Ford M-8 Greyhound


História e Desenvolvimento.
Na primeira metade da década de 1930, o plano de reequipamento do governo nacional socialista alemão,  se encontrava em plena implementação, passando focar também, o desenvolvimento de conceitos e doutrinas militares, no campo de batalha seriam empregados  em sincronia nos futuros campos de batalhas com novos veículos, armas e carros de combate. Esta iniciativa culminaria na criação do conceito da "Guerra Relâmpago" ou Blitzkrieg, tática militar que empregava forças concentradas e rápidas, que podiam  consistir de formações blindadas e de infantaria motorizada ou mecanizada; operando juntamente com artilharia, assalto aéreo e apoio aéreo aproximado; com o objetivo de romper as linhas de defesa do oponente, desestabilizar os defensores, desequilibrar os inimigos ao dificultar sua resposta a uma frente em constante mudança e derrotá-los em uma batalha de  aniquilação. Um dos pilares desta tática estava baseada no desenvolvimento de novos carros de combate, que quando postos em ação a partir de setembro de 1939, se mostrariam superiores em todos os aspectos aos seus pares britânicos, soviéticos, norte-americanos e franceses, em serviço naquele período. Apesar das limitações impostas pelo Tratado de Versalhes a Alemanha (assinado após o término da Primeira Guerra Mundial em 1918),  era nítido que a Alemanha nazista avançava a passos largos em seu programa de rearmamento, com est fato não passando desapercebido pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos. Em seus relatórios habituais, seriam descritos detalhes sobre o potencial das forças armadas nazistas e projeção de crescimento em números de militares e equipamentos, concedendo amplo destaque para os novos modelos de carro de combate Panzer I e II, com estes superando em muitos aspectos os modelos leves M-1 e M-2 em serviço nas unidades de cavalaria blindada do Exército dos Estados Unidos (US Army). Em abril de 1939  no intuito de se solucionar esta problemática, seria iniciado um programa de estudos que tinha por objetivo de conceber uma nova geração de carros de combate e e veículos blindados, que em hipotéticos cenários de conflagração, viessem rivalizar com seus antagonistas alemães. Este programa seria capitaneado pela equipe de projetos de blindados do Departamento de Artilharia do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army Ordnance Department), sediado em Fort Lee, Virgínia, e derivaria para o desenvolvimento de carros de combate sob esteiras e sobre rodas. Primeiramente estes esforços se materializaram nos programas dos carros de combate médio M-3 Lee e M-4 Sherman, estes no campo de batalha, deveriam ser complementados com um novo modelo de veiculo blindado  antitanque leve, destinado a  substituir o já obsoleto  blindado sobre rodas GMC M-6 Gun Motor Carriage (uma versão customizada do utilitário General Motors GMC WC-5 com tração 4X4).

Os parâmetros para o desenvolvimento deste veiculo especificação, apontavam para um blindado leve e rápido, sobre rodas com tração integral do tipo 6X6, equipado com um canhão M-6 de 37 mm (o mesmo empregado nos carros de combate leve M-3 Stuart) instalado em uma torre giratória e com duas metralhadoras Browning calibre .50 e .30 para autodefesa. Com esta definição, seria deflagrada um concorrência visando a aquisição de um substancial lote destes blindados, sendo então constituída uma comissão técnica do Departamento de Defesa Americano (DoD - Department of Defense) ficando responsável receber e analisar as propostas técnicas e comerciais de possíveis fornecedores. As avaliações iniciais gerariam uma lista final (short list), com três fornecedores, com a Studebaker Automotive Company com seu modelo T-21, a  Ford Motors Company com seu modelo T-22 e por fim a Chrysler Automotive Company com seu modelo T-23. Para estes projetos seriam liberadas linhas de financiamento governamental para a construção de protótipos, com estes sendo concluídos entre os meses de outubro e novembro de 1941. Em seguida seria conduzido no campo de testes de Aberdeen Proving Ground em Maryland, um extensivo programa de testes de campo, com este processo se estendendo até março do ano seguinte, com o modelo T-22 da Ford se destacando nas análises comparativas com os demais veículos. Apesar de ser declarado vencedor da concorrência, o modelo T-22 receberia ressalvas quanto a pontos de correção e melhoria de projeto, que seriam a efetivados a seguir pela equipe de engenharia da montadora, resultando na versão inicial de produção o T-22E2. Apesar disto neste momento