Mowag Piranha IIIC VtrBldEspSR 8x8

História e Desenvolvimento.
A Mowag GmbH, originalmente Mowag Motorwagenfabrik AG, foi fundada em 1950 na cidade de Kreuzlingen (TG), Suíça como uma empresa privada pelo engenheiro Walter Ruf. Ao longo dos anos seguintes a empresa desenvolveria muitos tipos diferentes de veículos, como ambulâncias, caminhões de bombeiros, como o Mowag W300, tanques fictícios, veículos elétricos, scooters ou tanques rastreados. Inicialmente seu maior sucesso comercial seria representado pelo Mowag T1 4×4, um veículo de transporte de tropas, produzido em em várias configurações: com rampa de carga aberta, com rádio como van fechada, totalizando mil e seiscentos veículos entregues para o Exército Suíço (Schweizer Armee). Seguiram-se contratos para a Alemanha, com setecentos e cinquenta veículos blindados com rodas Mowag MR série 8 produzidos para a Bundesgrenzschutz (Guarda de Fronteira Federal) alemã, também usada posteriormente pela Espanha e construída sob licença na Alemanha. Também a empresa seria conhecida por desenvolver um carro blindado com tração nas quatro rodas, construído sob licença da Thyssen e Bussing/Henschel. Na sequência outras séries de veículos com rodas e esteiras de alta potência seriam desenvolvidas e fabricadas para os mercados mundiais, envolvendo diversos modelos como ambulâncias, caminhões de bombeiros, como o Mowag W-300, tanques fictícios, veículos elétricos, scooters ou tanques rastreados.  Neste contexto seriam lançados veiculos utilitários importantes tendo como principal cliente a empresa estatal de correios a Swiss Post, entre estes se destacava o Mowag Einsatzfourgon, que curiosamente apresentava um motor V8 a gasolina (originalmente desenvolvido para um carro blindado) instalado no piso do veículo. No segmento civil, a empresa seria particularmente ativa na construção de veículos de combate a incêndios, onde várias gerações de veículos de emergência como carros de combate a incêndio foram construídas fazendo uso dos chassis e conjunto mecânicos de utilitários produzidos pela Dodge Motor Co. Durante a década de 1960 a empresa passaria a se envolver nos segmentos de caminhões pesados, tendo como destaque o modelo Mowag M5-16F de 16 toneladas. Em fins desta mesma década a empresa seria contratada pela Força Aérea Suíça (Schweizer Luftwaffe), para a produção de um trator de aeronaves destinado a suportar as operações em terra nos novos interceptadores franceses  Mirage IIIS e RS, nascendo assim o Mowag-AEG. Por várias décadas, a Mowag GmbH foi a única importadora para a Suíça do utilitário norte-americano Dodge Ram Wagon, que localmente seria convertido em veículo de bombeiros com tração nas quatro rodas e ocasionalmente, veículos policiais e ambulâncias. Todos estes modelos seriam comercializados sob a marca Mowag, a empresa ainda operaria na distribuição de peças de reposição desta montadora no mercado nacional.   

No início da década de 1970 a diretoria da empresa passaria a antecipar as demandas das forças armadas suíças e do mercado internacional, investindo recursos próprios no desenvolvimento de um veículo modular blindado sobre rodas que enfatizasse baixos custos de ciclo de vida, alta confiabilidade e alta disponibilidade.  O primeiro protótipo do Piranha Modelo IB na versão 6X6, seria concluído em maio de 1972 e apresentava uma série de inovações técnicas como a adoção de um sistema suspensão independente, unidade de potência compacta na frente direita e (como um acionamento anfíbio) sendo movido por duas hélices. Seu casco anfíbio era feito inteiramente em aço soldado RHA, com previsão para emprego de forro com proteção NBC (Nuclear, biological, chemical), o design do nariz era caracteristicamente multifacetado, com uma coluna central e polígonos laterais unindo o nariz aos lados igualmente inclinados. A traseira era ligeiramente inclinada para baixo, devido à presença das portas de acesso principais. A blindagem da base protegia apenas contra o fogo de armas pequenas e estilhaços de projéteis de artilharia e era presumivelmente de 6 a 8 mm, enquanto as encostas a tornavam artificialmente mais espessa. O compartimento do motor estava localizado