M-2A1 R Morteiro Pesado 120 mm

História e Desenvolvimento.
O morteiro é uma arma de uso coletivo, destinada a prover apoio de fogo imediato às tropas das armas-base, efetuando o lançamento de granadas em trajetória balística na modalidade de tiro vertical, com ângulos iguais ou superiores a 45º. Em comparação aos obuseiros convencionais utilizados na artilharia de campanha, trata-se de um equipamento de construção e funcionamento mais simples, com custo reduzido, além de ser mais leve e flexível para operação por tropas de vanguarda em posições próximas às fileiras inimigas. O morteiro moderno teve sua origem em 1915, durante a Primeira Guerra Mundial, quando a necessidade de atingir tropas inimigas abrigadas em trincheiras levou ao desenvolvimento de uma arma capaz de disparar a partir dessas mesmas posições, superando as limitações das granadas de artilharia, cujo impacto era prejudicado pelo ângulo raso de incidência. O modelo inicial, concebido por Sir Wilfred Stokes, era portátil e, apesar da rejeição inicial por não ser compatível com as granadas padrão da época, passou a ser produzido em conjunto com uma munição específica. Sua estrutura era composta por um tubo de alma lisa montado sobre uma placa-base e um bipé. A granada, inserida manualmente pela boca do tubo, descia por gravidade até encontrar o pino percutor, que acionava a espoleta e deflagrava o disparo em trajetória parabólica. O modelo era capaz de realizar uma cadência de até 25 tiros por minuto, lançando projéteis a uma velocidade de 730 m/s. A configuração original desse projeto demonstrou-se altamente eficaz, sendo preservada nos modelos modernos. O morteiro consiste, essencialmente, em um tubo montado sobre uma placa-base, a qual distribui a força de recuo dos disparos diretamente sobre o solo, eliminando a necessidade dos mecanismos de recuperação presentes nos obuseiros e canhões. Seus projéteis descrevem trajetórias balísticas em ângulos elevados, variando entre 45º e 85º. A maioria dos modelos é carregada pela boca, com tubos que não ultrapassam 15 calibres de comprimento. O disparo ocorre por um processo de antecarga: o projétil, desacartuchado e com a carga de projeção fixada à sua base, é introduzido pela boca do tubo e desliza até o fundo por efeito da gravidade. Ao atingir a base do tubo, entra em contato com o pino percutor, que aciona a estopilha e deflagra a propulsão, lançando o projétil. Alguns modelos mais sofisticados permitem o disparo por meio de um mecanismo de percussão acionado por gatilho. O alcance do disparo pode ser ajustado por meio da inclinação do tubo ou pela variação da carga de projeção. O morteiro é estabilizado por um reparo em forma de bipé ou, nos modelos de maior calibre, pelo próprio trem de rodagem, que também serve de suporte ao aparelho de pontaria. Contudo, quando utilizado sobre neve ou terrenos macios, o recuo da arma pode comprometer sua estabilidade, uma vez que o solo não possui a resistência necessária para absorver o impacto do disparo. Para mitigar esse problema, pode-se utilizar o saco Raschen, um dispositivo de lastro posicionado sob a placa-base para aumentar a estabilidade e, consequentemente, a precisão dos disparos em condições adversas.

