O morteiro é uma arma de uso coletivo, destinada a prover apoio de fogo imediato à tropa das armas-base, com o lançamento em trajetória balística de granadas na modalidade de tiro vertical (em ângulos iguais ou superiores a 45º). Em relação aos obuseiros convencionais que equipam a artilharia de campanha, este é de construção e funcionamento muito mais simples, possuindo custo inferior, e demonstra flexibilidade e leveza adequada à operação pelas tropas de vanguarda em posições muito próximas às fileiras inimigas. O morteiro moderno nasceu em 1915, durante a Primeira Guerra Mundial, quando o inimigo abrigado em trincheiras demandou a necessidade de uma arma que pudesse atirar de dentro delas, e ao mesmo tempo penetrar às inimigas, onde as granadas de artilharia encontravam dificuldades devido ao seu ângulo raso de impacto. O morteiro criado por Sir Wilfred Stokes era portátil e foi inicialmente rejeitado por não pode usar as granadas disponíveis, porém após desdobramentos passou a ser fabricado juntamente com sua munição. Era composto por um tubo de alma lisa montado sobre placa-base e bipé. A granada inserida pela boca descia por gravidade até encontrar o pino percutor que pressionava a espoleta (estopilha) e disparava-a até o alvo, em trajetória oposta. Podia cadenciar até 25 tpm a 730 m por segundo de um projétil não estabilizado. Os modelos modernos mantêm inalterada essa configuração original, consagrando a adequação deste projeto inicial. Este equipamento consiste de um tubo montado sobre uma placa base que distribui a força de recuo dos disparos diretamente sobre o solo, dispensando a existência dos mecanismos de recuperação presente nos obuseiros e canhões. Os projéteis descrevem trajetórias balísticas em ângulos de trajetória alta, disparando em ângulos entre 45 e 85 graus (tiro vertical), com a maioria dos modelos sendo carregados pela boca em tubos que não ultrapassam os 15 calibres. Um projétil, desencartuchado e com a carga de projeção presa a sua base, é introduzido pela boca em processo de antecarga e desliza até o fundo do tubo adquirindo velocidade por ação gravitacional. Quando atinge a base do tubo encontra um pino percutor que golpeia a estopilha (na verdade é golpeado por esta) e deflagra a propulsão, lançando-o. Alguns modelos mais sofisticados podem operar o disparo por ação móvel do pino percutor e gatilho. O alcance pode variar pela alteração na inclinação do tubo ou variação na carga de projeção. Um reparo em forma de bipé, e em modelos maiores o próprio trem de rodagem, estabiliza o tubo no ângulo desejado e serve também como suporte ao aparelho de pontaria. Os morteiros podem ficar instáveis quando usados na neve ou no solo macio, porque o recuo os pressiona contra o chão que não tem resistência para absorvê-lo. O saco Raschen é um artifício de lastro que é colocado sob a placa-base para melhorar a estabilidade e consequentemente sua precisão quando usado nestas condições de solo não resistente.
Sua cadência de tiro é superior a dos obuseiros, pois não tem culatras a serem abertas e fechadas, a munição não tem estojos a serem descartados, sendo suas guarnições sensivelmente menores, com apenas 3 integrantes nos modelos médios. A munição, devido a ausência de estojos, é também mais leve, sendo que uma granada de 120 mm pesa o mesmo que a de um obuseiro de 105 mm (cerca de 14 kg). A estatística diz que 60% da munição dos obuseiros atinge o alvo, sendo os 40% restantes dedicados a carga de projeção e estojo metálico. Nos morteiros cerca de 90% da munição atinge o alvo, o que garante uma eficiência logística muito superior. Este percentual refere-se ao peso da munição e não a quantidade de disparos. O tubo de um morteiro pode ser liso ou raiado. No tubo liso a munição é estabilizada por aletas e no raiado por rotação. As aletas criam arrasto que “puxam” o projétil na direção contrária a trajetória, imprimindo-lhe uma certa tensão estabilizante, enquanto nos modelos rotacionados, qualquer assimetria no centro de gravidade do projétil é compensada, tal qual nos obuses. Os modelos raiados contrariam o princípio da simplicidade do morteiro. Uma granada estabilizada por aletas tende a ter um alcance maior com a mesma carga de projeção que as rotacionadas, por não ter que vencer o atrito das raias, mas também tende a ser menos precisa. Para que a granada deslize até a base do tubo é necessário que haja uma folga entre ela e as paredes deste, o que faz com que parte dos gases de projeção escapem por esta brecha, diminuindo o alcance da arma. Para se contornar este problema existem