já era clarificado que o arma principal de 37 mm, já não se  apresentava como eficaz contra as blindagens frontais e laterais dos novos carros de combate alemães e italianos, que também estavam armados canhões de maior calibre. Assim em um hipotético enfrentamento junto as forças alemães o T-22 se tornaria uma  presa fácil,  principalmente por sua blindagem ter sido  desenvolvida para suportar apenas o impacto de armas leves, limitando em muito sua capacidade de sobrevivência no campo de batalha. Apesar desta importante ressalva, o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army), decidiria por seguir com a decisão de contratação para sua  produção em larga escala, com este direcionamento profundamente influenciado pelo intensificar das tensões políticas na Europa e no Pacífico, demandando então grande urgência na implementação de um vasto programa de reequipamento. Assim seria decidido que o Ford T-22E2  passaria a ser especificadamente empregado em missões de reconhecimento do campo de batalha, com o veiculo  recebendo uma grande gama de alterações para o atendimento destas novas tarefas. Com as definições na mesa, seria iniciada a fase de negociação comercial para sua produção em série, porém este processo enfrentaria grande problemas de ordem burocrática referentes a celebração de seu contrato de produção. 
Estes entraves causariam um grande atraso no cronograma original de produção, como os primeiros veículos passando a serem produzidos em série apenas em meados do mês de março do ano de 1943.   O novo veiculo blindado sobre rodas 6X6 receberia a designação oficial de M-8. Apresentava um  casco todo soldado, embora alguns painéis externos fossem rebitados, com apenas o eixo dianteiro sendo usado para a direção, enquanto os dois na traseira eram fixos. O motorista, que estava sentado à esquerda, enquanto o operador de rádio estava sentado à direita, usava um volante padrão, eram abrigados em um compartimento saliente com painéis blindados dobráveis de duas peças e miras estreitas. A torre abrigava o comandante e o artilheiro e era aberta, embora as persianas e tampas das escotilhas pudessem ser fechadas e pequenos protescópios usados para visão periférica. O canhão principal M-6 seria apontado com uma mira telescópica M70D, recebendo 80 cartuchos, deixando espaço para apenas 16 cartuchos armazenados. Para autodefesa seria equipado com duas metralhadoras sendo alimentadas por 1.500 cartuchos, quatro dispensers de fumaça M-1 e M-2 e po fim 6  minas terrestres (AT ou HE) montadas externamente e carabinas M-1 para a tripulação. O motor, um Hercules Model JXD 6 a gasolina em linha de  110 hp proporcionaria em média uma velocidade de  48 km/h (30 mph off-road), 90 km/h (56 mph) nas estradas. Seu consumo seria na ordem de 7,5 mpg, com 59 galões armazenados, permitindo um alcance confortável de 640 km (400 milhas). Um poderoso aparelho de rádio foi montado devido à natureza do veículo, primeiro um SCR506, depois os modelos 508, 510, 608 e 610, todos de longo alcance. Eles eram operados por dentro e serviam para contato direto com o Quartel General, ou com outras unidades como um carro de comando, ou para transmitir informações de teatros mais distantes. Suas rodas eram protegidas por escudos de areia removíveis, sendo a traseira alada, a fim de permitir que fossem dobradas e adicionassem correntes de pneus em condições de neve. Por causa do interior apertado, muitos ganchos e outras fixações foram incluídos na torre e no casco, e a maioria dos equipamentos pessoais foi montada externamente nos para-lamas dianteiros e traseiros e guarda-lamas. Isso incluía mochilas, ferramentas, cabos, mas sacos de areia também foram adicionados posteriormente para proteção extra. Em açao o M-8 seria incumbido de prover as divisões de infantaria e as divisões blindadas, a capacidade de reconhecimento avançado no campo de batalha, servindo assim como os "olhos e ouvidos" do Exército dos Estados Unidos (US Army). Nesta atividade a velocidade e a agilidade na linha de frente, seriam preteridas em detrimento poder de fogo e armadura, pois quando em marcha, a missão da cavalaria blindada era o de fazer contato no momento mais propicio, visando atacar conquistar e manter as posições almejadas.  Neste papel, cabia as unidades de reconhecimento equipadas com o M-8, identificar e fazer contato antecipadamente contingentes hostis, relatando sua força, composição, disposição e movimento, podendo assim proporcionar ao corpo principal aliado tempo hábil para elaboração de estratégias e táticas para o futuro enfrentamento.  

