Leopard 1A5 Krauss Maffei

História e Desenvolvimento.
Do ponto de vista da engenharia, a Segunda Guerra Mundial foi um período de evolução sem igual. Num intervalo de seis anos, exércitos que ainda utilizavam a cavalaria de forma literal com cavalos seriam substituídos por divisões blindadas com tanques de até 76 toneladas. Na ponta de lança dessa corrida tecnológica estava a Alemanha e sua já prestigiada indústria automotiva, que ao longo do conflito conceberia e produziria em larga escala lendários modelos de carros de combate, os "Panzer ou Panzerkampfwagen" (que em alemão, significa couraça). Estes em maciço conjunto com veículos blindados especializados e de transporte de tropas seriam as ferramentas empregadas na doutrina Blitzkrieg (Guerra Relâmpago), que em combate rompiam  rompiam os pontos frágeis das defesas inimigas e os exploravam com velocidade atordoante, garantindo nas fases iniciais da guerra retumbantes vitórias. No entanto apesar de deterem a vantagem tecnológica, os icônicos Panzers seriam superados em números por seus rivais norte americanos no front ocidental ou pelos eficientes T-34 soviéticos no leste europeu. A rendição incondicional seria assinada no dia 7 de maio de 1945, com pais sendo dividido entre os aliados ocidentais e a União Soviética. Neste contexto a Alemanha Ocidental permaneceria completamente desmilitarizada, sendo proibida pela regulamentação dos termos da rendição de constituir instituições militares, mesmo para autodefesa, com sua outrora pujante indústria automotiva passando a focar seus esforços no mercado comercial. No entanto o antigo território alemão seria transformado em uma região de grande tensão, representando a principal linha de frente no conflito da Guerra Fria, entre as forças do Pacto de Varsóvia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte  (OTAN). Este cenário levaria junto ao comando a decisão de se revisionar o conceito da proibição de constituição de forças de defesa da Alemanha Ocidental, tendo em vista a necessidade de se reforçar as defesas da região, para assim fazer frente a constante ameaça representadas pelas forças dos países do bloco soviético. Desta maneira no dia 12 de novembro de 1955 seria promulgada dentro da constituição, as normativas que constituiriam a nova estrutura das forças armadas da República Federal da Alemanha, sendo composta pelo Deutsches Heer (Exército Alemão), Deutsche Marine (Marinha Alemã) e a Deutsche Luftwaffe (Força Aérea Alemã). De imediato seria iniciado um vasto programa de rearmamento, sendo fornecidos principalmente, equipamentos, armas, veículos, aeronaves, navios, blindados, e carros de combate de origem norte-americana. Em termos de carros de combate, o recém-criado Exército Alemão (Deutsches Heer) passaria a ser equipado imediatamente, com uma respeitável frota composta pelos modelos M-41 Walker Buldog, M-47 Paton e M-48 Paton.  Porém neste mesmo momento, estes carros de combate já se mostravam inadequados frente as ameaças representadas pelos modelos T-44, T-54 e T-55 que equipavam as forças blindadas do Pacto de Varsóvia. A solução para atendimento a esta demanda ainda neste momento não estava disponível para emprego junto aos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), apesar de existirem projetos em desenvolvimento como o norte-americano MBT T-95.  Esta realidade motivaria o governo alemão a retomar sua indústria de defesa, sendo iniciados estudos ao final desta década, visando assim o desenvolvimento de projetos nacionais englobando uma variada gama de veículos blindados, desde carros de combate, transporte e versões especializadas de serviço. 