modelos (os de 81 mm ocidentais) que usam um anel de plástico especial acomodado em uma ranhura na parte média da granada que é forçado para fora e para cima pelas laterais desta, que forçado pelos gases de projeção, provoca a vedação das laterais e aumenta consideravelmente a precisão e eficiência da arma. Em um modelo raiado francês, na base da granada existe uma placa de cobre abaulada com diâmetro inferior ao calibre do tubo e imediatamente abaixo uma placa de aço plana. Quando a carga de projeção detona, a placa de aço pressiona a placa de cobre fazendo-a expandir-se e preenchendo as raias, provocando vedação dos gases e imprimindo a granada o movimento de rotação estabilizador de voo, resultado em maior alcance e notável precisão. A direção de tiro se dá de forma similar ao tiro da artilharia de campanha, porém mais simples. A técnica de tiro do morteiro rotacionado deve compensar a tendência da granada de desviar-se para o lado da rotação. Sendo armas de curto alcance, são dotação orgânica das unidades de infantaria e cavalaria nos calibres leves e médios, e das unidades de artilharia leve (paraquedistas, montanha, selva e aeromóveis) nos calibres pesados (120mm ou mais). É a artilharia pessoal de que dispõem o comandante-fuzileiro, permitindo-lhes que aloque fogos de apoio com rapidez aos seus comandados, sem depender das unidades especializadas.
Morteiros leves e médios são portáteis e servem de apoio de fogo aos pelotões de infantaria. Sua vantagem sobre as armas da artilharia reside em sua flexibilidade, sua mobilidade superior e a capacidade de engajar alvos rapidamente em cobertura ao combate aproximado por estar diretamente junto a este. Podem disparar de dentro de trincheiras e ser rapidamente mudados de posição em acompanhamento ao avanço, não necessitando da complexa cauda logística que a artilharia requer. Quanto maior o ângulo de disparo, menor será o alcance, porém mais alta será a trajetória e a capacidade de superar obstáculos verticais atingindo alvos próximos a obstáculos, do outro lado de elevações íngremes e edificações, tarefa impossível à artilharia, salvo se operando no modo de tiro vertical e curto alcance. Isso também possibilita lançar ataques de posições inferiores ao alvo (Por exemplo, a artilharia de longo alcance não poderia atingir um alvo a 1 km de distância e 30 metros acima, um alvo facilmente acessível a um morteiro). Devido a natureza da trajetória vertical, os projéteis lançados por morteiros atingem o solo em ângulos mais próximos a perpendicular, sendo menos direcionais que àqueles lançados pelas baterias de artilharia. Estes deixam o tubo em velocidades mais altas, atingem maiores alcances e arcos mais amplos, são carregados pela culatra e podem fazer uso do fogo direto, se necessário. O morteiro não pode fazer uso do tiro direto (tenso). São armas de curto alcance e, muitas vezes, mais eficazes que a artilharia para muitos propósitos mormente dentro de seu alcance mais curto. São adequados ao uso de posições ocultas, como as escarpas naturais em encostas ou de bosques, especialmente se observadores avançados (OAs) estão sendo empregados em posições estratégicas para direcionar fogo, um arranjo onde a morteiro está relativamente próxima a seu OA e seu alvo, permitindo que o fogo seja rápido e precisamente entregue com efeito letal. Em sua grande maioria podem ser helitransportados ou rebocados por viaturas leves (3/4 ton), ou ainda serem embarcados nestas mesmas viaturas e em veículos blindados. Também podem, nos modelos médios e leves, serem transportados a pé pela sua guarnição. Não se comparam à peças de artilharia de 155 mm, mas podem nos modelos mais modernos substituir os obuseiros de 105 mm, em determinados empregos. Sua principal desvantagem é o alcance mais curto, por atirarem de ângulos superiores (tiro vertical), porém esta desvantagem é compensada pelo custo muito inferior, leveza e simplicidade. Podem fazer uso de munições de vários tipos como as tradicionais HE para efeitos de fragmentação e sopro, iluminativas visíveis e IR; de fósforo vermelho ou branco para efeitos fumígenos, incendiários e sinaleiros. Modelos mais recentes com submunições e munições inteligentes, guiadas a laser e GPS, são usados para fogo de precisão e para atingir veículos blindados em movimento, provendo apoio às tropas no combate antitanque, atingindo a blindagem superior, menos resistente. Existem ainda granadas propulsadas por foguetes que podem potencializar o alcance nos modelos de maior calibre (120 mm), podendo atingir alvos em até 15 km de distancia.