A cadência de tiro dos morteiros é superior à dos obuseiros, uma vez que não possuem culatras a serem abertas e fechadas, e sua munição não requer estojos a serem descartados. Ademais, suas guarnições são significativamente menores, necessitando de apenas três integrantes nos modelos médios. A munição, devido à ausência de estojos, é mais leve; por exemplo, uma granada de 120 mm tem peso equivalente ao de um projétil de obuseiro de 105 mm (cerca de 14 kg). Estatisticamente, aproximadamente 60% do peso total da munição dos obuseiros é efetivamente utilizado no impacto, enquanto os 40% restantes correspondem à carga de projeção e ao estojo metálico. Nos morteiros, cerca de 90% do peso da munição atinge o alvo, garantindo uma eficiência logística substancialmente superior. Os tubos dos morteiros podem ser lisos ou raiados. Nos modelos de tubo liso, a munição é estabilizada por meio de aletas, enquanto nos tubos raiados, a estabilização ocorre por rotação. As aletas criam um arrasto que "puxa" o projétil na direção oposta à trajetória, imprimindo-lhe uma certa tensão estabilizante. Nos modelos rotacionados, qualquer assimetria no centro de gravidade do projétil é compensada, de maneira similar ao funcionamento dos obuses. Os modelos raiados contrariam o princípio da simplicidade característica do morteiro. Projéteis estabilizados por aletas tendem a apresentar maior alcance com a mesma carga de projeção do que os estabilizados por rotação, pois não precisam superar o atrito das raias do tubo; contudo, também são menos precisos. Para que a granada deslize até a base do tubo, é necessário haver uma folga entre o projétil e as paredes do tubo, o que pode resultar na fuga de parte dos gases de projeção, reduzindo o alcance da arma. Para mitigar esse problema, alguns modelos ocidentais de 81 mm utilizam um anel de plástico especial inserido em uma ranhura na parte média da granada. Esse anel é expandido pelos gases de projeção, vedando as laterais e aumentando consideravelmente a precisão e a eficiência da arma. Em um modelo raiado francês, a base da granada conta com uma placa de cobre abaulada de diâmetro inferior ao calibre do tubo, posicionada imediatamente acima de uma placa de aço plana. Quando a carga de projeção é deflagrada, a placa de aço pressiona a de cobre, expandindo-a e preenchendo as raias do tubo, vedando os gases e imprimindo ao projétil um movimento rotacional estabilizador, resultando em maior alcance e notável precisão. A direção de tiro dos morteiros segue princípios semelhantes aos da artilharia de campanha, embora de forma mais simplificada. A técnica de tiro dos modelos rotacionados deve considerar a tendência da granada a desviar-se para o lado da rotação. Sendo armas de curto alcance, os morteiros integram organicamente as unidades de infantaria e cavalaria nos calibres leves e médios, e as unidades de artilharia leve (paraquedistas, montanha, selva e aeromóveis) nos calibres pesados (120 mm ou superiores). Trata-se de um meio de artilharia de apoio direto, permitindo ao comandante de infantaria alocar fogos de suporte de maneira rápida e independente, sem depender exclusivamente das unidades especializadas de artilharia.
Os morteiros leves e médios são armas portáteis empregadas para fornecer apoio de fogo direto aos pelotões de infantaria. Sua principal vantagem em relação às armas de artilharia reside na flexibilidade, elevada mobilidade e capacidade de engajar alvos de forma rápida e eficaz no combate aproximado, uma vez que estão diretamente integrados às unidades de infantaria. Esses sistemas podem ser operados a partir de trincheiras e rapidamente reposicionados para acompanhar o avanço das tropas, sem a necessidade da complexa estrutura logística exigida pela artilharia convencional. O alcance do morteiro varia de acordo com o ângulo de disparo: à medida que o ângulo aumenta, o alcance diminui, mas a trajetória do projétil torna-se mais elevada, permitindo superar obstáculos verticais e atingir alvos protegidos por elevações íngremes ou edifícios. Essa capacidade é fundamental em cenários onde a artilharia tradicional não conseguiria atuar de forma eficiente, a menos que estivesse operando em tiro vertical de curto alcance. Por exemplo, uma bateria de artilharia de longo alcance teria dificuldades para atingir um alvo localizado a 1 km de distância e 30 metros acima de sua posição, enquanto um morteiro poderia executar essa missão com facilidade. Devido à sua trajetória altamente parabólica, os projéteis de morteiro atingem o solo em ângulos mais próximos da perpendicular, tornando-se menos direcionais que os disparos efetuados pela artilharia convencional. Estes, por sua vez, saem do tubo em velocidades superiores, alcançam distâncias maiores e descrevem arcos mais amplos. Enquanto as peças de artilharia são carregadas pela culatra e podem operar tanto em tiro indireto quanto em tiro direto, o morteiro é exclusivamente empregado no tiro indireto e não permite a execução de disparos tensos. Sendo armas de curto alcance, os morteiros demonstram-se muitas vezes mais eficazes que a artilharia para determinados propósitos, especialmente dentro de seu