No que tange a carros de combate, os esforços seriam direcionados ao desenvolvimento de um MBT (Main Battle Tank), com suas especificações de projeto sendo definidas em 1956, sendo baseadas na necessidade de se superar os novos T-54 e T-55. Estas abrangiam um veículo na ordem de mais trinta toneladas, devendo ter alta mobilidade como prioridade em detrimento ao poder de fogo, e por isso sendo dotado com um canhão de 105 mm. Vários norteamentos seriam sugeridos, se destacando o programa “Europa Panzer”, um consórcio formado em 1958 por Alemanha, França e Itália. Diversas propostas seriam apresentadas, com os primeiros protótipos sendo disponibilizados em 1960, com o modelo Porsche 734 sendo declarado vencedor. Esta decisão, no entanto, levaria a repercussões de ordem política e motivado por sentimentos nacionalistas o governo da França decidiu abandonar o consorcio, optando em desenvolver um veículo novo totalmente nacional, com este processo culminando no desenvolvimento e produção carro de combate principal  AMX 30. A seguir o modelo a ser produzido pela Dr. Ing. H.C. F. Porsche AG seria batizado como Leopard I, e apresentava o mesmo layout convencional compartilhado com vários outros tanques pós Segunda Guerra Mundial, com o compartimento do motorista localizado na frente (no lado direito, acessado por uma escotilha no teto do casco que se abre para a esquerda) compartimento de combate com uma torre giratória no centro (o comandante e o artilheiro estão sentados na metade direita da torre e acessam suas posições a partir de uma escotilha de peça única no teto da torre, no lado direito), enquanto o carregador pega a metade esquerda (e é fornecido com sua própria escotilha de abertura traseira) e compartimento do motor na parte traseira do casco, separado do compartimento da tripulação com uma antepara à prova de fogo. Seu artilheiro se posicionaria na frente e abaixo do comandante e é fornecido com um único periscópio de observação voltado para a frente e as miras principais; estes consistem em um telêmetro estereoscópico Turmentfernungsmesser (TEM) 1A (comprimento base de 1.720 mm com um modo de coincidência) que tem uma ampliação selecionável de ×8 ou ×16 e está ligado ao canhão principal, bem como uma mira telescópica TZF 1A coaxial (ampliação de ×8) que possui uma retícula móvel para vários tipos de munição. O veículo seria alimentado por um motor diesel superalimentado MTU MB 838 Ca-M500 que desenvolve aprox. 610 quilowatts (820 hp) a 2.200 rpms. Este é um motor de 37,4 litros, dez cilindros e quatro tempos refrigerado a líquido na configuração V-90 com capacidade multicombustível, mas que normalmente funcionava com óleo diesel (designação da OTAN F-54) consumindo aprox. 190 litros por 100 km. O motor, juntamente com seu sistema de refrigeração, é acoplado a um "powerpack" com um sistema de transmissão 4HP-250, construído pela ZF, que possui um conversor de torque hidráulico, embreagem de travamento, caixa de câmbio planetária e mecanismo de giro de pivô (para cada uma das marchas).
Para o atendimento aos parâmetros de mobilidade anteriormente exigidos, o novo carro de combate dispunha de uma blindagem leve, fabricada a partir de placas blindadas soldadas de espessura e geometria variadas, enquanto a torre é um componente complexo totalmente fundido. A proteção da tripulação seria aprimorada com um sistema automático de supressão de incêndio (gatilho manual também disponível) e um sistema de proteção, que produzia uma sobre pressão no compartimento da tripulação e fornece filtragem do ar fornecido. Este sistema garantiria uma relativa capacidade de proteção, podendo resistir a disparos rápidos de armas de 20 mm em qualquer direção. Estas especificações lhe permitiam atingir uma velocidade máxima de 65 km/h no campo de batalha, superando em muito blindados de sua categoria. A fim de proporcionar melhores chances de sobrevivência em um hipotético confronto contra as forças do Pacto de Varsóvia, o novo MBT alemão receberia um completo sistema de proteção NBC (Radiação Nuclear e Química). Este modelo seria ainda equipado com o consagrado canhão inglês, Royal Ordinance L-7 de calibre 105 mm, fazendo uso de munição padrão OTAN,  com a maior parte do carregamento (quarenta e dois cartuchos) armazenada em um carregador de munição dentro do casco, à esquerda do posto do motorista,  três cartuchos são mantidos em um rack pronto na frente do carregador do casco - para uso imediato  e outros quinze cartuchos são empilhados dentro da torre, para um total de 60 cartuchos transportados a bordo. Para autodefesa portaria duas metralhadoras MG 1 (posteriormente