História e Desenvolvimento
Desde o início da década de 1960 o carro de combate médio M-41 Walker Buldog representava o esteio da arma de cavalaria blindada da Força Terrestre nacional, a introdução destes veículos trariam um grande avanço em termos de operacionalidade ao Exército Brasileiro, muito em função de suas características técnicas e operacionais que na época se apresentavam bem avançadas, principalmente dentro de um quadro geral em relação aos seus congêneres na América Latina, vindo a pender balança ao favor do pais, sendo por décadas um forte fator de dissuasão, além de ser um dos mais modernos em operação na região. Porém apesar de sua importância operacional e estratégica, os M-41 Walker Buldog brasileiros durante seus anos de emprego, infelizmente nunca receberiam os programas manutenção preventiva e corretivas adequados indicados pelo fabricante. Este status, no entanto não se manteria por muito tempo, pois no início da segunda metade da década de 1970, a frota destes carros de combate no Exército Brasileiro começava a apresentar graves índices de disponibilidade operacional. Além de dificuldades na aquisição de suprimentos críticos no mercado internacional, durante os anos anteriores grande parte das manutenções acabariam sendo realizadas fazendo uso de peças de reposição não originais de baixa qualidade em áreas sensíveis, como retentores, mangueiras e linha hidráulicas. Este inadequado procedimento repetido a exaustão resultaria a médio e longo prazo em altos índices de desgastes, causando na sequência de quebras de outros componentes vitais, afetando ainda mais a efetiva capacidade da arma de cavalaria blindada. A esta problemática, somava-se a escassez dos estoques de munição de 76 mm de seu canhão M-32 nos paióis do Exército Brasileiro, pois estes projéteis tiveram sua produção descontinuada nos Estados Unidos no início da década de 1970, não havendo ainda nenhum substituto nacional em produção naquele momento. No ano de 1977 o rompimento do Acordo Militar Brasil - Estados Unidos agravaria ainda mais este cenário, levando ao encerramento de todos as linhas de abastecimento de peças de reposição e munições. No anseio de resolver estes problemas e objetivando também promover melhorias, seriam conduzidos estudos visando o desenvolvimento de um programa de repotenciamento e modernização, que buscava além de retomar a capacidade operacional da frota dos carros de combate M-41, buscar o maior índice de nacionalização possível de componentes básicos e críticos. Neste aspecto destacava-se principalmente a troca do motor original a gasolina Continental AOS-895-3 de alta octanagem que apresentava um consumo superior a três litros por quilometro, por um conjunto a diesel produzido no país, previa-se também a alteração do armamento principal.
Assim o comando do Estado Maior do Exército (EME) criaria em seguida um grupo de pesquisa com alto grau de prioridade denominado "Atualização do Carro de Combate M-41" com sua condução ficando a cargo do Departamento de Ensino e Pesquisa do Exército (DEP), já a execução passaria a ser responsabilidade do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPD). Logo em seguida seriam iniciados os estudos referentes remotorização com este programa recebendo a denominação de "Estudo de Viabilidade 01/03", e a princípio seria adaptado ao veículo um motor a diesel nacional Scania DS-14. Já para a solução de alteração do armamento principal seriam consideradas duas propostas, a primeira baseada na produção local da munição de 76 mm para o canhão M-3 e a segunda que previa a troca por um modelo de 90 mm, com a primeira sendo descartada, prevalecendo a segunda, que previa a transformação deste canhão, por usinagem, para o calibre de 90 mm. Pois este calibre era compatível com as munições que estavam sendo empregados nas versões posteriores do EE-9 Cascavel. Este ambicioso programa não envolveria apenas aspectos automotivos, pois naquele momento seria fundamental que os motores e o máximo de suprimentos necessários a estes blindados fossem adquiridos no Brasil, dando-se preferência as indústrias brasileiras. Após a superação de problemas conceituais e burocráticos, seriam