Charrua M-1 e M-2 - VBTP Motopeças


História e Desenvolvimento.
No início da década de 1940, o Exército Brasileiro iniciaria um movimento de modernização de seus meios, e entre os equipamentos almejados se encontravam veículos blindados de transporte de tropas, que começavam a se despontar no emprego junto as forças armadas alemães e norte-americanas. Este anseio passaria a ser materializado a partir do ano de 1942, quando o Exército Brasileiro passaria a receber nos termos do programa de ajuda militar  Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos). Neste contexto seriam recebidos os primeiros carros blindados de transporte de tropa dos modelos M3-A1 Scout Car sobre todas e meias lagartas M-2 e M-3 Half Track. Curiosamente apesar de concebidos para missão de transporte de tropas no front de batalha, não seriam imediatamente empregados nesta missão, sendo destinados a tração de peças leves de artilharia. Este desvio de finalidade foi influenciado pela total imersão da força terrestre nacional na doutrina militar francesa que era fundamentada nas táticas da Primeira Guerra Mundial que era adepta da operação hipomóvel.  O aumento da influência norte-americana no país durante o conflito irá impactar na mudança de mentalidade e doutrina da Força Terrestre, principalmente motivada pelo recebimento de um grande lote de veículos meia lagarta M-3, M-3A1 e M-5, o que possibilitaria pela primeira vez implementação de táticas de infantaria motorizada.  No início da década de 1950 passaria o comando da Força Terrestre passaria a avaliar a real efetividade e chances de sobrevivência de suas forças mecanizadas em um moderno cenário de conflagração. Ficava evidente a necessidade de se promover um amplo processo de modernização de meios, necessidade esta que começaria a ser viabilizada a partir de 15 de março de 1952, quando foi assinado entre os presidentes Getúlio Vargas e Harry Truman, o Acordo Militar Brasil - Estados Unidos. Com o título oficial de "Acordo de Assistência Militar", esta parceria bilateral, estabeleceria basicamente o fornecimento em vantajosas condições econômicas de material bélico norte-americano atualizado para as Forças Armadas Brasileiras, buscando assim promover uma substituição dos meios atuais, que foram cedidos na década de 1940 durante a Segunda Guerra Mundial. Assim o Brasil passaria a integrar o grupo de países beneficiados nos termos do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), que garantiria acesso facilitado a modernos equipamentos militares, para assim prover regionalmente uma linha de defesa contra a hipotética ameaça expansionista socialista. 

Desta maneira caberia ao Exército Brasileiro a destinação de grande parcela deste acordo, passando a ser fornecidos a partir de agosto de 1960, os primeiros cinquenta carros de combate médio M-41 Walker Buldog, dois veículos de socorro M-74 Sherman Recovery Vehicle e vinte viaturas blindadas de transporte de pessoal do modelo FMC M-59APC. Estes últimos apesar se tratar de veículos usados, se encontravam em excelente estado de conservação registrando baixa quilometragem de uso, pois se encontravam armazenados desde 1959 junto as instalações da Unidade do Corpo de Artilharia (Ordinance Corps Depot), no estado de Ohio. Os vinte carros blindados M-59 A1 APC destinado ao Exército Brasileiro seriam separados e então revisados localmente colocados em plenas condições de funcionamento, passando a ser preparados para transporte por via naval. Estes seriam recebidos no porto do Rio de Janeiro, em 14 de agosto de 1960 juntamente com os primeiros carros de combate M-41 Walker Buldog. Já no país, estes carros seriam inspecionados e preparados para o estágio operacional e treinamento de seus operadores, sendo posteriormente transportados por via terrestre, e distribuídos em dezembro deste mesmo ano em proporções iguais, ao 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RecMec) e ao 16º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RecMec) ambos baseados na cidade do Rio de Janeiro. Já em uso no Exército Brasileiro, estes blindados receberiam a designação oficial de VBTT - Veículo Blindado de Transporte de Tropas M-59. Nestas unidades operativas, estes veículos tiveram o importante papel de desenvolver a doutrina de emprego deste tipo de carros de transporte de tropas sob esteiras junto à forca blindada do Exército Brasileiro, operando em conjuntos com carros de combate como os M-41 Walker Buldog e M-3 Stuart. Nos primeiros exercícios conjuntos entre os VBTT M-59A1 e os M-41, confirmar-se-ia o ocorrido junto as operações no Exército do Estados Unidos (US Army), onde o M-59 não era capaz de acompanhar a dinamicidade dos M-41 no campo de batalha. Além disso eles apresentariam também grandes limitações em deslocamentos de média e grande distância no país, pois seu peso bruto excedia a capacidade da infraestrutura viária brasileira, como pontes, viadutos, estradas e principalmente pranchas ferroviárias. A soma destes fatores levaria o Ministério do Exército a declinar de mais ofertas para cessão de novos carros M-59A1 VBTT, como solução intermediaria seriam iniciados estudos prevendo o repotenciamento dos antigos carros meia lagarta White M-2 , M-3 e M-5, visando assim estender sua vida útil até a incorporação de um possível substituto.   