no lado direito, com grades de escapamento e ventiladores de refrigeração acima, a transmissão e a caixa de câmbio estavam alojados no nariz. O compartimento de tropas estava localizado atrás, com o alojamento do sistema de armas principal no meio, operado por um dos membros da tripulação. A capacidade de carga era de cerca de 3 toneladas, e havia uma capacidade de carga de cinco a seus soldados de infantaria totalmente equipados. Estava equipado com motor  Mowag diesel de 6 cilindros. refrigerado a água 275hp (202 kW) acoplado a uma robusta transmissão planetária automática Allison MT-653 de 6 velocidades. Para melhor distribuição da motricidade foi sobre as rodas de altura, que tinham pneus 13,00 × 20, com uma pastilha run-flat. Dependendo da versão, a direção poderia ser aplicada a um eixo (geralmente o dianteiro) ou dois (geralmente o 1º e último eixo). No III, as suspensões estão ativas (hidropneumáticas). A velocidade máxima em plano era de 100 km/h (62 mph) com uma velocidade de natação de 10 km/h (69 mph) e 300 litros de diesel, o que dava cerca de 750-800 km de alcance operacional médio. De acordo com a necessidade do cliente, alguns veículos poderiam receber outros motores e transmissões, geralmente de origem norte-americana. Este protótipo seria demonstrado em diversas configurações com diferentes motores e recursos customizados como armamentos e sistemas eletrônicos para clientes em potencial. A versatilidade da plataforma permitiria o desenvolvimento de versões especializadas como veículo de defesa aérea, ambulância, veículo antitanque, transporte de tropas APC, transporte de carga, comando e controle, e guerra eletrônica, apoio de fogo, segurança interna, porta-morteiros, recuperação e reconhecimento, entre outras.   

Naturalmente o Mowag Piranha I 6X6 seria adotado pelas forças armadas suíças, com versões destinadas para atendimento as tarefas de transporte de tropas, ambulância, veículo de comando e caça tanques, com este último armado com o míssil antitanque BGM-71 TOW, recebendo a designação de Mowag Grenadier.  O primeiro contrato de exportação seria celebrado com o governo canadense, que selecionaria o modelo para produção local sob licença com modelo AVGP Grizzly destinado a tarefas de transporte de tropas e o AVGP Cougar para missões de reconhecimento de campo equipado com uma torre Vickers armada com um canhão de 76 mm.  Em 1983 seria celebrado um contrato com o governo chileno para a produção sob licença da versão 6X6, sendo empregados pelo Exército do Chile, com este sendo seguidos por outros, logo o modelo tornaria um sucesso registrando mais de 2.000 carros entre entregas e encomendas. Os recursos gerados permitiram estender a família sendo desenvolvidas as versões 4X4 e 8X8, com primeiro modelo sendo apresentado em 1974, o MOWAG Piranha 4×4 IB, um veículo leve e ágil projetado para as tarefas de reconhecimento e ataque como o Grenadier e Spy. Seria projetado também para as demandas da polícia na contenção de distúrbios urbanos. Seu protótipo passaria por inúmeros testes e recebeu diferentes equipamentos e diferentes motores, porém devido ao rápido desenvolvimento tecnológico e ajustes de demanda, esta versão seria preterida, com seu desenvolvimento logo cancelado. A versão mais exitosa da família com tração 8X8 nasceria de uma demanda para um veículo maior que apresentasse maior capacidade de carga, com a primeira oportunidade surgindo em uma concorrência no Canadá durante o ano de 1974. As especificações deste processo denominado como Light Armoured Vehicle (LAV), envolviam um veículo flexível que pudesse ser adaptado para servir em muitos estilos diferentes de conflito, devendo ser adquiridos em grande número em quatro versões básicas. A Mowag GmbH em parceria com a General Motors Diesel Companny  apresentaria uma vantajosa proposta para a produção local na fábrica em Ontario, com este modelo sendo declarado vencedor da concorrência em março de 1976. No início da década seguinte, a empresa devido ao grande sucesso da versão 8X8, seriam destinados mais recursos no aprimoramento desta família, levando ao alongamento do casco em 290 mm proporcionando mais espaço interno.   