iniciados os trabalhos de modernização no M-41 EB 11-070, focando inicialmente a troca do motor. Foram feitos inúmeros estudos com alternativas nacionais e ao final chegou-se a uma solução com um motor diesel Scania V8 de 14 litros de 350 HP turbinado. Nos testes de campo verificou-se que a grande tendencia ao superaquecimento do motor, levando a necessidade de melhorar o sistema de refrigeração, passando a fazer uso de ventiladores especiais. O problema era como acomodar este conjunto no compartimento e ainda colocar um sistema de refrigeração adequado, como solução optou-se por alterar o teto original, colocando o radiador na posição horizontal, com dois ventiladores acionados por um motor hidráulico, cuja força era obtida por uma bomba hidráulica acoplada diretamente a uma tomada de força no motor. Esta modificação envolveria ainda a adição de uma blindagem complementar na parte traseira do veículo visando prover uma proteção satisfatória para o novo sistema de arrefecimento. Não seria necessário qualquer corte na estrutura original do veículo, recebendo apenas o acréscimo feito em chapa de aço SAE 1045, temperada e revenida para 38/40 RC, obedecendo a mesma espessura da blindagem original. Diversas melhorias envolvendo soluções de aumento de potência e melhoria de refrigeração seriam analisadas e implementadas, com este protótipo sendo então submetido a testes iniciais. Em 19 de fevereiro de 1979 seria apresentado o relatório final sobre o repotenciamento do carro de combate M-41, que receberia a designação oficial de M-41B.
Nesta fase seria decidido transferir a implementação deste programa para a indústria privada nacional, com a Bernadini S/A Indústria e Comercio sendo selecionada, principalmente por já estar envolvida no desenvolvimento da família de carros de combate leves X1. Seriam então produzidos quatorze unidade como pré-série para avaliação a partir do projeto desenvolvido pelo IPD e Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Blindados (CPDB), do então Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2). Os veiculos pré-série ainda equipados com os canhoes de 76 mm seriam disponibilizados a algumas unidades que operavam o modelo em sua versão original, com o intuito de colher subsídios para um eventual aprimoramento do projeto. Assim estes carros seriam testados extensivamente nos mais variados tipos de terrenos, totalizando cerca de 4.500 km em estrada e 500 km em terrenos adversos, sendo possível aferir satisfatórios resultados. Em testes comparativos com o M-41A-3, avaliou-se que apesar do modelo modernizado apresentar uma velocidade final máxima em terreno plano inferior ao modelo original, seriam verificadas vantagens interessantes como maior torque e melhor autonomia, com seu alcance a gasolina de 110 km passando para aproximadamente 550 km em estrada. Neste contexto pelo fato de haver uma ampliação dos contratos, a Bernardini S/A optou por passar a linha de desmontagem e montagem, para a sua nova fábrica em Cotia na região metropolitana de São Paulo. Com a definição do grupo mecânico, o programa avançaria para a segunda fase, envolvendo a troca do canhão de 76 mm, sendo montados em protótipos a arma francesa do modelo F-1 e posteriormente o 90 mm NR8500 mm da Engesa S/A, este produzido no país sob licença da Bélgica. Ambos seriam testados sendo aferidos excelentes resultados, porém despontaria também neste processo a adoção de uma solução de baixo custo sugerida pela Bernardini S/A. Esta nova proposta objetivava reusinar os tubos originais, alterando assim os calibres dos canhões de 76 mm para 90 mm, utilizando a mesma munição empregada nos EE-9 Cascavel já em plena produção e operação com grande êxito. Isso resolveria o problema de escassez de munição nos país do Exército Brasileiro, além do emprego da de carga oca, fato este que levaria a aceitação da proposta. Apesar deste conceito, seu processo de desenvolvimento seria alongado e neste meio tempo finalizados pela Bernardini S/A, noventa e um carros M-41B equipados com o canhão original de 76 mm, sendo distribuídos as unidades de cavalaria blindada, onde serviriam até serem convertidos para a nova versão M-41C.