substituídas pela MG3): uma é instalada coaxial com a arma principal (1.250 cartuchos são carregados para ela), enquanto uma segunda, metralhadora antiaérea, é montada em um trilho de skate acima da escotilha do artilheiro. Ainda para fins defensivos, o carro dispunha de dois bancos com quatro lançadores de granadas de fumaça disparados eletricamente em ambos os lados da torre, que podem ser disparados individualmente ou em uma salva. Um lote de quatro protótipos, seria empregado em um intenso programa de testes de campo, com seus resultados validando seu processo de aceitação operacional pela comissão de avaliação técnica do Exército Alemão (Deutsches Heer). Em fevereiro de 1963, o ministro da Defesa, Kai-Uwe von Hassel, solicitaria ao comitê de defesa do Parlamento a aprovação da produção deste novo carro de combate, com seu custo unitário sendo estimado na ordem de US $ 250.000,00. Em atendimento a este pleito,  em julho do mesmo ano seria celebrado um contrato entre o Ministério da Defesa Alemão (Bundeswehr) e Krauss-Maffei Wegmann GmbH & Co. KG, envolvendo mil e quinhentos carros Leopard 1A1, que seriam produzidos junto as instalações da empresa na cidade Munique. Atendendo ao cronograma contratual os dois lotes iniciais, envolvendo um total de cem carros, seriam entregues ao Exército Alemão (Deutsches Heer) entre setembro de 1965 e junho de 1966.  

Seu emprego operacional revelaria qualidades de projeto, passando a despertar o interesse de outras nações pelo modelo (além da Itália), gerando assim grandes contratos de exportações para a Bélgica, Holanda, Noruega, Itália, Dinamarca, Austrália, Canada, Turquia e Grécia.  Em 1968, logo após que o último veículo das quatro primeiras séries de produção foi entregue, seria deflagrado no início da década de 1970 um programa de atualização que receberia a designação de Leopard 1A1. Este processo envolvia a adoção de um novo sistema de estabilização de canhão da Cadillac Gage (estabilização total em elevação e rotação, bem como elevação motorizada de -9 ° a + 20 °) que permitiu que o tanque disparasse efetivamente em movimento. Passaria a fazer uso de saias de metal-borracha ao longo dos flancos do casco para proteger contra ogivas HEAT, e o cano da arma seria envolto em uma jaqueta para reduzir o desvio das cargas térmicas. A esteira foi alterada para um tipo de pino duplo D640A com almofadas de borracha retangulares destacáveis em vez da esteira Diehl D139E2 de pino duplo anterior com bandas de rodagem vulcanizadas. As almofadas de borracha das novas pistas podem ser facilmente substituídas por garras de metal em forma de X para movimento no gelo e na neve. 20 garras foram fornecidas para cada tanque e armazenadas em suportes no glacis superior do casco dianteiro quando não estavam em uso. Seria desenvolvido um novo snorkel que permitiu a condução subaquática a uma profundidade de 4 metros após selar o tanque com tampões especiais. Os periscópios de visão noturna infravermelhos ativos do motorista e do comandante foram substituídos por miras noturnas passivas de intensificação de imagem.  Entre os anos de 1975 e 1977, todos os carros dos primeiros quatro lotes seriam elevados para o padrão Leopard 1A1, e receberiam uma blindagem adicional na torre desenvolvida pela Blohm & Voss, que consistia em placas de aço revestidas de borracha aparafusadas à torre (incluindo a cesta da torre traseira) com espaçadores resistentes a choques. O mantelete do canhão receberia uma tampa blindada em forma de cunha feita de chapas de aço soldadas e o sistema de admissão de ar do motor foi aprimorado. Assim, os veículos atualizados passariam a pesar um total de 42,4 toneladas. Vislumbrando um potencial de mercado para o atendimento de seus clientes de exportação, a Krauss-Maffei Wegmann GmbH & Co. KG, passaria a produzir um kit de atualização, logrando êxito em comercializar centenas destes a diversos países operadores do modelo. Neste processo alguns clientes optariam por incluir uma armadura de torre adicional desenvolvida pela Blohm & Voss, que em termos de design se diferiria do Leopard 1A1 alemão, alterando assim a estética visual do veículo. Uma atualização na década de 1980 adicionaria um sistema híbrido de mira e observação LLLTV / IR passivo, que estava sendo semelhantes aos empregados nos novos Leopard 2 (que sem encontravam em produção) à medida que eram atualizados para termovisores. O sistema de televisão de baixo nível de luz PZB 200 (LLLTV) com scanner infravermelho IRS 100 seria desenvolvido pela AEG-Telefunken e montado em uma gaiola protetora no mantelete, acima da arma principal, criando o modelo  Leopard 1A1A2. 
