A origem da The Corbitt Company remonta o ano de 1895, quando seu fundador o empreendedor Richard Corbitt, se estabeleceu na região de Henderson no nordeste do Estado da Carolina do Norte. Neste período seu principal ramo de atividade envolvia a comercialização de tabaco, um segmento de mercado que estava em pleno crescimento, denotando um tendencia de que as grandes empresas norte-americanas logo iriam dominar este pujante mercado. Este cenário levaria a geração de uma onde de riqueza e prosperidade, que poderia trazer uma série de oportunidades para ousados empreendedores que entendessem este movimento em particular. Aproveitando este cenário promissor, Richard Corbitt decidiria por investir pesado no segmento de construção de carruagens de luxo, com seu primeiro modelo sendo lançado em 1899. Os bons resultados em vendas, trariam motivação e recursos para ir além, levando ao desenvolvimento e produção em 1907, de seu primeiro automóvel, chamado naquele momento de "carruagem sem cavalos". Apesar dos tímidos resultados em vendas, ele continuaria aprimorando seu produto, inclusive recorrendo a mão de obra de trabalhadores de Detroit, a capital automotiva norte-americana, que detinham mais experiência no recente segmento automotivo. Em 1912 a empresa lograria êxito em comercializar apenas doze automóveis, patamar este de venda, que infelizmente no gerava o esperado e necessário retorno financeiro. Este péssimo resultado se dava devido a competição extremamente acirrada no mercado junto aos grandes montadoras como a Ford Motors Company e General Motors Company, que detinham maior confiança junto aos consumidores. Este cenário levaria a The Corbitt Company a reduzir seus preços de venda, se aproximando de margens de lucro negativas. Após analisar as tendências futuras do mercado automotivo norte-americano, seu presidente decidiria por não mais competir diretamente com as grandes montadoras de Detroit no segmento de carros de passeio. Assim no inicio do ano de 1913, a empresa passaria a derivar para a produção de caminhões comerciais, o que lhe parecia ser mais razoável em termos de possibilidade de concorrência. Com base nesta decisão o corpo de engenharia da empresa se debruçaria sobre as pranchetas de projeto, resultando em uma série de propostas de veículos comerciais.
Seu primeiro caminhão comercial de categoria leve, seria lançado no inicio do ano 1914, obtendo um grande sucesso comercial, gerando a motivação necessária que levaria a The Corbitt Company a ampliar seu mix de produtos, passando a explorar também o segmento de transporte intermunicipal, lançando em 1916 seu primeiro modelo ônibus. No inicio do seguinte em 1917, a montadora lançaria seu primeiro caminhão de lixo, passando a conquistar os primeiros contratos governamentais que contribuiriam em muito para reforçar o caixa da empresa. As tensões crescentes na Europa durante o intensificar da Primeira Guerra Mundial, acabaria levando a um envolvimento mais direto dos Estados Unidos no conflito, representando mais oportunidades de crescimento. Este movimento levaria a celebração de um contrato com o governo norte-americano, prevendo a produção de mais de quatro mil caminhões, que seriam empregados pela Força Expedicionária Americana - AEF (American Expeditionary Force) no front de batalha europeu. Os lucros resultantes deste período de guerra concederam a The Corbitt Company, reservas financeiras suficientes para a empresa poder sobreviver durante a grande depressão a partir do ano de 1929. Quatro anos mais tarde em uma jogada estratégica Richard Corbitt, passaria a adquirir toda a operação da montadora Auburn Automobile Company que estava em processo de encerramento de atividades, com este processo envolvendo além do ferramental, todo o estoque de matéria prima e peças acabadas. Assim desta maneira seus caminhões médios dos modelo Corbitt GVW de 11.000 libras e 13.000 libras, passaria a incorporar em sua produção para-choques, capôs e grades oriundos de projetos anteriores da Auburn Automobile Company. Estes caminhões representariam um grande sucesso comercial, passando a ser adotado pela maiores transportadoras do estado da Carolina do Norte. Caberia ainda a montadora, uma menção honrosa, quando um caminhão pesado de sua marca foi empregado na operação de movimentação em via terrestre do gigantesco hidroavião "Spruce Goose" projeto e construído pelo lendário engenheiro Howard Hughes, até a praia de Long Beach na Califórnia, sendo considerado na época a maior carga a granel já movida sobre a rodovia, trazendo a marca "Corbitt" uma grande notoriedade de imagem de marca, enaltace a capacidade de transporte pesado de seus veiculos de transporte.