raio de alcance mais restrito. São particularmente adequados para operações a partir de posições ocultas, como escarpas naturais em encostas ou bosques densos. O uso de observadores avançados (OAs) posicionados estrategicamente permite direcionar os disparos com maior precisão, garantindo que o fogo seja entregue rapidamente e com efeito letal. A maioria dos morteiros pode ser transportada por helicópteros, rebocada por viaturas leves (3/4 ton) ou embarcada em veículos blindados. Nos modelos leves e médios, a guarnição também pode transportá-los a pé. Embora não se comparem às peças de artilharia de 155 mm em poder de fogo e alcance, os morteiros modernos podem, em determinados contextos, substituir os obuseiros de 105 mm. A principal limitação dos morteiros é seu alcance reduzido, decorrente dos altos ângulos de tiro, característicos do tiro vertical. No entanto, essa desvantagem é amplamente compensada pelo custo significativamente inferior, pela leveza e pela simplicidade operacional. Além disso, os morteiros podem utilizar uma grande variedade de munições, incluindo granadas de alto explosivo (HE) para fragmentação e impacto, munições iluminativas visíveis e infravermelhas, projéteis de fósforo vermelho ou branco para efeito fumígeno, incendiário e sinalizador, além de munições mais avançadas. Modelos modernos também podem empregar munições de submunição e projéteis inteligentes guiados a laser ou GPS, aumentando a precisão e permitindo atingir alvos específicos, como veículos blindados em movimento. Essas capacidades tornam os morteiros uma ferramenta valiosa para apoio às tropas em operações antitanque, atingindo a blindagem superior dos veículos inimigos, que normalmente é menos resistente. Além disso, granadas propulsadas por foguetes podem ser empregadas para aumentar o alcance dos morteiros de maior calibre (120 mm), permitindo atingir alvos situados a distâncias de até 15 km.
No Brasil, o emprego efetivo e real de morteiros ocorreu durante a participação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Campanha da Itália (1944-1945), quando armas leves do modelo M-2 de 60 mm e médias M-1 de 81 mm foram amplamente utilizadas nos combates contra as posições defensivas alemãs. Durante esse período, centenas de equipamentos desse tipo foram cedidos ao governo brasileiro nos termos do programa de ajuda militar Lend & Lease Bill Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), sendo distribuídos entre as unidades operacionais do Exército Brasileiro em diversas regiões do país. Nos anos seguintes, o Brasil recebeu os primeiros morteiros norte-americanos M-2 de 120 mm, bem como equipamentos semelhantes de diversos calibres, também fornecidos ao Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) da Marinha do Brasil. Esses sistemas de armas possuem um alto grau de desgaste operacional, o que levou as Forças Armadas Brasileiras a instituir ciclos constantes de renovação, buscando aquisição de novos equipamentos no mercado internacional ou aproveitando oportunidades de aquisição de peças usadas. No segmento de morteiros pesados de 120 mm, ao final da década de 1990, o Exército Brasileiro optou pela aquisição do modelo francês MO-120-RT-61 (morteiro rebocado de alma raiada de 120 mm). Essa arma, desenvolvida pela Thomson-Brandt e fabricada pela TDA Armements, foi incorporada ao Exército Francês no início da década de 1970. Seu batismo de fogo ocorreu durante a Guerra Civil Libanesa, em 1975, obtendo resultados expressivos, o que levou sua adoção por mais de vinte e cinco países, incluindo os Estados Unidos, onde foi integrado ao Corpo de Fuzileiros Navais (US Marine Corps) mediante contratos de produção sob licença. Ao todo, entre as décadas de 1980 e 1990, foram incorporados ao Exército Brasileiro duzentos morteiros franceses MO-120-RT-61 de 120 mm. Esses equipamentos passaram a equipar unidades de paraquedistas, batalhões de infantaria blindada e regimentos de carros de combate, com previsão de ampliação para regimentos de cavalaria mecanizada, blindada e escolas militares. Com um alcance padrão de 8.000 metros e capacidade de até 13.000 metros utilizando projéteis assistidos por foguete, esse sistema potencializou significativamente a capacidade da artilharia do Exército Brasileiro, representando um avanço qualitativo em relação aos modelos antecessores. Nos anos subsequentes, o intenso uso dessas peças levou ao desgaste natural dos equipamentos, comprometendo sua operacionalidade. Para solucionar esse problema, foi necessária a revitalização dos morteiros, tarefa atribuída ao Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (AGR), com apoio do Centro Tecnológico do Exército (CTEx). Estudos técnicos foram realizados, resultando em um processo de modernização bem-sucedido, que restabeleceu a plena capacidade operacional dos morteiros MO-120-RT-61 de 120 mm, bem como dos modelos de 60 mm e 81 mm. O sucesso desse projeto motivou o comando do Exército Brasileiro, no final da década de 1990, a destinar recursos para o desenvolvimento e produção de morteiros nacionais, buscando assegurar maior independência estratégica nesse segmento de armamento de artilharia.

