era disseminada no Exército Brasileiro desde a década de 1920. Estes novos carros de combate substituiriam nas tarefas de linha frente os antigos Fiat Ansalvo CV3-35 e Renault FT-17, que até então representavam o sustentáculo da frota de blindados no Brasil. Ainda dentro do escopo do programa de ajuda militar, aparentemente devido as demandas emergenciais de abastecimento das forças aliadas nos teatros de operações da Europa e Pacífico, o Exército Brasileiro neste momento não receberia os modernos carros de combate M-4 Sherman. Desta maneira seriam inicialmente fornecidos apenas os modelos mais antigos como o modelo leve M-3 Stuart e médio M-3 Lee que já encontravam em processo de substituição no Exército dos Estados Unidos (US Army). Deste último modelo, pelo menos cinco carros de combate da versão M-3A3 seriam recebidos no porto do Rio de Janeiro em janeiro de 1942, com este processo se estendendo até meados do ano seguinte, totalizando 104 carros divididos em duas versões de exportação produzidas pela Baldwin Locomotive Works. Apesar de se tratar de viaturas usadas, se encontravam em excelente estado de conservação, principalmente devido a seu baixo uso operacional durante seu emprego nas unidades de cavalaria blindadas baseadas em sua área continental.
Destes carros, 81 representavam representavam o modelo M-3A3 (LEE V) versão produzida originalmente para a Grã-Bretanha, equipados curiosamente com motorização a diesel envolvendo dois Detroit Diesel Series GM 6-71 operando acoplados formando o conjunto GM6046 powerpack, apresentavam ainda suas portas laterais soldadas. Os restantes 24 carros pertenciam a versão M-3A5 originalmente destinados à exportação com a denominação de Grant II e desviados da entrega a Grã-Bretanha para equipar as unidades do Exército dos Estados Unidos (US Army), apesar de apesar de contarem com o mesmo conjunto mecânico do M-3A3, se diferenciavam deste por apresentar o casco rebitado que era presente nas primeiras versões produzidas em 1941. Estas viaturas seriam entregues com muitos de seus componentes desmontados e devidamente embalados para a operação transporte, fator este que demandou certo tempo para que eles fossem colocados em operação principalmente devido a falta de manuais de manutenção em inglês ou português. Porém esta dificuldade seria rapidamente superada, elevando assim os carros ao status de operacional em um prazo levemente superior ao previsto inicialmente. A introdução dos carros de combate médio M-3A3 e M-3A5 nas fileiras do Exército Brasileiro viria a provocar um grande salto cultural e operacional, primeiramente devido ao porte do blindado, muito superior aos obsoletos modelos em uso até então, contando ainda com uma guarnição de seis homens. Estas significativas diferenças levariam a necessidade da implementação de um completo programa de treinamento. Seu armamento composto pelo robusto canhão de M-2 de 75 mm era de melhor efetividade que a maioria das armas de campo rebocadas de mesmo calibre que se encontravam em uso na Força Terrestre, e curiosamente alguns carros apresentavam contrapeso no final do cano para equilibrar a pistola para operação com o giro-estabilizador (solução esta que seria abandonada nos modelos posteriores que passaram a ser equipados com um cano mais longo na arma). Salientamos ainda que os carros destinados ao Exército Brasileiro estavam equipados com ambos os modelos de canhões curto com contrapeso e longos sem contrapeso.
Sua arma principal de 75 mm era operada por um artilheiro e um carregador (com uma empunhadura de pá), sendo orientada por um periscópio M-1 integral, que estava localizado no topo da torre, girando este sistema em conjunto com a arma. A linha de tiro apresentava campo de visão marcado de 0 a 3.000 jardas (2.700 metros), atuando com marcas verticais para ajudar a deflexão atirando em um alvo em movimento. Sua arma secundaria o canhão M-22 de 37 mm apresentava um alcance máximo de 1.400 metros (1500 jardas), estava montada no mantelete ao lado da arma e operado por um terceiro tripulante, este canhão secundário também apresentava um contrapeso - uma haste longa sob o cano embora estivesse mal mantida por tripulações que sabiam pouco sobre seu uso. Sua torre com giro de 360ª era engrenada por um sistema eletro-hidráulico, acionado pelo motor principal, também fornecendo pressão para o estabilizador do canhão principal, e a torre podia fazer uma travessia completa em menos de 15 segundos. A configuração máxima para autodefesa incluía metralhadoras montadas na torre superior, coaxial inferior, cúpula do comandante, montagem antiaérea externa traseira para uma única M-1919 A4 e até quatro metralhadoras de casco em sponsons, instaladas nos quatro cantos da superestrutura. Sua capacidade de transporte de munição era de 46 cartuchos de 75 mm (2,95 pol.), 178 de 37 mm (1,46 pol.) e 9.200 para as metralhadoras calibre .50. Inicialmente os M-3A3 Lee e M-3A5 Grant seriam priorizados a equipar as recém-formadas e principais unidades blindadas existentes, como o 1º Batalhão de Carros de Combate (1º BCC) que estava aquartelado no antigo Derby Club na cidade do Rio de Janeiro e no 2º Batalhão de Carros de Combate (2º BCC) que está sediado em Valença no mesmo estado e pôr fim ao 3º Batalhão de Carros de Combate (3º BCC) sediado na capital do estado de São Paulo, consolidando assim a Divisão Motomecanizada. Também dois M-3A3 Lee seriam disponibilizados a Escola de Motomecanização (EsMM) que estava sediada em Marechal Deodoro no Rio de Janeiro para emprego em funções de instrução. Durante o transcurso da Segunda Guerra Mundial, estes carros de combate passariam a dividir o protagonismo operacional com modelos leves M-3 Stuart que seriam recebidos em uma escala muito maior, porém ainda se manteriam como o principal carro de combate em uso no Exército Brasileiro.