Esta demanda logo seria atendida, pois a partir de 1965 dentro dos termos do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), seria negociada a cessão de mais de cinco centenas de veículos blindados de transporte de tropa FMC M-113A0 (modelo que fora desenvolvido nos Estados Unidos como substituto aos M-59). Esta grande quantidade a ser recebida permitiria prover um ciclo total de renovação dos meios em operação naquele momento permitindo desativar todos os M-2, M-3 e M-5 Half Track. Em 1969 a partir do momento que os M-113A0 APC atingiram seu status operacional pleno, tanto o 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RecMec) e ao 16º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RecMec), passariam a ser equipados com este novo blindado. Nos anos vindouros o Exército Brasileiro vivenciou uma mobilidade nunca testemunhada na história, com os VBTT M-113 chegando a dotar mais de quinze unidades entre Regimentos de Carros de Combate (RCC) e Batalhões de Infantaria Blindada (BIB). Altamente robusto e de fácil manutenção, a frota destas viaturas sempre apresentava excelentes índices de disponibilidade operacional. Este positivo cenário, no entanto, iria começar a se alterar a partir do início do ano de 1977, quando os Estados Unidos passaram a ser presididos pela administração de Jimmy Carter, novas diretivas deste governo passariam a condicionar a continuidade dos programas de ajuda militar a averiguação da situação do Brasil no tocante aos direitos humanos. Esta decisão provocaria o desagravo do presidente Ernesto Geisel, que em carta oficial se manifestaria “O governo brasileiro recusa de antemão qualquer assistência no campo militar que dependa, direta ou indiretamente, de exame prévio, por órgãos de governo estrangeiro, de matérias, que, por sua natureza, são da exclusiva competência do governo brasileiro.” , Pressões políticas decorridas desta iniciativa levariam o governo brasileiro a decidir pelo rompimento do Acordo Militar Brasil - Estados Unidos. Este evento determinaria a interrupção de toda financeira e linhas de abastecimentos de peças de reposição para os veículos militares em uso nas Forças Armadas Brasileiras. Isto afetaria diretamente a frota de VBTT M-113, resultando em curto espaço de tempo em altos índices de indisponibilidade, a este fator se somaria o atingimento do ápice da crise do petróleo, o que afetaria ainda mais a frota destes blindados, tendo em vista o alto consumo de seus motores a gasolina. A busca por uma solução viável geraria os primeiros estudos visando o repotenciamento destes blindados, com primeiro destes tendo origem em 1981 na empresa Biselli – Viaturas e equipamentos Industriais Ltda, prevendo a adaptação de um motor Iveco Diesel 150, o qual não produziu os resultados esperados pelo Exército Brasileiro, não trazendo no seu bojo um estudo mais apurado e que realmente fosse a solução. 