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da década de 2000, o comando da Força Terrestre designou o Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) para a missão de desenvolvimento e produção de um novo sistema de morteiro. Esta instituição bicentenária, localizada no bairro do Caju, na região portuária da cidade do Rio de Janeiro, remonta suas origens ao ano de 1762, com a fundação da Casa do Trem. O AGR teve participação histórica relevante na produção de materiais militares para a Força Terrestre, fornecendo equipamentos para as campanhas da Guerra do Paraguai e da Guerra de Canudos, além de ter sido um dos principais fornecedores de armamentos e munições para a Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a Segunda Guerra Mundial. Desde a década de 1970, o AGR, em sinergia com o Arsenal de Guerra General Câmara e o Arsenal de Guerra de São Paulo, atua na fabricação e manutenção, em nível industrial, de materiais de emprego militar (MEM) em proveito da Força Terrestre, estando subordinado à Diretoria de Fabricação. Dessa forma, em 2002, o corpo técnico do Arsenal, em parceria com o Centro Tecnológico do Exército (CTEx), iniciou o desenvolvimento de um morteiro de 120 mm, abrangendo desde sua concepção até a produção dos primeiros protótipos. O projeto foi concebido para ser integralmente nacional, utilizando componentes de fornecedores terceirizados apenas quando estritamente necessário, garantindo maior grau de independência tecnológica. Além do desenvolvimento da arma em si, foram formadas equipes especializadas e elaborados processos de engenharia voltados à produção seriada nas instalações do próprio arsenal. Em julho de 2005, foram apresentadas as primeiras unidades do novo sistema, que recebeu a designação oficial de Morteiro Pesado 120 M-2 Raiado (Mrt P 120 P R), sendo o primeiro morteiro raiado produzido no país. Destinado ao Exército Brasileiro, trata-se de uma arma moderna, de grande mobilidade, compatível com os exércitos mais avançados do mundo. Sua função é prover elevado poder de fogo, especialmente para tropas de pronto emprego em diversos teatros de operações, além de atuar como artilharia leve para a saturação de áreas. O morteiro M-2 Raiado é composto por três partes principais: tubo-canhão, reparo e placa-base. Opera exclusivamente sobre rodas e possui um campo horizontal de tiro de 360º, sem necessidade de alterar a posição da placa-base. Ele é compatível com qualquer munição de 120 mm para morteiros de alma lisa, já em uso pelo Exército Brasileiro, bem como com munições raiadas de padrão internacional. Seu campo de tiro vertical varia de 40º a 85º, podendo disparar três tipos de granadas: a convencional, de 13 kgf, com alcance entre 500 e 6.650 metros; a pré-raiada, de 15,7 kgf, com alcance entre 1.200 e 8.300 metros; e a pré-raiada com propulsão adicional, também de 15,7 kgf, alcançando entre 1.200 e 12.600 metros.