Também a nova versão, já designada como Piranha II receberia uma blindagem atualizada, um compartimento do motor mais modular, transmissão revisada, pneus mais fortes e maiores e melhor sistema de frenagem. As extensões laterais garantiriam mais espaço interno, portas adicionais para pistolas e proteção.  Para mobilidade, o blindado poderia ser equipado com os motores Detroit Diesel 6V-53T Silver (275 hp), 6V-53TA Silver (350 hp) ou ainda Cummins 6 CTA 8.3 (300 hp). Há também um sistema automático de detector/extintor de incêndio. As suspensões incluíam molas helicoidais independentes nos dois eixos dianteiros direcionais e amortecedores nos dois traseiros. O equipamento opcional incluía um revestimento NBC (Nuclear, biological, chemical) coletivo completo, ar-condicionado e dispositivos de visão noturna. A estação de armas Giat Industries TS 90 desenvolvidas para o Mowag revelada na Eurosatory 1986, compreendia um canhão principal de média velocidade de 90 mm capaz de disparar cartuchos APFSDS-T, HEAT-T, HE, fumaça e cartuchos com um total de 43, incluindo 18 prontos na torre. Foi acoplado a um coaxial de 7,62 mm. As especificações são: 6,98 m x 2,63 x 1,83 m para 14 toneladas. Neste mesmo período o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha dos Estados Unidos (US Marine Corps) começaria a buscar um veículo blindado leve para dar maior mobilidade às suas divisões. Em uma concorrência internacional a proposta vencedora seria representada pelo consórcio General Motors Diesel & Mowag GmbH, com o modelo LAV-25, tendo seu projeto sendo baseado no Veículo Blindado de Uso Geral (LAV I) do Exército Canadense, neste momento seria celebrado um acordo para a aquisição inicial de 969 veículos de todas as variantes. Seu batismo de fogo se daria durante a invasão do Panamá em 1989 e continuaram servindo na Guerra do Golfo, na Guerra do Iraque e na Guerra do Afeganistão. Versões atualizadas como o LAV-25A2 e LAV-25A3 devem permanecer em serviço até o ano de 2035, quando devem passar a ser substituídos pelos novos veículos de reconhecimento avançado. Em 1994 a empresa apresentaria ao mercado o Piranha III *x*, que seria conhecido com o principal veículo da família, recebendo o maior número de contratos de exportação, neste momento a   configuração 4 x 4 seria descartada, mas a 6x6 foi mantida e nova 10x10 seria desenvolvida. Como carro-chefe da empresa a versão 8X8 , seria totalmente reformulado, com ênfase em uma construção composta, casco mais leve e compacto, mas mais bem protegido para maior mobilidade. O volume interno e a carga útil também são amplamente otimizados em comparação com o casco (11,8 m3), e a modularidade seria levada adiante. O Piranha III poderia ser aerotransportável, principalmente pelos Lockheed C-130 Hércules, o que lhe conferiria uma grande variedade de possibilidades de implantação estratégica. Além de diversas inovações estes veículos poderiam operar com uma gama cada vez maior de armamento, culminando com uma torre de 105 mm operada remotamente que fornece uma capacidade clara de caçador de tanques, fazendo uso de diversas munições padronizadas pela OTAN. 
Em janeiro de 2004 a Mowag Motorwagenfabriken seria adquirida pela General Dynamics - European Land Systems passando a integrar a GM Defense (Londres, Canadá), e a quarta empresa europeia a compor este consórcio, agora com sede em Espanha. Esta família de blindados também seria construída sob licença pela General Dynamics Land Systems - Canadá (LAV-III) e no Reino Unido pela BAE Systems Land Systems. A versao Piranha IIIC apresentaria um novo nível de proteção opcional com o Saab Avitronics LEDS, que compreende um sistema de sensores e dispensador (contramedidas) eficaz contra IEDs e RPGs. O compartimento do motor modular pode receber um MTU alemão 6V183TE22 (400 cv), sueco Scania DSJ9-48A (400 cv), US Caterpillar 3126 (350 cv), britânico Cummins 6CTAA8.3-T350 (350 cv) ou US Detroit Diesel 6V53TA (350 cv). Existe um sistema hidropneumático com ajustes auto-adaptativos eletrônicos, sistema centralizado de enchimento de pneus (CTIS) e sistema de freio antitravamento (ABS). Em 2007 seria lançado no mercado o Piranha IV, desenvolvido a partir de seu antecessor, enfatizando uma melhor proteção, sendo mais pesado com 25 toneladas de combate carregado e armado normalmente com uma metralhadora de 30 mm e 7,62 mm LMG. Seus cascos com características de RHA de alta dureza e há pacotes modulares de nível B, além disso, que fornecem uma proteção total contra cartuchos AP de HGMs de 14,5 mm, contra cartuchos de 30 mm no arco frontal e possui pisos de