Já durante as operações de retiradas, as unidades equipadas com os Ford M-8 seriam responsáveis por implementarem uma força de triagem junto as unidades principais, auxiliando na organização deste processo. Os primeiros lotes começariam a ser entregues em maio de 1943, sendo distribuídos as unidades operativas no continente, no teatro de operações do Pacifico e na Inglaterra onde seria criado um pulmão logístico para o emprego nas futuras operações de reconquista da Europa. Seu batismo de fogo ocorreria no início de julho do mesmo ano, quando seria deflagrada a invasão da Sicília pelos Aliados, com o codinome de "Operação Husky", nesta campanha após a primeira leva de desembarques e a consequente conquista da cabeça de ponte, dezenas de veículos deste modelo seriam trazidos a praia, onde seriam empregados em missões de reconhecimento. Neste cenário o Ford M-8 lograria grande êxito, não só por sua agilidade e velocidade nos deslocamentos, mas também por estar equipado com melhor sistema de rádio de longo alcance existente até então. Estas características positivas levariam o modelo a manter um elemento de surpresa e reduzir a chance de ser detectados pelas forças inimigas. Pesava a seu favor também a concepção de seu motor, onde sistemas e peças mecânicas também foram cuidadosamente adaptadas para operações silenciosas, com resultados tais que as unidades de reconhecimento do Terceiro Exército foram apelidadas pelos alemães de "fantasmas de Patton". O modelo se faria presente nas principais batalhas realizadas ao longo do conflito, e apesar de sua furtividade sofreriam muito  com  os disparos desferidos pelos veículos blindados Sd.Kfz. 234 Puma, carros de combate e armas antitanques alemães. Curiosamente no teatro de operações do Pacífico, o M-8 assumiria a missão de destruidor de tanques, já que a maioria dos carros de combate japoneses dispunham de uma leve blindagem que era vulnerável ao canhão de M-6 de 37 mm. Milhares destes veículos seriam cedidos as nações aliadas nos termos do programa Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), sendo beneficiadas principalmente as Forças Francesas Livres, a Grã-Bretanha, Austrália, Canada e Brasil. Seu nome de batismo “Greyhound” seria dado por seus operadores no Exército Real (Royal Army), um apelido raramente, ou nunca, usado quando em uso no Exército dos Estados Unidos (US Army).  Durante seu emprego na Europa, seria necessário prover a instalação de kits de blindagem extra no assoalho, visando assim amenizar as perdas sofridas para as minas terrestres alemães e italianas. Apesar desta solução, a operação em estradas não seria mais recomendada, com sua principal atuação sendo focada ao terreno montanhoso e aéreas de lama profunda e de neve. Coube ao modelo ainda, o registro de destruição de um carro de combate pesado Tiger, durante a campanha da Ardenas, na Batalha de St. Vith , onde um  Ford M-8 pertencente ao 87º Esquadrão de Reconhecimento de Cavalaria, surpreendeu o inimigo, se posicionado atras do veículo alemão, e precisamente desferindo três disparos com o canhão de 37 mm que romperam a relativamente fina armadura traseira do Tiger, provocando assim um incêndio no compartimento do motor do blindado alemão. 