Um novo contrato seria celebrado prevendo o fornecimento de mais de cinco mil caminhões, demanda esta que seria reforçada pela entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial em dezembro de 1941, porém infelizmente a The Corbitt Company, não dispunha da capacidade industrial adequada ao atendimento destes contratos. Assim seria decido ceder os projetos e os direitos de produção para a montadora White Motor Company, futuramente se transformaria no maior fornecedor desta linha de caminhões. No inicio do ano de 1943, a Brockway Motor Company seria contratada pelo governo norte-americano para ampliar a capacidade produtiva deste modelo, com esta decisão no inicio do ano de 1945 sendo estendida a montadora The Four Wheel Drive Auto Company (FWD). Neste mesmo período a Ward LaFrance Corporation seria responsável pela produção do chassi, que era posteriormente encaminhado as montadoras. Este caminhões seriam produzidos em sete versões básicas, apresentando diversos modelos de carrocerias especializadas. Todos os modelos produzidos ao longo destes anos, não importando a montadora era praticamente idênticos, com variações muito pequenas entre si. Os primeiros lotes entregues ao Exército dos Estados Unidos (US Army), apresentavam o modelo de cabine comercial com teto rígido, sendo a partir de 1943 as versões com teto de lona e meia porta, destinadas a melhorar a capacidade de transporte destes caminhões entre os Estados Unidos e a Europa. O modelo mais produzido receberia a designação de Corbitt "Prime Mover” , que além de dispor de carroceria para o transporte de cargas e pessoal, estava equipado com um engate na parte traseira para rebocar cargas ou veículos de até 18.000 kg. Possuía ainda guincho hidráulico com capacidade para 11.000 kg disposto em um tambor no lado direito do chassis. A segunda versão mais produzida o "Cavalo Mecânico", era destinado a tracionar peças de artilharia mais pesadas ou ainda rebocar pranchas para o transporte de blindados, este modelo estava equipado ainda com um guincho hidráulico com capacidade de até 11.000 kg montado na parte frontal do veiculo. A fim de proporcionar meios para os batalhões de engenharia seriam desenvolvidas duas versões especializadas, uma destinada ao transporte de pontões, que além de contar com todo os sistema para a movimentação das peças do pontão flutuante, dispunha ainda de um compressor de ar auxiliar e grandes tanques de reservatório, usados para inflar boias de pontão. Já o outro modelo era do tipo “Guindaste” (Wrecker Truck) equipado com um dispositivo rotativo alimentado por um motor auxiliar IHC 334 in (5.5 L) em linha de 4 cilindros desenvolvendo 35 hp.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário demandaria logo sem seguida a um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência tanto em termos de equipamentos, armamentos e principalmente doutrina operacional militar. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil e militar que se apresentavam no vasto litoral do país.