Este sistema, combinava uma câmera LLTV,  um tipo de dispositivo de intensificação de imagem que produzia uma imagem de TV  nos monitores do comandante e do artilheiro, acoplado a um scanner IR (sensível a diferenças térmicas nos comprimentos de onda de 3-5 μm e baseado em um detector PbSe) que sobreporia a imagem IR processada sobre o sinal LLLTV para melhorar a detecção e identificação do alvo, passariam ainda a contar com novo sistema de rádio digital SEM80/90. Os primeiros 232 tanques do quinto lotem de produção foram entregues como Leopard 1A2 entre 1972 e 1974. O A2 incluía uma torre fundida blindada mais pesada e melhor, visualmente difícil de distinguir do tipo anterior. A diferença mais notável foram as caixas blindadas ovais, em oposição às redondas, para a ótica da mira de telêmetro TEM. Os tanques Leopard 1A2 não foram sujeitos a mais atualizações de blindagem, assim como o 1A1, mas receberiam melhorias em seu sistema de proteção NBC. Os próximos 110 veículos pertencentes ao quinto lote de produção foram equipados com um novo tipo de torre soldada projetada pela Blohm & Voss, que foi equipada com blindagem espaçada (consistindo em duas placas de aço com um enchimento de plástico entre elas) e um mantelete de canhão em forma de cunha, resultando no Leopard 1A3. Embora o nível de proteção da blindagem fosse equivalente às torres fundidas do A2 anterior, o volume interno foi aumentado em 1,5 m3 e o nível de proteção efetiva foi aumentado. As atualizações subsequentes foram paralelas aos modelos 1A2: o Leopard 1A3A1 com miras noturnas aprimoradas, o Leopard 1A3A2 com os novos rádios e o Leopard 1A3A3 com ambos. O Leopard 1A4 formou o sexto lote de 250 veículos (215 fabricados pela Krauss-Maffei e 35 pela MaK), começando a ser entregue em 1974. O 1A4 era externamente semelhante ao 1A3, mas incluía um novo sistema integrado de controle de fogo. Isso consistia em uma mira independente PERI R12 estabilizada para o comandante, um novo telêmetro estereoscópico EMES 12A1 acoplado à mira primária do artilheiro, um canhão principal totalmente estabilizado e um computador balístico FLER HG. Muitos desses sistemas foram derivados do programa Leopard 2. Embora o EMES 12A1 ainda fosse apenas um telêmetro óptico (o telêmetro a laser desejado ainda estava em desenvolvimento), ele era usado para aquisição de alvos e conectado ao computador balístico, que produziria automaticamente um ângulo de ataque assim que o alcance fosse medido e várias outras entradas balísticas fossem calculadas. Essa solução reduziu o tempo entre a aquisição do alvo e o engajamento e aumentou a probabilidade de acerto na primeira rodada. As entregas finais do Leopard 1A4 para a Bundeswehr ocorreram em 1976 e marcariam a conclusão da produção do Leopard 1 para a Alemanha. O próximo estágio evolutivo seria representado pelo Leopard 1A5m que foi concebido no intuito de rivalizar novos blindados soviéticos T-64, -72, T-72M1 e T-80. Para cumprir essa nossa missão, o Leopard 1A5 recebeu aperfeiçoamentos na capacidade de combate noturno e sob mau tempo, outro ponto aperfeiçoado foi sua capacidade de efetuar disparos contra alvos em movimento, garantindo assim maior mobilidade e flexibilidade no campo de batalha. As primeiras unidades foram entregues em 1987 com grande parte dos 4.744 veículos construídos anteriormente sendo elevados a este patamar, tornando esta versão o Leopard padrão. 

