No início da década de 1960, a Força Aérea Brasileira estava envolvida plenamente no programa governamental de integração nacional (mais notadamente nas regiões norte e nordeste), empregando quase sua totalidade de sua frota de aeronaves Douglas C-47 e Beechcraft C-45 nas linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN), e também em missões assistência nas regiões mais longínquas do pais. Apesar destes modelos oriundos de projetos da década de 1940, ainda atenderem a estas demandas, carregavam o peso da idade, desgaste das células e consequente obsolescência, além de começaram a apresentar crescentes índices de indisponibilidade face a problemas na obtenção de peças de reposição. Este cenário despertaria preocupações por parte do Ministério da Aeronáutica (MAer), pois grande parte desta frota deveria ser substituída a médio prazo, para assim garantir uma mínimo desejável de operacionalidade. Neste contexto o Coronel Cel. Ozires Silva instigaria dentro da Força Aérea Brasileira ideia do desenvolvimento de uma aeronave bimotora de médio porte de projeto e produção nacional, com esta iniciativa começando a se materializar a partir de junho de 1965 no Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento do Centro Técnico Aeroespacial, por uma equipe liderada pelo engenheiro francês Max Holste (projetista de várias aeronaves, dentre elas o MH1521 Broussard, uma aeronave de transporte STOL utilizada pelo Armée de l’Air francês). Conhecido como projeto IPD-6504, o protótipo de asa baixa, estrutura metálica, com 12,74 m de comprimento, janelas em forma de bolha e capacidade para oito passageiros, começou a ser produzido em 1967, com o corte e moldagem dos painéis feito à mão, sobre um modelo de madeira, em escala 1:1. Os motores utilizados eram os confiáveis Pratt & Whitney PT6A-20 de 550shp de potência. Ao todo seriam consumidos neste processo cerca de três anos e quatro meses, totalizando cento e dez mil horas de trabalho envolvendo cerca de trezentas pessoas. O primeiro vôo do YC-95, como o protótipo foi designado pela Força Aérea Brasileira, seria realizado em 22 de outubro de 1968, quando uma instabilidade direcional foi detectada, levando assim a equipe de volta a prancheta de projeto para a correção desta anomalia, o que seria rapidamente resolvido.
Após a correção do problema, em 27 de outubro de 1968 seria realizado o primeiro vôo oficial do YC-95 sob o comando do Major Mariotto Ferreira e do Engenheiro Michel Cury, para um público de quinze mil pessoas no aeroporto de São José dos Campos. A aeronave receberia o nome de batismo “Bandeirante” em em honra aos desbravadores do Brasil, no século XVI. Em 1969, Max Holste deixou o projeto, por divergências de opinião com a equipe brasileira, quanto à condução do desenvolvimento da aeronave. Nesse mesmo ano, Ozires Silva e sua equipe persuadiram o governo a criar uma empresa para desenvolver e produzir o YC-95 Bandeirante, bem como produzir sob licença o treinador a jato italiano Aermacchi 326G. Nasceu assim com capital misto e controle estatal a Empresa Brasileira de Aeronáutica – Embraer, com Coronel Ozires Silva como seu presidente. O projeto IPD-6504 seria transferido à Embraer, e os dois protótipos do YC-95 passaram a ser denominados pela empresa como EMB-100. No dia 2 de janeiro de 1970 a Embraer começaria a operar assumindo a produção da aeronave que seria designada como EMB-100 Bandeirante, neste contexto tanto o primeiro protótipo que fora produzido quase que artesanalmente, quanto o segundo (que alçou voo em 19 de outubro de 1960), passariam a ser alvo de estudos a fim de se implementar melhorias e ajustes no projeto e processo de produção. Os resultados deste programa se materializariam no terceiro protótipo experimental, que receberia a matrícula PP-ZCN, que realizaria seu primeiro voo no dia 29 de junho de 1970. Apesar do bom desempenho do EMB-100, verificou-se que as condições e parâmetros de mercado original com as quais o projeto fora baseado, haviam se modificado, ou seja, sua capacidade de transporte de até oito passageiros, já não eram mais adequadas as demandas do mercado comercial. Assim desta maneira a equipe de projetistas da empresa decidiu, então, reformular o projeto, criando o EMB 110 Bandeirante, maior com capacidade para até doze passageiros que ganharia também a versão militar e que contaria também com alguns avanços técnicos em relação aos primeiros protótipos.