Com um design aparentemente simples, o desenvolvimento e a construção do Morteiro Pesado 120 M-2 Raiado (Mrt P 120 P R) foram resultado de anos de estudos conduzidos pelo corpo técnico do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (AGR). Desde sua concepção inicial até a produção final, o projeto envolveu um elevado grau de conhecimento tecnológico e uma mão de obra altamente qualificada, culminando na viabilização da produção seriada. Destaca-se que o plano estratégico do programa previa a fabricação nacional de todas as munições pelo complexo industrial da empresa estatal de capital misto Imbel S/A, cujos produtos se encontravam em fase final de desenvolvimento. O Morteiro Pesado 120 M-2 Raiado (Mrt P 120 P R) possui um peso total de 717 kg e pode ser tracionado por uma viatura de 3/4 de tonelada, além de permitir seu transporte por aeronaves de asa fixa e helicópteros. Adicionalmente, a possibilidade de lançamento por paraquedas amplia significativamente o poder de fogo das unidades aerotransportadas. O cronograma inicial previa a produção de até 170 unidades do M-2 Raiado, conferindo ao Exército Brasileiro maior mobilidade e agilidade na entrada e retirada de posição, com elevado nível de precisão e eficácia operacional. Essa arma de alto poder de fogo atinge um alcance de até 13 km quando emprega munição com propulsão adicional. Apresenta ainda alta cadência de tiro, podendo disparar até dezoito projéteis por minuto, sendo equipado com um mecanismo de disparo comandado ou automático. Além disso, sua compatibilidade com uma ampla gama de munições nacionais e estrangeiras garante versatilidade tática. O conceito central do projeto atende à premissa fundamental de independência tecnológica, uma vez que todos os componentes do sistema são de origem nacional. A ampliação da capacidade produtiva do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (AGR), por meio da aquisição de novos maquinários, poderia viabilizar uma produção seriada em larga escala, tornando esse equipamento um potencial item de exportação. Sua apresentação oficial despertou interesse em diversos países, demonstrando seu potencial no mercado internacional de defesa. Adicionalmente, seu desenvolvimento possibilita a criação de versões embarcadas para veículos sobre rodas, como a Viatura Blindada de Combate Morteiro Médio (VBC Mrt Me) Iveco Guarani 6X6, atualmente em desenvolvimento. Em agosto de 2005, após a entrega das primeiras vinte unidades operacionais, quatro morteiros M-2 Raiado foram submetidos a testes exaustivos de tiro no Campo de Provas da Marambaia, no Rio de Janeiro. Esses ensaios permitiram verificar, na prática, a importância estratégica da arma, sua facilidade de operação e os elevados níveis de segurança. Os resultados obtidos demonstraram desempenho e efetividade similares ao do modelo francês MO-120-RT-61 de 120 mm, atestando a qualidade do morteiro nacional. O primeiro contrato previa a produção de 170 unidades do M-2 Raiado, com previsão de entrega até 2010. Esse cronograma foi integralmente cumprido, e as armas foram distribuídas para unidades de paraquedistas, batalhões de infantaria blindada e regimentos de carros de combate, fortalecendo significativamente a capacidade operativa do Exército Brasileiro.
Os excelentes resultados operacionais obtidos em campo levaram à autorização para a produção de novos lotes do morteiro M-2 Raiado (Mrt P 120 P R), impulsionando o início do processo de substituição das peças francesas MO-120-RT-61 de 120 mm. Apesar de terem passado por sucessivos processos de revitalização, esses equipamentos começaram a demandar sua retirada do serviço ativo. Esse objetivo foi alcançado até o final de 2022, com a conclusão das entregas dos últimos lotes, totalizando quatrocentos morteiros M-2 Raiado (Mrt P 120 P R). Nesse contexto, essas armas foram distribuídas a um grande número de unidades militares, incluindo Batalhões de Infantaria Blindados, Regimentos de Carros de Combate, Regimentos de Cavalaria Blindada, Regimentos de Cavalaria Mecanizada e, para experimentação doutrinária, nos Grupos de Artilharia de Campanha Paraquedista (GAC Pqdt), Grupo de Artilharia de Campanha Leve (GAC L) e Grupo de Artilharia de Selva (GAC Sl). Previamente, o Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) desenvolveu um programa dedicado à revitalização dessas armas, considerando o desgaste decorrente de seu intenso emprego operacional. Devido às explosões da munição e ao uso contínuo, os morteiros do Exército passam por meticulosas análises antes, durante e após a utilização, garantindo a integridade do material e a segurança da tropa. Quando necessário, os morteiros são enviados aos arsenais de guerra para inspeções rigorosas, onde se avalia se as peças podem ser reparadas localmente ou se devem ser encaminhadas ao Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) para revitalização. O processo de recuperação e modernização envolveu a desmontagem integral do equipamento para inspeção metrológica, manutenções corretivas e preventivas, substituição de componentes que passaram por modificações de projeto, limpeza, fosfatização, pintura e lubrificação. Adicionalmente, foram fornecidas novas caixas de acessórios, ferramental e sobressalentes, além da substituição dos aparelhos de pontaria óptica pelo modelo SPOTIM M-2A1, fabricado nacionalmente pela Ares Aeroespacial e Defesa. Destaca-se que a modernização do morteiro M-2A1 Raiado (Mrt P 120 P R) foi realizada com o apoio da indústria nacional, envolvendo pelo menos dez fornecedores contratados pelo Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) para a prestação de serviços técnicos, fornecimento de ferramentas comerciais e especiais, bem como a fabricação de peças e subconjuntos de alta complexidade mecânica. Essa iniciativa contribuiu significativamente para a indústria de defesa brasileira, gerando empregos e fortalecendo a independência tecnológica na operação dessa importante peça de apoio de fogo. Os morteiros submetidos a esse processo emergiram com sistemas mais robustos e confiáveis, resultando na criação do submodelo M-2A1 Raiado (Mrt P 120 P R). As primeiras unidades foram devolvidas às organizações operacionais no primeiro semestre de 2021. Até o final de 2022, os trabalhos foram concluídos em um total de oitenta e sete morteiros desse modelo. Paralelamente, foi desenvolvido um kit de ferramental e suprimentos para permitir que pequenas manutenções fossem realizadas diretamente pelas Organizações Militares (OM) responsáveis pela sua operação. Essa medida teve como objetivo minimizar a indisponibilidade do armamento, garantindo um elevado nível de operacionalidade e capacidade combativa para as unidades detentoras do material.