Emprego no Exército Brasileiro.
Durante as décadas de 1970 e 1980 a Arma de Cavalaria Blindada no Brasil estava equipada com o carros de combate médios norte-americanos M-41B e M4-1C Caxias (modernizados) e carros leves X-1 Pioneiro e X-1A2 Carcará, com uma frota extremamente representativa em termos de números para o cenário sul-americano. No entanto nos anos seguintes estes modelos já se encontravam completamente defasados frente as novas tecnologias, com destaque para carros de combate mais avançados que já equipavam as forças armadas da Argentina e Chile, nações que representavam a hipotéticas ameaças regionais naquele período. A fim de se equalizar a balança de poder no cone sul, se fazia necessário então em curto espaço de tempo prover a substituição destes carros na linha de frente, devendo-se também substituir por completo os modelos X-1 Pioneiro & X-1A2 Carcará que ainda dotavam dois Regimentos de Carros de Combate (RCC).   Esta demanda passaria a ser considerada como prioridade, dentro do escopo do programa Força Terrestre 90 (FT 90), que tinha como meta a curto prazo na construção do “exército do futuro”, que deveria se estender até 2015 com os planos Força Terrestre 2000 (FT 2000) e Força Terrestre do Século XXI (FT 21). Assim seria previsto a análise e aquisição de um substancial lote de carros blindados de nova geração, com estudos sendo conduzidos, passando-se a analisar propostas internacionais que envolviam o modelo francês AMX 30, o alemão Leopard I, o norte-americano M-60 e curiosamente até o russo T-80 que chegaria a ser avaliado por uma comitiva brasileira em uma viagem a aquele país. Neste contexto a preferência do Exército Brasileiro acabaria para pender para o modelo alemão, no entanto os investimentos pretendidos para a aquisição de mais de cem carros de combate "novos de fábrica" acabariam por ser obstruídos pela estagnação econômica nacional naquele momento específico, que culminariam em severos cortes nos orçamentos destinados as Forças Armadas naquela década.  A fim se adequar a realidade orçamentaria premente, este programa passaria a ser norteado com buscas em compras de oportunidade, sendo analisadas diversas propostas no mercado internacional. Entre estas se destacaria uma oferta apresentada pelo governo da Bélgica envolvendo carros de combate usados do modelo Leopard 1A1, unidades oriundas do primeiro lote, produzidos entre os anos de 1968 e 1971. Salientando que estes haviam sido atualizados na década de 1980 para uma versão intermediaria com alterações eu seus sistemas de mira e comunicações. Após negociações seriam adquiridos sessenta e um carros, que passariam a ser recebidos a partir de 1996, recebendo a designação de Viatura Blindada de Combate, VBC - CC Leopard 1A1.  No ano de 1998, o comando do Exército Brasileiro decidiu se pela aquisição de mais sessenta e sete carros de combate, melhorando assim a distribuição destes carros de combate no Exército Brasileiro, além de dotar o Centro de Instrução de Blindados (CIBld).  