A versão EMB-110E seria uma modificação do EMB-110C, destinada ao mercado executivo, para seis a oito passageiros; apenas quatro foram produzidos. Já versão EMB-110J foi um desenvolvimento do EMB-110E, dos quais foram produzidos doze exemplares. O emprego operacional desta versão inicial, motivaria a equipe de projetos da Embraer S/A a estudar novas modificações no projeto, visando assim melhorar o a performance do modelo tanto no requisito de desempenho, quanto em capacidade de carga. O fruto deste estudo se concretizaria em 1975 no desenvolvimento da versão EMB 110K1 Bandeirante, que tinha como principal objetivo o mercado de transporte militar, esta aeronave teria sua fuselagem alongada em 0,87 cm, permitindo assim a inclusão de uma porta traseira de carga e uma porta extra para a tripulação e passageiros. Passaria a contar com o novo modelo mais potente do motor Pratt & Whitney PT6A-34 com 750 shp e aprimoramentos na avionica, trens de pouso e sistemas elétricos e de combustível. Esta nova versão receberia a designação de C-95A Bandeirante. Duas versões civis derivaram do modelo militar, sendo o EMB-110P1 para até dezenove passageiros ou carga e o EMB-110P2 para transporte exclusivo de até vinte e um passageiros, que ao invés da porta de carga, dispunha uma porta de serviço. Em fins da década de 1970, surgiria a versão militar EMB 110P1(K) que passou a ser conhecida como C-95B Bandeirante, tratava-se de um modelo com uma série de melhorias e aprimoramentos sobre seu modelo antecessor, entre estes destaca-se a adoção de uma porta de serviço de 1,42 X 0,63m, embutida na porta de carga, que podia ser aberta em voo para o lançamento de cargas ou paraquedistas. Dispondo de uma capacidade de transporte de carga de até 1.700 kg o Embraer C-95B Bandeirante se tornaria o esteio das unidades de transporte da Força Aérea Brasileira que operaram o modelo.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Desenvolvido e a partir de uma necessidade da Força Aérea Brasileira para a substituição gradual de sua frota de aeronaves de transporte Douglas C-47 e Beechcraft C-45, o primeiro contrato de aquisição deveria apresentar uma quantidade satisfatória de aeronaves, para que assim se pudessem dotar de imediato os principais esquadrões de transporte aéreo, mais notadamente os dedicado a missões em proveito do Correio Aéreo Nacional (CAN). As primeiras três aeronaves com as matrículas “FAB 2132 e 2134”, seriam entregues a partir de 09 de fevereiro de 1973, passando a ser imediatamente destinadas inicialmente ao 3º Esquadrão de Transporte Aéreo (3ºETA) – Pioneiro, com sede na Base Aérea do Galeão, com suas novas aeronaves passando a serem responsáveis pela execução das tarefas de transporte aéreo no âmbito do III Comando Aéreo Regional, envolvendo missões de transporte logístico regional, linhas regionais e de integração nacional, salvamento e evacuação aero médica, entre outras. A partir de meados do ano seguinte a Embraer S/A passaria a produzir quatro C-95 Bandeirante por mês, esta candência permitiria com que o modelo se disseminasse rapidamente por demais unidades de transporte da Força Aérea Brasileira. Na sequência as aeronaves foram sendo distribuídas aos demais esquadrões de transporte aéreo (1º ETA, 2º ETA e 4º ETA) e ao Centro de Aplicações Táticas e Recompletamento de Equipagens (CATRE), unidade esta que fora criada em janeiro de 1974 na cidade de Natal. No início de 1976 o Ministério da Aeronáutica (MAer) decidiu rever seu contrato inicial, optando por alterar o último lote de vinte células para a nova versão EMB 110K1 Bandeirante englobando as matriculas ”FAB 2280 á 2299”, este novo modelo receberia a designação de C-95A Bandeirante. A primeira unidade a receber o novo modelo seria o 5º Esquadrão de Transporte Aéreo (5º ETA) em outubro de 1977 na Base Aérea de Canoas. As entregas das demais unidades se estenderiam até setembro de 1978, sendo as demais células alocadas nos cinco esquadrões de transporte aéreo existentes naquela época.