Com as definições finalizadas seria dado início a conversão dos canhões, com este processo envolvendo o broqueamento no calibre de 90 mm, apresentando o mesmo número de raias do modelo Cockerill Engesa podendo assim utilizar a mesma munição padrão empregado no EE-9 Cascavel. Neste momento como os canos originais de 76 mm eram maiores em comprimento, decidiu-se cortar para ficarem do mesmo tamanho de 3.600 mm de tubo, com esta arma recebendo a designação de Can 90mm 76/90M32Br1. Posteriormente aferiu-se que o tamanho não afetava o funcionamento quando transformado em 90 mm, e a partir deste momento não se cortaria mais o cano original, com esta arma com comprimento de tubo de 4.500 mm recebendo a designação de Can 90mm 76/90M32Br2. Este processo de conversão envolvendo uma nova perfuração no canhão traria alguns problemas para diversos carros, pois as paredes internas, em alguns casos, possuíam um lado mais grosso que o outro, o que seria mais comum e encontrar nos carros remanescentes. Outro fator não resolvido era o fato que após alguns disparos, a torre se enchia de fumaça, dificultando o trabalho da tripulação, não funcionando muito bem os sistemas de extração de gases. Em resumos este processo de transformação não resultaria em uma arma mais eficiente que a de 76 mm, pois apenas foi levado em conta apenas o tipo de munição a ser empregada, com a original desenvolvendo uma velocidade de 732m/s com 11,7 kg de explosivo, contra 700m/s com 8,5 kg de explosivo no calibre de 90 mm. Posteriormente, surgiu a ideia de aumentar os calibres de 76 mm para 90 mm de baixa pressão. Foram feitos todos os ensaios e cálculos teóricos e verificou-se ser possível usar os mesmos tubos adotando-se para câmara um pedaço fretado, pois a câmara de 90 mm era de menor diâmetro que a original que tinha o formato cônico. Os primeiros disparos foram feitos estáticos e depois foram feitos testes de supressão. A precisão aferida seria excelente, muito superior ao de 76 mm original. Uma vez aceito, passar-se-ia a implementar esta transformação nas oficinas do Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP), sob a operação da Engesa S/A. Os primeiros canhões eram curtos com 3.600 mm (pois o ferramental não permitia fabricá-los mais compridos), levando a necessidade de emprego de um contrapeso, devido a posição de suspensão nos munhões.Os tubos dos canhões passariam a ser modificados no AGSP na linha de produção da Engesa S/A lá existente, e as culatras eram adaptadas e modificadas na fábrica da Bernardini S/A. Devido à alta carga de demanda de contratos governamentais firmados com Engesa S/A, esta empresa frequentemente priorizava outras atividades em detrimento ao programa de modernização do M-41, optaria-se por buscar uma nova linha de produção para a aplicação desta transformação. Com o apoio do Exército Brasileiro a Bernardini S/A estruturaria uma linha "in house" dedicada a este processo, ao fazer uso de um novo ferramental seria possível manter o tamanho original de 4.500 mm, e por solicitação sua geometria interna passaria a ser dos canhões F-4 franceses. Este modelo final de canhão receberia de designação oficia de Can 90mm 76/90M32Br3, e seria o primeiro a ter capacidade de empregar munição do tipo APDSFS- Flecha, representando um grande avanço tático. Os testes realizados no Campo de Provas de Marambaia comprovaram pouca modificação balística entre as versões Br1 e Br2, mas sua adaptação nos M-41C era muito simples, muito embora fosse possível ao longo dos anos seguintes encontrar os dois modelos operando regularmente. Durante a segunda metade da década de 1980 a Bernardini elucidaria esforços visando exportar seu kit de modernização para outras forças armadas que ainda empregavam em larga os M-41 Walker Buldog. Primeiramente em 1987, esta solução seria oferecida a Dinamarca através uma parceria com a empresa alemã Krauss Maffei, com um M-41B enviado ao país e testado em campo por 45 dias, com o carro sendo devolvido posteriormente. Já a primeira experiencia com um kit de remotorização seria realizado no ano de 1988, com este sendo montado em um M-41A3 pertencente ao Exército da Tailândia, sendo testado por três meses. Em seguida outro kit participaria em uma concorrência junto ao Exército de Taiwan que nesta época possuía mais de M-41 em sua frota, se mostrando como um potencial cliente. No entanto apesar dos testes se mostrarem promissores, estes países receberiam interessantes propostas por parte do governo norte-americano, com suas forças armadas sendo reequipadas com os carros de combate M-60 Patton. Anteriormente no ano de 1980, Bernadini S/A lograria êxito em conquistar um contrato de modernização de vinte e dois M-41A1 pertencentes ao Exército do Uruguai.