Após o término do conflito os Ford M-8 Greyhound seriam novamente empregados em missões reais de combate durante a Guerra da Coreia (1950 - 1953), onde seriam usados também no papel de escolta de prisioneiros de guerra e defesa de bases militares, pelo Corpo da Polícia Militar (Military Police). Em 1955, a uma pequena parte dos veículos remanescentes em serviço no Exército Americano (US Army), seria concentrada em cinco regimentos de cavalaria blindada, com o restante dos carros sendo armazenados como "excedente militar" com a finalidade de serem disponibilizados a nações amigas nos termos do Programa de Assistência Militar (MAP -Military Assistance Program). A França se tornaria o maior operador de pós-guerra do  Ford M-8 Greyhound, recebendo centenas de unidades entre os anos de 1945 a1954, sendo muito empregados na na Primeira Guerra Indochina servindo até o termino do conflito sendo doados ao Exército da República do Vietnã. (ARVN). A Legião Estrangeira Francesa  (FFL) também empregaria este blindado durante a Guerra de Independência Argelina (1954 – 1962). Neste mesmo continente o Ford M-8 seria utilizado pelas Forças Armadas Belgas, operando em conjunto com as forças de defesa da Force Publique no Congo Belga. Ao todo entre os anos de 1943 e 1945 seriam produzidos pelas fabricas da Ford Motor Company em Chicago, Illinois, e Saint Paul, Minnesota; um total de 8.523 carros. O modelo seria operado no pós-guerra ainda pelas forças armadas de Benin, Camarões, Burquina Faso, Colômbia, Guatemala, Madagascar, Chipre, Paraguai, Peru, Argélia, Áustria, Bélgica, Camboja,  Cuba, República Democrática do Congo, El Salvador, Etiópia, Alemanha Ocidental, Grécia, Haiti, Indonésia, Irã, Itália, Costa do Marfim, Jamaica, Katanga, Laos, Mauritânia, México, Marrocos, Holanda,  Nigéria Noruega, Portugal, Republica da China, Arábia Saudita, Senegal, Coreia do Sul, Vietnã do Sul, Suécia, Tailândia, Togo, Tunísia, Turquia, Venezuela, Vietnã Iugoslávia e Nações Unidas (ONU). Durante as décadas de 1960 e 1970, diversas empresas francesas e norte-americanas produziriam kits de modernização que foram fornecidos ao Chipre , Etiópia , El Salvador , Guatemala , Haiti , Jamaica , Marrocos , Venezuela e Zaire, com motores diesel e novas transmissões. Destes processos de modernização destacamos o realizado localmente pelo Exército Nacional da Colômbia, otimizando não só as características mecânicas, mas transformando o veículo em uma plataforma para a operação de mísseis norte-americanos Hugues BGM-71 TOW. Atualmente existem algumas centenas de Ford M-8s Greyhound ainda em operação em exércitos na África e na América do Sul.

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passou a considerar com extrema preocupação a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Essa ameaça tornou-se ainda mais evidente após a capitulação da França, em junho de 1940, pois, a partir desse momento, a Alemanha Nazista poderia estabelecer bases operacionais nas Ilhas Canárias, em Dacar e em outras colônias francesas, criando um ponto estratégico para uma eventual incursão militar no continente. Nesse contexto, o Brasil foi identificado como o local mais provável para o lançamento de uma ofensiva, devido à sua proximidade com o continente africano, que à época também figurava nos planos de expansão territorial alemã. Além disso, as conquistas japonesas no Sudeste Asiático e no Pacífico Sul transformaram o Brasil no principal fornecedor de látex para os Aliados, matéria-prima essencial para a produção de borracha, um insumo de extrema importância para a indústria bélica. Além dessas possíveis ameaças, a posição geográfica do litoral brasileiro mostrava-se estrategicamente vantajosa para o estabelecimento de bases aéreas e portos militares na região Nordeste, sobretudo na cidade de Recife, que se destacava como o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Dessa forma, essa localidade poderia ser utilizada como uma ponte logística para o envio de tropas, suprimentos e aeronaves destinadas aos teatros de operações europeu e norte-africano. Diante desse cenário, observou-se, em um curto espaço de tempo, um movimento de aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em investimentos estratégicos e acordos de cooperação militar. Entre essas iniciativas, destacou-se a adesão do Brasil ao programa de ajuda militar denominado Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), cujo principal objetivo era promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras. Os termos desse acordo garantiram ao Brasil uma linha inicial de crédito de US$ 100 milhões, destinada à aquisição de material bélico, possibilitando ao país o acesso a armamentos modernos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Esses recursos revelaram-se essenciais para que o país pudesse enfrentar as ameaças impostas pelos ataques de submarinos alemães, que intensificavam os riscos à navegação civil, impactando o comércio exterior brasileiro com os Estados Unidos, responsável pelo transporte diário de matérias-primas destinadas à indústria de guerra norte-americana. A participação brasileira no esforço de guerra aliado logo se ampliaria. O então presidente Getúlio Vargas declarou que o Brasil não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos aos Aliados e sinalizou a possibilidade de uma participação mais ativa no conflito, envolvendo o envio de tropas brasileiras para algum teatro de operações de relevância.