Paralelamente estudava-se implementar um processo semelhante junto aos vinte VBTT M-59, processo este que despontaria como uma oportunidade para uma jovem empresa do interior do estado de São Paulo.  Fundada em 1956 na cidade de Sorocaba, a Moto-Peças S.A. Transmissões e Engrenagens, teria seu foco inicial na nascente indústria automotiva nacional, passando de um mero fornecedor de peças de reposição, para a se tornar no final da década de 1970 na maior indústria brasileira de componentes de câmbios e diferenciais. Durante sua trajetória, no final da década de 1960 a empresa se aproximaria do Exército Brasileiro, principalmente por sua experiencia no segmento de componentes e veículos pesados. A primeira parceria nasceria do projeto de repotenciamento e remotorização de trinta tratores de artilharia M-4A1 High Speed Tractors fabricados pela Allis-Chalmers Company em 1943 e incorporados ao Exército Brasileiro a partir do ano de 1949. Este processo envolveria a troca da caixa de marchas, transmissão, motor (por Scania Diesel de 260 cv), esteiras, roletes e suspensão (os três últimos fornecidos pela Novatração S/A).  Este programa obteria um grande êxito, com a empresa logo em seguida contratada para a o desenvolvimento e produção de caixas de marcha para a série de blindados X-1A2 Carcará, fabricados pela Bernardini S/A, estes carros de combate leves derivados da modernização dos modelos M-3 e M-3A1 Stuart recebidos pelo Exército Brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial. No início da década seguinte, em conjunto com o Centro de Tecnologia do Exército (CTEx), a empresa desenvolveria um programa de customização dos antigos carros de combate M-4 Sherman, convertendo-os em carros blindados para engenharia. Fazendo uso da plataforma original seriam acrescidos uma lâmina frontal (intercambiável com um caça-minas) e grua hidráulica com lança rebatível e capacidade de içamento de até 10 toneladas, sendo ainda capazes de rebocar viaturas de até 40 toneladas. Infelizmente após a produção de onze carros pré-série e testes de campo, o modelo acabaria não sendo adotado pela Força Terrestre. Apesar deste revés a empresa lograria êxito em conquistar a seguir um contrato para a remotorização da frota de setenta e dois obuseiros autopropulsados M-108. Estas constantes parcerias trariam grande notoriedade e respeito junto ao comando da Força Terrestre, com a Moto-Peças S.A. Transmissões e Engrenagens se tornando um dos principais expoentes da indústria de defesa nacional.   

Emprego no Exército Brasileiro.
Ao ser selecionada para implementação do processo de remotorização dos VBTP M-113 e para o estudo do processo de repontenciamento dos VBTP M-59 a diretoria técnica da Motopeças S.A. Transmissões e Engrenagens, passaria a ter um contato íntimo com o projeto destes dois modelos norte-americanos de viatura blindada de transporte de tropa, conhecendo em detalhes su particularidades de conceito e desing. O primeiro contrato celebrado era dedicado aos VBTT M-113, e envolveria a substituição do motor original, um V8 Chrysler de 215 cv a gasolina, com o elevadíssimo consumo de um litro por quilômetro, por um diesel nacional (Mercedes-Benz de seis cilindros e 180 cv); mantendo o desempenho, a troca permitiu aumentar a autonomia em mais de 70%. Também seriam substancialmente alterados os sistemas elétrico, de alimentação e arrefecimento. Este programa traria grandes recursos financeiros para a empresa, possibilitando assim estudar alternativas em conjunto com a equipe do  Centro de Tecnologia do Exército (CTEx) para o repotenciamento dos VBTP M-59.  O objetivo inicial visava substituir seus dois motores a gasolina GMC Model 302 de seis cilindros em V, por um conjunto a diesel nacional semelhante ao que seria adotado nos M-41B Brazilian Buldog.  Diversos estudos seriam elaborados, porém apesar de se mostrar um programa viável em termos técnicos, este nao seria recomendado do ponto de vista operacional, com esta decisão derivada pelo fato de seu alto peso de deslocamento e pela baixa quantidade de veículos presente na frota. Porém esta negativa acabaria por resultar em uma nova proposta, que envolveria o desenvolvimento de um novo veículo blindado de transporte de tropas que viesse a unir as qualidades operacionais dos dois modelos em uso. O primeiro parâmetro visava conceber um veículo com agilidade e mobilidade do M-113, porém com uma maior capacidade de transporte de carga útil semelhante ao VBTP M-59, e para isto seu peso final não deveria exceder as 18 toneladas. Esta primícia visava não extrapolar as limitações máximas de peso existentes na infraestrutura viária brasileira, como pontes, viadutos, estradas e principalmente pranchas ferroviárias, proporcionando ao veículo plena capacidade de deslocamento de média e grande distância no país. Curiosamente,  posteriormente esta determinação seria abandonada em virtude do estudo para o desenvolvimento de versões especializadas , como antiaérea 20 mm, socorro com torre giratória, combate de fuzileiros com canhão de 20 mm, caça tanques com canhões de 60 mm  e 90 mm, obuseiro autopropulsado 155 mm e sistema para lançamento de foguetes,  com pesos finais de combate na ordem de 21 toneladas e 24 toneladas no máximo.   