O aumento da presença dessas armas no Exército Brasileiro exigiu a ampliação dos programas de treinamento de seus operadores. Com o objetivo de reduzir custos nesse processo, em 2020, o Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (AGR), em parceria com o Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação do Exército (SCTIEx), iniciou o desenvolvimento de um sistema redutor de calibre de 81 mm. Esse dispositivo foi projetado para possibilitar o uso de munições mais acessíveis e de fácil manuseio nos morteiros M-2A1 Raiado (Mrt P 120 P R), proporcionando maior economia nos programas de treinamento e exercícios operacionais das tropas de Infantaria, Cavalaria, Artilharia e demais Forças Armadas que empregam esse armamento. Em abril de 2022, foram realizados os primeiros testes de tiro real com os protótipos desse sistema no Centro de Avaliações do Exército (CAEx) – "Campo de Provas da Marambaia - 1948". O dispositivo foi validado pela Diretoria de Fabricação para futura produção em série. Na sequência, no início de 2023, foi iniciado um programa para equipar esses morteiros com um sistema inercial de pontaria, destacando-se a participação da empresa Safran Electronics & Defense Brasil. O sistema de pontaria do morteiro opera por meio de sensores giroscópicos de última geração, calibrados para os três eixos do Morteiro Pesado 120 mm M2A1 R. Esse sistema coleta e processa automaticamente uma série de dados, que são posteriormente transmitidos ao Sistema Gênesis de Direção e Controle de Tiro. Isso permite o nivelamento adequado dos mecanismos de direção do armamento, bem como a correção dos disparos, assegurando maior precisão na neutralização dos alvos. Ademais, o processamento eletrônico dos dados de artilharia facilita o treinamento das tropas, permitindo a utilização de informações simplificadas e de fácil interpretação, o que acelera a tomada de decisão e o posicionamento correto do morteiro. Durante os testes realizados em maio de 2023 no Centro de Avaliações do Exército, o Sistema de Pontaria Inercial demonstrou um desempenho satisfatório ao longo de toda a bateria de avaliações. Sua implementação tem o potencial de ampliar significativamente a capacidade tática do morteiro de 120 mm no teatro de operações, proporcionando maior agilidade na aquisição de alvos, eficiência na execução dos disparos e aprimoramento da precisão. Inicialmente, o Morteiro Pesado 120 mm M2A1 R foi empregado com projéteis provenientes dos estoques do Exército Brasileiro, de origem norte-americana e francesa. Contudo, devido à crescente demanda pelo uso extensivo dessa arma, os estoques começaram a se esgotar, gerando a necessidade de reabastecimento. Para suprir essa demanda, foi adotada a estratégia de utilização de munições de produção nacional, assegurando maior independência logística e operacional para o Exército Brasileiro.