Naquele período o Exército Brasileiro e Marinha do Brasil apresentavam como principal carência, a falta de caminhões militares com tração integral 6X6 existentes em quantidade suficiente para o atendimento de suas demandas. Suas fileiras estavam neste momento equipadas com antigos caminhões civis leves militarizados, como os Chevrolet Gigante (Flatbed Truck) e Tigre, Dodge T-203 e Ford V8, que eram sendo complementados por poucos veículos de transporte genuinamente militares como alemães 6X6 Henschel & Son e norte-americanos Thornycroft Tartar 6X4. Nos termos do programa de Leand & Lease estava prevista a cessão inicial de mil quatrocentos e quarenta e cinco caminhões da família GMC CCKW A1 e B2 (cabine aberta e fechada), que seriam complementados nos anos seguintes por centenas de caminhões da família Studebaker G-630 US-6. Nos meses seguintes seriam recebidos mais caminhões agora dispostos em versões especializadas como cisterna de água , tanque de combustível, oficina, veículo socorro sob rodas, compressor de ar, telemetro, holofote, guindaste e cavalo de mecânico, produzidos por vária montadoras norte-americanas entre elas a The Corbitt Company e White Motor Company. Esta variada gama de modelos formou uma nova e notável frota, trazendo até então inédita capacidade de mobilidade para as forças armadas brasileiras, levando a criação de inúmeras unidades motomecanizadas de transporte apoio e engenharia. No entanto a frota não seria limitada a estes números somente, pois a participação brasileira no esforço de guerra aliado seria ampliada em breve, pois anteriormente o presidente Getúlio Vargas havia afirmado que a participação brasileira no conflito, não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos para os países aliados, e que “O dever de zelar pela vida dos brasileiros obrigados a medir as responsabilidades de uma possível ação fora do continente. De qualquer modo, não deveremos cingir-nos à simples expedição de contingentes simbólico.

No Exército Brasileiro ao longo de sua longa carreira, estes caminhões pesados da família Corbitt – US White Cargo, receberiam as designações de “VTNE Carga Emprego Geral 6 Toneladas 6x6 EB-21 Truck, 6-Ton" - Prime Mover para os modelos de carga, com estes sendo destinados as unidades motomecanizadas, posteriormente devido a sua grande capacidade para tracionar cargas seriam distribuídos aos Grupos de Artilharia de Campanha (GAC), operando em conjunto com outros modelos de origem norte-americana tracionando obuseiros M-1 de 155 mm. Já os nove veículos recebidos na configuração de cavalo mecânico, receberiam a designação de “VTTNE Trator s/ rodas Cavalo Mecânico Emprego Geral 8 toneladas 6x4 (EB-30 Truck), e seriam alocados inicialmente junto aos Batalhões Engenharia de Combate (BEC), onde em conjuntos com plataformas de transporte rodoviários seriam empregados na movimentação dos tratores de campo e moto niveladoras, pertencentes a estes grupamentos. Estes seriam reforçadas também por caminhões Corbitt – White “VTNE Carga Emprego Geral 6 Ton 6x6 EB-21 Truck, 6-Ton, Prime Mover” chegando a dotar também 1º Batalhão de Engenharia de Combate – Villagran Cabrita (1º B E Cmb), o 2º Batalhão de Engenharia de Combate – Borba Gato (2º B E Cmb), o 3º Batalhão de Engenharia de Combate - Conrado Bittencourt (3º B E Cmb), o 4º Batalhão de Engenharia de Combate - Juarez Távora (4º B E Cmb) e por fim o 7º Batalhão de Engenharia de Combate - Visconde de Taunay (7º B E Cmb). Nestas unidades estes caminhões pesados teriam grande importância na realização das atividades a eles destinados, comprovando sua extrema robustez operacional.

Em Escala.
Para representarmos o “VTNE Carga Emprego Geral 6 Ton 6x6” Corbit-White 666 Cargo, empregamos o excelente kit da Hobby Boss, na escala 1/35. Modelo este que prima pelo nível de detalhamento, incluindo um primoroso set de photo etched. Incluímos em resina artefatos que simulam a carga em formato de caixas de suprimentos, paletes de madeira e lonas de campanha. Fizemos uso de decais produzidos pela Eletric Products pertencentes ao set “Exército Brasileiro 1942 - 1982".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército dos Estados Unidos (US Army) durante a campanha na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, sendo adotado também pela Exército Brasileiro neste teatro de operações no período de 1944 a 1945. A este esquema seriam inclusos apenas as marcações nacionais, com este padrão sendo empregado até desativação da frota dos caminhões Corbitt – White em fins da década de 1970.
Bibliografia :
- White 666 Cargo - Corbitt Truck 6X6 – Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/6-ton_6%C3%976_truck
- Pesquisa Acordo Leand & Lease Act - Evilésio Pedro da Costa
- Manual Técnico – Exército Brasileiro 1976