Esta proposta de desenvolvimento objetivava a médio e o longo prazo, a substituição de todos o veículos blindados de transporte de tropas VBTP M-113 presentes nas frotas do Exército Brasileiro e Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, trazendo uma maior independência estratégica. O modelo seria  concebido para dar maior flexibilidade e agilidade às unidades de Fuzileiros Blindados do Exército, pois possuía também plena a capacidade de operação anfíbia, podendo transpor rios e lagos com grande facilidade, coisa comum no extenso território brasileiro. Os estudos seriam iniciados em abril de 1983, com modelo sendo desenvolvido com inspiração no carro de combate M-41 Walker Buldog, com o qual o Centro de Tecnologia do Exército (CTEx) detinha grande conhecimento em virtude da implementação dos processos de modernização em curso naquele mesmo momento. Neste contexto seriam empregados no projeto, um grande numero de componentes empregados neste modelo de carro de combate, visando assim também otimizar a cadeia logística já existente de suprimentos no Exército Brasileiro. Apesar desta "inspiração" o modelo apresentaria uma série inovações tecnológicas, como a adoção de dois  hidrojatos Belljet 3.650 RPM 2 x 160 hp para propulsão na água, moderno sistema de blindagem composta por placas de cerâmica nas superfícies externas e sistema básico de visão noturna. O primeiro protótipo funcional seria apresentado em março de 1985, estando equipado com um motor  em linha nacional Scania Turbo Diesel DS11,  gerando 394 hp de potencia nominal,  posicionado na dianteira direita ao lado do operador. Este motor operaria  acoplado a uma caixa automática de mudanças norte-americana. do tipo "cross drive" CD 500/3 produzida pela Allison GM (duas marchas à frente e ré), suspensão por dez barras de torção e oito amortecedores hidráulicos.  Contava com o mesmo sistema de suspensão empregado nos blindados M-41 e M-59, contando com dez rodas de apoio e  lagartas de 532 mm de largura,  com  sapatas fabricadas pela Novatração Artefatos de Borracha. Sua blindagem básica foi dimensionada para  resistir a munições de 7,62 mm, com esta capacidade sendo ampliada para suportar munição básica para com o dobro do calibre,  chegando até  no máximo 20 mm, mediante a instalação de placas cerâmicas nas superfícies externas, no entanto estas placas não podiam ser empregadas quando do transcurso submerso na água. 
Apresentava um peso total de combate de dezoito toneladas (o dobro quase do M-113), podendo transportar em sua configuração básica três tripulantes e nove soldados totalmente equipados, podendo chegar ao total de vinte e dois infantes em uma configuração especial . O acesso podia se dar pela larga rampa traseira de acionamento hidráulico, por duas portas localizadas na rampa ou por duas escotilhas no teto; o carro dispunha de seis seteiras e três periscópios, um deles para visão noturna . Este protótipo estava equipado com a mesma torre presente no VBTP M-59 (retirada de um veiculo do Exército Brasileiro), que operava com acionamento hidráulico e automático, armada com uma metralhadora automática Browning  M-2 calibre .50,  que garantia plena segurança ao seu operador. De seu interior era possível disparar armas automáticas por quatro pequenas pequenas escotilhas (seteiras), por fim estava equipado com quatro lançadores de granadas fumígenas. O modelo designado como M-1 receberia o nome de "Charrua" (que na linguagem indígena significa ágil, robusto e com garra), sendo logo apresentado oficialmente ao Exército Brasileiro, passando em seguida, a ser  submetido a um extenso programa de testes e avaliação de campo, realizado inicialmente no campo de provas da Motopeças S/A na cidade de Sorocaba e posteriormente no Campo de Provas da Marambaia (CPrM) no Rio de Janeiro. Em agosto de 1985 seria concluído e disponibilizado um segundo protótipo com diversas melhorias, ampliando assim o programa de testes. Neste estágio seriam apontadas inúmeras oportunidades de de refinamento do projeto, nascendo assim o modelo M-2 Charrua II, que apresentaria significativas diferenças em termos de desing. O Charrua I tinha um formato com linhas mais retas com grande semelhança com os VBTT M-113, com quebras ondas em formato de "V" com uma torre automática de metralhadora posicionada ao ao lado do motorista, que em ambos os casos fica no canto dianteiro esquerdo. Já o Charrua II dispunha de um desing mais anguloso e moderno, fazendo uso de um  quebra ondas reto, com uma nova torre manual de armamento sendo agora posicionada atrás do motorista. A alteração do modelo de torre se daria pela limitação da quantidade disponível deste conjunto, que seria retirada da frota dos VBTT M-59,  que neste momento já se encontram em processo de desativação junto ao Exército Brasileiro. Outra significativa mudança era a adoção de um motor mais potente, agora o Scania V8 Turbo Diesel DS-14 com 470 hp de potencia.  Este modelo aprimorado passaria a ser avaliado também pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN), acompanhando inicialmente o programa coordenado pelo Exército Brasileiro, e depois conduzindo individualmente um processo similar. 