Esta decisão culminaria assim no dia 9 de agosto de 1943, na criação do Corpo Expedicionário que seria conhecida popularmente como Força Expedicionária Brasileira (FEB). Este grupamento seria estruturado no padrão do Exército dos Estados Unidos (US Army), havendo assim a necessidade em se compor uma unidade reconhecimento mecanizada.  Para o atendimento desta demanda, o 2º Regimento Motomecanizado, então sediado na capital federal (Rio de Janeiro), receberia ordem para preparar seus esquadrões para participar da Campanha da Itália, sendo então designado o 3º Esquadrão de Reconhecimento e Descoberta, recebendo sua autonomia administrativa em fevereiro de 1944, e após ser incorporado oficialmente a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (DIE), passaria a se chamar 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado (1º Esqd Rec Mec), que deveria ser equipado com uma variada gama de viaturas militares. Este esquadrão teria como principal missão prover um reconhecimento avançado do campo de batalha, concedendo assim informações e suporte ao avanço das tropas de infantaria brasileiras no front de batalha italiano. Cada Pelotão de Reconhecimento seria basicamente constituído de três patrulhas, cada uma com um carro de reconhecimento M-8 Greyhound e duas viaturas Jeep ¼ Ton. Além das viaturas M-8 e Jeeps, o Esquadrão era dotado de outras viaturas como o Half-Track M3 A1, reboques diversos e viaturas de transporte 2 Ton. 6x6, totalizando quarenta e sete viaturas. Seu principal veículo seria o blindado leve de reconhecimento sobre rodas com tração 6X6 Ford M-8 Greyhound, sendo fornecidos quinze destes carros em junho de 1944, diretamente na Itália, logo após o desembarque das tropas brasileiras naquele país. Neste momento em Nápoles, os motoristas e soldados destinados a operarem este veículo foram submetidos a um rápido treinamento de uma semana para adaptação, ministrado por militares norte-americanos. Os Ford M-8 Greyhound sobre o comando do 1º Tenente Plinio Pitaluga entrariam em combate pela primeira vez no dia 12 de setembro de 1944 no avanço contra a cidade Vechiano, na região de Toscana, onde o pelotão de blindados seria dividido em dois grupos. Um destes se direcionaria para o eixo Manacuiccoli-Chiese-Massarosa enquanto q o segundo seguiria pelo eixo S.Pietro- S.Macário-Piano e S. Macário do Norte, provendo assim apoio a infantaria brasileira e tendo algumas escaramuças com as tropas do Exército Alemão (Wehrmacht) com algumas destas unidades alemãs equipadas com armas antitanques leves.