Apesar da encomenda inicial ser de oitenta células da versão inicial C-95 Bandeirante, apenas cinquenta e cinco seriam entregues, pois a experiência de operação dos modelos militares e civis iria demandar evoluções na linha original do projeto do Embraer Bandeirante gerando assim novas versões mais capazes entre elas o BEM-110K1 ou C-95A das quais vinte células seriam adquiridas a partir de 1977. Em fins de 1979, o Ministério da Aeronáutica (MAer) efetivaria uma nova encomenda junto a Embraer S/A, desta vez optando pelo mais recente, o modelo EMB110P1(K), compreendo agora a compra de trinta e uma células que receberam a designação de C-95B Bandeirante e as matrículas “FAB 2300 a 2330”. As primeiras entregas ocorreriam em fevereiro de 1980 se prolongando até outubro de 1984. As primeiras unidades operacionais da Força Aérea Brasileira a receberem o novo modelo, seriam o 2º/2º Grupo de Transporte (2º/2º GT) – Esquadrão Corsário e o 1º/15º Grupo de Aviação (1º/15º GAv) - Esquadrão Onça, que substituiria seus bimotores canadenses De Havilland C-115 Buffalo, pela nova aeronave de transporte nacional. Gradualmente mais unidades receberiam o Embraer C-95B Bandeirante e criou se uma divisão interna visando concentrar o modelo inicial C-95 nos 2º, 4º e 5º Esquadrões de Transporte Aéreo (ETA), deixando os novos modelos para os 1º, 3º, 6º e 7º Esquadrões de Transporte Aéreo (ETA) e para o 2º/2º GT - Esquadrão Corsário e 1º/15º GAv - Esquadrão Onça, unidades estas com papel militar tático. Em 1987 seriam encomendadas mais doze aeronaves, desta vez do modelo EMB-110P1(A), que apresentavam com principal diferença visual a adoção de estabilizadores horizontais com 10° de diedro positivo. As primeiras células começaram a ser entregues em junho de 1988, sendo designadas C-95C com as matrículas FAB 2331 á 2342, sendo onze destinadas ao 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (ETA) e uma alocada como aeronave orgânica na Base Aérea de Anápolis. A última aeronave deste contrato seria recebida em agosto de 1990.

O avançar do processo de desativação dos primeiros Embraer C-95 Bandeirante, possibilitaria a concentração dos Embraer C-95A remanescentes no 1º/5º Grupo de Aviação Esquadrão Rumba, onde passariam a realizar as missões de formação de pilotos multimotores. Ao longo de toda sua carreira houve o registro de diversos acidentes, incluindo a perda de três C-95A, seis C-95B e um C-95C, ocorrências que podem ser consideradas aceitáveis devido ao intenso emprego a qual a frota era submetida. Também consideramos que seis células dos modelos C-95B e C-95C foram convertidas para o emprego em missões de calibragem e auxilio a navegação junto ao Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV), onde se manteriam em operação até o ano de 2016 quando seriam enfim substituídos pelos novos Embraer 500 IU-50 Legacy. No início do século vinte e um a Força Aérea Brasileira, apesar da introdução de novas aeronaves de transporte como os CASA C-105 Amazonas, Embraer C-97 Brasília e Embraer C-99, ainda dependia muito do emprego dos veneráveis Embraer C-95B e C-95C Bandeirante como vetores de transporte, principalmente no atendimento de tarefas nas regiões mais inóspitas desprovidas de pouca estrutura aeroportuária. Porem as células remanescentes já encontravam ultrapassadas em termos de avionica e passavam a demonstrar evidentes sinais de desgaste estrutural nas células, muito em função do grande tempo de operação da aeronave. Estudos seriam iniciados visando uma substituição por aeronaves de porte semelhante, chegando a se derivar por inúmeros caminhos, entre eles a produção de aeronaves polonesas sob licença. Ocorre, porém, que o desafio de implementar um novo modelo não se limitaria apenas a aquisição e treinamento, e sim envolveria um amplo processo logístico incluindo o fluxo de ferramental e peças de reposição.

Em Escala.
Para representarmos o C-95C "FAB 2337" pertencente ao 6º ETA, fizemos uso do antigo kit em resina na escala 1/72 do GIIC Models, modelo infelizmente descontinuado pelo fabricante, porém ainda contamos no mercado com a opção da Liberty Quality Kits, nesta mesma escala. Empregamos decais originais impressos pela GIIC presentes no kit em conjunto com decais da FCM oriundos de diversos sets.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o primeiro padrão de pintura camuflado em três tons , ostentando desde o recebimento das primeiras células em 1979 do C-95B e que foram usados nos C-95C, inicialmente em 1977 os C-95A foram recebidos no mesmo padrão de pintura dos C-95, sendo também padronizados no esquema tático a partir de 1980. Este padrão passou a ser substituído com a adoção de um novo padrão com marcações em baixa visibilidade após a implementação do processo de modernização iniciado em 2011.
Bibliografia :
- História da Força Aérea
Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha -
http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Centro Histórico da
Embraer
-http://www.centrohistoricoembraer.com.br/pt-BR/HistoriaAeronaves/Paginas/EMB-110-Bandeirante.aspx
- Os Reis do Rio – As Asas
do 3º ETA, Marcelo C. Mendonça – Revista Força Aérea – Nº 22
- Embraer EMB 110
Bandeirante – Wikipedia
https://en.wikipedia.org/wiki/Embraer_EMB_110_Bandeirante
- Aeronaves Militares
Brasileiras 1916 – 2015 Jackson Flores Jr