casco protegidos contra minas terrestres (8 kg de TNT equivalente). Além de ser equipado com o sistema de proteção NBC (Nuclear, biological, chemical), podia receber uma tinta de revestimento externo para reduzir sua assinatura térmica. Dependendo da carga útil, ele pode transportar de seis a dez soldados de infantaria totalmente equipados. É impulsionado por um diesel turboalimentado MTU desenvolvendo 544 cv acoplado a uma transmissão ZF-7, para uma velocidade máxima de 100 km/h e alcance de 750 km. Em 2007 seria lançada oficialmente no EUROSATORY 2010 o modelo Piranha V, apresentando peso final entre 25 a 30 toneladas, além de dispor uma maior área interna de transporte, pode ser equipado com uma nova arquitetura eletrônica aberta. Muitos novos recursos de proteção são fornecidos após a experiência no Iraque e no Afeganistão, como assentos integrados protegidos contra minas e placas de casco moldadas. Há uma proteção geral contra RPGs, canhões de 30 mm no arco frontal e cartuchos AP de 14,5 mm ao redor. Há, além disso, um conjunto de auxílios defensivos e proteção contra IEDs. É impulsionado por um MTU 6V199 TE20 550 hp diesel. Ao longo dos anos está família de blindados ser tornaria um sucesso de vendas, sendo operados pela Arábia Saudita, Austrália, Bélgica, Botswana, Brasil, Canadá, Chile, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Gana, Irlanda, Libéria, Nova Zelândia, Nigéria, Omã, Catar, Romênia, Serra Leoa, Suécia, Suíça e Uruguai. 

Emprego na Marinha do Brasil.
A utilização de veículos blindados sobre rodas no Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN), tem inicio em 1973 quando seriam incorporados os primeiros Engesa EE-11 Urutu a fim de dotar o recém-criado Batalhão de Transporte Motorizado (BtlTrnpMtz). Três anos mais tarde seria celebrado um contrato para a aquisição de seis Engesa EE-9 Cascavel que seriam designados como "Carro de Combate Leve Sobre Rodas" (CCL-SR), passando todos este a serem concentrados junto a Companhia de Viaturas Anfíbias do Batalhão de Transporte Motorizado, unidade subordinada diretamente a Comando da Divisão Anfíbia. No entanto em operação estas viaturas seriam avaliadas como poucos eficazes nas operações de desembarque anfíbio, principalmente devido sua tração por rodas que acarretava problemas de trafegabilidade em certos tipos de terreno como as faixas de praia. Apesar desta limitação tanto o EE-9 Cascavel, quanto o EE-11 Urutu acabariam sendo fundamentais na tarefa de servir como embrião da doutrina de utilização de veículos blindados para o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN). Neste contexto como solução a esta limitação operacional, os Engesa EE-11 Urutu passariam a ser gradualmente substituídos em 1978, pela nova Viatura Blindada Especial Sobre Lagartas M-113A1 de transporte de pessoal. Desta maneira o temporariamente a Marinha do Brasil abandonaria o emprego veículos blindados sobre rodas junto a Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE). O contexto para a adoção novamente de um veiculo blindado sobre rodas se daria em 2003, com a participação do país na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH).  Nesta operação o contingente brasileiro compostos por militares do Exército Brasileiro faria uso dos Engesa EE-11 Urutu, os empregando em atividades policiais, servindo no transporte das tropas para ocupação de áreas sob domínio de gangues, circunstâncias em que os enfrentamentos passariam a ser praticamente inevitáveis. Desta maneira imersos em um cenário de conflagração assimétrico e urbano, os blindados brasileiros em engajamentos cada vez mais frequentes passariam a alvos das armas leves e médias das gangues haitianas, descortinando a necessidade da aplicação de algumas adaptações e melhorias, entre estas a inclusão de uma torre blindada para o operador da metralhadora e motorista. Apesar destas adequações, clarificou-se que o sistema de blindagem original do Engesa EE-11 Urutu, já não oferecia mais um nível de proteção adequada contra munições perfurantes especiais, levando assim a decisão de substituir o emprego desta veterana viatura nas áreas de maior risco, por um novo modelo que pudesse proporcionar segurança à integridade física de nossos combatentes. Inicialmente pensou-se em operar as viaturas blindadas de transporte de pessoal M-113 tanto do Exército Brasileiro quanto do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN), porém com o intuito de não degradar ainda mais a precária malha viária existente no país, foi decidido que não seriam levadas viaturas sobre lagartas para a Área de Operações.  