Já em nosso país, o emprego efetivo e real de morteiros se daria por ocasião da participação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na campanha de Itália (1944-1945), quando armas leves do modelo M-2 de 60 mm e médias M-1 de 81 mm foram intensamente utilizadas nos embates contra as posições defensivas alemãs. Neste mesmo período centenas de equipamentos deste tipo seriam cedidos ao governo brasileiro, ainda nos termos do programa de ajuda militar Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), sendo distribuídas as unidades operativas do Exército Brasileiro espalhadas pelo território nacional. Ao longo dos anos seguintes seriam recebidos os primeiros morteiros norte-americanos de M-2 120 mm, com equipamentos semelhantes de todos os calibres sendo fornecidos também ao Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) da Marinha do Brasil. Estes sistemas de armas apresentam com peculiaridade um alto grau de desgaste operacional, levando as Forças Armadas Brasileiras a promover constante ciclos de renovação, buscando no mercado internacional aquisição de equipamentos novos ou compras de oportunidades de peças usadas. Em termos de morteiro pesado de 120 mm em fins da década de 1990, o Exército Brasileiro procederia a escolha e aquisição de um lote do modelo francês MO-120-RT-61 (morteiro rebocado de alma raiada de 120mm). Esta excelente arma foi desenvolvida pela Thomson-Brandt e produzida pela TDA Armements, vido a dotar o Exército Frances no início da década de 1970. O batismo de fogo se daria durante a Guerra Civil Libanesa em 1975, obtendo positivos resultados, o que levaria o modelo a ser adotado por mais de vinte e cinco países entre eles os Estados Unidos pelo Corpo de Fuzileiros Navais (US Marine Corps), mediante contratos de produção sob licença. Ao todo seriam incorporados a Força Terrestre entre as décadas de 1980 e 1990 um total de duzentos morteiros franceses MO-120-RT-61 de 120 mm, passando a equipar unidades de paraquedistas, batalhões de infantaria blindado e regimento de carros de combate e em médio prazo aos regimentos de cavalaria mecanizados, blindados e escolas militares. Seu maior alcance (8.000 metros projétil padrão ou até 13.000 metros projétil com foguete), potencializaria a capacidade da artilharia do Exército Brasileiro, representando um salto qualitativo quando comparado os modelos antecessores. Nos anos seguintes seu intenso uso acarretaria o natural desgaste, prejudicando assim a operacionalidade, neste contexto seria necessário promover a revitalização destas peças. Neste contexto esta tarefa seria destinada ao Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (AGR), que com o apoio do Centro Tecnológico do Exército (CTEx). Estudos seriam realizados e este processo lograria grande sucesso com as armas retomando sua plena capacidade operacional, estendendo a vida útil, não só dos morteiros MO-120-RT-61 de 120 mm, mas também dos modelos de 60 mm e 81 mm. Este êxito motivaria no final da década de 1990, o comando do Exército Brasileiro a destinar recursos visando o desenvolvimento e produção de morteiros nacionalmente, conquistando assim uma estratégica independência estratégica neste segmento de armas de artilharia.