Desta maneira os Leopards 1A1 passariam a compor o esteio da Arma de Cavalaria Blindada no Brasil, porém apesar de um pródigo início operacional, estes carros de combate alemães, ao longo dos anos seguintes passariam a apresentar preocupantes índices de disponibilidade.  Podia-se atribuir a este preocupante cenário, a inexistência de qualquer contrato de prestação de suporte e manutenção junto a Krauss-Maffei Wegmann GmbH & Co. KG, fabricante do modelo, impactando principalmente no processo de obtenção de peças de reposição. Pesava também sobre o Leopard 1A1, a natural obsolescência deste carro de combate, levando a necessidade de sua substituição nas unidades de linha de frente. Assim desta maneira seriam deflagrados estudos visando possíveis alternativas para a implementação de um novo ciclo de modernização da Arma de Cavalaria Blindada Brasileira. Desde o início a possibilidade de aquisição de carros de combate novos de fábrica seria descartada, devido a restrições orçamentarias vigentes naquela época. Neste contexto surgiria inclusive uma proposta norte-americana para o fornecimento de carros de combate MBT M-1 Abrams nos termos do Programa de Vendas Militares Estrangeiras (FMS -Foreign Military Sales), porém apesar desta ser extremamente interessante em termos financeiros, seria declinada, pois estes carros de combate excediam em termos de peso bruto a capacidade da infraestrutura nacional. Tendo em vista a intenção de manter pelo menos em operação uma parte da frota original dos carros de combate  Leopard 1A1, em 2008, o Ministério da Defesa no anseio padronizar seus meios e melhorar sua capacidade operacional, buscaria no mercado internacional compras de oportunidade visando a incorporações de versões mais recentes deste carro de combate. Uma proposta então seria apresentada pela empresa Krauss-Maffei Wehrtecnik GmbH, envolvendo a aquisição, modernização e suporte técnico operacional para carros do modelo Leopard 1A5, veículos pertencentes ao Exército Alemão (Deutsches Heer), que se encontravam armazenados como reserva técnica, após serem recentemente retirados do serviço ativo, mediante a introdução dos novos Leopard II. Negociações seriam conduzidas entre os governos brasileiro e alemão, visando alinhar os termos para a obtenção de mais de duas centenas deste modelo, incluindo neste pacote também veículos especializados de serviço baseados na mesma plataforma como sete Viaturas Blindadas Especializadas Socorro (VBE Soc), quatro Viaturas Blindadas Especializadas Lança-Pontes (VBE L Pnt), quatro Viaturas Blindadas de Combate de Engenharia (VBC Eng) e quatro Viaturas Blindadas Escola de Motorista.   
O modelo adquirido pelo Exército Brasileiro, representava a versão mais moderna família Leopard 1 que fora produzida, e fazia de uso de sistemas eletrônicos desenvolvidos para serem empregados no modelo Leopard II, com estes permitindo melhores chances de sobrevivência no campo de batalha. Destacava-se conjunto o controle de tiro fabricado pela Krupp-Atlas Elektronik EMES-18, que é baseado em um computador de tiro que possui uma mira integrada HZF (Hauptzielfernrohr) fabricado pela Carl Zeiss, este aparato em conjunto com um telêmetro a laser substituem os sistemas ópticos anteriormente usados nas versões mais antigas do veículo. Seu computador de controle de fogo pode calcular soluções de tiro contra alvos distanciados em até 4 km de distância, e como diferencial este sistema permite o carro se mover por terreno irregular com o canhão se mantendo apontado para o alvo, permitindo disparar em movimento com alta probabilidade de acerto no primeiro tiro. Também apresentavam reforços em sua proteção balística através de placas de blindagem extra montadas na torre do tanque e o habitáculo do veículo é protegido para condições de ambiente NBQ (nuclear, bacteriológico e químico), algo inédito quando comparado aos blindados operados anteriormente pelo Exército Brasileiro. Diferente do processo de aquisição dos Leopards 1A1  da Bélgica em 1996, esta negociação seria acompanhada da contratação de um completo suporte técnico e garantia de fluxo de peças de reposição, com este processo sendo gerido diretamente pela Krauss-Maffei Wehrtecnik GmbH, que como contrapartida estabeleceria no Brasil um filial, implementando localmente todos os estágios de revisão, manutenção e atualização destes carros de combate, possibilitando assim manter altos índices de disponibilidade e operacionalidade. Os termos deste acordo englobariam os serviços de revisão e manutenção preventiva e corretiva, sendo contemplados duzentos e vinte  Leopard 1A5, simuladores e todos os veículos especializados de serviço baseados nesta mesma plataforma. Do total adquirido, trinta carros de combate seriam empregados como fonte de peças de reposição, sendo desmontados e armazenados, com este processo sendo complementado pela manutenção do fluxo de abastecimento de componentes novos, com garantia de atendimento de 100% das demandas até o final do ano de 2027. 