A partir de 2017, a Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL) foi designada para o desenvolvimento e produção das munições destinadas ao morteiro M-2A1 Raiado (Mrt P 120 P R). A empresa, que já possuía ampla experiência na fabricação de munições, como a Mtr 60 mm AE M4 e a Mtr 81 mm AE M5, firmou contratos para o desenvolvimento inicial de três modelos de munição para esse armamento.O primeiro modelo, denominado Tir 120 Exc CONV B1 (Tiro 120 mm Exercício Convencional), é composto por espoleta de ogiva e de percussão, adaptador, corpo da granada, carga inerte, culote, cartucho carga “0” MD 120 CONV, cargas suplementares de pólvora BD e subconjunto corpo empena. Suas principais características técnicas incluem: Peso total do projétil em voo: 13 kg, Comprimento do tiro completo: 643,4 mm,Velocidade inicial: carga 0 - 119 m/s, carga 7 - 331 m/s, Alcance máximo: 6.600 m. O segundo modelo, Tir 120 AE PR (Tiro 120 mm Alto-Explosivo Pré-Raiado), é constituído por espoleta de ogiva e de percussão, corpo da granada, carga de arrebentamento em TNT, grão ejetor do tubo porta-carga, cartucho carga “0” MD 120 PR/PRPA, cargas suplementares de 50/75 g e 100 g de pólvora BD e conjunto do tubo porta-carga. Suas especificações técnicas incluem:
Peso total do projétil em voo: 15,7 kg,Peso do explosivo: 4,4 kg, Comprimento do tiro completo: 906,3 mm, Velocidade inicial: carga 1 - 130 m/s, carga 10 - 365 m/s, Alcance máximo: 8.150 m. Por fim, o modelo mais avançado, Tir 120 AE PRPA (Tiro 120 mm Alto-Explosivo Pré-Raiado com Propulsão Adicional), foi desenvolvido para emprego contra pessoal e material leve, produzindo efeito de sopro e fragmentação. Seus componentes incluem espoleta de ogiva e de percussão, corpo da granada (TNT), propulsão adicional, mecanismo de retardo, grão ejetor do tubo porta-carga, cartucho carga “0” MD 120 PR/PRPA, conjunto do tubo porta-carga e cargas de projeção suplementares de 50/75 g e 100 g de pólvora BD. Suas características técnicas incluem: Peso total do projétil em voo: 15,7 kg,  Peso do explosivo: 2,7 kg, Comprimento do tiro completo: 926 mm, Velocidade inicial: carga 1 - 130 m/s, carga 10 - 365 m/s, Alcance máximo: 12.000 m. A primeira entrega dessas munições ocorreu na última semana de dezembro de 2020, destinada ao 4º Depósito de Suprimento. Os lotes subsequentes garantiram a reposição dos estoques estratégicos, assegurando a continuidade dos programas de adestramento da tropa.Em 2023, um avanço significativo foi alcançado com a celebração do Acordo de Projeto PA-A-23-0001, uma parceria entre o Exército Brasileiro (EB) e o Exército dos Estados Unidos (US Army). Esse projeto tem como objetivo o desenvolvimento de tecnologias para a produção de munições de morteiro 120 mm de alcance estendido. As pesquisas envolvem o desenvolvimento de munições com inovações tecnológicas, incluindo formulações energéticas de baixa sensibilidade para propelentes e explosivos, novos conceitos de geometria do corpo da granada para melhor desempenho balístico, aprimoramento dos motores de propulsão adicional e modernização das tubeiras de exaustão. O principal objetivo é obter maiores alcances operacionais, reduzir custos de produção futura e, sobretudo, garantir maior capacidade de interoperabilidade entre os usuários dessas munições.

Em Escala.
Para representarmos o morteiro pesado M-2A1 Raiado (Mrt P 120 P R) de 120 mm empregado pelo Exército Brasileiro, fizemos uso de um modelo artesanal na escala 1/32 habilmente confeccionado em resina pela Souza Junior Réplicas. 
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa um dos padrões de pintura tático aplicado as armas de artilharia no Exército Brasileiro, com um esquema derivativo empregado nos morteiros M-2A1 Raiado (Mrt P 120 P R) empregado pelas tropas de Caatinga, ostentando uma pintura em areia (Sand FS 33617).




Bibliografia : 
- Morteiros #12 Operações Militares - www.operacoesmilitaresguia.blogspot.com 
- Morteiro Pesado Raiado 120 mm Made in Brasil  – Expedito Carlos Stephani Bastos-  https://www.ecsbdefesa.com.br
- História das Armas - https://histroiaarmas.webnode.com.br/products/mortier%20de%20120mm%20raye%20tracte%20mod%C3%A8le%20f1/
Arsenal de Guerra do Rio   - https://www.df.eb.mil.br/agr 
- AGR Testa Sistema de Pontaria Inercial para morteiro pesado - www.defesanet.com.br 
- Brasil e Estados Unidos iniciam projeto de munição de morteiro 120 mm - www.tecnodefesa.com.br