Emprego no Exército Brasileiro.
Os primeiros M-41B ou Brazilian Buldog como seriam algumas vezes denominados, começariam a entrar em serviço em fins do ano de 1979, dotando inicialmente o 2 º Regimento de Carros de Combate (RCC) baseado na cidade de Pirassununga no interior de São Paulo. Esta escolha se daria pelo fato que os carros pré-série produzidos para o programa de homologação foram extensamente empregados por este regimento. Conforme as entregas foram sendo efetivadas a partir de meados do ano de 1980, estes carros repotenciados passariam a equipar também o 4 º Regimento de Carros de Combate (RCC) e o 1 º Regimento de Carros de Combate (RCC). Apesar dos noventa e um M-41B produzidos fazerem uso do mesmo canhão M-32 de 76 mm, seu desempenho em campo seria muito elogiado principalmente por sua autonomia, torque e novo sistema elétrico. A decisão em se dar sequência no processo de troca da arma principal, geraria entre as partes um novo contrato, envolvendo agora a totalidade da frota em atividade, ou seja, os duzentos e doze restantes M-41, M-41A1 e M-41A3. Salientamos que não seriam inclusos neste pacote, os cinquenta e quatro M-41A3 Walker Buldog que foram adquiridos do Japão no ano de 1982, com estes destinados apenas a servir como fontes de peças de reposição. Com a evolução do desenvolvimento do projeto de troca do canhão principal para o modelo de 90 mm, começariam ser completados nas instalações da Bernardini S/A os primeiros M-41C que geralmente seriam chamados de "Caxias", passariam a ser armazenados até receberem seus novos canhoes. Estas armas após serem convertidas de 76 mm para 90 mm eram encaminhadas para o Campo de Provas de Marambaia no Rio de Janeiro, onde realizavam uma série de tiros em uma estativa e em seguida, após a aprovação eram incorporados aos veiculos. As armas que apresentavam defeitos, e não tinham recuperação eram substituídas por tubos reserva. Também seria adquirido pela Bernadini S/A , vinte e dois canhoes de 76 mm oriundos do Uruguai, que os havia substituído, pelos Cockerill Mk-IV de 90 mm, criando assim um estoque estratégico de reposição. Os testes realizados no Campo de Provas de Marambaia comprovaram pouca modificação balística entre as versões Br1 e Br2, mas sua adaptação nos M-41C era muito simples, muito embora fosse possível ao longo dos anos seguintes encontrar os dois modelos operando regularmente. Apesar deste fato, vale registrar que a maioria dos M-41C seriam equipados com os canhões Can 90mm 76/90M32Br2, mesmo que alguns que, inicialmente, haviam recebidos o modelo Can 90mm 76/90M32Br1 de 3.600 mm de tubo, embora muitos fossem mantidos operacionais em unidades que os utilizavam, como por exemplo, o 5º Regimento de Carros de Combate, em Rio Negro no estado do Paraná.