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da década de 2000, o comando da Força Terrestre escolheria para esta hercúlia missão o Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (AGR), organização bicentenária, localizada no bairro do Caju, na região portuária da cidade do Rio de Janeiro, suas origens remontam ao ano de 1762, por ocasião da fundação da Casa do Trem. o AGR detentor de importantes contribuições históricas marcantes na produção de materiais de emprego militar para a Força Terrestre, cabendo mencionar o fornecimento de equipamentos militares para as campanhas militares da Guerra do Paraguai e de Canudos, assim como sua participação destacada na fabricação de diversos materiais, em particular armamentos e munições, para a campanha da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial. Desde a década de 1970, passaria em perfeita sinergia com os seus coirmãos Arsenal de Guerra General Câmara e Arsenal de Guerra de São Paulo, é responsável pela fabricação e manutenção, em nível indústria, de materiais de emprego militar (MEM) em proveito da Força Terrestre, com estes sendo subordinados a Diretoria de Fabricação. Desta maneira em 2002 o corpo técnico do arsenal, em parceria com o Centro Tecnológico do Exército (CTEx) iniciaria o desenvolvimento de um morteiro de 120 mm, envolvendo a concepção da arma até sua produção final dos primeiros protótipos. Além de apresentar 100% de conteúdo nacional o projeto contemplaria ainda poucos componentes produzidos por fornecedores terceirizados, aumentando assim o grau de independência. Além da arma em sí, seriam formadas as equipes dedicadas e elaborados os processos de engenharia visando sua produção seriada nas instalações do próprio arsenal. Em julho de 2005 seriam apresentadas as primeiras peças, com o modelo recebendo a designação oficial de Morteiro Pesado 120 M-2 Raiado (Mrt P 120 P R), tratando-se do primeiro morteiro raiado produzido no país, destinado a ser empregado no Exército Brasileiro, sendo uma arma de grande mobilidade, extremamente atual, que atualmente equipa os exércitos mais modernos, cuja função é fornecer um amplo poder de fogo, principalmente para as tropas de pronto emprego nos mais variados teatros de operações, além de ser utilizado como artilharia leve para saturação de área. Composto de três partes principais: tubo-canhão, reparo e placa base, atira exclusivamente sobre rodas e cobre um campo horizontal de 360º, sem mudar a posição da placa base. Utiliza qualquer tipo de munição 120 mm para morteiros de alma lisa, já em uso no Exército Brasileiro, ou raiada de padrão internacional. Seu campo de tiro vertical abrangia de 40º a 85º, com três tipos de granadas, a convencional de 13 kgf, com alcance mínimo de 500 metros e máximo de 6.650 metros, a pré-raiada, com alcance mínimo de 1.200 metros e máximo de 8.300 metros, com peso de 15,7 kgf e a mesma munição com com propulsão adicional, de 15,7 kgf, com alcance mínimo de 1.200 metros e máximo de 12.600 metros.
Com uma aparência simples, seu desenvolvimento e construção seria fruto de estudos realizados pelo corpo técnico do próprio Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (AGR), ao longo dos últimos anos, desde sua concepção inicial até sua produção final, envolvendo um grau muito elevado de conhecimento e mão de obra qualificada até chegar à produção seriada. Salientando que o plano estratégico de programa envolveria a produção de todas as munições nacionalmente pela empresa estatal de capital misto Imbel S/A, com estes produtos se encontrando em fase final de desenvolvimento. Assim o novo Morteiro Pesado 120 M-2 Raiado (Mrt P 120 P R) apresentaria um peso total de 717 kg, podendo ser tracionado por uma viatura ¾ toneladas, além de permitir seu transporte por aeronaves de asas fixas e helicópteros, possuindo ainda a possibilidade de ser lançado de paraquedas, ampliando desse modo o poder de fogo das unidades aerotransportadas. O cronograma inicial previa a produção de até cento e setenta morteiros M-2 Raiado (Mrt P 120 P R), concedendo ao Exército Brasileiro uma alta mobilidade, um notável ganho em simplicidade e rapidez para entrada e saída de posição, com grande eficácia e precisão. Grande poder de fogo com alcance de até 13 km com a munição de propulsão adicional, alta cadência de tiros de até dezoito por minuto, com mecanismo de disparo comandado ou automático, além é claro de uma gama variada de munições nacionais e estrangeiras. Além disso seu conceito atendia a principal primícia, a de independência tecnológica, visto que todos os itens são nacionais, bastando apenas aumentar a capacidade de manufatura do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (AGR), adquirindo mais maquinário para uma produção seriada em larga escala, o que pode muito bem se converter em um item importante para exportação, tendo em vista que em sua apresentação oficial despertaria o interesse de países interessados em sua aquisição. Salienta-se ainda que partir de seu desenvolvimento pode-se criar uma versão embarcada para veículos sobre rodas, como a Viatura Blindada de Combate Morteiro Médio (VBC Mrt Me) Iveco Guarani 6X6 em desenvolvimento. Em agosto de 2005, após a entrega das primeiras vinte peças operacionais, quatro morteiros M-2 Raiado (Mrt P 120 P R) seriam exaustivamente submetidos a testes de tiro no Campo de Provas da Marambaia, no Rio de Janeiro, onde foi possível aferir na prática a grande importância desta arma e como ela se comporta no campo, facilidade com que é operada e o grau de segurança. Dados deste programa apontariam um desempenho e efetividade similar ao modelo francês MO-120-RT-61 de 120 mm, atestando as qualidades do morteiro nacional. O primeiro contrato previa a produção de cento e setenta morteiros M-2 Raiado (Mrt P 120 P R), com estes sendo previstos para entrega até 2010. Este cronograma seria plenamente atendido com estas armas sendo distribuídas as unidades de paraquedistas, batalhões de infantaria blindados e regimentos de carros de combate.