Seria na região de Camaiore que o 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado (1º Esqd Rec Mec), teria sua primeira baixa em combate: o 2° Sargento Pedro Krinski, de vinte e cinco anos de idade, tombou vítima de estilhaços de granada no dia 24 de setembro de 1944. Porém, por incrível que possa parecer, ao longo da campanha italiana apenas um Ford M-8 Greyhound brasileiro seria destruído por completo, sendo alvo de uma arma antitanque alemã. Os Ford M-8 Greyhound seriam de grande valia para as tropas de infantaria da Força Expedicionária Brasileira (FEB), lhes concedendo uma capacidade de deslocamento em batalha somada a capacidade ofensiva e defensiva, apesar de o veículo mostrar dificuldades em atuar no terreno acidentado da Itália, em especial no inverno, onde era mais seguro conduzir o veículo apenas nas estradas, apesar das ameaças de minas terrestres. Ao longo da campanha treze destes blindados se fariam presentes atuantes nas principais batalhas e momentos de gloria da Força Expedicionária Brasileira (FEB), com a vitória em Monte Castelo, rendição da 148ª Divisão Alemã bem como a dos remanescentes da Monte Rosa italiana,  e durante o rompimento da linha Gótica em fevereiro de 1945 uma das últimas defesas organizadas alemãs na Itália e em abril, a vitória na Batalha de Montese, já dentro do contexto da Ofensiva da Primavera, aumentaria o avanço brasileiro no território italiano para assim chegar ao noroeste, de modo que o 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado (1º Esqd Rec Mec), fizesse o reconhecimento e, por fim, ser a tropa que ia fazer a ligação da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (DIE), com os aliados, tropas francesas, na cidade de Susa, na região do Piemonte, província de Turim. Após a rendição alemã em 08 de maio de 1945, todo contingente da Força Expedicionária Brasileira (FEB) seria desmobilizado, passando a ter início o processo de repatriamento das tropas. Assim os Ford M-8 Greyhound remanescentes, bem como os demais veículos, armas e equipamentos cedidos pelos norte-americanos seriam entregues ao Comando de Material do Exército dos Estados Unidos (US Army) na cidade de Roma. Durante o conflito alguns destes veículos seriam personalizados por seus condutores, recebendo os nomes de “Vira Mundo” , “Leao do Norte”, “Pérola”, “Andrade Neve” e “Viva Brasil”.

Mas os homens que conduziram em combate os Ford M-8 Greyhound na Itália, não ficariam longe de seus estimados veículos blindados por muito tempo, já que logo após o governo norte-americano remeteria ao Brasil a maior parte do material bélico empregado pela Força Expedicionária Brasileira (FEB), incluindo neste pacote os treze veículos do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado (1º Esqd Rec Mec). Vale citar que ainda dentro do programa de Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), durante o conflito mais vinte carros seriam recebidos no país, permitindo assim de imediato o Exército Brasileiro expandir seu leque operacional, sendo integrados as unidades de reconhecimento mecanizado, com este esquadrão passando a ser considerado como o embrião da cavalaria mecanizada no Brasil, preparando finalmente a transição da doutrina  hipomóvel para a mecanizada. Toda essa evolução ajudou o Brasil, a continuar como potência militar da América do Sul e principal cavalaria da região, com a rápida adequação motomecanizada de suas tecnologias de combate ligeiro, de reconhecimento, segurança e ataque na vanguarda. Registros não confirmados, informam ainda o recebimento no início da década de 1950 de pelo mais cento e quinze unidades usadas, oriundas dos estoques do Exército dos Estados Unidos (US Army), agora dispostos nos termos do Programa de Assistência Militar (Military Assistance Program - MAP), este novo lote reforçaria a capacidade operacional dos novos Esquadrões de Reconhecimento Mecanizado ao longo dos anos seguinte, com os agora designados VBR M-8 Greyhound (Viatura Blindada sobre Rodas) operando em conjunto com os carros de combate M-3 e M-3A1 Stuart e Sherman M-4, M-4A1 e M-4 Composite Hull. Apesar de sua grande contribuição a força mecanizada, a já envelhecida frota passava a apresentar preocupantes índices de disponibilidade, principalmente ocasionados por graves problemas no processo de obtenção de peças de reposiçao para os antigos motores a gasolina Hercules JXD 6 cilindros de 100 hp . Este cenário levaria aos primeiros estudos realizados pela equipe técnica do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2), em São Paulo, que visam promover processo de remotorizaçao  e modernização de uma variada gama de veículos militares de origem norte-americana.