Por fim nesta nova versão, em termos de modificação visual mais marcante, ao redor da torre original dos M-41B, seriam acrescentados diversos compartimentos, cujas paredes laterais eram de aço para a blindagem, o mesmo não ocorrendo com suas tampas, que eram de aço comum de construção mecânica. Esta modificação visava proteger a torre, tendo como objetivo principal iniciar o processo de explosão antes da blindagem principal, o que melhorava sua proteção, principalmente contra munição do tipo HESH (High Explosive Squash Head). Neste novo desenho de torre seriam instalados também cinco lançadores de granadas fumigienas, uma inovação tardia para a força de cavalaria blindada da Força Terrestre. Infelizmente não seria adotada o sistema de saias laterais apresentando junto com o protótipo final do M-41, este opcional se fosse incorporado proveria um nível de proteção adicional, principalmente contra cargas ocas. Apesar deste conceito empregado nos projetos do Engesa EE-TI Osório e Bernadini MB-3 Tamoyo, o uso regular deste sistema somente se tornaria uma realidade na Força Terrestre, com a aquisição dos carros de combate alemães Leopard 1A5, em 2006. Vale ressaltar que ao longo dos anos durante o projeto de modernização, a existência de grandes dificuldades, devido principalmente à integração de empresas privadas nacionais e multinacionais com diversos órgãos do Exército Brasileiro. Uma vez que várias etapas deste ciclo ficaram divididas e na maioria das vezes com o cronograma se postando muito apertado, ficando assim difícil esta interação, pois a velocidade de trabalho era diferente para a área pública e privada. Este cenário pode ser clarificado pelos relatórios emitidos pelo comandante do 4 º Regimento de Carros de Combate (RCC), em 1985 quando do recebimento dos primeiros trinta e quatro M-41C. Nestes documentos destacavam-se vazamentos de água ou fluidos dos tanques de expansão e lubrificação, falhas nos suportes e braçadeiras, filtragem de combustível, panes constantes nos motores de partida e sistemas elétricos. Todas as torres apresentavam defeitos, quer nos disparos elétricos, mecanismos de elevação e direção com este fator se replicando nos exaustores das torres que apenas ventilavam. E por fim dos carros recebidos vinte e dois foram entregues sem o encosto do banco do motorista e sem as algemas que prendem a couraça traseira, entre outras faltas de componentes de menor impacto no contexto geral.
É importante também salientar que os M-41, M-41A1, M-41A2 e M-41A3 eram retirados das unidades operativas, modernizados e entregues novamente, ficando muitos problemas para serem sanados diretamente quanto ao seu uso, até que assim fosse possível se implementar uma padronização, à medida que este processo avançava, e os primeiros lotes seriam novamente encaminhados a Bernardini S/A para novamente serem padronizados como os demais. Deve-se citar que este programa ao envolver várias versões do M-41 presentes na frota nacional, geraria uma denominação de registro de blindado no Exército Brasileiro para cada carro modernizado, nascendo assim o M-41C, M-41A1C, M-41A2C e M-41A3C. Porém como isto trazia uma certa complicação para seus usuários finais, optou-se por adotar a nomenclatura apenas com o final "C", que muitos afirmam ser de Caxias, mas que nunca foi. Apesar da implementação de vários programas de ordem corretiva, a partir de 1987 seriam identificados problemas as caixas de transmissão CD-500 dos M-41C do 4 º Regimento de Carros de Combate (RCC), sendo necessário prover a troca do pinhão (converter drive gear) e da roda do conversor (convert pump drive gear). Todo este processo seria realizado integralmente nos Parques Regionais de Motomecanização, cabendo a Moto Peças Transmissões S/A a fabricação destes novos componentes. No entanto esta solução não atenderia as demandas existentes, levando ao reprojeto de vários itens, com a solução definitiva sendo implementada somente a partir de meados do ano de 1988. Com a maioria dos problemas resolvidos os M-41C Caxias voltariam a carga plena dotando a 5º Brigada de Cavalaria Blindada (BDA C BlD), o 1º , 2º, 3º , 4º e 5º Regimentos de Carros de Combate (RCC), 4º, 6º, 9º e 20º Regimentos de Cavalaria Blindado (RCB). Seriam ainda distribuídos a Escola de Material Bélico, berços dos blindados e templo de manutenção do Exército Brasileiro, além do 15º Regimento de Cavalaria Mecanizado (RC Mec) e Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). Estes carros de combate, devido a seu tamanho e peso, possuíam a capacidade para serem plenamente transportados por via férrea, sem trazer problemas para a malha ferroviária do país, podendo ser facilmente transportadas em pranchas especializadas sem a necessidade de grandes modificações. Esta estrutura fora desenvolvida anteriormente para a operação dos M-41, M-41A1 e M-41A3 envolvendo alguns tipos de rampas fixas e móveis que facilitavam seu embarque. Também podiam ser transportados em pranchas rodoviárias existente no Exército Brasileiro e nas empresas de transporte civil. Esta facilidade proporcionaria a Força Terrestre quando no emprego dos M-41C Caxias um poder de mobilidade em âmbito nacional jamais observado na História da cavalaria blindada. Com este patamar infelizmente nunca mais ter sido alcançado, principalmente devido ao peso superior dos carros de combate incorporados ao longo dos anos seguinte, que compromete as capacidades da estrutura rodoviária e ferroviária nacionais.