Desta maneira caberia a Marinha do Brasil buscar uma solução e assim como não existiam, naquele momento, viaturas blindadas sobre rodas com sistema de tração 8×8 e dotadas de tecnologia atual, para que fossem comercializadas e fornecidas por qualquer fabricante nacional, seriam realizados estudos no mercado internacional. Dentro desse quadro, em novembro de 2005, teria início o de obtenção de uma Viatura Blindada Sobre Rodas, que fosse moderna tecnologicamente, com disponibilidade de rápida entrega, cujo emprego fosse reconhecidamente aprovado por outros países e, principalmente, fosse capaz de atender àquela iminente demanda operacional. Destaca-se que uma obtenção desse porte envolve um minucioso detalhamento dos requisitos operacionais, a observância a dispositivos legais que regem as normas para realização de uma licitação internacional. No início de 2006 seria deflagrada concorrência, prevalecendo em termos de custo de aquisição e prazo da entrega a proposta apresentada pela MOWAG GmbH - General Dynamics European Land Systems com seu modelo Piranha IIIC. Um primeiro contrato seria celebrado para quatro viaturas de transporte de pessoal e uma de socorro a um custo de US$8.512.240,00, envolvendo ainda um completo pacote logístico e de treinamento. Na configuração adquirida, a blindagem dessa viatura oferece proteção à tropa embarcada contra estilhaços de granadas e minas antipessoal, bem como dos tiros de até 12,7mm, desde que disparados a distâncias médias, podendo ainda receber a aplicação de blindagem adicional nas laterais. Em termos de poder de fogo a viatura pode fazer uso de metralhadora calibre.50, metralhadora automática a gás 7,62 mm (MAG), metralhadora 5,56 mm MINIMI ou lançador de granada 40 mm (LAG SB-M2 40 mm), que pode ser fixado em seu reparo multifuncional Platt MR550 Basic Turret, provendo base de fogos que permite apoiar a tropa de infantaria no assalto às posições inimigas e, na defensiva, bater, com fogos rasantes e de flanqueamento, as possíveis vias de acesso do inimigo.  Mesmo sendo uma viatura sobre rodas, possui boas condições de deslocamento através de campo, devido à existência de um Sistema Central de Calibragem dos Pneus (Central Tire Inflation System – CTIS), que ajusta a pressão dos pneus (a prova de balas) à natureza do solo. Possui ainda elevada mobilidade, particularmente sobre eixos apoiados por estradas e em ambiente urbano, proporcionada pelo seu sistema de tração 8x8, aos dois eixos direcionais e elevada potência do motor. Dispunha ainda de um potente sistema de ar-condicionado, proporcionando maior conforto à tropa; e seu motor a diesel Caterpillar C-9 3126 com 400 hp de potencia que lhe proporcionaria uma autonomia de 800 km e velocidades de até 100km/h em terra e 10 km/h em travessia de pequenos cursos d’água; além de outras possibilidades operacionais. 
As dimensões, peso, armamento e equipamentos de comunicações da variante de Socorro são iguais às da versão de Transporte de Pessoal (inclusive possui também o NAP5-11 e o LIRD). Ela é guarnecida por dois operadores e dois mecânicos. Seu guincho tem tração máxima de 8 toneladas, capacidade máxima à frente de 16 toneladas capacidade máxima à retaguarda de 7 toneladas, já seu guindaste tem capacidade máxima de 3,75 toneladas. Os primeiros quatro Mowag Piranha IIIC foram incorporadas ao Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais (BtlBldFuzNav) em 20 de agosto de 2007, passando à subordinação temporária da Companhia de Viaturas Blindadas  (CiaVtrBld). No início do ano de 2008, seria recebida no Brasil uma viatura da versão de socorro. Salienta-se que estas viaturas foram recebidas com o esquema de pintura total em branco característico dos veículos empregados nas missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU). Um dos aspectos positivos de poder contar com suas próprias viaturas reside no fato de se terem ampliadas as possibilidades de realização de adestramentos pré-operacionais ainda no Brasil – permitindo a familiarização dos procedimentos tanto da guarnição quanto da tropa embarcada. Anteriormente, recebia-se o apoio de blindados não pertencentes ao inventário, inclusive de outros países, existindo, muitas vezes, dificuldades para comunicação e adoção de procedimentos padronizados. Tal condição obrigava a frequente realização de briefings para instruir a tropa como proceder com aquele determinado meio em apoio e a respectiva guarnição, dispendendo precioso tempo para algumas ações. Em fevereiro deste mesmo ano os cinco veiculo agora denominados como Viatura Blindada Especial