Seus excelentes resultados operacionais em campo, levariam a autorização para produção de novos lotes do morteiro M-2 Raiado (Mrt P 120 P R), sendo considerada neste momento, o início do processo para a substituição das peças francesas MO-120-RT-61 de 120 mm, que apesar de serem diversas vezes revitalizadas, já passavam a demandar a sua retirada do serviço ativo. Este objetivo seria atendido até o final do ano de 2022, quando da realização das entregas dos últimos lotes, totalizando quatrocentos morteiros M-2 Raiado (Mrt P 120 P R). Neste contexto estas armas dotariam uma grande quantidade de unidades militares como os Batalhões de Infantaria Blindados, Regimentos de Carro de Combate, Regimentos de Cavalaria Blindado, Regimentos de Cavalaria Mecanizado, e para experimentação doutrinária de emprego, em Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista (GAC Pqdt), Grupo de Artilharia de Campanha Leve (GAC L), e Grupo de Artilharia de Selva (GAC Sl). Porém anteriormente o Arsenal de Guerra do Rio (AGR) desenvolveria um programa dedicado de revitalização destas armas, tendo em vista o desgaste ocasionado por seu intenso emprego operacional. Por conta das explosões da munição e do desgaste natural pelo uso, os morteiros do Exército passam por meticulosas análises antes, durante e após a utilização, com vistas a preservar a integridade do material e a segurança da tropa. Quando há necessidade, os morteiros são enviados aos arsenais de guerra para inspeções mais severas avaliando se as peças podem ser reparadas localmente ou enviadas para o Arsenal de Guerra do Rio (AGR) a fim de serem revitalizadas. Este processo de recuperação e modernização envolveria a desmontagem de todo o material para inspeção metrológica e realização de manutenções corretiva e preventiva de peças e conjuntos do morteiro, troca de peças e conjuntos que sofreriam mudanças de projeto, limpeza, fosfatização, pintura e lubrificação, fornecimento de nova caixa de acessórios, ferramental e sobressalentes e de novos aparelhos de pontaria ótica do modelo SPOTIM M-2A1, fabricados nacionalmente pela Ares Aerospacial e Defesa. Destaca-se que a modernização do morteiro M-2A1 Raiado (Mrt P 120 P R) seria realizada com o apoio da indústria local, evidenciado a participação de pelo menos dez fornecedores contratados pelo Arsenal de Guerra (AGR) para a entrega de serviços técnicos, ferramentas comerciais e especiais, peças e subconjuntos de relevante complexidade mecânica. Contribuindo assim com a indústria nacional, geração de empregos e a independência externa na operação dessa peça de apoio de fogo às operações. Estas armas emergiriam deste processo com sistemas mais robustos e confiáveis, resultando no submodelo M-2A1 Raiado (Mrt P 120 P R), com os primeiros sendo devolvidos as unidades operativas no primeiro semestre de 2021. Até o final do ano seguinte seriam finalizados os trabalhos em oitenta e sete morteiros deste modelo. Paralelamente seria desenvolvido um kit de ferramental e suprimentos novos, para que pequenas manutenções possam ser feitas diretamente pelas OM Logísticas de manutenção, visando assim minimizar a ausência desse armamento nas Organizações Militares (OM) detentoras do material, possibilitando manter o seu poder de fogo, elevado nível operacional e capacidade combativa.