Após as entregas dos últimos carros M-41C Caxias, seria celebrado junto a Bernardini S/A um contrato complementar para proceder a atualização dos primeiros noventa e um M-41B para o modelo M-41C, criando assim uma padronização de toda a frota. Salienta-se que todos os carros recebidos durante a década de 1960 foram modernizados, e os diversos M-41A-3 em sua versão original preservados atualmente em diversas localidades são na verdade os carros de combate adquiridos do Japão no ano de 1982 que foram destinados somente a servir como fontes de peças de reposição. Ao longo dos anos seguintes os M-41C Caxias seguiram prestando excelentes serviços ao Exército Brasileiro, no entanto seu desempenho poderia ter sido muito melhor caso fossem destinadas verbas adequadas para sua completa modernização envolvendo não só a adoção do canhão Engesa NR8500 mm, mas também outras melhorias. Entre estas destaca-se a possibilidade do emprego de munição do tipo flecha, que poderia ser importada e posteriormente nacionalizada, pois um sistema semelhante se encontrava em desenvolvimento junto ao Centro Tecnológico do Exército (CTEx). Em termos de sistemas embarcados, citamos os testes realizados em um M-41C equipado com um sistema sigth com laser e visão noturna, fabricado pela empresa norte-americana Kollmorgen. O sight era o M-220, totalmente intercambiável com o futuro MB-3 Tamoyo, recebendo dados de um computador Ferranti, que seria fabricado no Brasil. Este equipamento traria um grande diferencial tático para a arma de cavalaria blindada. Por fim seria desenvolvido e testado um sistema de blindagem adicional seguindo o conceito "add on" acoplada através de parafusos, na parte frontal do veículo, reforçando a face (glacis) e a parte superior a partir desta. Esta solução seria criada com investimentos próprios da Bernardini S/A, sendo desenvolvida a partir de uma blindagem monometálica desenvolvida em conjunto com o Centro Tecnológico do Exército (CTEx). O objetivo deste conjunto era o de proporcionar o aumento da proteção da face frontal do M-41C, que em tese, naquele momento, poderia ter de hipoteticamente enfrentar os carros de combate TAM argentinos, equipados com o canhão L7 de 105 mm. Esforços comerciais seriam feitos junto a Diretoria de Material Bélico (DBM), visando incluir este acessório no pacote de modernização, porém apesar do aceite formal, as limitações orçamentárias vigentes naquele época levariam a produção de somente cinquenta conjuntos junto as instalações do Parque Regional de Motomecanização da 3º Região Militar (PqRMM/3) em Santa Maria no estado do Rio Grande do Sul. Com este processo sendo conduzido sob a supervisão de técnicos da empresa e militares daquela organização, com este sistema de proteção adicional sendo esporadicamente empregado pelos Regimentos de Carros de Combate (RCC). A incorporação dos carros de combate Leopard 1A1 Krauss Maffei a partir de 1997, daria inicio a um gradual processo de desativação dos M-41C Caxias, afetando inicialmente os Regimentos de Carros de Combate (RCC). Este movimento seria intensificado no ano seguinte quando os 4° e 5° RCC, em Rosário do Sul e Rio Negro passaram a operar exclusivamente os M-60A3 TTS MBT.