Em ambos os programas, o M-2 Charrua II apresentaria  um excelente desempenho e grande mobilidade de manobras tanto na terra, exibindo capacidade de girar em torno do próprio eixo, capacidade conhecida como pivoteamento, como na água onde demonstraria grande agilidade oferecida pelo sistema de hidrojato. Mais dois protótipos seriam concluídos, um destes seria customizado para representar um viatura especializada para emprego em missões antiaéreas. Este veiculo receberia a instalação de um canhão Bofors de 40 mm montado em uma torre giratória Trinity apresentando elevação entre  -10 e +80 graus, com carregador de 100 tiros e cadência de 330 por minuto. Seu sistema de detecção e engajamento e controle de fogo era feito através de sistemas eletrônicos, permitindo a identificação, calculo e engajamento de um alvo aéreo  em cerca de dois segundos. Sua munição seria nacionalizada cabendo a FI Indústria e Comércio Ltda fluminense, a produção da munição e a espoleta de proximidade ficando a cargo da empresa  Prólogo S/A Produtos Eletrônicos.  Sua efetividade operacional deveria abater alvos até  6.000 metros de altura, especialmente aviões evadindo mísseis a baixa altitude e helicópteros. Além do protótipo funcional seriam apresentados projetos conceituais envolvendo o emprego de quatro canhões 25 mm numa torre Oto Melara ou quatro mísseis terra ar guiados por infravermelho Piranha.  Este protótipo de veiculo blindado antiaéreo seria montado pela Moto Peças S/A em parceria com a CBV Indústria Mecânica S/A,  sendo exposto em 1987 em uma feira militar na cidade de São José dos Campos.  Apesar de promissor seu projeto não avançaria além da fase conceitual, e infelizmente o Exército Brasileiro somente incorporaria um veiculo especializado a este missão somente em  2013 com a adoção do sistema Gepard 1A2 Flakpanzer. Posteriormente este chassis seria empregado para o desenvolvimento da versão socorro que também não evoluiria, o mesmo ocorrendo com dos demais modelos planejados como ambulância, socorro, carro oficina, comunicações, radar, obuseiro 155 mm,  lançador de mísseis e porta morteiros de 120 mm. O Charrua II permaneceu em testes até a primeira metade da década de 1990, apesar de seus dotes, o pais atravessava uma de suas maiores crises econômicas o que acarretaria em drásticos cortes no orçamento das Forças Armadas Brasileiras, levando ao cancelamento do programa. Neste contexto o Exército Brasileiro abandonaria o projeto de substituição da frota dos VBTP M-113, optando por processos paliativos de repotenciamento, o mesmo ocorrendo com o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN). Apenas um protótipo do modelo Charrua II ficaria sobre a guarda do Exército Brasileiro, sendo recuperado no ano de 2022 por uma equipe de mecânicos da 3ª Divisão de Exército, localizada em Santa Maria do estado do Rio Grande do Sul. 

Em Escala.
Para representarmos o M-2 Charrua II em sua configuração final, optamos por desenvolver um projeto em scratch building, partindo  do kit original do carro de combate M-41A3 Walker Buldog produzido pela Tamiya na escala 1/35. Deste aproveitamos somente o  chassi,  rodas, suspensão, esteiras e acessórios, construindo todo o restante artesanalmente com base nas plantas originais do protótipo. Utilizamos decais confeccionados pela  Decals e Books presentes no  set "Forças Armadas do Brasil".
Todos os cinco protótipos do M-1 e M-2  VBTP Charrua receberam o padrão de pintura tático em dois tons, adotado pelo Exército Brasileiro a partir do o ano de 1983. Com este esquema sendo mantido na única viatura preservada junto  a 3ª Divisão de Exército, baseada na cidade de  Santa Maria do estado do Rio Grande do Sul. 


Bibliografia :
Moto Peças S/A Lexicar - https://www.lexicarbrasil.com.br/moto-pecas/
- Blindados no Brasil Volume I, por Expedito Carlos S. Bastos
- Blindados no Brasil Volume II, por Expedito Carlos S. Bastos
- M-41C Rede de Tecnologia & Inovação do Rio de Janeiro - http://www.redetec.org.br/inventabrasil/caxias.htm
- Carro de combate M-41 no Exército Brasileiro - http://www.defesanet.com.br