O aumento da presença destas armas no Exército Brasileiro, demandariam o incremento de seu processo de treinamento de seus operadores, e visando reduzir custos neste processo, em 2020 o Arsenal de Guerra do Rio (AGR), em parceria com o Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação do Exército (SCTIEx) , iniciaria o desenvolvimento de um sistema redutor de calibre 81 mm. Este artefato visava empregar nos morteiros M-2A1 Raiado (Mrt P 120 P R), munições mais baratas e de mais fácil transporte e manuseio, proporcionando às tropas de Infantaria, Cavalaria, Artilharia e demais Forças Armadas que empregam este tipo de armamento, economia de recursos nos programas treinamentos e exercícios operacionais. Em abril de 2022 seriam realizados no Centro de Avaliações do Exército (CAEx) – “Campo de Provas da Marambaia - 1948", os primeiros testes de tiro real com seus protótipos, com este acessório sendo validado pela Diretoria de Fabricação, para sua futura produção em série. Em sequência no início do ano de 2023 seria iniciado um programa para dotar estas armas com um sistema inercial de pontaria, se destacando a participação da empresa Safran Eletronics & Defense Brasil. Em resumo o sistema de pontaria do morteiro funciona a partir de sensores giroscópios de última geração, correspondentes aos três eixos do Morteiro Pesado 120 mm M2A1 R. O sistema realiza a coleta e o processamento automático de diversos dados. Em seguida, a comunicação com o Sistema Gênesis de Direção e Controle de Tiro permite o nivelamento correto dos mecanismos de direção do armamento e correção do tiro, visando o alcance preciso dos alvos. Neste contexto o processamento eletrônico dos dados de artilharia também facilita o adestramento da tropa, que pode trabalhar com informações simples e de fácil interpretação, garantindo maior agilidade na compreensão da situação e no posicionamento correto do morteiro. Durante testes realizados em maio de 2023 nas instalações do Centro de Avaliações do Exército, o Sistema de Pontaria Inercial apresentou bom desempenho ao longo de toda a bateria de testes. O seu emprego poderá aumentar significativamente a capacidade tática do morteiro 120 mm no teatro de operações, tendo em vista a automatização e a celeridade nos procedimentos de análise e correção da pontaria. O sistema oferece ainda maior capacidade de localização de alvos, maior eficácia e precisão. Ao ser adotado pelo Exército Brasileiro o seu emprego poderá aumentar significativamente a capacidade tática do morteiro 120 mm no teatro de operações, tendo em vista a automatização e a celeridade nos procedimentos de análise e correção da pontaria. O sistema oferece ainda maior capacidade de localização de alvos, maior eficácia e precisão. Em termos de munição, inicialmente para o emprego no Morteiro Pesado 120 mm M2A1 R, seriam utilizados projeteis disponíveis nos paios do Exército Brasileiro, sendo de origem norte-americana e francesa, dos quais havia um relativo estoque. No entanto devido o aumento da demanda pelo extensivo uso desta arma, essa reserva começaria a se esvair, gerando a necessidade de se reabastecer os estoques, porém agora fazendo uso de munições produzidas nacional.