Dentre estes projetos, o comando do Exército Brasileiro priorizaria o programa de remotorização e retrofit dos Ford M-8 Greyhounds, com este processo envolvendo a substituição da caixa de câmbio manual, sistema de transmissão, freios, suspensão, parte elétrica, incluindo também a troca de seu motor original a gasolina, por um conjunto nacional a diesel Mercedes-Benz OM 321 6 cilindros de 120 hp de potência. Estes trabalhos seriam executados junto as oficinas do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) em São Paulo, com a fase de elaboração e testes dos protótipos entre os anos de 1968 e 1969. Os testes apresentariam resultados extremamente satisfatórios, levando a Diretoria de Motomecanização (DMM) a decidir pela aplicação deste programa em pelo menos mais cento e vinte Ford M-8 Greyhounds e alguns poucos Ford M-20. Este processo seria realizado com êxito total até fins do ano de 1972, não só pela recuperação da capacidade operacional da Força Terrestre, mas também pela obtenção de grande experiencia e qualificação teórica e prática que permitiria ao corpo técnico de engenharia do Exército Brasileiro. Os frutos deste conhecimento adquirido seriam materializados no desenvolvimento do conceito de um veículo leve sobre rodas de combate 4X4 o "VBB-1" (Viatura Blindada Brasileira 1), que logo em seguida evoluiria para o "VBB-2" (Viatura Blindada Brasileira 2) com tração 6X6.  A plataforma deste blindado serviria de base para estudos de uma versão lança foguetes através da instalação de uma torre lançadora desenvolvida pelo Arsenal de Guerra da Urca, operando em modo semelhante ao sistema russo Katiusha , com um exemplar sendo produzido pela Diretoria de Pesquisa e Ensino Técnico do Exército (DPET). Posteriormente uma segunda versão deste veículo seria criada, mantendo sua torre original sem o canhão e mantelete, acoplando dois lançadores rotativos iguais para foguetes de 81 mm, com seus foguetes sendo armazenados em compartimentos independentes. A solução chegou a ser testada, mas não entrou em produção, mesmo sendo um protótipo o veículo foi apresentado oficialmente em 28 de junho de 1966, participando de diversos desfiles. Já os carros modernizados, devido a sua simplicidade e robustez, apresentariam uma longevidade sem igual, pois os últimos veículos em serviço ativo, seriam somente desativados dos Esquadrões de Reconhecimento Mecanizado em meados do ano de 1987, completando uma carreira de mais de quarenta e três anos.

Em Escala.
Para representarmos o Ford M-8 Greyhound FEB 510-9 "Viva Brasil", pertencente ao 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado (1º Esqd Rec Mec) da Força Expedicionária Brasileira – FEB em emprego durante a Segunda Guerra Mundial, fizemos uso do excelente kit da Italeri na escala 1/35. Para se representar o modelo empregado pelo Exército Brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial, não é necessário proceder nenhuma modificação, podendo se montar o modelo diretamente da caixa. Empregamos decais fabricados pela Decal & Books fornecidos juntamente com o livro "FEB na Segunda Guerra Mundial " de Luciano Barbosa Monteiro.

O esquema de cores descrito abaixo representa o padrão de pintura tático empregado em todos os veículos usados pela Força Expedicionária Brasileira – FEB durante a Segunda Guerra Mundial. Deve-se levar em conta ainda, uma grande diversidade de posicionamento das marcações nacionais e numerais de série, com este fato sendo motivado pela ausência de normas de identificação visual naquele momento da História. Já em operação no Brasil os Ford M-8 Greyhound seriam padronizados no esquema de pintura e marcações empregadas nos demais veículos blindados em uso no Exército Brasileiro.




Bibliografia : 
- M-8 Greyhound - Wikipedia http://en.wikipedia.org/wiki/M8_Greyhound
- Blindados no Brasil  - Volume I – Expedito Carlos Stephani Bastos
- O 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado da FEB - AMAM por Danilo Tenório Quintino
- Origem do Conceito 6X6 do Veículo Blindado no Exército Brasileiro - http://www.funceb.org.br/images/revista/20_1n8q.pdf