Em janeiro de 2009 seriam recebidos no Brasil os primeiros dez Leopard 1A5, com estes carros sendo distribuídos entre o Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (AGRJ) Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP), Parque Regional de Manutenção da 3ª Região Militar (PqRMnt/3), Parque Regional de Manutenção da 5ª Região Militar (PqRMnt/5) e ao Centro de Instrução de Blindados (CIBld). Estes veículos seriam empregados no intuito de desenvolver os processos de nacionalização de componentes, treinamento de mecânicos e desenvolvimento de manuais de operação. O segundo lote composto por setenta carros seria recebido em agosto do mesmo ano, sendo distribuídos na ordem de vinte e seis carros para o 1º RCC (Regimento de Carros de Combate), vinte e seis para o 4º RCC e quatorze para 3º RCC e por fim quatro carros para o Centro de Instrução de Blindados (CIBld). Mais dois lotes seriam recebidos entre 2010 e 2012, reforçando a dotação destes Regimentos de Carros de Combate, passando a equipar também o 5º RCC, substituindo os Leopard 1A1 e M-60 Patton. A adoção deste modelo elevaria o patamar operacional da arma blindada do Exército Brasileiro, principalmente devido a tecnologia embarcada existente nestes carros de combate. Outro fator extremamente positivo estava baseado na implementação da doutrina alemã, que focava na manutenção preventiva, cultura está até então inexistente no Brasil. Neste contexto, em março de 2018, a inauguração da planta industrial da Krauss-Maffei na cidade de Santa Maria no Rio Grande do Sul garantiria a plena operacionalidade não só da frota de Leopards 1A15, Leopard 1A1, mas também dos Gepard 1A2, proporcionando além de redução de custos, a extensão da vida útil dos componentes. Outro ganho representativo seria o de facilitar implementação de programa de modernizado e extensão de vida útil, tendo como exemplo o Projeto de Recuperação das Viaturas Blindadas de Combate (VBC CC) Leopard 1A1, realizado em entre 2013 e 2016. No final ao de 2019 seriam iniciados estudos visando a possibilidade de implementação de um programa de modernização de pelo menos uma parcela dos duzentos e vinte carros em operação, tendo em vista que o contrato de suporte técnico junto a Krauss-Maffei Wegmann GmbH & Co. KG encerra-se no final de ano de 2027, o que teoricamente levaria ao fechamento do ciclo de operação deste carro de combate no país. Esta demanda se dava pela necessidade de se dispor de uma solução tampão para manutenção da operacionalidade da Arma de Cavalaria Blindada no Brasil, até a introdução de um novo carro de combate sob esteiras, a ser escolhido no escopo da “Diretriz Estratégica para a Formulação Conceitual dos Meios Blindados do Exército Brasileiro, constantes no programa "Nova Couraça".  Assim em 17 de setembro de 2020, o Boletim do Exército Nº 52/2020 trouxe a Portaria EME/C Ex Nº 279, aprovava a diretriz de iniciação do projeto de modernização da viatura blindada de combate carro de combate (VBC CC) Leopard 1A5 BR e criando a equipe para a realização do estudo de viabilidade e elaboração da proposta do modelo de obtenção. 