Sobre Rodas (VtrBldEspSR) 8x8 PIRANHA IIIC seriam embarcadas para o Haiti, com a finalidade de apoiar o Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais-Haiti na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH). Sua primeira operação real ocorreria no dia 08 de março de 2008, quando estas viaturas foram chamadas as pressas para ajudar no patrulhamento e apoio ao Ponto Forte 16 em Cite Soleil, um bairro pobre da capital do país, resgatando alguns membros da Embaixada Brasileira no aeroporto internacional, levando-os para um local seguro. Neste mesmo dia três VtrBldEspSR Piranha IIIC se deslocariam para o Palácio Nacional a fim de dar suporte as tropas brasileiras, jordanianas e a policia local que se encontravam em confronto com uma multidão de manifestantes, criando uma área de proteção em volta do objetivo. Esta missão perduraria até o dia seguinte com os blindados brasileiros fornecendo suporte as operações e realizando tarefas de transporte de feridos, tropas e munições. Neste cenário o Piranha IIIC provou ser um meio de alta confiabilidade, capaz de propiciar à tropa condições de reagir com rapidez e segurança. A incorporação das novas viaturas blindadas ao GptOpFuzNav-Haiti aumentou significativamente a visibilidade de nossas forças na área de responsabilidade, que é um aspecto muito positivo em uma missão dessa natureza. 

O excelente desempenho do Mowag Piranha IIIC durante a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH), levaria a Marinha do Brasil a ampliar a sua frota em 2007, procedendo a aquisição de mais oito unidades na versão de transporte, que seriam recebidos entre 2008 e 2009, possibilitando assim aplicar um sistema de rodízio com as viaturas em utilização junto ao Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais-Haiti na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti. Antes mesmo do recebimento deste novo lote, a Marinha do Brasil definiria o Mowag Piranha IIIC 8X8 se tornaria o blindado padrão sobre rodas do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN). Assim em 28/10/2008 seria publicado no Diário Oficial do Extrato de Dispensa de Licitação - Processo 10/08, oficializando a compra de mais dezoito Viatura Blindada Especial Sobre Rodas desta família. Algumas customizações seriam solicitadas ao fabricante, destacando a instalação de uma bacia de lona destinada a recolher boa parte dos cartuchos utilizados, como forma de proteger a guarnição caso tenha de andar sobre o veiculo, evitando que se pise ou escorregue nos cartuchos ejetados, com esta demanda feita com base na experiencia de emprego com os Engesa EE-9 Cascavel e EE-11 Urutu. Também seria solicitado ao fabricante a instalação de uma base metálica cilíndrica na lateral da torre onde fosse possível acoplar um holofote para emprego em operações noturnas urbanas, o qual devia possuir uma bateria recarregável que permitiria seu uso em fio por duas horas, podendo ser recarregado no interior do veiculo. Destes cinco seriam viaturas seriam equipadas com um suplemento balístico sobre a torre Allan Platt MR550, fechando-a totalmente, concedendo melhor proteção ao operador, mantendo ainda possibilidade de emprego dos sistemas de armas padrão da viatura como as metralhadoras Browning calibre .50 e MAG calibre 7.62 mm e lança granadas espanhol Santa Barbara de 40 mm. Três viaturas estariam equipadas com uma lâmina frontais do tipo "bulldozer" para a remoção de obstáculos, as demais já disporiam dos pontos de fixação para um complemento futuro a aquisição de um kit nacional. Por fim das cinco restantes, duas seriam da versão de socorro, uma na versão ambulância, a primeira da América Latina (com perfil mais alto) e duas na versão de comando, similar a versão espanhola. A Viatura Blindada Especial Sobre Rodas - Comando possuía capacidade de operação, no compartimento do Estado-Maior, de até seis redes em VHF, uma rede em HF e uma rede em VHF/UHF. Existe, ainda, uma unidade do equipamento rádio VHF destinada exclusivamente a prover o comando e controle entre os veículos. Estes equipamentos permitem que as viaturas operem de forma adequada com os meios navais e aeronavais e, se utilizadas simultaneamente, permite o emprego em um Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais de valor Brigada Anfíbia. Associada a esta capacidade, é possível utilizar a funcionalidade GPS, adquirida pela Marinha do Brasil, para a transmissão e a recepção de dados de localização de forma remota, características estas, essenciais para o emprego em um Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav). 