Ficaria a cargo da Indústria de Material Bélico do Brasil – IMBEL, a partir de 2017, o desenvolvimento e produção deste tipo de munição, empresa que já detinha larga experiencia na fabricação de munições como a Mtr 60mm AE M4 e a Mtr 81mm AE M5. Neste contexto seriam firmados contrato para o desenvolvimento inicial de tres modelos de munições para o M-2A1 Raiado (Mrt P 120 P R), sendo o primeiro Tir 120 Exc CONV B1 (Tiro 120 mm Exc CONV, Granada 120 mm Exercício CONV, Munição de Morteiro 120mm Exercício Convencional, Tir Mrt 120 Exc Conv): Constituído por espoleta de ogiva e de percussão, adaptador, corpo da granada, carga inerte, culote, cartucho carga “0” MD 120 CONV, cargas suplementares - pólvora BD, e subconjunto corpo empena. O tiro tem as seguintes características técnicas: peso total do projétil em voo 13 Kg, comprimento do tiro completo: 643,4 mm, velocidade inicial - carga 0: 119 m/s, carga 7: 331 m/s e alcance máximo 6.600 m. O segundo do tipo Tir 120 AE PR (Tiro 120 mm AE PR, Granada 120 mm AE PR, Munição de Morteiro 120mm Alto-explosiva Pré-raiada ou Tir Mrt 120 AE PR): Constituído por espoleta de ogiva e de percussão, corpo de granada, carga de arrebentamento (TNT), grão ejetor do tubo porta-carga, cartucho carga “0” MD 120 PR/PRPA, cargas de projeção - suplemento de 50/75 g (BD), carga de projeção - suplemento de 100 g (BD) e conjunto do tubo porta-carga. O tiro tem as seguintes características técnicas: peso total do projétil em voo 15,7 Kg, peso do explosivo: 4,4 Kg, comprimento do tiro completo: 906,3 mm, velocidade inicial - carga 1: 130 m/s, carga 10: 365 m/s, e alcance máximo 8.150 m. E por fim e mais importante o Tir 120 AE PRPA (Tiro 120 mm AE PRPA, Granada 120 mm AE PRPA, Munição de Morteiro 120mm Alto-explosiva Pré-raiada com propulsão adicional ou Tir Mrt 120 AE PRPA): Emprego - Tiro contra pessoal e material leve produzindo efeito de sopro e fragmentação; Componentes: Espoleta de ogiva e de percussão, Corpo da granada (TNT), Propulsão adicional, Mecanismo de retardo, Grão ejetor do tubo porta carga, Cartucho carga “0” MD 120 PR/PRPA, Conjunto do tubo porta carga, Carga de projeção suplemento de 100 g (BD), Carga de projeção - suplemento de 50/75 g (BD); Características técnicas: Peso total do projétil em voo: 15,7 kg, Peso do explosivo: 2,7 kg, Comprimento do tiro completo: 926 mm, Velocidade inicial: Carga 1: 130 m/s - Carga 10: 365 m/s, Alcance máximo: 12.000 m. A primeira entrega seria realizada na última semana de dezembro de 2020, para o 4º Depósito de Suprimento, com seus lotes subsequentes garantindo reposição dos estoques estratégicos, garantindo a continuidade no adestramento da tropa. Um grande avanço seria obtido em 2023, com celebração do Acordo de Projeto PA-A-23-0001, uma parceria estabelecida entre o Exército Brasileiro (EB) e do Exército dos Estados Unidos (US Army), visando o desenvolvimento de de tecnologias para a produção de munições de morteiro 120 mm de alcance estendido. O projeto prevê o desenvolvimento de uma munição com tecnologias inovativas, como formulações energéticas de baixa sensibilidade para propelentes e explosivos, novos conceitos de geometria do corpo da granada para melhor performance balística, novos conceitos de motor de propulsão adicional e de tubeiras de exaustão, dentre outras concepções. O objetivo é obter maiores alcances operacionais, menores custos de produção futura e, sobretudo, capacidades de interoperabilidade entre os usuários.

Em Escala.
Para representarmos o morteiro pesado M-2A1 Raiado (Mrt P 120 P R) de 120 mm empregado pelo Exército Brasileiro, fizemos uso de um modelo artesanal na escala 1/32 habilmente confeccionado em resina pela Souza Junior Réplicas.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa um dos padrões de pintura tático aplicado as armas de artilharia no Exército Brasileiro, com um esquema derivativo empregado nos morteiros M-2A1 Raiado (Mrt P 120 P R) empregado pelas tropas de Caatinga, ostentando uma pintura em areia (Sand FS 33617).
Bibliografia :
- Morteiros #12 Operações Militares - www.operacoesmilitaresguia.blogspot.com
- Morteiro Pesado Raiado 120 mm Made in Brasil – Expedito Carlos Stephani Bastos- https://www.ecsbdefesa.com.br
- História das Armas - https://histroiaarmas.webnode.com.br/products/mortier%20de%20120mm%20raye%20tracte%20mod%C3%A8le%20f1/
- Arsenal de Guerra do Rio - https://www.df.eb.mil.br/agr
- AGR Testa Sistema de Pontaria Inercial para morteiro pesado - www.defesanet.com.br
- Brasil e Estados Unidos iniciam projeto de munição de morteiro 120 mm - www.tecnodefesa.com.br