A partir deste momento à medida que estes carros de combate iam sendo retirados de serviço, alguns, muitos poucos, passariam a ser utilizados para outras funções. Este processo envolvia a remoção de suas torres, sendo convertidos em veículos escola e rebocadores. No caso do primeiro modelo, esta customização visava a formação de motoristas e, para que fosse utilizada para esta finalidade, no espaço em que se encontrava a torre com canhão após a sua remoção, sendo ali instalada uma cadeira que ficava quase toda fora do veículo, fixada a uma estrutura metálica de fácil confecção, servindo para que o instrutor pudesse acompanhar o aprendizado do motorista e controlá-lo. Já a versão rebocadora receberia um par de bancos que ficavam totalmente no interior do veículo, no compartimento da torre, possibilitando assim transportar pessoal sentado para apoiar a missão que fosse necessário cumprir e usando o chassi como se fosse um trator sobre lagartas. Seria utilizado para empurrar ou tracionar outras viaturas que precisassem ser removidas ou até socorridas, sejam nos quarteis ou em manobras quer eram frequentes. No final da década de 2010 os M-41C remanescentes em serviço passariam a ser concentrados nos Regimento de Cavalaria Blindado (RCB), como o 20º baseado na cidade de Campo Grande, MS, 9º em São Gabriel, 6º em Alegrete, 4º em São Luiz Gonzaga, todos no RS, Regimento Escola de Cavalaria Andrade Neves. No início da década seguinte somente o 20º Regimento de Cavalaria Blindado (RCB) ainda operava o M-41C Caxias, com estes passando a ser desativados a partir do ano de 2009, quando o advento do recebimento dos novos Leopard 1A5 promoveria um programa de redistribuição das forças blindadas. Neste contexto seria definido que os M-60A3 TTS fossem transferidos para este regimento, permitindo desativar os derradeiros M-41C. No entanto este não seria o fim da carreira destes carros de combate, pois em junho de 2018 a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania aprovaria o Projeto de Lei 6643/13, do Executivo, autorizando a doação de vinte e cinco M-41C para o Exército do Uruguai, atendendo as demandas geradas por acordo entre os dois países. Estes carros de combate seriam então revisados pelo Parque Regional de Manutenção da 3ª Região Militar (Pq R Mnt/3), sendo entregues oficialmente aos militares uruguaios em outubro de 2019.
Em Escala.
Para representarmos o Bernardini M-41C Caxias "EB22957" pertencente ao Exército Brasileiro, empregamos como base o kit da Tamiya na escala 1/35. Para se compor a versão modernizada, tivemos de implementar diversas alterações em scratch build, com foco no chassi (parte traseira), torre (laterais) e canhão de 90 mm. Empregamos neste modelo decais fabricados pela Decals e Books presentes no Set " Forças Armadas do Brasil ".
Inicialmente os M-41B Brazilian Buldog e M-41C Caxias (dos primeiros lotes) empregariam o padrão de pintura total em verde oliva, mesmo esquema aplicado aos M-41, M-41A1, M-41A2 e M-41A3 quando de seu recebimento na década de 1960. A partir do ano de 1983 estes carros de combate receberiam novo padrão de camuflagem tático de dois tons adotados para todos os veículos do Exército Brasileiro, com este sendo descrito abaixo.
Bibliografia :
- M-41 Walker Buldog - http://pt.wikipedia.org/wiki/M41_Walker_Bulldog
- Blindados no Brasil Volume I, por Expedito Carlos S. Bastos
- Blindados no Brasil Volume II, por Expedito Carlos S. Bastos
- M-41C Rede de Tecnologia & Inovação do Rio de Janeiro - http://www.redetec.org.br/inventabrasil/caxias.htm
- Carro de combate M-41 no Exército Brasileiro - http://www.defesanet.com.br