Este cenário começaria a ser alterado a partir de 27 de julho de 1945 quando seriam recebidos os primeiros dezesseis M-4 Sherman, com outros mais dezessete sendo incorporados em outubro deste mesmo ano. Estes novos carros de combate seriam inicialmente concentrados junto ao 1º Batalhão de Carros de Combate (1º BCC) onde operariam em conjunto com os M-3A3 e M-3A5 até o início do ano seguinte. A partir deste momento estes veículos seriam redistribuídos junto ao 2º Batalhão de Carros de Combate (2º BCC) e ao 3º Batalhão de Carros de Combate (3º BCC) onde operariam em conjunto com os M-3 e M-3A1 Stuart. Com a chega dos últimos lotes dos M-4 Sherman, este blindado que superava em muito os M-3A3 e M-3A5, passaria a ser o principal carro de combate da Força Terrestre. Durante a década seguinte apesar de operar com certas restrições devido a constantes problemas na obtenção de peças de reposição estes veteranos carros de combate continuaria a prestar excelentes serviços ao Exército Brasileiro até que gradativamente começariam ser retirados da ativa. Em 1962 o 2º Batalhão de Carros de Combate (2º BCC) descarregaria todos os seus M-3A3 e M-3A5, mantendo-os armazenados aguardando seu destino, neste momento somente o 3º Batalhão de Carros de Combate (3º BCC) operava os últimos remanescentes. A partir de meados da década de 1960 este mesmo problema de disponibilidade começaria a afligir seriamente a frota dos M-4 Sherman, a cada ano este problema se tornava mais crítico e apesar de ser estar em processo de recebimento dos novos carros de combate M-41 Walker Buldog se fazia necessário devolver os M-4 Sherman ao patamar de plena operacionalidade. Desta maneira entre os anos de 1967 e 1968 o comando do 1º Batalhão de Carros de Combate (1º BCC) efetivaria um grande processo de revisão, e neste programa os M-3A3 e M-3A5 que se encontravam armazenados em Valença no Rio de Janeiro serviriam de fonte de peças de reposição cedendo suas lagartas, caixas reguladoras, geradores auxiliares e outros itens comuns. Em 1969 os últimos carros ainda em serviço junto ao 3º Batalhão de Carros de Combate (3º BCC) seriam desativados encerrando sua carreira no Exército Brasileiro.
Em Escala.
Para representarmos o M-3A5 Lee “ EB11-527”, com o casco rebitado, empregamos o kit Tamiya na escala 1/35. Modelo este mais indicado para configurar a versão empregada pelo Exército Brasileiro, sem a necessidade de se proceder grandes alterações. Fizemos uso de decais impressos pela Eletric Products, presentes no Set "Exército Brasileiro 1944-1982".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura empregados em todos os modelos dos M-3A3 e M-3A5 Lee operados pelo Exército Brasileiro, representando as cores originais com os quais foram recebidos a partir de 1942 (Vitrolack Cor 7043-P-12 - padrão US Army). Este esquema perduraria por toda sua carreira no Brasil.
Bibliografia :
- M-3 Lee : From Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/M3_Lee
- Bllindados no Brasil Volume I, - por Expedito Carlos S. Bastos
- M-4 Sherman no Brasil - Por Helio Higuchi e Paulo Roberto Bastos Junior
- Medium Tank M3 Lee/Grant - Medium Tank M3 Lee/Grant - Tank Encyclopedia