Este projeto envolveria a modernização de cento e dezesseis carros, estendendo sua vida útil por pelo menos quinze anos, considerando o prazo até 2037, além do planejamento e implantação do Suporte Logístico Integrado (SLI), atendendo ao Subprograma Forças Blindadas (SPrg FBld), do Programa Estratégico do Exército (Prg EE) Obtenção da Capacidade Operacional Plena (OCOP). Neste contexto seriam estudados por esta comissão todos os aspectos técnicos deste processo bem como a avaliação de possíveis propostas comerciais de fornecedores nacionais e internacionais. No entanto o eclodir da Guerra da Ucrânia em abril de 2022 iria impactar diretamente no cronograma deste projeto, pois levaria a alta demanda de peças para blindados no mercado internacional, demandada pelo fornecimento de centenas de carros de combate Leopard 1 e 2, bem como uma enorme quantidade de peças de reposição (“spare parts”), causando escassez no mercado internacional. Assim em 14 de setembro de 2023, o Comando Logístico, informou que o pedido de propostas (RFP – do inglês Request for Proposal) para modernização dos carros de combate Leopard 1 A5BR foi postergado. Em agosto de 2024 este processo seria oficialmente retomado, com o Boletim do Exército tornando publicas as Portarias EMEC/C EX 847 e 848 que aprovariam os requisitos operacionais, técnicos, logísticos e industriais da Viatura Blindada de Combate Corrente (VBC CC Corrente).  Anteriormente estava prevista a modernização de cento e dezesseis carros, com uma extensão de vida útil para 50% da frota por mais quinze anos, com a implementação de um pacote de Apoio Logístico Integrado (SLI) garantindo a disponibilidade deste material. No entanto este percentual seria reduzido para 25%, com este ajuste sendo orquestrado com o objetivo de se abreviar o tempo de transição até a escolha do vencedor do Projeto VBC CC Futuro, o substituto natural do Leopard 1ABR (modernizado). Neste contexto, outro  ponto a ser considerado, além da modernização de seus sensores e sistemas, foi o Requisito Operacional Absoluto (ROA) 19, que cita “Possuir, como armamento principal, um canhão com calibre entre 105 mm a 120 mm (cento e cinco milímetros a cento e vinte milímetros)”, o que aponta para a possibilidade de mudança da torre, como as apresentadas pelas empresas Leonardo e Jonh Cockerill. Espera-se, para ainda este ano, o lançamento da consulta pública (“request for quote” – RFQ), com o objetivo de sondar o mercado nacional e internacional acerca da capacidade de fornecimento destes sistemas, e que o contrato seja assinado em 2024, já havendo sido sondadas as empresas nacionais Ares, Equitron e KMW do Brasil, e as internacionais Krauss-Maffei Wegmann, FFG, Jenopitik e Rheinmetall Landsysteme (Alemanha), Jonh Cockerill Defense (Bélgica/França), Goriziane Group (Itália), IAI (Israel), Aselsan (Turquia) e RUAG (Suíça).

Em Escala.
Para representarmos o Krauss-Maffei  Leopard 1A5 "EB 12453", empregamos o excelente kit da Italeri na escala 1/35, não sendo necessária nenhuma alteração para se compor a versão brasileira. Fizemos uso de decais confeccionados pela Decals & Books presentes no set "Forças Armadas Brasileiras".
O esquema de cores descrito abaixo representa o padrão de pintura tático original do  Exército Alemão (Deutsches Heer) empregado em todos os veículos Leopard 1A5 recebidos. Este padrão seria mantido, efetuando apenas a retirada das marcações e matriculas originais e aplicação das identificações do Exército Brasileiro.

Bibliografia :

- Leopard 1  - Wikipedia http://en.wikipedia.org/wiki/Leopard_1
- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado Volume II - Expedito Carlos Stephani Bastos
- Leopard-1 A5 – Brasil em Defesa - http://www.brasilemdefesa.com/2012/05/leopard-1-a5.html
- Aprovada a modernização dos Leopard 1A5BR - Tecnologia e Defesa Setembro de 2022