Seu cronograma de entrega seria definido para ocorrer entre os anos de 2010 e 2014, com as viaturas sendo recebidas no esquema de camuflagem tática empregada pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN), agora diferente das aplicadas nas viaturas do primeiro e segundo lotes que eram destinadas a operação no Haiti. Vale ressaltar ainda o emprego dos Mowag Piranha IIIC VtrBldEspSR  8x8 em território nacional, com sua primeira participação ocorrendo no final de 2008, quando foram utilizadas na Operação Voto Livre, no Rio de Janeiro. As viaturas integraram um Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav) que recebeu a tarefa de prover segurança nas áreas designadas pela Justiça Eleitoral (Vila do João, Comunidade do Salgueiro, São Gonçalo e Complexo do Alemão), para garantir a regularidade do processo eleitoral. Em 2010 novamente estes blindados se fariam presente em um cenário de conflagração urbano agora durante as ações de garantia da leia e da ordem (GLO) na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão na cidade do Rio de Janeiro. Neste contexto seriam empregues quatro viaturas e a imagem dos Piranhas IIIC VtrBldEspSR ultrapassando diversas barreiras e obstáculos levantados pelos traficantes de drogas foi o momento de maior valor simbólico ocorrido durante a invasão e ocupação pela polícia das favelas de duas das regiões que podem ser consideradas os maiores bunkers da facção criminosa conhecida como Comando Vermelho. Ao longo dos anos seguintes estes veículos seriam intensamente empregados em diversos exercícios operacionais realizados pela Marinha do Brasil e conjunto com o Exército e a Força Aérea Brasileira. Em 2015 a Ares Aeroespacial e Defesa Ltda faria uma proposta ao Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais (BtlBldFuzNav), do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), para instalar um REMAX 3 em uma VtrBldEspSR 8×8 Mowag Piranha IIIC, melhorando a eficiência do emprego da arma de autodefesa. Porém como o veículo ainda estava na garantia do fabricante, não seria possível fazer uma instalação correta, pois exigiria uma furação em sua estrutura. Para contornar a situação, a instalação foi executada aproveitando a furação do lançador de granadas, o que acabou resultando em uma posição menos indicada para o operador do SARC, mas demonstrando a sua incrível capacidade multiplataforma. Apesar disto o negocio não se concretizaria em função dos termos contratuais de garantia exigidos pelo fabricante, que impedem a instalação de equipamentos ou acessórios não homologados.   

Em Escala.
Para representarmos o Mowag Piranha IIIC VtrBldEspSR  8x8 pertencente ao Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais (BtlBldFuzNav) da Marinha do Brasil, fizemos uso de um kit experimental injetado em resina 3D a ser lançado pela Todo Modelismo na escala 1/35. Este modelo ainda necessita de ajustes, com muito do detalhamento sendo feito em scratch building. Fizemos uso de decais confeccionados pela Decals e Books presentes no set " Forças Armadas do Brasil".
O primeiro e segundo lotes recebidos portava o esquema padrão dos veículos a serviço das forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), já as viaturas recebidas a partir de 2009 receberiam o padrão tático de camuflagem empregado em todas os veículos em uso Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN). Salientamos que existem diferenças entre os tons de tinta presentes na frota dos Mowag Piranha IIIC VtrBldEspSR  8x8 camuflados, indicando possivelmente o emprego de outros códigos FS ou fabricantes.


Bibliografia : 
- Mowag Piranha - www.tank-afv.com
- Fuzileiros Blindados - Operacional - http://www.operacional.pt/fuzileiros-blindados-i/
- Piranha IIIC Uma realidade no CFN  – Expedito Carlos Stephani Bastos-  https://www.ecsbdefesa.com.br
Piranha IIIC do CFN rumo ao Haiti  – Expedito Carlos Stephani Bastos-  https://www.ecsbdefesa.com.br
Piranha IIIC  Blindado Padrão do CFN   – Expedito Carlos Stephani Bastos-  https://www.ecsbdefesa.com.br
Piranha IIICA Familia de Blindados 8X8 do CFN  – Expedito Carlos Stephani Bastos-  https://www.ecsbdefesa.com.br